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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Marco histórico • Antigamente as crianças eram tratadas como adultos, sem levar em conta o crescimento e desenvolvimento infantil. Eram pessoas sem voz. • Não havia o conceito de infância, nem pela família ou Estado. • Começavam a trabalhar desde cedo sem nenhum cuidado. • A criança deve ser vista como sujeito social com características particulares. Contudo, isso não acontecia. • Com o passar dos anos, a criança começou a ter outro papel na sociedade. • A saúde da criança esteve por muito tempo interligada à saúde materna por meio da Política de Atenção à Saúde Materno-infantil. • Apenas em 1984 implantou-se o Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC). Tinha como objetivo 5 ações: - Acompanhar o crescimento e desenvolvimento; - Incentivar o aleitamento materno; - Controlar as doenças diarreicas; - Controlar as Infecções Respiratórias Agudas (IRAs); - Imunização; • Em 1990 foi aprovada a lei 8069 que dispões sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. A partir dessa lei, passaram a ter direitos de proteção física e psicológica, lazer e bem-estar, devendo ser amparados pela família e Estado. • Em 1996 foi adotado a Atenção Integrada às doenças prevalentes na infância (AIDPI), principalmente pelas regiões norte e nordeste. Surgiu como estratégia para seguir o cuidado com a saúde da criança em conjunto com a atenção primária, com o objetivo de avaliar os fatores que afetam a saúde infantil. Busca da melhora na assistência. • Atualmente a política é a PNAISC – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança. Primeira Consulta do Recém-nascido • Segundo o ministério da saúde, deve ocorrer ainda na primeira semana de vida. • É o momento ideal para estimular e auxiliar a família com as dificuldades do aleitamento materno exclusivo, orientar sobre a vacinação, verificar realização da triagem neonatal e reforçar/estabelecer uma rede de apoio. Conteúdo da primeira consulta • É fundamental utilizar e preencher a Caderneta de Saúde da Criança. É essencial para avaliar a realização de outras consultas e comparar. • Anamnese: - Avaliar as condições do nascimento (tipo de parto, local, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas durante a gestação ou no parto, período neonatal e tratamento realizados); - Avaliar antecedentes familiares – condições de saúde dos pais e irmãos, número de gestações anteriores, número de irmãos. • Exame físico completo. Materiais necessários • Balança; • Antropômetro pediátrico; • Fita métrica; • Termômetro; • Lanterna clínica; • Estetoscópio. Checklist da primeira consulta do recém-nascido É uma consulta extensa e por ser a primeira, é essencial coletar todas as informações, já que elas vão guiar as ações no cuidado da criança. Cuidados de Enfermagem em Saúde da Criança na Atenção Básica Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Nome completo, data de nascimento, tipo e local do parto; • Saber se o RN recebeu alta com a mãe, e se não, o porquê; • Saber se a mãe teve intercorrências clínicas na gestação e/ou parto. Se sim, qual tipo; • Idade gestacional do nascimento (semanas e dias); • Registrar no prontuário e na caderneta da criança do desenvolvimento psicomotor, peso e estatura ao nascer, perímetro cefálico, perímetro torácico, perímetro abdominal, IMC e exame físico; • Registro do índice de Apgar (1 min, 5 min de vida). Ele avalia as condições de vida do nascimento – avalia a FC, esforço respiratório, cor de pele, tônus muscular, irritabilidade reflexa. Cada item é pontuado de 0 a 2. O esperado é de 8 a 10 para uma boa vitalidade. De 0 a 3 indica asfixia ou necessidade de ventilação mecânica. • Registro da coleta do teste do pezinho – realizado do terceiro ao quinto dia de vida; • Registrar os outros testes – reflexo vermelho, acuidade auditiva, teste do coraçãozinho, teste da linguinha; • Investigar os reflexos do RN – Moro, Babinski, Marcha, Sucção, Esgrimista, Apreensão palmar e Apreensão plantar; • Interrogar sobre a alimentação da criança; • Aconselhar sobre a importância do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, e o aleitamento complementar até os 2 anos; • Orientar sobre a higiene da criança; • Interrogar sobre o sono do RN; • Interrogar sobre as eliminações fisiológicas – falar quais são