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Introdução ao Estudo da Psicopatologia e O Diagnóstico de Transtornos Mentais

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PSICOLOGIA DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM – Prof. Sonia de Souza Medeiros 
Introdução ao Estudo da Psicopatologia e O Diagnóstico de Transtornos Mentais 
SISTEMAS CLASSIFICATÓRIOS DSM-5 E CID-10 – ENTREVISTA AO PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL E O EXAME DAS 
ALTERAÇÕES MENTAIS 
Classificação e Identificação 
• Classificação 
➢ Procedimento de construir grupos ou categorias baseados nos “seus atributos ou relações compartilhadas”; 
➢ Agrupa sistematicamente em categorias transtornos ou pessoas assim identificados; 
➢ A série não arbitrária (ordenada) dessas categorias se chama sistema de classificação. 
• Identificação 
➢ Processo de designar uma entidade ainda não classificada para a sua categoria; 
➢ Em situações clínicas em que as entidades compreendem padrões de atributos clínicos ou os pacientes possuem tais atributos a 
identificação será o diagnóstico. 
 
Diagnóstico 
• Refere-se ao agrupamento de sinais ou sintomas usualmente associados à busca de patologias e transtornos. 
• Pode estar associado à avaliação de funcionamento social e ocupacional. 
• Em psiquiatria, não se dá somente no reconhecimento de um conjunto de sintomas e indicação de condutas mais adequadas 
(investigação clínica, tratamentos), podendo ter implicações legais em pesquisas científicas, hipóteses explicativas e no prognóstico do 
paciente. 
 
Taxonomia 
• Termo aplicado para os sistemas de classificação científica, no que se refere ao processo de agrupar e arranjar as entidades de interesse 
científico em categorias naturais baseadas em características chave que compartilham ou de conceitos que eles possuem em comum. 
• Pode ser aplicado ao estudo sistemático do processo de classificação em si, compreendendo a lógica, os princípios e os métodos de 
construir sistemas categoriais e as regras pelas quais a identificação é executada. 
➢ Nosologia – Taxonomia de fenômenos patológicos (transtornos e doenças); 
➢ Nomenclatura – Lista dos nomes ou rótulos que são utilizados para designar as categorias taxonômicas por meio de regras explicítas. 
• Unidades Taxonômicas 
➢ Categoria de um sistema taxonômico que representa um grupamento de entidades clínicas com características semelhantes; 
➢ Unidades Manifestas – Categorias que são baseadas em características comuns observáveis ou fenotípicas (comportamento 
observável); 
➢ Unidades Latentes – Podem denotar tanto a origem etiológica do transtorno ou similaridades intrapsíquicas (não precisa estar 
vinculado à causa biológica subjacente). 
 
Classificação das Doenças Mentais 
• Abordagens para classificação de doenças mentais na tradição psiquiátrica: 
➢ Nominalista – Denomina os sintomas (psicopatologia e comportamentos) ou a constelação de sinais e sintomas (síndromes) com um 
nome sem considerar sua etiologia dado que as causas das doenças ainda são desconhecidas Doença de Parkinson, Doença de 
Alzheimer) descrevendo um padrão típico da doença. 
➢ Essencialista – Classifica as entidades nosológicas a partir das causas de uma condição patológica, independente de seus sinais e 
sintomas, fornecendo indicadores confiáveis do curso, evolução e tratamento 
Como os sintomas psiquiátricos são multifatoriais em psiquiatria a abordagem etiológica é de difícil aplicação. 
 
