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O que é? Alivia o sofrimento e a dor em qualquer momento do diagnóstico de um paciente com uma doença que limita a vida. O que objetiva? Melhorar a qualidade de vida independente da idade ou estagio da doença. Princípios: Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis; Prevenir a ocorrência de novos problemas; Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença; Integrar os aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado do paciente; Oferecer suporte multiprofissional para atender as necessidades dos pacientes e de seus familiares, incluindo acompanhamento no luto; Não antecipar ou postergar o processo natural da morte; Lidar com os medos, as expectativas, as necessidades e as esperanças; Iniciar os cuidados o mais precocemente possível, juntamente com as investigações necessárias após o diagnóstico e a terapia modificadora da doença; Preparar o paciente para a autodeterminação no manejo do final da vida. Hierarquia das Necessidades Humanas de Maslow - Necessidades dos nossos pacientes e familiares através da experiência da doença e do luto. Os cuidados auxiliam pacientes e familiares a: - Lidar com questões físicas, psicológicas, sociais, espirituais e de ordem prática, com seus medos, suas expectativas, necessidades e esperanças. - Preparar para a autodeterminação no manejo do processo de morrer e do final da vida. - Lidar com as perdas durante a doença e o luto. - Alcançar o potencial máximo, mesmo diante da diversidade. Os cuidados paliativos pretendem: 1. Aliviar todos os problemas existentes. 2. Prevenir a ocorrência de novos problemas. 3. Promover oportunidades para experiências significativas e valiosas, crescimento pessoal e espiritual e auto realização. Indicado para todo paciente e familiar com doença ameaçadora da continuidade da vida por qualquer diagnóstico, com qualquer prognóstico, seja qual for à idade, e a qualquer momento da doença em que eles tenham expectativas ou necessidades não atendidas. O papel dos cuidados durante a doença e o luto - Ao longo do tempo, o foco e o objetivo dos cuidados vão se deslocando desde uma ênfase em tratamentos modificadores da doença até tratamentos com intenção exclusivamente paliativa. - Pacientes e familiares necessitam de acesso aos cuidados paliativos em cada um dos ambientes em que estejam recebendo cuidados. Se o paciente precisa ser transferido de um ambiente para outro, é importante garantir a continuidade do cuidado, para que se mantenha respeitada a abordagem paliativa. - Algumas pessoas com doença avançada e capacidade decisória preservada afirmam que gostariam de morrer em casa, o que costuma representar uma ideia excessivamente romântica. - A pessoa que está morrendo precisa ser cuidada em um ambiente onde existam condições de controlar qualquer sintoma que cause desconforto, com possibilidade de acesso imediato a medicamentos necessários e à orientação específica de um profissional sobre o modo de usá-los. - No Brasil, o desejável “home care” em suas diferentes nuances ainda não está devidamente implantado com recursos hábeis e profissionais treinados para a assistência apropriada de Cuidados Paliativos e Cuidados ao Fim da Vida. - Em todas as situações, porém, tanto em casa quanto em hospitais ou instituições de longa permanência, os profissionais devem estar capacitados para prestar Cuidados Paliativos de qualidade. Cuidando dos cuidadores: - Uma pessoa que não pode jamais ser negligenciada no cenário dos cuidados paliativos é o cuidador, seja ele formal (contratado para desempenhar um serviço) ou informal (geralmente, um familiar). - A progressão de uma doença incurável e a dependência progressiva que ela acarreta no paciente exigem, do cuidador: disposição física, superação da aversão para lidar com as secreções corporais do paciente e plasticidade emocional para encarar cada dia. - O cuidador pode apresentar sintomas de sobrecarga, como dor lombar, irritabilidade, humor deprimido, insônia, dentre outros. - Um cuidador em sobrecarga precisa de atenção imediata para si mesmo e também para que não perca o alcance máximo do seu potencial de cuidar, correndo o risco de não suprir as necessidades da pessoa doente. Hospice Refere-se à aplicação