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Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV TUTORIA Problema 03 – Módulo 2 Tema – Finitude, Dignidade e o Impacto da obstinação terapêutica na qualidade de vida e economia mundial. PROBLEMA 3 – "A MORTE É INEVITÁVEL" Analise a capa da Revista norte-americana "The Economist" publicada em maio de 2017: • How life ends: Como a vida termina • Death is inevitable: A morte é inevitável • A bad death is not: A má morte não OBJETIVO 1: Definir cuidados paliativos e seus conceitos básicos (princípios, critério de elegibilidades, principais sintomas) ➢ Definição É uma abordagem voltada para a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto de seus familiares frente a problemas associados a doenças que põem a vida em risco. A atuação busca a prevenção e o alívio do sofrimento, por meio do reconhecimento precoce, de uma avaliação precisa e criteriosa e do tratamento da dor e de outros sintomas, e das demandas quer física quer psicossocial ou espiritual. A medicina paliativa é a especialidade médica cuja atuação consiste em propiciar a melhor qualidade de vida possível àqueles Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV pacientes com doença muito avançada, sem qualquer possibilidade de cura ou reversão da sua condição de saúde, por meio de técnicas que aumentem o conforto, mas que não interfiram com a sobrevida. A Medicina Paliativa é o estudo e o controle de pacientes com doença ativa, progressiva e avançada, para quem o prognóstico é limitado e a assistência é voltada para a qualidade de vida. A OMS considera os cuidados paliativos como os cuidados totais ativos, prestados a pacientes com doença incurável, progressiva e irreversível, que não respondem a qualquer tratamento curativo, sendo fundamental o controle da dor, de outros sintomas e de problemas psicológicos, sociais e espirituais. O enfoque terapêutico é o alívio dos sintomas que comprometem a qualidade de vida, integrando ações médicas em conjunto com as de enfermagem, psicológicas, nutricionais, sociais, espirituais, de reabilitação e assistência aos familiares. Muitos aspectos dos cuidados paliativos são também aplicáveis mais precocemente no curso das doenças, em conjuntura com demais tratamentos (WHO, 2002). ▪ Um dos pilares dos Cuidados Paliativos é o trabalho multiprofissional e interdisciplinar. ▪ O foco da atenção não é a doença a ser curada ou controlada, mas o doente, entendido como um ser biográfico, ativo, com direito à informação e à autonomia plena para decisões a respeito do seu tratamento. ▪ A prática adequada dos Cuidados Paliativos preconiza uma atenção individualizada ao doente e à sua família, a busca da excelência no controle de todos os sintomas e a prevenção do sofrimento. ▪ À medida que a doença progride e o tratamento curativo perde o poder de oferecer um controle razoável dessa doença, os Cuidados Paliativos crescem em significado, surgindo como uma necessidade absoluta na fase em que a incurabilidade se torna uma realidade irreversível; ▪ Originalmente, a atenção dos Cuidados Paliativos centrava-se em pacientes na fase final da vida. Hoje, se considera que eles vão além dessa prática: devem estar disponíveis para pacientes e seus familiares durante todo o processo de doença ameaçadora à continuidade da vida e também no transcurso do luto. ➢ Princípios dos Cuidados Paliativos Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV ➢ Conceitos Básicos A Medicina Paliativa é baseada em técnicas desenvolvidas para pacientes com doenças em fase avançada, terminais, sem qualquer possibilidade de cura, podendo proporcionar alto grau de qualidade da sobrevida. O objetivo não é a mudança do curso natural dos problemas e sim das complicações consequentes, das intercorrências e de qualquer sintoma que cause sofrimento durante a evolução da doença. O seu principal objetivo é o controle adequado dos sintomas que surgem. Os sintomas que causam qualquer tipo de sofrimento irão influenciar na qualidade de vida e na maneira de morrer. Como cada sintoma é um fenômeno dinâmico, o paciente deve ser avaliado frequente e regularmente, e a sua prescrição deve sempre ser atualizada. É importante salientar que os cuidados paliativos não interferem no curso natural da doença e suas ações não visam apressar ou retardar a morte. Deve-se ressaltar, mais uma vez, que tais medidas não têm caráter curativo, mas pretendem dar conforto ao paciente. Os cuidados paliativos apresentam ampla dimensão, iniciada a partir do diagnóstico de uma doença incurável e se estendendo até depois da morte do paciente no suporte ao luto da família. Com o início dos cuidados paliativos existe uma mudança na modalidade