 
 
 
Tipos Classificação das Doenças Mentais 
Classificação 
Hierárquica ou Vertical 
• Diante da pouca frequência de quadros monossintomáticos e da prevalência de comorbidades é necessário 
hierarquizar diagnósticos, tentando compreender os sintomas como parte de uma patologia maior. 
• Transtornos mentais orgânicos suplantam quaisquer outros sintomas (estrutura cerebral alterada, 
disfunção eletrofisiológica ou prejuízo cognitivo). 
• Foi abandonada no DSM IV pela dificuldade de enquadrar indivíduos que apresentam simultaneamente 
sintomas que preenchem os critérios de vários transtornos do mesmo nível hierárquico (depressão maior 
associada à ansiedade generalizada). 
Classificação Multiaxial 
ou Horizontal 
• Proporciona uma visão global do paciente, articulando diversos parâmetros do funcionamento do paciente. 
• Está incorporado ao sistema DSM. 
• Cada eixo é praticamente independente dos demais, podendo ser tipológico ou dimensional – Síndrome 
psiquiátrica, personalidade, nível intelectual, doenças físicas, estressores psicossociais e função adaptativa 
(alguns autores citam também etiologia e curso e evolução da doença). 
• A questão cultural é um componente de extrema importância dado que quadros mentais com 
características inusitadas não são classificáveis pelos critérios ocidentais do DSM e do CID. 
Classificação 
Circumplexa 
• As unidades taxonômicas e atributos clínicos são organizados em uma estrutura circular. 
• Não foi incorporada por classificações psicopatológicas formais, mas foi aplicada como instrumento para 
ordenar traços interpessoais, processos de personalidade (modelo do zodíaco). 
Classificação Categorial • Apresenta uma divisão para as diferentes categorias em que os casos são descritos por meio dos limites de 
saúde e doença, de normalidade e subnormalidade. 
• Por determinar diagnósticos unitários, permite a determinação de condutas específicas de diagnóstico 
(tratamento). 
Classificação 
Dimensional 
• O paciente pode apresentar alguns sintomas em diversas categorias e não são criados limites artificiais. 
• Paciente que apresentam poucos sintomas podem estar no limite da normalidade ou no limite dos dois 
transtornos. 
• O modelo de espectro (continuum de intensidade) é uma forma complementar de descrever e a avaliar a 
psicopatologia começando pelos critérios sintomáticos conhecidos, estendendo ao halo subjacente 
manifestações clínicas associadas a determinada entidade nosológica. 
• A nova versão do DSM adota a metodologia dimensional. 
Um sistema de mensuração clínica não pode ser puramente categorial ou dimensional. 
Sistemas Classificatórios em Psicopatologia 
• Os sistemas de classificação das doenças datam da época de Hipócrates (460-377 a.C.), mas o reconhecimento da Psiquiatria como 
especialidade médica ocorreu no século XVIII a partir das primeiras classificações da loucura realizadas por nosólogos como Pinel, Tuke, 
Rush. 
Medicina até o Século XVII Século XVIII Clínica Moderna (A partir do Século XIX) 
• Perspectiva empirista; 
• Pensamento classificatório com 
descrição de sinais e sintomas e 
formulação de quadros das doenças 
(Foucault, 1963); 
• CONSTITUIÇÃO DOS GRANDES 
SISTEMAS E NOSOSLOGIAS. 
• Corte epistemológico – Abandono de 
teorias abstratas e adoção das práticas 
de observação e experimentação a 
partir da abertura dos corpos; 
• Perspectiva experimental e científica, 
prevalecendo uma medicina pautada 
na ANÁTOMO-PATOLÓGIA; 
• Superação da ênfase empiricista, 
simplesmente classificatória, e 
consolidação da MEDICINA CIENTÍFICA 
com maior precisão diagnóstica a partir 
da análise dos marcadores biológicos 
de cada doença além da verificação dos 
fatos e sintomas mórbidos. 
Classificação na Psiquiatria 
• A psiquiatria como disciplina: 
➢ Inicialmente adotou a ótica da clínica dos casos e com ênfase classificatória; 
➢ Primeiros estudos contaram com descrições exaustivas de sintomas e classificações psicopatológicas (Pinel, Esquirol, Kraeplin, Morel, 
entre outros) que representaram grande avanço no final do século XVIII e XIX; 
➢ Permaneceu aprisionada no modelo empírico e não conseguiu estabelecer o salto epistemológico dado pela medicina. 
• Manuais Diagnósticos 
➢ Descrição de sucessão de sintomas; 
➢ Conhecimento factual e estatístico; 
➢ Não fornece uma definição precisa do adoecer psíquico; 
➢ Não realiza uma síntese compreensiva dos diferentes quadros patológicos que permita elucidar as condições para a ocorrência das 
psicopatologias. 
 
