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Livro-Texto - Unidade I (3)

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Autora: Profa. Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
Colaboradora: Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Estudos Demográficos 
(Censo, IDH, Gini, 
PEA, Migrações)
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Professora conteudista: Ivete Maria Soares Ramirez Ramirez
Pós‑graduada em Jornalismo Científico pelo Laboratório de Estudos Avançados de Jornalismo Científico da 
Universidade de Campinas – Labjor/Unicamp. Bacharel e licenciada em Ciências Sociais e Geografia pela Universidade 
de São Paulo – USP. Em 2006, estudou as seguintes disciplinas em nível de pós‑graduação stricto sensu no Nepam/
Unicamp: Qualidade de Vida em Sociedades Complexas, Sustentabilidade e Políticas Públicas, Desenvolvimento e Meio 
Ambiente. Atualmente, cursa doutorado como aluna especial da disciplina Mudanças Ambientais Globais no Núcleo 
de Pesquisa e Estudos Ambientais – Nepam, na área de Sociedade e Ambiente e Economia Ambiental da Universidade 
Estadual de Campinas – Unicamp. Autora de material didático do Ensino Médio do Sistema de Ensino Objetivo e realiza 
trabalho de assessoria de Coordenação do Ensino Médio no Departamento de Programação Geral (DPG) do Colégio 
Objetivo, em São Paulo e em outros estados do Brasil. Coordena o curso de Licenciatura em Geografia, na modalidade 
de ensino a distância, na Universidade Paulista – UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R173e Ramirez, Ivete Maria Soares Ramirez.
Estudos Demográficos (Censo, IDH, Gini, PEA, Migrações). / Ivete 
Maria Soares Ramirez Ramirez. – São Paulo: Editora Sol, 2016.
96 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑021/16, ISSN 1517‑9230.
1. Estudos demográficos. 2. Indicadores Sociais. 3. Movimentos 
migratórios. I. Título
CDU 312
U501.18 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Lucas Ricardi
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Sumário
Estudos Demográficos 
(Censo, IDH, Gini, PEA, Migrações)
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ............................................................................................. 11
1.1 Sociedade brasileira ............................................................................................................................. 11
1.2 Diversidade étnica e miscigenação ............................................................................................... 12
1.2.1 Povos indígenas brasileiros ................................................................................................................. 13
1.2.2 A população negra de origem africana ......................................................................................... 17
1.2.3 Miscigenação da população ............................................................................................................... 20
1.2.4 Estrutura da população por cor da pele ........................................................................................ 21
2 POPULAÇÃO DO BRASIL NO CONTEXTO MUNDIAL ........................................................................... 23
2.1 População mundial .............................................................................................................................. 23
2.2 Velocidade do crescimento ............................................................................................................... 24
2.3 Mundo heterogêneo ........................................................................................................................... 24
2.4 População do Brasil ............................................................................................................................. 25
2.5 Distribuição da população por região.......................................................................................... 26
3 CRESCIMENTO POPULACIONAL ................................................................................................................. 28
3.1 Crescimento natural ou vegetativo .............................................................................................. 28
4 TEORIAS DEMOGRÁFICAS ............................................................................................................................ 34
4.1 Teoria Malthusiana .............................................................................................................................. 34
4.2 Teoria Neomalthusiana ...................................................................................................................... 35
4.3 Teoria Reformista ou Marxista ........................................................................................................ 39
4.4 Teoria da Transição Demográfica ................................................................................................... 40
Unidade II
5 ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO ...................................................................................................... 44
5.1 Estrutura da população ..................................................................................................................... 44
5.2 Estrutura da população por gênero .............................................................................................. 44
5.3 Pirâmides etárias .................................................................................................................................. 45
6 ESTRUTURA DA POPULAÇÃO POR ATIVIDADE ECONÔMICA E A PEA ........................................ 51
6.1 Desemprego e emprego ..................................................................................................................... 51
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6.2 População economicamente ativa (PEA) .................................................................................... 53