do atendimento. As intervenções requerem um profundo conhecimento da fisiopatologia da doença de base e de suas complicações previsíveis. Os novos sintomas, controlados mediante prescrição coerente e criteriosa, minimizam as iatrogenias tão temidas nos idosos. Os pacientes geriátricos apresentam comorbidades, o que dificulta a abordagem terapêutica. Deve-se ter em mente que os sintomas precisam ser priorizados e só se intervém naqueles que realmente causem desconforto ou angústia. Por qualidade de vida entende-se uma sensação de satisfação subjetiva, ligada a todos os aspectos inerentes ao ser humano, sejam físicos, psicológicos, sociais e espirituais. A qualidade de vida é boa quando as aspirações individuais são atendidas ou correspondidas pela vivência daquele momento. A melhoria da qualidade de vida, no âmbito dos cuidados paliativos, consiste em reduzir ao máximo o hiato entre o ideal e o possível. Na área da paliação é preciso observar a diferença entre cuidados paliativos e cuidados ao fim da vida. Cuidados paliativos devem ser aplicados ao paciente em um continuum, par e passo com outros tratamentos pertinentes ao seu caso, desde a definição de uma doença incurável e progressiva. Os cuidados ao fim da vida são uma parte importante dos cuidados paliativos, referindo-se à assistência que um paciente deve receber durante a última etapa de sua vida, a partir do momento em que fica claro que ele se encontra em um estado de declínio progressivo e inexorável, aproximando-se da morte. • Paciente terminal ou moribundo: é sugerido que se evite este termo, por ser muitas vezes estigmatizante e capaz de gerar conflitos. É definido de maneiras diferentes pela literatura mundial: paciente portador de doença incurável, paciente que se encontra no período compreendido entre o final do tratamento curativo e a morte ou ainda como o paciente no período designado como processo de morte. • Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV • Paciente em processo de morte ou terminalidade: aquele que apresenta sinais de importante progressão da doença, com prognóstico estimado em torno de seis meses de vida. • • Fase final da vida: período caracterizado por rápido declínio funcional, de causa irreversível, em que o prognóstico de vida pode ser estimado em horas ou poucos dias. • • Futilidade terapêutica ou tratamento fútil: medida cuja adoção pode prolongar o sofrimento ou mesmo acelerar a morte, não sendo efetiva para corrigir ou melhorar as condições que ameaçam a vida. Podem ser procedimentos diagnósticos ou terapêuticos inadequados e inúteis diante da situação evolutiva irreversível da doença e que podem causar sofrimento acrescido ao doente e à família. Não prolongam a vida e sim o processo de morte. • • Distanásia: trata-se do prolongamento exagerado e artificial do processo de morte, consequentemente trazendo sofrimento inútil para os pacientes. Muitas vezes o desejo obstinado de recuperação do doente, em vez de ajudar ou permitir uma morte natural, acaba prolongando sua agonia. • • Eutanásia: morte provocada por sentimento de piedade ao paciente portador de doença avançadae incurável, em estado de grande sofrimento. É classificada como homicídio conforme a Legislação Brasileira. Em vez de deixar a morte acontecer naturalmente, a eutanásia age sobre a morte, antecipando-a. • • Ortotanásia: significa morte correta, ou seja, a morte pelo seu processo natural. Assim, em vez de se prolongar artificialmente o processo de morte (distanásia), entende-se que este se desenvolve naturalmente. A ortotanásia é conduta atípica frente ao Código Penal, pois não é a causa da morte da pessoa, uma vez que este processo já foi irreversivelmente instalado Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV Neste perfil, incluem-se os doentes em fase avançada de câncer, síndromes demenciais, doenças neurológicas progressivas, sequelas neurológicas, AIDS, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal, insuficiência hepática e outras situações incuráveis e em progressão. - Primeira fase: morte não provável o Equipe de saúde percebe maior possibilidade de recuperação do que para o desfecho da morte. o Serão prestados os cuidados paliativos para aliviar o desconforto da doença, juntamente com o tratamento e a o prevenção das complicações da doença crônica. o Sustentação dos sistemas vitais o Recuperação da pessoa e não exclusivamente cura - Segunda fase: morte prevista para meses ou poucos anos o Equipe de saúde percebe uma falta de resposta ou uma resposta insuficiente aos recursos utilizados, com uma crescente tendencia ao desfecho de morte o A prioridade passar a ser melhorar a qualidade de vida o Promoção do conforto físico e