Sistemas Classificatórios em Psicopatologia 
• Função de ordenar a diversidade de fenômenos encontrada na prática clínica, permitindo melhor comunicação, conhecimento e controle 
sobre o fenômeno psicopatológico. 
• Atravésda identificação de características clínicas que ocorrem regularmente juntas, pretende-se prever o desfecho clínico e a resposta 
ao tratamento. 
• Na história da psiquiatria existem vários modos de ordenar e classificar os fenômenos encontrados na clínica o que indica uma 
diversidade de abordagens e de postura teórica frente ao sujeito e ao seu sofrimento mental. 
 
DSM V 
• 5ª Versão do Manual Estatístico e Diagnostico de Transtornos Mentais organizado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), 
contempla aspectos clínicos, estatísticos, epidemiológicos dos transtornos mentais sendo um instrumento diagnóstico muito utilizado. 
• Diferente das primeiras versões: 
➢ Não se apoia em escolas ou teorias psicológicas (ateórico); 
➢ Envolve questões transculturais; 
➢ Além de uma classificação categorial permite uma abordagem multidimensional (inúmeras dimensões de sintomas e situações 
clínicas) e de espectrum (ou continuum) de manifestações de seus sinais e sintomas, de leve a grave, até uma sobreposição de 
síndromes, que podem tratar-se de uma mesma condição ainda não definida com um único nome. 
• Também é sumamente importante o esforço para a formulação dinâmica do caso (conflitos conscientes e inconscientes implicados no 
caso específico, mecanismos de defesa, ganho secundário, aspectos transferenciais, etc.) e a formulação diagnóstica cultural (símbolos e 
linguagem cultural específica para aquele indivíduo, representações sociais do indivíduo e familiares, valores, rituais, religiosidade 
envolvidos no caso 
• Possui 5 eixos: 
➢ Eixo I: transtornos psiquiátricos 
➢ Eixo II: transtornos de personalidade e retardo mental 
➢ Eixo III: transtornos físicos ou doença médica geral presente 
➢ Eixo IV: problemas psicossociais e ambientais que contribuem 
para o transtorno mental (estressores psicossociais) 
➢ Eixo V: escala de avaliação global do funcionamento do 
paciente num determinado período (último ano) 
 