as colorações normais e textura, já que nos primeiros dias pode estar aquosa ou esverdeada, se adaptando ao leite; • Registrar o estado geral, como é o vínculo entre a mãe e lactente, ver se há sinais de violência. • Interrogar sobre possíveis queixas; • Orientar sobre a importância da vacinação e verificar a caderneta do recém-nascido; • Orientar sobre a importância de comparecer a todas as consultas agendadas; • Agendar as consultas subsequentes, deixando registrado na caderneta as datas. • Registrar todas as informações coletadas. Consultas subsequentes • Devem ser agendadas ainda na primeira consulta e registradas na última folha da caderneta. • O ministério recomenda 7 consultas de rotina no primeiro ano: - A primeira acontece ainda na primeira semana de vida, ideal para tirar dúvidas e ajudar a família no processo de adaptação. - A segunda consulta ocorre no primeiro mês de vida; - A terceira consulta é no segundo mês de vida; - A quarta consulta vai ocorrer no 4to mês de vida; - A quinta consulta ocorre no 6to mês de vida; - A sexta no nono mês de vida; - A sétima ocorre no 12 mês de vida; • 2 consultas de rotina no segundo ano: aos 18 meses de vida e aos 24. • A partir do 2do ano, consultas anuais perto do aniversário da criança. Exame Anamnese • Durante a anamnese serão coletados todos os dados do checklist. • Utilizar perguntas abertas auxilia, exemplo: ¨o que você gostaria de me contar hoje? ocorreu alguma mudança importante na família desde a última consulta? • Essas perguntas vão ajudar a entender o motivo da consulta e explorar condições que não foram esclarecidas; • Evitar perguntas fechadas sem descrição do ocorrido, que tenham como resposta apenas ¨sim¨ ou ¨não¨. • Ser delicado ao abordar, evitar dar indícios de acusar ou culpar. • Há algumas habilidades que facilitam a comunicação com os pais: ouvir, ter empatia, demonstrar interesse – não apenas escrever, valorizar questionamentos – nenhuma pergunta é boba, informar claramente, certificar-se de ter sido entendido, resumir o que foi combinado até a próxima consulta – reforçar o lembrete. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Exame físico Coletar os dados antropométricos: peso, comprimento e perímetro cefálico: - Peso: é normal perder até 10% do peso ao nascer e a recuperação até o 15 dia de vida. É utilizada uma balança pediátrica. Pede auxílio dos pais para despir o RN; coloca-la no centro da balança sentada ou deitada, com o peso bem distribuído; manter a criança parada na mesma posição – pedir que a mãe fique do lado sem encostar na balança; anotar o valor da balança no prontuário e na caderneta. - Comprimento: medido com o antropômetro infantil – régua de madeira com duas extremidades (uma fixa e outra móvel). A medida é realizada na criança até os 2 anos no sentido horizontal (deitada). - Altura: medida feito acima dos 2 anos no sentido vertical, em pé. • Aferir comprimento de crianças menores de 2 anos: Brasil, 2011. Deitar a criança no centro do antropômetro, sem calçado nem enfeites no cabelo. Pedir auxílio do responsável para segurar a criança na posição correta – cabeça apoiada firmemente na parte fixa do aparelho, pescoço reto queixo afastado do peito,ombros em contato com a superfície de apoio (a maca), braços estendidos ao longo do corpo, nádegas e calcanhares em contato com a superfície. Deve-se pressionar com cuidado o joelho da criança para baixo, de forma que fiquem estendidos (4to passo), juntar os pés fazendo um ângulo reto. Levar a parte móvel até o contato com as plantas do pé. Observar na régua o comprimento da criança e registrar no prontuário e caderneta. Perímetro cefálico: importante para avaliar a presença de doenças neurológicas. É a circunferência fronto-occipital, correspondendo ao perímetro cefálico máximo. Para medir, é necessário: - A fita métrica deve ser posicionada sobre a proeminência occipital e sobre o arco das sobrancelhas. - Deve estar fixa à cabeça da criança; - Colocar a fita firmemente ao redor do osso frontal, sobre o sulco supra-orbital passando-a ao redor da cabeça, no mesmo nível de cada lado e colocando sobre a proeminência occipital máxima. Ver se está na mesma altura, porque às vezes pode ficar desnivelado, o que altera a medida. • Possível alteração visualizada durante a consulta: Microcefalia. É uma malformação congênita na qual o cérebro não se desenvolve de maneira correta. Há alguns parâmetros do perímetro cefálico que permitem identificar casos suspeitos: - Menino: medida igual ou inferior a 31,9 cm; - Menina: medida igual ou inferior a 31,5 cm; A OMS define segundo os pontos de corte os níveis de microcefalia: - Microcefalia: RN com perímetro cefálico inferior a 2 desvios-padrão. Mais de 2 desvios-padrão abaixo da média para a idade gestacional e sexo; - Microcefalia grave: RN com perímetro cefálico inferior a 3 desvios-padrão. Mais de 3 desvios-padrão abaixo da média para a idade gestacional e sexo. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Google. Avaliando o Estado geral: • Postura do RN: avaliar a postura do RN. Os achados normais são: extremidades fletidas, mãos fechadas e o rosto dirigido a um lado. • Padrão respiratório: observar presença de anormalidades – batimentos de asas do nariz, tiragem intercostal ou diafragmática e sons emitidos. • Avaliar o estado de vigília do RN: alerta, sono leve ou profundo, choro; • Identificar sinais de desidratação e/ou hipoglicemia: letargia, hipoatividade, pouca diurese e má ingestão – vomita ou não consegue mamar. • Temperatura axilar: varia de 36,4 a 37,5; Face: • Observar presença de assimetria, deformidades, malformações ou aparência sindrômica; Pele: • Buscar por edemas, palidez, cianose, mancha mongólica – arroxeada nas costas ou nádegas (normal), icterícia, milium sebáceo - normal, lanugem. • Em caso de pústulas, bolhas palmo-plantares e assaduras, indicar sobre a higiene. Crânio: Examinar as fontanelas: - A fontanela anterior: mede de 1 a 4 cm; forma losangular, fecha do 9 ao 18 mês; não deve estar fechada no nascimento; - F. Posterior: triangular, mede em torno de 0.5 cm e fecha até o 2do mês; Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. Bossa serossanguínea e cefalematomas desaparecem espontaneamente. Olhos: • Avaliar estrutura anatômica funcional; • Os RN podem apresentar desvio ocular, já que a visão binocular não estará bem desenvolvida a partir dos 3 e 7 meses. • Realizar os testes: reflexo fotomotor e reflexo vermelho; Orelhas e audição: • Orientar a família para realizar a triagem auditiva neonatal universal (teste da orelhinha); • Observar a implantação, o tamanho e simetria. Nariz: • Avalie a forma e possível presença de secreção. Boca: Alterações morfológicas podem causar dificuldade para a pega durante a amamentação, o que exige suporte e acompanhamento maior; Observar a úvula, o tamanho da língua, palato, frênulo lingual e coloração dos lábios. • Possíveis alterações visualizadas durante a consulta: lábio leporino; fenda palatina. São aberturas no lábio ou palato, decorrentes do desenvolvimento incompleto dessas estruturas. O tratamento é cirúrgico. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Pescoço: • Observar a assimetria, posição viciosa da cabeça e presença de torcicolo congênito. Tórax: - Avaliar assimetria, que sugere malformação pulmonar, cardíaca, na coluna ou no arcabouço costal; - Palpar as clavículas para verificar se há presença de fraturas; - Buscar sinais de sofrimento respiratório – tiragens, batimento de asas de nariz, estritor, retração xifoidiana, gemidos; - Medir a FC – 120 bpm a 160 bm; - Verificar pulsos; - Verificar presença de cianose, turgência de jugular, abaulamento precordial e sopros cardíacos; Abdome: - Avaliar a respiração, a qual é abdominal e deve estar entre 40 irpm a 60 irpm - Formato: Se dilatado, pode haver presença de líquido, distensão gasosa, visceromegalias, obstrução ou perfuração abdominal; Se escavado pode indicar hérnia diafragmática; - Verificar a presença de hernia umbilical e hernia inguinal; - Ver a presença de diástase dos retos abdominais, assim como agenesia da musculatura abdominal. - Verificar a presença de granuloma umbilical após a queda do coto. O granuloma é uma ferida que pode ocorrer no umbigo, devido à falta de cuidados adequados com o coto umbilical. • Possível alteração durante a consulta: Hérnia umbilical: - É uma saliência de órgão ou tecido que está fora do local normal. Ocorre com o fechamento imperfeito ou fraqueza do anel umbilical. - Tratamento cirúrgico se persistir depois dos 4 e 5 anos. Cuidados de enfermagem: - Tranquilizar e informar à família sobre os riscos; - Orientá-la a não usar cintos, faixas, moedas e botões para regredir a hérnia, já que pode causar