psicoemocional do binômio pessoa doente/família o De acordo com a gravidade o modelo empregado pode ser mais paternalista ou mais compartilhado - Terceira fase: morte prevista para dias ou meses o Equipe de saúde reconhece a irreversibilidade da doença e a morte iminente o O cuidado paliativo é exclusivo o Manutenção do conjunto de cuidados para conforto físico e psicoemocional do binômio pessoa doente/família o Importância de que não sejam implantadas e/ou mantidas ações desnecessárias e fúteis DADOS: O Brasil ficou em 42º lugar no “Índice de qualidade de morte 2015”, um relatório feito pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), que avaliou os cuidados paliativos disponibilizados aos pacientes terminais em 80 países do mundo. Para que um país tenha uma boa qualidade de morte, ele precisa ter uma política nacional de cuidados paliativos com subsídios adequados, treinamento multiprofissional, grande oferta de opióides para manejo da dor e uma boa conscientização sobre morte. FONTE BIBLIOGRÁFICA E L A B O R A Ç Ã O |; COLABORAÇÃO; FURTADO, Selma; et al. PROTOCOLOS ISGH | CUIDADOS PALIATIVOS | DATA |. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.isgh.org.br/intranet/images/S ervicos/Protocolos/isgh_protoco_cuidado_ paliativo.pdf>. Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV OBJETIVO 2: Discutir sobre a legislação do código de ética médica ➢ Conselho Federal de Medicina Resolução CFM Nº 1.805/2006(Publicada no D.O.U., 28 nov. 2006) Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo- lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal. Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. § 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação. § 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário. § 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda opinião médica. § 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes foram diretamente comunicadas pelo paciente. § 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente, nem havendo representante designado, familiares disponíveis ou falta de consenso entre estes, o médico recorrerá ao Comitê de Bioética da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à Comissão de Ética Médica do hospital ou ao Conselho Regional e Federal de Medicina para fundamentar sua decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta medida necessária e conveniente. ➢ Código de Ética Médica Capítulo I - Princípios Fundamentais: Princípio fundamental XXI: “No processo de tomada de decisões profissionais, ..., o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por ele expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas”. Princípio fundamental XXII: “Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados”. Capítulo V - É vedado ao médico: Artigo 36 § 2º Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou aos seus familiares, o médico não abandonará o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável e continuará a assisti-lo ainda que por cuidados paliativos. Artigo 41. É vedado ao médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou se seu representante legal. Parágrafo único: nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal. Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV Lei 19.723/2017: institui a política estadual de cuidados paliativos, que consiste na fixação de diretrizes normativas centradas na prevenção e alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, na melhoria do bem-estar e no apoio aos doentes e às suas famílias, quando associados a doença grave ou incurável, em fase avançada ou progressiva, não devendo ser elitizada para este ou aquele, sendo obrigatória para todos os indivíduos. Parágrafo único. As ações e os serviços da Política instituída por esta Lei serão operacionalizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e financiados pelo Fundo Estadual de Saúde (FES), na ação "Implantação, Promoção e Fortalecimento das Ações e Serviços em Cuidados Paliativos", constante do "Programa Promoção, Prevenção e Proteção à Assistência Integral à Saúde" (código 1028), na unidade orçamentária da Secretaria da Saúde (código 2800) e na unidade orçamentária do Fundo Estadual de Saúde (código 2850). ENTÃO: ➢ Resolução CFM nº 2.156/2016, Conselho define critérios para melhorar fluxo de atendimento médico em UTIs, ou seja, estabelece os critérios para indicação de admissão ou de alta para pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que devem ser observados pelos médicos intensivistas. A norma tem como meta contribuir para a melhora do fluxo de acolhimento de pacientes em situação de instabilidade clínica, frente a oferta insuficiente de leitos de UTI, especialmente na