6.2.1 Participação da PEA por setor de atividade econômica ......................................................... 56
6.3 Terciarização da economia ...............................................................................................................56
Unidade III
7 INDICADORES SOCIAIS: O IDH ................................................................................................................... 62
7.1 A evolução do IDH brasileiro ........................................................................................................... 62
7.2 IDH por estados e municípios ......................................................................................................... 64
7.3 Coeficiente de Gini .............................................................................................................................. 65
8 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E AS IMIGRAÇÕES .............................................................................. 68
8.1 Características gerais .......................................................................................................................... 68
8.2 Imigração no Brasil .............................................................................................................................. 69
8.3 Fatores de atração e repulsão ......................................................................................................... 70
8.4 Alterações na década de 1930 ........................................................................................................ 70
8.5 A imigração moderna e suas consequências ............................................................................ 71
8.6 Os principais grupos de imigrantes............................................................................................... 73
8.6.1 Imigrantes europeus .............................................................................................................................. 73
8.6.2 Imigrantes asiáticos ............................................................................................................................... 75
8.6.3 Outros grupos imigrantes .................................................................................................................... 75
8.6.4 A imigração no Brasil no século XXI ............................................................................................... 76
8.7 Movimentos migratórios internos ................................................................................................. 78
8.7.1 Êxodo rural ................................................................................................................................................ 78
8.7.2 Migrações pendulares ........................................................................................................................... 80
8.7.3 Transumância ........................................................................................................................................... 80
8.7.4 Migrações internas de 1970‑1990 .................................................................................................. 81
8.7.5 Migrações para a nova fronteira agrícola ..................................................................................... 81
8.7.6 Migrações internas em novo período (2000‑2015) .................................................................. 81
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APRESENTAÇÃO
Os estudos demográficos constituem‑se em relevante contribuição da Geografia para a sociedade, 
para a organização de bairros, de cidades e de países, para as bases estatísticas e para as análises que se 
permitem a partir dos resultados de pesquisas demográficas. As decorrentes informações constituem‑se 
em subsídios fundamentais para a elaboração de Planos e Projetos para organismos públicos se 
organizarem em seus orçamentos e projeções necessárias para implementá‑los.
A principal característica de uma disciplina que estuda demografia é apreender as características 
de uma determinada população, bem como projetar e comparar suas especificidades com outras 
populações e outros povos, uma vez que constituímos a humanidade e somos, portanto, objetos de 
estudos e comparações em termos de atributos.
Assim, a partir dos dados censitários, dos estudos demográficos e de suas respectivas 
investigações, teremos um painel dos atributos de um povo, o que complementará a historicidade 
do País e permitirá compará‑lo e identificá‑lo no contexto mundial a partir de sua cultura, idioma, 
costumes e tradições.
Quando caracterizamos a formação da população brasileira, pretendemos nos reportar às origens 
do povo brasileiro, reconhecendo a ocupação histórica, a economia e seus reflexos sobre a sociedade.
Enfatizaremos a composição étnica e sua diversidade, os seus cruzamentos, as resultantes desse 
caráter miscigenador que compôs o povo brasileiro e suas raízes antropológicas e identidades.
Não podemos ignorar, além da composição, a distribuição populacional pelo território nacional, 
ressaltando os conceitos “populoso” e “fracamente povoado” em termos de densidades de modo geral.
A partir dessas identidades, compararemos as características da população brasileira no conjunto 
mundial, como país extenso e populoso.
Dando continuidade aos estudos populacionais, avaliaremos os dados estatísticos dos censos 
demográficos com as taxas de crescimento demográfico, a natalidade, a mortalidade, o crescimento 
vegetativo ou natural, a expectativa de vida e o envelhecimento da população e os índices de 
alfabetização e analfabetismo, culminando com os indicadores sociais Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH), índice de Gini (sobre a desigualdade social) e Índice de Pobreza Humana (IPH), assim 
como a participação nos setores econômicos e de trabalho com a População Economicamente Ativa 
(PEA) e a População Economicamente Inativa (PEI).