infecção. Genitália masculina: - Palpar a bolsa escrotal para identificar os testículos. É normal às vezes encontrar apenas um ou nenhum testículo – chamado de criptorquídea. Deve-se explicar aos pais que o testículo deve descer ainda durante o primeiro ano de vida, e caso não desça, pode ser realizada uma cirurgia depois dos 2 anos de idade. - Verificar se há acúmulo de líquido peritoneal ao redor do testículo – Hidrocele. - Verificar se tem fimose; - Verificar o local do meato urinário, para descartar a presença de hipospadia ou epispádia. A hipospadia é quando o meato fica embaixo da glande; na epispadia fica acima da glande. Tais alterações podem levar à perda do controle urinário, causando infecções do trato urinário. • Possível alteração: Fimose: - É o excesso de pele que recobre o pênis, a qual dificulta a exposição da glande. Condição comum em bebês e desaparece com o passar do tempo. Caso o problema persistir na adolescência, sendo necessária uma intervenção cirúrgica para remover. - Tipos de fimose: Fisiológica – mais comum, presente desde o nascimento; Secundária – surge em qualquer fase da vida após trauma local ou infecção. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Cuidados de enfermagem: - Informar familiares sobre a higiene correta, - Indicar para evitar reação forçada do prepúcio ou massagens; - Informar sobre os tratamentos – pomada com corticoides e cirúrgico. Genitália feminina: - Pequenos lábios e clitóris mais proeminentes; - Ver se há alguma secreção. Ânus e reto: - Verificar permeabilidade anal, posição do orifício e se há fissuras. Às vezes a criança não tem o orifício anal. Deve ser verificado. Nesse caso é necessária uma intervenção cirúrgica. - Orientar para a observação das fezes. Sistema osteoarticular: - Avaliar membros superiores e inferiores; - Ver resistência à extensão e flexão dos membros, se há flacidez excessiva ou paralisia. - Identificar se o RN possui pé torto por posicionamento errado oupé torto congênito grave. - Verificar a presença de displasia evolutiva do quadril. • Rastreamento para Displasia Evolutiva do Quadril: alteração na qual o bebê nasce com encaixe imperfeito entre o fêmur e o osso do quadril, deixando a articulação solta, podendo diminuir a mobilidade do quadril - Verificar a presença da displasia realizando os testes de Ortolani e Barlow. - Até os 2 meses, as manobras são realizadas em um membro de cada vez. - Dos 3 a 12 meses observa-se a limitação da abdução dos quadris e o encurtamento dos membros. - Dos 12 aos 18 meses deve ser avaliada a marcha – espera-se que a criança já tenha começado a andar; - O diagnóstico precoce (3 a 6 meses) é importante para realizar tratamentos menos invasivos. • Coluna vertebral: examinar toda a coluna, principalmente a área lombo-sacral. Percorrer a linha média. - Avaliar se na posição semi-sentado o bebê apresenta choro, postura, malformação ou grosseria. Reflexos primitivos • Os reflexos são respostas automáticas e involuntárias a estímulos externos específicos. Estão presentes no nascimento, porém devem ser inibidos como decorrer dos primeiros meses, quando começam a surgir os reflexos posturais. • A presença dos reflexos primitivos é muito importante, já que o profissional avaliará a integridade do sistema nervoso central. • Quando os primitivos não são inibidos, pode ser sinal de alguma disfunção neurológica. Reflexo de Moro: • Reflexo comum, incompleto até o 3ro mês. • Não deve existir a partir do 6to mês. • O profissional avalia a abdução e extensão dos membros superiores seguida por choro alto. O bebê é colocado em decúbito dorsal, juntam-se os braços e faz-se um movimento de soltar rapidamente (sem Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez deixar cair). A criança se assusta e faz o movimento de abdução junto ao choro. • Esse reflexo avalia a presença ou não de distúrbios no SNC. • O reflexo assimétrico pode indicar paralisia no plexo braquial ou trauma na clavícula. Reflexo de sucção: • Primordial para o crescimento e desenvolvimento do bebê, por estar diretamente ligado à capacidade de se alimentar. • Relacionado com o reflexo da voracidade – busca. • Pode ser avaliado separadamente ao da voracidade. • Realiza-se um estímulo tátil nos lábios do RN e ele deve fazer o movimento da sucção. • Se o RN não fizer o movimento, ele pode ter alguma disfunção grave. • O reflexo desaparece