CID 10 
• Classificação da Organização Mundial de Saúde para todas as doenças, que tem como objetivo: 
➢ Ser um instrumento internacional de comunicação, educação e pesquisa; 
➢ Permitir estatísticas internacionais sobre morbimortalidade; 
➢ Monitorar a incidência e prevalência de doenças, através de uma padronização universal das doenças, problemas de saúde pública, 
sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e circunstâncias sociais, apresentando um panorama amplo da situação 
em saúde dos países e suas populações. 
• A tentativa de sua equiparação com o DSM-IV consumiu uma cooperação próxima com a APA para alcançar uma linguagem comum – 
Compartilhamento de conceitos chave e influência da metodologia do DSM. 
• Possui uma seção de psiquiatria agrupadas sob o índice “F” (F00 a F98) e para cada transtorno é fornecida uma descrição: 
➢ Aspectos clínicos principais e aspectos associados - Diretrizes diagnósticas, indicando o número e balanço de sintomas necessários a 
um diagnóstico confiável (são provisórios); 
➢ Critérios operacionais – Permitem testagem científica (pesquisa) para confirmação, modificação ou rejeição. 
• Mostra-se como um híbrido de conceitos psicodinâmicos e comportamentais: 
➢ Adota o termo transtorno (disorder), ao invés de doença (disease) porque indicava patologia física, e enfermidade (illness) que 
indica um estado de sofrimento subjetivo que caíram em desuso. 
➢ Manteve o uso do termo neurose e do termo psicogênico, para quadros com origem psicológica presumida e mantém o uso do 
conceito de transtornos orgânico-cerebrais. 
• Impactos de seu uso: 
➢ Aumento da concordância diagnóstica entre os clínicos e melhoria nos relatórios estatísticos de morbidades psiquiátricas, o uso de 
serviços, tratamentos e a evolução dos transtornos mentais; 
➢ Adoção de padrões diagnósticos rigorosos na pesquisa psiquiátrica; 
➢ Reduzir idiossincrasias no ensino de Psiquiatria; 
➢ Melhorar a comunicação entre os usuários da CID 10, cuidadores e a população leiga (desmistificação do diagnóstico pela divulgação 
de sua lógica). 
• Principais categorias diagnósticas dos Transtornos Mentais e do Comportamento (F): 
➢ F00-F09 – Transtornos mentais orgânicos, incluindo os 
transtornos mentais somáticos 
➢ F10-F19 – Transtornos mentais e de comportamento 
decorrentes do uso de substância psicoativa 
➢ F20-F29 – Esquizofrenia, transtornos esquizotípico e 
transtornos delirantes 
➢ F30-F39 – Transtornos do humor 
➢ F40-F49 – Transtornos ansiosos, relacionados ao estresse e 
somatoformes 
➢ F50-F59 – Síndromes comportamentais associadas a 
perturbações fisiológicas e físicas 
➢ F60-F69 – Transtornos de personalidade e de 
comportamentos em adultos 
➢ F70-F79 – Retardo mental 
➢ F80-F89 – Transtornos do desenvolvimento psicológico 
➢ F90-F98 – Transtornos de comportamento e emocionais com 
instalção usualmente durante a infância e a adolescência 
➢ F99 – Transtorno mental não especificado 
 
CID 11 
• 2019 – Lançamento da nova classificação internacional de doenças, com algumas modificações como a inclusão do distúrbio de games 
como um dos problemas de saúde mental, além de capítulos inéditos sobre medicina tradicional e saúde sexual. 
• A entrada em vigor está prevista para 1º de janeiro de 2022. 
• Reflete as mudanças e os avanços na Medicina e Tecnologia 
• A estrutura de codificação e ferramentas eletrônicas foram simplificadas, para permitir que o profissional possa registrar os problemas de 
maneira mais fácil e eficaz. 
• Conta com 55 mil códigos únicos para lesões, doenças e causas de morte versus 14.400 da CID-10. 
• Gaming Disorder - Padrão de comportamento persistente ou recorrente”, de gravidade suficiente para “resultar em comprometimento 
significativo nas áreas de funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras”. 
• Estresse Pós-traumático - A quantidade de termos diagnósticos para esse transtorno foram reduzidos e simplificados para permitir um 
diagnóstico mais fácil. 
• Resistência Antimicrobiana - Os códigos relativos a ela estão mais alinhados ao sistema global de vigilância, o que permitirá mapear 
melhor a resistência ao redor do mundo. 
• Saúde Sexual - Engloba condições que eram categorizadas de maneira desatualizada, como, por exemplo, incongruência de gênero 
(transexualidade), que na versão anterior se enquadrava em saúde mental. 
 