Outro segmento de estudos populacionais é relativo aos movimentos migratórios internos e externos 
e à decorrente contribuição dos grupos imigrantes na composição da população e da cultura brasileira. 
Destacaremos as migrações que ocorreram ao longo da história da formação econômica do Brasil, além 
das frentes pioneiras que migraram em direção ao Brasil central, não só durante a construção de Brasília, 
mas também nos movimentos posteriores para participação em atividades agropecuárias.
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Pretendemos em nossa disciplina avaliar a distribuição populacional no mundo rural e urbano, os 
fatores que contribuíram para acentuar a migração rural e as consequências advindas desse movimento 
em áreas urbanas.
Não poderíamos deixar de explicar e diferenciar as teorias demográficas conhecidas e a posição do 
Brasil nesse sentido.
Procuraremos, assim, cumprir com as competências e habilidades propostas na Matriz de Referência 
de Ciências Humanas e suas Tecnologias, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira, conjuntamente com o Ministério da Educação, como orientação metodológica para a 
realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), segundo o Relatório de Gestão 2009 (BRASIL, 
2010b) e Textos Teóricos Metodológicos (MACEDO, 2005).
A proposta do MEC (BRASIL, 2006) abrange três modos de entender competência: como condição 
prévia do sujeito, sendo herdada ou adquirida e, muitas vezes, definida como talento, um dom 
para aprendizado; como aquela condição do objeto, independentemente do sujeito que o utiliza; e 
a competência relacional, relativa às interações possíveis envolvendo os conteúdos ensinados, a 
aprendizagem em si e a manutenção da disciplina na sala de aula.
De acordo com a avaliação feita por Macedo (2005), as três formas de competência, na prática, não 
se anulam, uma vez que se referem a dimensões diferentes e complementares. As competências, por sua 
vez, requerem habilidades.
Outro aspecto a considerar refere‑se à transmissãodas disciplinas ministradas em cada um dos 
segmentos escolares. A sugestão dos Parâmetros Curriculares é que elas sejam praticadas de maneira 
interdisciplinar e contextualizadas.
De acordo com os PCN: “o ensino da Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma 
mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva” 
(BRASIL, 2001, p. 108).
Assim, pretendemos, com os estudos demográficos, formar geógrafos aptos a levar aos seus alunos 
a compreensão de suas origens, seus costumes, suas tradições e sua identidade nacional.
INTRODUÇÃO
Agora, apresentamos a nossa proposta de trabalho, reportando‑nos aos conteúdos programáticos 
considerados significativos em um estudo populacional.
Deixemos claro que a formação e constituição da população brasileira e suas especificidades é vista como um 
ponto considerado fundamental para a Geografia e os estudos demográficos comparativamente com outros povos.
Você deve compreender a importância da memória e dos elementos culturais que constituem 
as identidades nacionais. Devemos apreender a cultura de cada um dos grupos formadores do povo 
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brasileiro, a saber: o índio, o negro e os distintos grupos arianos de origem europeia, que vieram como 
correntes imigratórias, além dos asiáticos (japoneses, chineses, coreanos) e os grupos oriundos do Oriente 
Médio (sauditas, sírios, libaneses, judeus, palestinos), e também os turcos, os armênios, entre outros, que 
vieram como imigrantes e possuem sua cultura própria, transmitindo seus costumes e tradições, mas 
que também assimilaram os valores e o idioma brasileiros. Nosso povo derivou desse sincretismo.
A cultura é vista como um complexo conjunto de símbolos que são construídos pelo povo em certo 
período de tempo sendo compartilhado por todos, como sua linguagem, sua crença, seus valores, seus 
hábitos, seus artefatos, sua produção artística, entre outros quesitos.
Temos, portanto, enquanto humanos, uma herança cultural desenvolvida por meio das distintas 
gerações e que influenciam o comportamento dos indivíduos em sua comunidade e na sociedade de 
modo geral.
Os estudos geográficos relativos aos aspectos demográficos preocupam‑se com as modificações 
verificadas em determinado espaço de tempo relativas à dinâmica da população e sua organização e 
produção em determinado espaço.