até o 6to mês de vida. • Importante não fazer o reflexo após a criança mamar, já que depois da amamentação o RN fica mais calmo e pode não reagir – o que não significa alteração. Reflexo de voracidade: • Pode ser chamado de reflexo de busca. • Desencadeado por estímulos na face. A criança busca a origem do estímulo. • A busca é seguida pela sucção reflexiva. • Estar atento, pois durante a consulta com a mãe já é possível avaliar alguns reflexos – se já mama dá para ver o de sucção. • Importante não fazer o reflexo após a criança mamar, já que depois da amamentação o RN fica mais calmo e pode não reagir – o que não significa alteração. • Presente até os 3 meses. Reflexo tônico-cervical assimétrico ou reflexo do esgrimista • Desencadeado pela rotação da cabeça para um lado, enquanto a mão do observador estabiliza o tronco. • Se estabiliza a cabeça do RN para o lado direito, há a extensão do membro superior e inferior do lado direito e na parte contralateral ocorre a flexão dos membros. • Feito bilateralmente e deve ser simétrica. • Desaparece até o 3ro mês. Preensão palmar • O profissional pressiona o centro das mãos do bebê e ocorre automaticamente a flexão dos dedos. • Desaparece entre o 4to e 6to mês de vida. • Estima o estado geral da força do RN. • Indicativo de saúde. Reflexo de preensão plantar • Similar ao palmar. • Ocorre com pressão no centro do pé. • Os dedos se fecham também. • Desaparece até o 11 mês. Reflexo cutâneo plantar • O sinal é chamado de Babinski. • Obtido por meio do estímulo na porção lateral do pé, o que gera a extensão do hálux. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • A partir do 13 mês ocorre a flexão. Se houver flexão, é sinal de patologia. Apoio plantar • O pé do RN é apoiado em uma superfície dura, sendo segurado pelas axilas. • Ocorre a extensão dos membros inferiores. Marcha reflexa • O bebê é inclinado para frente, quando estabilizado pelo apoio plantar. • As pernas se cruzam uma na frente da outra. • Parece que a criança está andando. Reflexo de Galant • O RN é colocado em decúbito ventral ou suspenso pelo profissional. • Realizar estímulo tátil na região dorso-lateral. • O quadril e o tronco devem se direcionar para o lado no qual houve o estímulo. • Observa-se se há encurtamento do tronco ipsilateral. • Desaparece no 2do mês de vida. • Pode ser avaliada ao mesmo tempo a cintura pélvica do RN. Triagem neonatal É uma ação preventiva que permite fazer o diagnóstico de diversas doenças congênitas ou infecciosas assintomáticas no período neonatal. É importante que seja realizada ainda cedo, para identificar as alterações e intervir, buscando a melhora da qualidade de vida do RN. • Teste do olhinho ou reflexo vermelho; • Teste da orelhinha ou triagem auditiva; • Teste do pezinho; • Teste do coraçãozinho; • Teste da linguinha; Teste do olhinho • Baseado na percepção do reflexo vermelho no olho do RN. • Serve para rastrear alterações que possam comprometer a transparência dos meios oculares • Realiza-se ao nascer, com 2 meses, com 6 meses, 9 meses, 12 meses e semestralmente até os 3 anos. Teste da orelhinha • Avalia se o RN tem alterações auditivas; • Depois de realizado é possível diagnosticar e iniciar tratamento de forma precoce. • A lei 12303/2012 estipulou como obrigatória e gratuita a realização do exame. Teste do pezinho • O Programa Nacional de Triagem Neonatal estabelece que esse teste deve ser realizado imediatamente após o nascimento. • Ocorre entre o 3ro e 7mo de vida, porque já ocorreu uma ingestão adequada de proteínas e é possível analisar com segurança o metabolismo da fenilalanina, evitando resultados falso-negativos. • Consiste no rastreamento de doenças: - Fenilcetonúria - Hipotireoidismo congênito - Fibrose cística - Doença falciforme e hemoglobinopatias - Hiperplasia adrenal congênita - Deficiência de biotinidase. • Em 2020 foi aprovado pelo plenário do senado a lei 5043 que amplia as doenças rastreadas pelo teste no Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez SUS. Passa a alcançar 14 grupos de doenças. Vai acontecer de forma escalonada, com prazo estabelecido pelo ministério. Teste do coraçãozinho • Detecta de forma precoce as cardiopatias graves e diminui o número de RN que recebem alta sem ser diagnosticados com doenças que podem causar óbito ainda no 1ro mês; • Feito com oxímetro de pulso; • Mede a concentração