rede pública, e a má distribuições das unidades em todo o Brasil. OBJETIVO 3: Discutir sobre os principais sintomas que devem ser aliviados nos cuidados paliativos Na prática dos cuidados paliativos é comum que os doentes apresentem um ou mais sintomas e muitas vezes ao mesmo tempo. Estes sintomas refletem problemas de origem física, espiritual, sociale psicológicas decorrentes dos enfrentamentos da evolução da doença, independentes do seu estágio e torna-se importante poder preveni-los, identificá-los e avalia-los para o adequado controle das necessidades dos doentes e para que os cuidados planejados sejam os mais assertivos e eficazes. Tendo como foco, a manutenção da qualidade de vida dessas pessoas e a necessidade de ação interdisciplinar. Alteração do Sono (Vigília) As causas são diversas, como a dor não ou mal controlada; os quadros de depressão ou ansiedade; a inatividade e/ou cochiladas diurnas; os efeitos colaterais dos fármacos e o abuso de álcool e cafeína. O “terror noturno”, isto é, o medo da noite é relatado pelos pacientes e observado pelos familiares e equipes de saúde. Os pacientes referem receio de dormirem e não acordarem e/ou de passarem mal e não serem socorridos, pois acreditam que os Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV cuidadores, profissionais ou não, estarão menos atentos neste período. Há diversas formas de corrigir esse sintoma, que abala não só o paciente, mas seus cuidadores que não conseguem descansar adequadamente e chegam a exaustão rapidamente, após várias noites de intensa vigília. Há uma série de fármacos que são prescritos e trazem alívio do sintoma. Há também, medidas não farmacológicas (higienização do sono), que implicam em mudanças de comportamentos e que podem ser empregadas isoladamente ou de forma concomitante aos fármacos prescritos. Fadiga Ocorre em cerca de 75% a 95% dos pacientes podendo debilitar e comprometer as atividades da vida diária. De uma forma geral pode ser definida como uma sensação subjetiva de cansaço, fraqueza ou perda de energia. Seu conceito pode ser aprimorado considerando-se: verbalização de cansaço, canseira e/ou exaustão; diminuição da capacidade de realizar tarefas habituais; e falta de alívio para essas manifestações com a aplicação de estratégias usuais de recuperação de energia. Apesar da fadiga ser um sintoma frequente nos cuidados paliativos, é o que possui menos soluções satisfatórias, sendo importante tentar identificar e reverter a causa base para proporcionar uma melhora da qualidade de vida do doente. A partir da avaliação física e anamnese do doente, o enfermeiro avalia a presença de características definidoras que asseguram o diagnóstico. E por não se conhecer elementos fisiológicos que retratem objetivamente a fadiga, os instrumentos de auto relato devem ser utilizados, pois são a melhor maneira de se avaliar sintomas subjetivos. Eles permitem que o doente analise suas sensações e sentimentos com menor interferência externa e dão segurança para a equipe de Enfermagem planejar e executar cuidados. Náuseas e Vômitos São sintomas encontrado em cerca de 40% a 70% dos doentes em cuidados paliativos. A náusea é a sensação desagradável da necessidade de vomitar, habitualmente acompanhada de sintomas autonômicos como sudorese fria, sialorréia, hipotonia gástrica, refluxo do conteúdo intestinal para o estômago, entre outros. O vômito ou êmese é a expulsão rápida e forçada do conteúdo gástrico através da boca, causada por uma contração forte e sustentada da musculatura da parede torácica e abdominal. As náuseas e vômitos possuem várias etiologias como: 1. Gastrointestinais: candidíase orofaríngea, gastroparesia, constipação e obstrução intestinal. 2. Drogas: opióides, antibióticos, anti- inflamatórios não-esteroidais, digoxina e ferro. 3. Toxicidade: quimioterapia, radioterapia, infecções e síndromes paraneoplásicas. 4. Psicossomáticas: ansiedade e medo. 5. Metabólicas: hipercalcemia e insuficiência renal. 6. Neurológicas: metástases no sistema nervoso central. Entre outras causas que, se não tratadas, podem causar grande impacto na qualidade de vida dos doentes, pois levam a inapetência, anorexia, prejuízos nas Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV atividades e difi culdade na adesão a outros tratamentos. É fundamental que o profissional de saúde questione especificamente os sintomas no momento da avaliação, pois o doente com náusea crônica pode não se queixar. Os vômitos são facilmente identificados, e assim diagnosticados e tratados. Para uma adequada investigação faz-se necessário conhecer o doente e a evolução de sua doença, os tratamentos realizados e os medicamentos em uso, bem como a presença de outros