de cuidados paliativos intensivos para pacientes com doenças avançadas, próximo ao final da vida, englobando apoio aos seus familiares durante todo o processo da doença e do luto. - Hospice não significa, necessariamente, um lugar físico. Pacientes indicados para um atendimento no estilo hospice são aqueles com doença em fase avançada e estimativa de vida de seis meses ou menos. - O conceito de hospice refere-se a cuidados prestados ao mal da vida, incluindo a assistência durante o processo de morrer, e se estende ao acolhimento de familiares em luto. - No Brasil, existem raros hospices que, por enquanto, são dedicados principalmente ao atendimento de pacientes com câncer. Cuidados ao fim da vida - São uma parte importante dos cuidados paliativos que se refere à assistência que a pessoa deve receber durante a última etapa de sua vida, a partir do momento em que fica claro que ela se encontra em estado de declínio progressivo e inexorável, aproximando-se da morte. Esses cuidados objetivam propiciar: Morte segura e confortável: promovendo qualidade de vida durante os últimos meses do paciente e garantindo que ele morra da melhor forma possível; Autodeterminação no gerenciamento do processo de morrer: facilitando a resolução de pendências; Luto eficaz: auxiliando pacientes e familiares a lidarem com perdas e sofrimento e ajudando famílias a se reorganizarem após a morte do ente querido. Os cuidados ao fim da vida contemplam o idoso quando ele se despede da vida, com foco na sua biografia. A atenção integral a pessoa vai muito além do controle de sintomas e inclui: - O respeito a sua vontade e as suas preferencias; - O estimulo a presença de familiares e amigos; - A facilitação das reconciliações; - A resolução de pendencias; - A assistência espiritual. Avaliação do paciente em cuidados - Dados biográficos: Nome e forma como gosta de ser chamado. Sexo e idade. Estado marital, filhos e netos, se os tiver. Trabalho que realizou por mais tempo ou com o qual mais se identificou. Local de nascimento e região de moradia. Com quem mora e quem cuida a maior parte do tempo. Religião e crenças. O que gosta de fazer. O que sabe sobre sua doença – e o quanto quer saber. - Cronologia da doença e tratamentos realizados: Trata-se do registro da doença de base, com a época (mês e ano) do diagnóstico e tratamento realizado na mesma época. Em seguida, a sequência de diagnósticos secundários à doença de base, com época e tratamentos. Registrar também outras complicações relacionadas ao quadro principal da mesma forma e os diagnósticos não relacionados à doença em questão ou preexistentes. Avaliação funcional: “Palliative Performance Scale” – PPS A escala possui 11 níveis de “performance”, da 0 a 100, divididos em intervalos de 10. O PPS deve ser utilizado todos os dias para pacientes internados, em todas as consultas ambulatoriais e visitas domiciliares. Escala de avaliação de sintomas de Edmonton – ESAS A cada sintoma solicita-se ao paciente que atribua uma nota de zero a dez, sendo zero a ausência do sintoma e dez a sua maior intensidade. O ESAS deve ser avaliado criteriosamente todos os dias e ser usado como plataforma para as ações necessárias para o alívio de sintomas, usando-se todos os recursos necessários para este fim. Exame físico, exames complementares e avaliações de especialistas: Nenhum exame clínico, coleta de exames ou outra forma de investigação deve ser realizado se não tiver por objetivo a compreensãonecessária ao alívio de um sintoma ou ao controle de situação potencialmente reversível. Plano de cuidados Deve ser claro o bastante para que o tratamento proposto possa ser continuado por toda a rede assistencial, inclusive em unidades de emergência e hospitais gerais onde o paciente poderá ser atendido por outras equipes. Indicação de cuidados paliativos - Pela definição da OMS para cuidados paliativos, todos os pacientes portadores de doenças graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida deveriam receber a abordagem dos cuidados paliativos desde o seu diagnóstico. - Para pacientes que esgotaram todas as possibilidades de tratamento de manutenção ou prolongamento da vida, que apresentam sofrimento moderado a intenso e que optam por manutenção de conforto e dignidade da