de O2 no sangue arterial, assim como a FC. Teste da linguinha • Diagnostica e indica o tratamento precoce das possíveis limitações dos movimentos da língua, os quais podem comprometer ao sugar, engolir, mastigar e falar. • A lei 13002/2014 estabelece a realização do protocolo de avaliação do frênulo da língua em todos os hospitais e maternidades do país. Marco do crescimento e desenvolvimento • Desenvolvimento corresponde a um processo de transformação complexa, contínua, dinâmica e progressiva. • O desenvolvimento da criança é sempre mediado por outras pessoas – família, profissionais de saúde, profissionais de educação... eles delimitam e atribuem significado à realidade desse indivíduo.• Acompanhar o desenvolvimento da criança na atenção básica tem como objetivo promoção, proteção e detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir na vida adulta. • O acompanhamento é essencial para avaliar o desenvolvimento neurológico, afetivo e psicossocial da criança. • O manual identifica os marcos de crescimento e desenvolvimento ao longo do tempo. Indica as mudanças conforme o tempo vai passando e as habilidades que vão sendo adquiridas. Vai até os 10 anos, sendo que a criança é atendida e monitorada até os 2 pela atenção básica. • Na caderneta é feita a identificação dos marcos presentes. Verifica-se o marco de crescimento para a idade e se marca com P de presente quando realizado, A de ausente quando não é observado. Imunização • Atua na prevenção e promoção da saúde na atenção básica. • Protegem a saúde da criança e impactam na incidência e prevalência de doenças na infância. • Todas as vacinas encontradas no calendário básico de vacinação da criança são disponibilizadas pelas unidades básicas de saúde. • Durante as consultas, é essencial que o enfermeiro verifique se a vacinação da criança está em dia. Visita domiciliar para a família do RN • Realizada e atribuída às equipes da atenção básica; • É uma ação importante para a troca de informações sobre as necessidades apresentadas; • Recomendada às famílias de gestantes e crianças na primeira semana após o parto. As consultas subsequentes devem ser pactuadas com a família de acordo com as necessidades. • Não é uma ação apenas do ACS, toda a equipe deve utilizar esse instrumento, já que através dele consegue se criar um vínculo entre a família e a equipe de saúde. • Objetivos: - Identificar as relações familiares; Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez - Criar vínculo da família com os profissionais; - Dar orientações gerais; - Promover e orientar o aleitamento materno exclusivo até o 6to mês; - Identificar sinais que signifiquem perigo à saúde da criança; - Ouvir e oferecer suporte emocional durante o período de adaptação. Amamentação • O enfermeiro deve ter muita sensibilidade ao abordar o assunto. • A amamentação não é apenas nutrir, envolve uma interação profunda entre a mãe e o filho. • Vai repercutir no estado nutricional do bebê, previne infecções, impacta na fisiologia e no desenvolvimento cognitivo e emocional. • Tem implicações na saúde física e psíquica da mãe. • O leite materno um alimento completo – composto por IgA, anticorpos, glóbulos brancos, enzimas... todos beneficiam o sistema imunológico da criança. • Recomenda-se o aleitamento materno até os 2 anos ou mais, sendo que exclusivo até os 6 meses. • Não é necessário dar chá, suco, água ou qualquer outro alimento durante o aleitamento exclusivo. • O RN tende a mamar de 8 a 12 vezes por dia. Com o tempo, o bebê aumenta os intervalos e duração da mamada, então não é necessário fixar horários. • Quando mais o bebê mama, melhor será a produção de leite. • Benefícios do aleitamento materno para a criança: é de fácil digestão, diminui os índices de morbidade e de morte súbita, reduz o número de hospitalizações, funciona como uma vacina, protege de diversas doenças – diarreia, infecções respiratórias, alergias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta; fortalece os músculos da face – pelo movimento da sucção; auxilia a desenvolver a respiração, a fala e a ter dentes saudáveis; • Benefícios para a mãe: auxilia a reduzir o peso – acompanhada de uma recuperação saudável, a recuperar o tamanho normal do útero, diminui os riscos de hemorragia e anemia após o parto, assim como de doenças – diabetes e câncer de mama; além de proporcionar menores