Diagnóstico Psiquiátrico 
• No processo diagnóstico há uma relação dialética permanente entre o particular, individual (especificidade do sujeito), e o geral, universal 
(categoria diagnóstica à qual essa pessoa pertence). 
• 3 grupos de fenômenos em relação à possibilidade de classificação: 
➢ Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres humanos - Fazem parte de uma categoria ampla demais para a classificação, 
sendo pouco útil seu estudo taxonômico (privação de sono causa - sonolência, restrição alimentar – fome); ou seja, são fenômenos 
triviais que não despertam grande interesse à psicopatologia. 
➢ Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas, mas não em todas - Tem maior interesse para a classificação diagnóstica 
em psicopatologia. Situam-se a maioria dos sinais, sintomas e transtornos mentais. 
➢ Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser humano em particular (totalmente singular) - Embora de interesse 
fundamental para a compreensão de um ser humano particular, são restritos demais e de difícil classificação e agrupamento, tendo 
maior interesse seus aspectos antropológicos, existenciais e estéticos que propriamente taxonômicos. 
• A legitimidade do diagnóstico psiquiátrico sustenta-se na perspectiva de aprofundar o conhecimento, tanto do indivíduo em particular 
como das entidades nosológicas utilizadas. 
• O diagnóstico permite: 
➢ O avanço da ciência; 
➢ A antevisão de um prognóstico; 
➢ O estabelecimento de ações terapêuticas e preventivas mais eficazes; 
➢ A comunicação mais precisa entre profissionais e pesquisadores. 
• Na psicopatologia não é incomum que oprognóstico, a evolução do caso, obrigue o clínico a reformular seu diagnóstico inicial. 
• Validade (validity) de um procedimento diagnóstico: 
➢ Capacidade de um procedimento diagnóstico conseguir captar, identificar ou medir aquilo que realmente se propõe a reconhecer. 
➢ Para saber se um novo procedimento diagnóstico é válido, é preciso compará-lo com outro, que seja bem aceito e reconhecido como 
mais acurado (“padrão-ouro”), capaz de identificar satisfatoriamente o objeto pesquisado (de certo modo, mais próximo da 
“verdade”). 
➢ Capacidade de o diagnóstico prever a evolução do caso, a resposta a tratamentos específicos e o desfecho final do transtorno 
diagnosticado. 
o Validade conceitual – Julgamento subjetivo por parte do avaliador sobre a capacidade de avaliar o que deveria medir (influenciada pelo 
contexto histórico e teorias vigentes). 
o Validade operacional – Verificada por meio de validade de conteúdo, de critério e de construto (utilização de técnicas estatísticas 
multivariadas). 
O diagnóstico só é útil e válido se for visto como algo mais que simplesmente rotular o paciente. 
• Confiabilidade (reliability) de um procedimento diagnóstico: 
➢ Capacidade de produzir, em relação a um mesmo indivíduo ou para pacientes de um mesmo grupo diagnóstico, em circunstâncias 
diversas, o mesmo diagnóstico. 
➢ Ao mudar diferentes aspectos do processo de avaliação (avaliador ou momento de avaliação), o resultado final permanece o mesmo. 
➢ Tem-se um indicador de reprodutibilidade do diagnóstico. 
• Sensibilidade de um novo procedimento diagnóstico: 
➢ Está relacionada a sua capacidade de detectar com acurácia os casos verdadeiros incluídos na categoria diagnóstica que se visa 
identificar. 
• Especificidade do procedimento diagnóstico: 
➢ Capacidade de identificar verdadeiros “não casos” em relação à categoria diagnóstica que se pesquisa. 
➢ Um procedimento com alta sensibilidade identifica quase todos os casos, mas pode falhar reconhecendo erroneamente um não caso 
(falso positivo) como caso. 
➢ Outro procedimento com alta especificidade pode ter a qualidade de apenas reconhecer casos verdadeiros, mas falhar ao deixar de 
reconhecê-los, considerando-os como não casos. 
O ideal de um procedimento diagnóstico é que ele seja confiável (reprodutível), válido (o mais próximo possível da “verdade” diagnóstica) e 
com alta sensibilidade e especificidade. 
• Com exceção dos quadros psico-orgânicos (delirium, demências, síndromes focais etc.), de modo geral, não se baseia em mecanismos 
etiológicos supostos pelo avaliador. 
• Baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas apresentados pelo paciente na história do transtorno, desde que surgiu até o 
momento atual da avaliação. 
• Linhas paralelas de raciocínio clínico: 
➢ Linha Diagnóstica - Baseada fundamentalmente na 
cuidadosa descrição evolutiva e atual dos sintomas que 
de fato o paciente apresenta; 
➢ Linha Etiológica - Busca, na totalidade dos dados 
biológicos, psicológicos e sociais, uma formulação 
hipotética plausível sobre os possíveis fatores 
etiológicos envolvidos no caso. 
• De modo geral, não existem sinais ou sintomas psicopatológicos específicos de determinado transtorno mental - Não há sintomas 
patognomônicos em psicopatologia. 
• O diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos dados clínicos, momentâneos (exame do estado mental) e evolutivos 
(anamnese, história dos sintomas e evolução do transtorno). 
• A totalidade clínica que, detectada, avaliada e interpretada com conhecimento (teórico e científico) e habilidade (clínica e intuitiva), 
conduz ao diagnóstico psicopatológico mais preciso e útil. 
• O diagnóstico psicopatológico é, em inúmeros casos, apenas possível com a observação do curso do transtorno - O padrão evolutivo de 
determinado quadro clínico obriga a repensar e refazer continuamente seu diagnóstico. 
• Problemas na classificação de doenças mentais: 
➢ Classificações definitivas devem ser baseadas em etiologia – Necessidade de reformulações periódicas das classificações provisórias. 
➢ Processo diagnóstico psiquiátrico baseado na descrição do quadro clínico e sujeita a contaminação subjetiva – Não revelam 
verdadeiras entidades nosológicas. 
➢ Ausência de explicações sobre como ou porque ocorre um determinado evento patológico, mas permite estabelecer sua gravidade 
ou persistência. 
➢ O clínico deve identificar as características do paciente para determinar se o caso é psiquiátrico ou não. 
 