sintomas. A avaliação das náuseas e vômitos envolve a investigação da frequência, duração, intensidade, aspecto, volume, fatores causadores ou agravantes (como o uso de medicamentos, movimento, ansiedade), desconforto físico, social, emocional, financeiro, efetividade e satisfação em relação ao tratamento proposto. A avaliação contínua e sistemática possibilita o acompanhamento da evolução do quadro, sendo fundamental seu registro. A partir da avaliação é possível planejar os cuidados de Enfermagem visando o conforto e qualidade de vida do doente. Há métodos farmacológicos bastante efetivos no tratamento da náusea e vômitos, mas também pode-se dispor de condutas não farmacológicas, como as relacionadas a frequência, quantidade e tipos de alimentos mais indicados, técnicas de relaxamento, higiene pré e pósprandial, entre outras. Dispneia É a sensação de respiração desconfortável, sufocante, provocada pela falta de ar. É um sintoma subjetivo bastante comum em pacientes na fase final de vida. A dispneia ocorre em torno de 30% a 75% dos doentes em cuidados paliativos. Sua origem é multifatorial. Embora a causa da dispneia possa ser identificada e tratada, a escolha para os cuidados depende da avaliação clínica e do estágio da doença, geralmente tendo como objetivo aliviar o sintoma e promover o conforto do doente sem o intuito de promover a cura da doença base. As possibilidades de terapias farmacológicas são muitas, considerando sempre o fator desencadeante. Concomitante aos fármacos, há medidas de cuidados e conforto, muito importantes como a elevação do decúbito, o reposicionamento no leito, a abertura de janelas, a colocação de ventiladores direto no doente, o estimulo a respiração tranquila e pausada e uso de oxigênio suplementar. No entanto, há quadros de dispneias refratárias as medidas farmacológicas e não farmacológicas, levando muitas vezes a equipe de saúde a instalação de medidas como a sedação. Constipação É um sintoma bastante frequente nos doentes em cuidados paliativos, especialmente quando usando analgésicos opióides. Constipação intestinal, obstipação intestinal ou prisão de ventre são sinônimos. Há diversos fatores desencadeantes e agravantes das constipações intestinais, como a inatividade, a fraqueza, a menor ingesta alimentar e hidratação e as obstruções intestinais por tumores malignos ou outras massas benignas. Desenvolveram-se protocolos farmacológicos específicos considerando o fator desencadeante da constipação. Em se tratando das medidas não farmacológicas Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV podemos implementar a realização de manobras abdominais, estimulação da ingesta hídrica, oferecimento de dieta rica em fibras e o encorajamento das atividades físicas. Todas essas medidas demandam conhecimento do quadro clínico do doente, bem como dos seus hábitos intestinais anteriores e da etiologia da constipação, para evitarem que ações contraindicadas piorem o quadro geral do doente. Dor A dor é uma das razões mais comuns da busca por cuidados médicos, e quando não controlada, é responsável pelo aumento de complicações pós-operatórias, pós- traumáticas, prolongamento das internações, aumento dos custos hospitalares e sofrimento do paciente com os tratamentos. Sua prevalência, nos hospitais, varia em torno de 45% a 80%. Argumenta-se que a dor, em especial a crônica, não é corretamente tratada e documentada por causa da inadequada avaliação inicial porparte da equipe de saúde que cuida do doente. O tratamento da dor baseia-se em evidências preconizadas pela Organização Mundial de Saúde. De acordo com a avaliação da dor, considerando a intensidade da mesma, mensurada através de instrumentos unidimensional e/ou multidimensional adotado pelo serviço é possível identificar e tratar um dos sintomas que mais sofrimento físico, psicossocial e espiritual causa na população, independentemente de sua origem relacionada as doenças crônicas benignas ou às doenças malignas, como o câncer. A dor é considerada uma das consequências mais temidas por doentes, pois se manifesta de diferentes formas e intensidades, variando entre dor leve, moderada e intensa. É encontrada em 50% a 70% dos doentes. Em alguns casos, o doente pode ser incapaz de comunicar sua dor e o profissional de saúde deve estar atento aos sinais demonstrados, pois os doentes em fase final de vida são os que mais sofrem com este problema quando não realizada uma avaliação efetiva. Existem muitos cuidados a serem realizados para o tratamento da dor em cuidados paliativos como intervenções farmacológicas e não farmacológicas, sendo a relação terapêutica entre o doente e o profissional da saúde um importante elo para o tratamento