custos financeiros – não amamentar pode ser um prejuízo, já que as fórmulas são muito caras. • Além de garantir todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento da criança, a amamentação favorece o vínculo afetivo entre a mãe e o filho, trazendo benefícios psicológicos. É um momento que deve ser prazeroso para ambos, permitindo contato corporal e fortalecimento dos laços afetivos. Estimula intimidade, troca de afeto, sentimentos de segurança e proteção, assim como autoconfiança e realização da mãe. • É importante que o bebê e a mãe tenham apoio da família e pessoas próximas, valorizando e apoiando a amamentação. Sua rede de apoio deve ajudar nos cuidados com a casa, com outras crianças e com o bebê. A tranquilidade durante a amamentação torna o momento alegre e prazeroso. Posição do bebê durante a amamentação • Há diferentes posições. • A mãe e o filho devem estar confortáveis. • O corpo e a cabeça do bebê devem estar alinhados, para que a criança não precise virar a cabeça para pegar a mama. • O bebê deve estar de frente para a mãe, junto ao corpo, bem apoiado e com braços livres. Pega da mama • A pega correta é crucial para a amamentação ser bem-sucedida. • Uma pega incorreta pode causar: dor ao amamentar, trauma/fissura no mamilo, ingurgitamento, mastite. Diminuição da produção do leite, baixo ganho de peso do bebê, irritação do bebê e mamar mais frequente. • É importante amamentar com a fissura, a não ser que esteja muito grande – sendo suspendida por 24h. A mama deverá ser esvaziada. Orientações • Palpar a aréola antes de iniciar a pega. Se estiver túrgida, deve se ordenhar para facilitar. • Caso haja uma rachadura no bico do peito, deve passar o leite na rachadura, não sendo necessárias pomadas. • Caso as mamas estejam muito densas, ela pode pressioná-la contra o tronco, segurando e erguendo-a com a mão oposta, com os 4 dedos juntos por baixo Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez da mama e o polegar acima da aréola – pega em formato de C. • A criança deve abocanhar a aréola também, não somente o mamilo. • Não oferecer mamadeira nem chupeta – afeta no crescimento dos dentes e na fala. • Uma pega perfeita: - Grande parte da aréola na boca do bebê e não só o mamilo; - Contato barriga e tronco do bebê voltados para a mãe; - Queixo encostado no seio; - Boca aberta como ¨peixe¨; - O nariz não encosta no peito e o bebê respira livre; - A bochecha enche quando o bebê suga o leite, sem covinhas; - Lábios virados para fora; Técnica de amamentação • O bebê deve estar em direção à mãe, bem apoiado e com os braços livres; • Cabeça e corpo do bebê alinhados; • A cabeça deve estar no mesmo nível da mama e o queixo tocando; • Boca bem aberta; • Lábio inferior para fora; • Bochechas arredondadas, sem covinhas nem fazendo estalos; • Não dá para ver a aréola; • Sucções lentas e profundas – sucção, deglutição, respiração; • A mãe deve conseguir ver e ouvir a deglutição; • A mãe deve estar confortável e relaxada; • Não é necessário limpar os mamilos antes, banho diário e uso de sutiã limpo é suficiente. Reavaliar a técnica de amamentação, caso: • O bebê apresente covinhas durante a sucção ou realize ruídos; • Mama esticada/deformada durante a mamada, mamilos com estrias vermelhas, áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê deixa a mama; • Dor da mãe durante a amamentação. Posições • Orientações: - O tempo de mamada é único e deve ser respeitado; - O bebê deve mamar até ficar satisfeito; -Depois de mamar, deve ser colocado na vertical para arrotar; - A mãe deve ter uma alimentação saudável; - Manter por perto uma garrafa de água durante a amamentação; - A mãe deve descansar, ter bom sono, evitar álcool, tabaco e drogas; - Informar sobre a transmissão de doenças por meio do leite materno, não sendo recomendada a amamentação por outras pessoas, mesmo que da família;- A quantidade e qualidade do leite materno são boas. - A cor do leite pode variar, mas nunca é ¨fraco¨. - O leite do início tem mais água e tira a sede, já o do fim tem mais gordura e satisfaz a fome, fazendo o bebê ganhar peso. Contraindicações para a amamentação • Permanentes – condição materna: - Câncer de mama (uso de radioterapia e quimioterapia), mães HIV positivo, HTLV1 e HTLV2 – vírus linfotrópico humano de Linfócitos T; • Temporárias: - Infecção herpética: com vesículas na pele da