Avaliação Psicopatológica 
• Embora exames complementares e outros recursos sejam importantes, o essencial do diagnóstico psicopatológico é uma história clínica 
bem colhida e um exame do estado mental minucioso, ambos interpretados com habilidade. 
Entrevista + Observação do paciente 
• Tem como objetivo obter informações para: 
➢ Realização do diagnóstico clínico; 
➢ Conhecimento da dinâmica afetiva do paciente; 
➢ Construção da melhor intervenção e planejamento terapêutico. 
• A entrevista psicopatológica permite a realização dos dois principais aspectos da avaliação: 
➢ Anamnese - Coleta de dados necessários para um 
diagnóstico pluridimensional do paciente. 
➢ Exame psíquico - Exame do estado mental atual. 
• Avaliação física: 
➢ Realizada pelo médico, não difere daquele realizado em pacientes sem transtornos mentais; 
➢ Pacientes com transtornos psiquiátricos tem morbidade física mais frequente sendo necessária avaliação somática (anamnese e 
exame físico) – Costuma ser subdiagnosticado. 
 
• Avaliação neurológica: 
➢ Depende de uma anamnese bem colhida e de exame neurológico objetivo para identificação topográfica de possível lesão ou 
disfunção no sistema nervoso; 
➢ Existem afecções neuronais responsáveis por quadros neuropsiquiátricos que não produzem sintomas localizatórios, outras tem 
lesão ou disfunção neurológico, mas não se identifica o sintoma. 
• Psicodiagnóstico - Meio de auxílio ao diagnóstico psicopatológico através de testes e rastreamentos. 
• Exames complementares: 
➢ Especialmente úteis na detecção de disfunções e patologias neurológicas e sistêmicas que produzem sintomas psiquiátricos; 
➢ Exames laboratoriais, neurofisiológicos e de neuroimagem. 
 