efetivo. Com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, a Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) estabeleceram diretrizes para que a mensuração e o registro da dor sejam realizados com o mesmo rigor e seriedade que a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura, denominando assim a dor como “5º Sinal Vital”. A implantação da dor como “5º Sinal Vital”, oferece para a equipe de Enfermagem parâmetros para um adequado processo de cuidado dos pacientes com dor, a partir da aplicação das suas etapas: identificação da dor (tipo, localização e características); quantificação/ mensuração da dor (através das Escalas, específicas e validadas); implementação da terapêutica farmacológica ou não farmacológica; registro adequado dos dados coletados e das ações implementadas e a reavaliação do paciente. No que tange a adoção de uma Escala para mensuração da intensidade da dor algumas Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV características precisam ser observadas como a idade, o nível de consciência e cognitivo da população avaliada, bem como a adesão e respaldo legal do profissional técnico de Enfermagem ou enfermeiro que fará a aplicação da mesma. A partir dos dados coletados há de se desenvolver 38 condutas de ação, previamente, protocoladas. Existem várias escalas de avaliação da intensidade de dor validadas no Brasil, ao escolher a que padronizará no seu serviço o enfermeiro e equipe de saúde deve optar pela que mais se adequa as peculiaridades da população atendida, o serviço desenvolvido e a competência dos profissionais que a aplicarão. Depressão e Ansiedade São sintomas psicológicos encontrados em muitos doentes em Cuidados Paliativos, sendo essencial a avaliação constante de seu comportamento e reações frente aos acontecimentos. A ansiedade é caracterizada por uma sensação de mal-estar ou sentimento de tristeza, sendo a etiologia proveniente de vários fatores. Geralmente, doentes em cuidados paliativos apresentam este sintoma quando relacionam sua doença à morte ou ao morrer. A depressão é considerada mais grave que a ansiedade, pois é caracterizada por um distúrbio complexo de emoções, associado à perda de interesse pela vida e a problemas cognitivos, podendo trazer alterações como a insônia e cefaleia. É provável que uma parcela significativa dos doentes em cuidados paliativos venha a apresentar um episódio de ansiedade ou depressão durante algum período do seu processo de adoecimento. O trabalho psicológico seja de apoio, aconselhamento, reabilitação ou psicoterapia individual e em grupo, tem facilitado a transmissão do diagnóstico, a aceitação dos tratamentos, o alívio dos efeitos secundários e a obtenção de uma melhor qualidade de vida. Confusão Mental (Delirium ou Demência) A confusão mental é muito comum em doenças graves e há muitas causas possíveis desencadeantes, como as encefalopatias, as metástases cerebrais, os distúrbios metabólicos e eletrolíticos, as desidratações e efeitos colaterais dos fármacos. O delirium é a confusão mental que se manifesta de forma aguda, em um curto período de tempo. Pode ser desencadeado por uma infecção, pela proximidade da morte ou pela introdução de um novo fármaco. Classifica-se como hiperativo (caracterizado por confusão, agitação, alucinações, mioclonías e hiperalgesia); hipoativo (caracterizado por confusão, sonolência e estado de alerta diminuído) ou misto (apresenta ambas as características). Alguns cuidados não farmacológicos podem ser implementados como, manter o doente num ambiente seguro e que lhe seja familiar, mantê-lo longe de objetos perigos, comunicar-se com frase diretas e simples e eliminar ou diminuir estímulos sonoros e visuais. A utilização de fármacos tem como objetivos corrigir, se possível o fator desencadeante e/ou tratar o sintoma, diminuído ou eliminando o risco que o doente impõe a si mesmo ou as que estão ao seu redor. Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV Disfunção Urinária São vários os mecanismos que desencadeiam as disfunções urinárias, como progressão da doença (no câncer), alterações do nível de consciência e efeitos colaterais de medicamentos, como os opióides que reduzem o tônus do músculo detrusor e sua força de contração, reduzindo também a sensação de plenitude vesical, urgência e reflexo miccional. A prioridade do cuidado é aliviar o desconforto deste sintoma. O uso de dispositivos urinários não invasivos, sondas vesicais de demora e de alívio e o uso de fraldas podem ser usados com esse objetivo. Em alguns casos faz-se necessário ações farmacológicas e/ou cirúrgicas. Anorexia (Caquexia) Os sintomas alimentares como a síndrome anorexia/caquexia, são geradores de grande sofrimento nos pacientes