mama; Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez - Varicela, doença de chagas na fase água ou com sangramento mamilar; - Abcesso mamário – até drenar e começar a terapia com antibióticos; - Uso de medicamentos antineoplásicos e radioterapias; - Drogas ilícitas: cocaína, heroína e maconha; Condições neonatais: galactosemia, fenilcetonúria, síndrome da urina de xarope do bordo. Direitos da mulher trabalhadora durante o aleitamento • Desde a constituição de 88 são 120 dias de licença- maternidade. • A lei 11770 outorga uma licença maternidade de 6 meses para servidoras federais ou do estado. É a lei chamada de Programa Empresa Cidadã, a qual estende o período de 120 para 180 dias; e a licença paternidade de 5 para 20 dias. Estimula empresas a ampliarem as licenças. • Mães que trabalham e amamentam nos primeiros 6 meses devem ter 2 pausas de meia hora cada uma para poder amamentar ou sair 1 h mais cedo. • Em algumas situações a licença pode ser prorrogada por atestado médico até + 2 semanas. • Há interesse econômico e político em manter essa licença: diminui o índice de mortalidade infantil, as empresas recebem os benefícios fiscais... Retorno da mãe ao trabalho • Frasco para armazenamento do leite: - Deve ser de vidro, incolor, com tampa plástica; - Higienizar com água e sabão, ferver a tampa e o frasco por 15 min – desde que começa a ferver. - Colocar para secar; - Assim que seco, fechar bem sem tocar a parte de dentro da tampa com a mão. Colocar nome, data e hora do retiro do leite. • Higiene para a coleta: - Retirar anéis, alianças, pulseiras e relógio; - Cobrir o cabelo com touca ou lenço e colocar máscara; - Higienizar as mãos até o cotovelo; - Lavar as mamas com água; - Secar as mãos e mamas com toalha ou papel; • Local para coleta: - Lugar confortável, limpo e quieto; - Cobrir a superfície de apoio com material limpo para colocar o frasco e tampa; - Evitar conversar durante a coleta, já que pode cair saliva no leite e contaminar; • Coleta: - Massagear o peito com a ponta dos dedos, com movimentos circulares contínuos, firmes e delicados, da aréola em direção ao corpo. - Colocar o polegar acima da aréola e os dedos indicador e média abaixo. Firmemente empurrar a mama em direção ao corpo. - Apertar os dedos até sair leite. Não deslizar os dedos na pele. Pressionar e soltar os dedos várias vezes. Se houver dor está sendo feito de forma errada. No começo pode não sair leite, mas conforme é pressionada, o leite começa a sair facilmente; - Desprezar os primeiros jatos ou gotas do leite; - Abrir o frasco e colocar a tampa virada para cima sobre a mesa forrada pelo pano. - Colocar o frasco por baixo da aréola para que o leite caia; - Mudar a posição dos dedos para esvaziar bem; - Mudar de mama quando o leite for acabando e repetir todo o processo; - Fechar bem o frasco depois da coleta • A coleta demora em torno de 20 a 30 minutos em cada mama, principalmente nas primeiras vezes. Conservação do leite • O leite pode estar até 12 horas na geladeira e 15 dias no freezer; • Guardar o leite imediatamente depois da coleta; • Se o frasco não encher, completar no mesmo dia. Deixar 2 dedos entre a boca do frasco e o leite. • Em caso de doação de leite, deve ser feita até 10 dias depois da retirada; Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Oferecendo leite coletado • Oferecido em copo, xícara ou colher. • Esquentar a água, desligar o fogo e colocar o frasco em banho-maria, agitando-o aos poucos até que não haja mais pedra de gelo. • Não deve ser fervido nem aquecido em micro-ondas. • Esquentar apenas a quantidade que o bebê for tomar. • Se sobrar leite esquentado tem que jogar fora. • Se sobrar leite descongelado, mas não esquentado pode ser guardado na geladeira e utilizado até 12h depois. Alimentação saudável • Começa com o aleitamento. • A partir dos 6 meses o bebê deve receber alimentos complementares ao leite, por 2 anos ou mais. • Ajuda a prevenir doenças e deficiências nutricionais. • A oferta de alimentos deve ser lenta e gradual, respeitando o ritmo da criança para se adaptar. Exemplo de esquema alimentar. É bom classificar os alimentos para que a mãe sabe o que pode ser ofertado. Importante orientar a mãe sobre o estabelecimento de uma rotina, para que a criança se adapte a horários específicos e tenha um melhor desenvolvimento.
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