Entrevista Psiquiátrica 
• Recurso mais comum e valioso para a realização de um diagnóstico em Psiquiatria dada a ausência de instrumentos objetivos que possam 
substituir o trabalho do clínico. 
• A habilidade do entrevistador revela-se nas perguntas que fórmula, por aquelas que evita formular, e pela forma quando e como aborda 
questões. 
• O entrevistador deve ter a capacidade de estabelecer uma relação empática e tecnicamente útil – Condições de acolher o paciente, 
escutá-lo em suas dificuldades e idiossincrasias, estabelecer limites. 
• A postura mais ativa ou passiva do entrevistador vai depender: 
➢ Do paciente e sua condição emocional no momento; 
➢ Do contexto institucional da entrevista; 
➢ Dos objetivos da entrevista (diagnóstico, estabelecimento de vínculo terapêutico, questão forense); 
➢ Da personalidade do entrevistador. 
• Tipos de entrevista psiquiátrica: 
➢ Entrevistas clínicas abertas – O médico deve estar isento, evitando intervir na entrevista, favorecendo a livre expressão do paciente. 
➢ Entrevistas estruturadas – O entrevistador deve seguir uma sequência específica e lógica de perguntas, lendo sem interpretação, 
visando assegurar a fidedignidade do procedimento a partir de critério operacionais do diagnóstico. 
• O profissional deve evitar: 
➢ Posturas rígidas, estereotipadas – Buscar atitude flexível, adaptada à personalidade do sujeito; 
➢ Atitudes excessivamente neutra ou fria – Dá sensação de distância e indiferença; 
➢ Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas – O objetivo é criar um clima de confiança e não de falsa intimidade; 
➢ Comentários valorativos ou emitir julgamentos; 
➢ Reações emocionais de pena ou compaixão; 
➢ Responder com hostilidade ou agressão às atitudes agressivas de pacientes;➢ Entrevistas excessivamente prolixas; 
➢ Fazer muitas anotações durante a entrevista – Pode parecer que as anotações são mais importantes que a entrevista em si. 
 
Anamnese 
• O entrevistador vai se interessar tanto pelos sintomas objetivos como pela vivência subjetiva do paciente em relação àqueles sintomas, 
pela cronologia dos fenômenos, pelos dados pessoais e familiares: 
➢ Dados sociodemográficos; 
➢ Queixa e história da queixa; 
➢ Antecedentes mórbidos somáticos e psíquicos pessoais (incluindo hábitos e uso de substâncias químicas); 
➢ Antecedentes mórbidos familiares; 
➢ História de vida do paciente (desenvolvimento somático, neurológico, psicológico e psicossocial); 
➢ Avaliação de interações familiares e sociais. 
• O entrevistador permanecerá atento às reações do paciente ao fazer os seus relatos - Realiza parte do exame psíquico, da avaliação do 
estado mental atual. 
• Em alguns casos, o paciente consegue formular uma queixa principal, mas, na maioria das vezes, não tem queixa a fazer ou não tem 
noção de sua situação ou de seu sofrimento. 
• O paciente também pode se recusar defensivamente a admitir que tenha algum problema mental, comportamental ou psicológico e que 
esteja sofrendo por ele (mais comum nos homens). 
• Pacientes com quadros demenciais, déficits cognitivos, em estado psicótico grave e em mutismo, em geral, não conseguem informar 
sobre sua história – Essencial a presença do acompanhante. 
• Existe a possibilidade de coleta de informações com familiares, amigos e conhecidos quando necessário, que podem revelar dados 
confiáveis e significativos - É necessário que se leve em consideração a possibilidade de um certo subjetivismo (visão do caso). 
• O profissional deve ter habilidade para buscar diferenciar informações verdadeiras, confiáveis, consistentes das falsas e inconsistentes; 
➢ Dissimulação – Ato de esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas psicopatológicos (mesmo tendo ideação 
paranoide, delírio persecutório, alucinações, o paciente nega). 
➢ Simulação – Ato voluntário e consciente do paciente tentar “criar”, apresentar, voluntariamente, um sintoma, sinal ou vivência que 
de fato não tem (diz que ouve vozes, que está deprimido, que sente dor) para obter algo. Difere de sintomas psicogênicos (paralisia 
histérica) sem base orgânica, mas com suas raízes em processos e conflitos inconscientes. 
• A avaliação psiquiátrica possui uma dimensão longitudinal (histórica, temporal) e outra transversal (momentânea, atual) da vida do 
paciente. 
• Ao final da entrevista é realizado um relato por escrito fazendo uma síntese do estado mental - Relato organizado e coerente a fim de 
facilitar a hipótese diagnóstica e do planejamento terapêutico. 
 