e seus cuidadores familiares ou não, pelo desconforto, pelas alterações físicas que provocam e pelo impacto psicológico que causam. A avaliação destes sintomas torna-se fundamental na medida em que o tratamento dos mesmos pode atenuar o impacto negativo que acarretam à vida destas pessoas. Tradicionalmente, a caquexia é relacionada ao emagrecimento excessivo e claramente aparente associado a determinadas enfermidades. Os tratamentos farmacológicos são bastante polêmicos. Algumas medidas não farmacológicas trazem conforto aos pacientes e familiares, como o fracionamento das dietas, aumento de sua periodicidade e oferta de pratos mais atrativos. Prurido Pode ser um sintoma de várias condições, apresentando-se com ou sem uma erupção cutânea, como por exemplo, doenças hepáticas, insuficiência renal, certos tipos de câncer, alergias, dermatites, infecções fúngicas e escabiose. Evitar fatores que se saibam desencadeantes do prurido e banhos com agua quente e com sabonetes com pH incompatível com o pH da pele são medidas eficazes. O uso de hidratantes, tem um papel importante no seu alívio. Farmacologicamente, há de se identificar o fator causal e direcionar o tratamento. Soluço Podem ser penosos e desgastantes para o paciente, se forem frequentes ou se não se resolverem rapidamente. São geralmente causadas por distensão (estiramento) do estômago, mas também podem resultar de qualquer pressão sobre o diafragma, ou de insuficiência renal. Ronco da morte (Sororoca ou chocalho da morte) Esse é um termo comum usado nos hospitais para descrever o som feito por um indivíduo muito próximo da morte. Isso ocorre após a perda do reflexo da tosse e da habilidade de engolir, causando uma acumulação de saliva na garganta e nos pulmões.Apesar de raramente causar dor ao paciente, o som pode ser assustador, seu aspecto é de “água em ebulição”. Incomoda as pessoas ao redor do paciente, pois dá a sensação de que o paciente está sufocando. As aspirações não são eficazes e são pouco toleradas. Sara Luiza Costa Silva – MED – 3° PERÍODO - UNIRV Medidas de conforto, como umedecimento dos lábios com óleo mineral e o posicionamento mais elevado no leito é indicado. Farmacologicamente, pode-se utilizar, entre outros, a critério médico, a hiosina que tem como efeito colateral o ressecamento das vias respiratórias superiores. Esse efeito colateral que causa desconforto na maioria dos pacientes, traz para o paciente com “ronco da morte” conforto, diminuindo os ruídos. Lesões de pele Os pacientes no fim da vida são propensos ao desenvolvimento ou agravo das lesões cutâneas. A escassa mobilidade, o estar acamado ou sentado durante muito tempo, a presença de incontinência urinária ou fecal e a deficiente nutrição aumentam os riscos de desenvolvimento das úlceras por pressão, uma das lesões mais comuns neste período da vida. Existem Escalas apropriadas para identificação de risco de desenvolvimento destas úlceras por pressão, como as escalas de Braden, Norton e Waterlow. As causas das lesões podem ser internas ou externas ao paciente e são as mais variadas, desde questões pertinentes às doenças de base, até as relacionadas à fragilidade tecidual. A fragilidade tecidual está relacionada à faixa etária, às questões nutricionais e, refletem também, a falência do maior órgão do corpo humano, quando da proximidade morte: a pele. As úlceras terminais de Kenedy, que surgem dias antes da morte são muitas vezes consideradas úlceras de pressão comuns, quando estudo já indicam seu surgimento como um indicador de proximidade do óbito. O reconhecimento deste indicador funciona como um elemento para o direcionamento/planejamento do cuidado da Enfermagem. A pele deve ser avaliada diariamente e medidas de prevenção e tratamentos adequados implantados precocemente. As úlceras por pressão podem ser evitadas com algumas ações básicas da Enfermagem como: incentivo à mobilização dos doentes; o reposicionamento periódico no leito; a utilização das superfícies de apoio apropriadas como os colchões de espuma caixa de ovo e os colchões dinâmicos; o uso de travesseiros entre as pernas, se o doente estiver deitado de lado; não arrastar o doente; manter a cama limpa e seca e os lençóis sem dobras; manter a pele hidratada; não realizar massagens; proteger estruturas de apoio (sacro, ísquio, nádegas, ombros, cotovelos, calcanhar e pavilhão auricular). Em áreas de umidade usar tecnologias de barreiras como cremes disponíveis no mercado. FONTE BIBLIOGRÁFICA Enfermagem em Cuidados Paliativos. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <http://www.corensc.gov.br/wpcontent/upl oads/2016/11/Cuidados-Paliativos-Parte-1- Site.pdf>.
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