vida. - Limite designado em seis meses de expectativa de vida poderia ser utilizado para indicação de cuidados paliativos exclusivos, uma vez que este critério foi importado do MEDICARE americano (2), que estabelece o tempo de sobrevida esperado como um dos critérios de indicação para assistência de HOSPICE. - Indicado para pacientes com principais dependências funcionais – Atividade básica de vida diária: * Incontinência urinaria e fecal; * Alimentação por tubos enterais ou incapazes de se alimentar/ hidratar sem auxilio; * Imobilização permanente no leito ou poltrona. - Alguns destes critérios dizem respeito a condições mórbidas específicas, como: insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer, esclerose lateral amiotrófica, demência e outras doenças degenerativas progressivas. - Indicadores não específicos, como: perda ponderal progressiva, declínio de proteínas plasmáticas, perda funcional também são utilizados. - Critérios para indicação em UTI: * Admissão proveniente de instituição de longa permanência de paciente portador de uma ou mais condições crônicas. * Duas ou mais admissões na UTI na mesma internação. * Tempo prolongado de ventilação mecânica ou falha na tentativa do desmame. * Falência de múltiplos órgãos. * Paciente candidato a retirada do suporte ventilatório com possibilidade de óbito. * Câncer metastático. * Encefalopatia anóxica. * Sofrimento familiar que comprometa a tomada de decisão. - Critérios para indicação de idosos: síndrome da fragilidade incluem indivíduos idosos com comprometimento funcional progressivo, perda de peso progressiva e inexplicável de 10% ao longo de um período de 6 meses, ou um índice de massa corporal (IMC) <22 kg/m2 e que podem ter várias doenças crônicas simultâneas. Controle da dor A dor é o que o paciente refere e descreve. EEMMA: - Evolução, - Explicação da causa, - Manejo terapêutico, - Monitorização do tratamento e - Atenção aos detalhes. 1. A causa da dor 2. O mecanismo da dor 3. Os fatores não físicos envolvidos com a expressão de dor 4. A discriminação detalhada da dor. Dor total: - Discriminação detalhada da dor, como: localização, duração, irradiação, intensidade, fatores temporais, fatores de agravamento e alívio, grau de interferência nas atividades diárias (sono e relação interpessoal) e na capacidade funcional, além da resposta prévia a fármacos. Escala visual analógica – EVA: Questionário McGill de Dor (multissensitivo): mede a localização da dor. Inventário Breve de Dor: mede a interferência da dor na qualidade e vida do doente. Escala de Ansiedade e Depressão: avalia alteração de humor relacionada com a intensidade da dor. Farmacologia – Uso dos opióides: Fármacos mais efetivos e mais comumente utilizados no tratamento da dor moderada a intensa, especialmente no câncer. - Principais efeitos dos opioides: • Alívio da dor (não existe dose máxima); • Alterações do humor, incluindo alívio da ansiedade, euforia (sentimentos agradáveis) e disforia (sentimentos desagradáveis); • Alívio inicial da depressão, que pode ser exacerbada com o seu uso por dias ou semanas; • Tontura e sedação; • Náuseas e vômitos; • Depressão respiratória; • Deprime o reflexo da tosse; • Queda da temperatura. - Complicações e efeitos adversos dos opioides: Sedação, náuseas, vômitos, constipação, tontura, depressão respiratória, dependência física e tolerância. Podem ser difíceis de tratar Os efeitos menos comuns são hiperalgesia, lentificação do esvaziamento gástrico, disfunção imunológica e hormonal, rigidez muscular e mioclonia. A troca do opióide e/ou de sua via de administração pode beneficiar doentes que apresentem efeitos adversos. Tolerância redução de eficácia analgésica leva ao aumento das doses necessárias para analgesia efetiva. Dependência: efeitos de síndrome de abstinência com a retirada súbita da medicação, com hiperatividade somática e autonômica (taquicardia, diaforese, náusea, vômito, dores pelo corpo, etc.) Vicio: uso compulsivo, inabilidade para controlar a quantidade do uso, busca pelo efeito psicológico da substância e manutenção do uso mesmo quando apresenta efeitos adversos. É bastante raro em paciente com dor crônica. A dependência física não é sinônimo de vício.
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