Entrevista Psiquiátrica 
• Primeira Entrevista: 
➢ Momento crucial no diagnóstico e tratamento em saúde mental; 
➢ Deve produzir no paciente uma sensação de confiança e de esperança no alívio do sofrimento (evita o abandono do tratamento); 
➢ A comunicação não verbal é essencial; 
➢ A primeira impressão que o paciente produz no entrevistador é essencial e influencia todo o processo; 
➢ É momento de estabelecer as “regras” do processo, esclarecer sobre a necessidade de colaboração mútua, e comunicar questões 
relacionadas à confidencialidade, privacidade e sigilo; 
➢ São coletados dados sociodemográficos básicos, queixa e demanda, e observadas as atitudes e aparência do paciente; 
➢ Adota-se posição de escuta, mas isso não se traduz em posição passiva (observação participativa); 
➢ Evitar pausas e silêncios prolongados que geram angústia. 
• Nas fases iniciais da entrevista o paciente pode ficar ansioso e usar manobras e mecanismos defensivos (risos, silêncios, perguntas 
inadequadas, comentários circunstanciais, desqualificação) para não falar de si, de seu sofrimento e suas dificuldades. 
• Estratégias de manejo do silêncio do paciente: 
➢ Perguntas e colocações breves que assinalam a disponibilidade do entrevistador; 
➢ Evitar perguntas direcionadas, fechadas (respostas monossilábicas) e perguntas muito longas e complexas (dificuldade de 
compreensão); 
➢ Priorizar intervenções que estimulem a fala (“como foi isso?”, “explique melhor”). 
• Mesmo que esteja realizando uma entrevista aberta o entrevistador deve ter a estrutura da entrevista em mente de modo que possam 
surgir lacunas que disparem perguntas dos entrevistadores. 
 
Exame Mental 
• Aspectos Básicos: 
➢ Forma dos sintomas – Estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, 
labilidade afetiva); 
➢ Conteúdo – Aquilo que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, religioso, perseguição etc.), geralmente é mais pessoal 
dependendo da história de vida do paciente, sua cultura e personalidade, e está relacionado aos temas centrais da existência 
humana (sobrevivência, segurança, sexualidade, temores, religiosidade). 
• Aspecto Global: 
➢ Expresso pelo corpo; 
➢ Postura (ativa- iniciativa, fala ou passiva - largado, indiferente); 
➢ Indumentária; 
➢ Olhar. 
• Atitudes: 
➢ Não cooperante; 
➢ Oposicionista; 
➢ Perplexa (assustado, parece não compreender o que está acontecendo) / Confusa (não entender nada da entrevista); 
➢ Desinibida, arrogante, inibida, indiferente, hostil; 
➢ Querelante (discute e briga por se sentir ofendido ou prejudicado); 
➢ Evasiva (evita responder perguntas); 
➢ Gliscróide (difícil encerrar a conversa). 
• Descrição da Aparência Física: rosto, olhos, cabelos, dentes, unhas, roupas, movimentos-posturas, corpo (compleição).

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