Destacamos a colocação de Darcy Ribeiro (2001, p. 243) acerca de sua especificidade cultural, quando 
afirma: “o Brasil nasce e cresce como um povo novo, afirmando cada vez mais essa característica em sua 
configuração histórico‑cultural”.
Em conformidade com nossas raízes históricas, estudaremos a formação da população brasileira, 
analisando os dados censitários em seus distintos aspectos, comparando‑os aos dados internacionais.
A Geografia como disciplina dinâmica pretende preparar o aluno para localizar, compreender e 
atuar no mundo complexo, problematizar a realidade, formular proposições e reconhecer as dinâmicas 
existentes. Em termos demográficos, além de pensar e atuar criticamente em sua realidade, a Geografia 
atenta para as transformações articulando os conceitos adquiridos. Segundo Ferrari (2015):
Embora nas últimas cinco décadas o acesso à renda e aos direitos sociais 
tenha crescido, há disparidades que custam a ceder, como a racial [...] O 
Brasil passou por um importante processo de redução de desigualdades entre 
1960 e a primeira década desse século com ganhos no acesso à educação, à 
renda e à maioria dos serviços públicos, entre eles a eletricidade e a coleta 
de lixo. No entanto, algumas desigualdades persistem expressivamente, 
como a cobertura de redes de esgotos, muito restrita às regiões mais ricas, 
a diferença de remuneração entre homens e mulheres e, principalmente, o 
acesso à renda e à educação entre brancos e não brancos (pretos e pardos).
Entretanto, os desequilíbrios continuam persistentes. Nesta disciplina será possível assimilar as 
transformações populacionais.
Desejamos bons estudos!
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
Unidade I
1 FORMAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
1.1 Sociedade brasileira
Podemos afirmar que a organização da sociedade depende, entre outros fatores, de sua condição 
econômica. No caso do Brasil, observamos com os dados históricos que, até 1534, não é possível falar 
da existência de uma organização econômica e social, uma vez que a economia baseava‑se na produção 
para subsistência e a população contava com cerca de 4 a 8 milhões de índios originários de diferentes 
etnias. Além das roças de subsistência, esses povos coletavam frutos, raízes e tubérculos, caçavam 
e pescavam. A base inicial da colonização portuguesa estava estruturada na exploração nômade de 
pau‑brasil e a escassa população organizava‑se em vilas e povoados, que se posicionavam de forma 
dispersa pelo litoral.
Após 1530, a sociedade brasileira dá início a uma ocupação pautada na atividade agrícola sedentária 
e na implantação do sistema de propriedades em capitanias hereditárias e sesmarias. Tal organização 
baseava‑se na atividade de monocultora canavieira em grandes propriedades.
A população compunha‑se por índios, com uma minoria já catequizada, além de escravos e mestiços. 
A unidade básica da vida social e econômica, nessa época, era o engenho.
A propriedade rural caracterizava‑se pelo latifúndio, destacando‑se por sua organização em unidades 
como a casa‑grande, a senzala, a capela e a casa do engenho. Esse tipo de ordenamento do espaço rural 
estava voltado para o atendimento de uma produção destinada à exportação.
Os senhores de engenho compunham, em termos hierárquicos, a aristocracia; sua posição de classe, 
ou status, era quantificada pela extensão das terras e a quantidade de escravos que possuíam. Nessa 
oportunidade, os ex‑escravos formavam um grupo inferior, enquanto o grupo intermediário era constituído 
por homens brancos com menos posses, homens livres, mestiços, vendedores e pequenos proprietários.
Os núcleos sociais dos engenhos se multiplicavam e começava a se estruturar uma classe urbana – a 
burguesia – constituída por moradores das cidades na figura dos negociantes portugueses, que eram 
mais liberais quando comparados aos senhores de engenho.
Também mais liberais foram as sociedades do interior do Brasil, onde se destacavam os grandes 
criadores de gado e os bandeirantes. Foi no período da mineração, sobretudo em Minas Gerais, que se 
estabeleceu uma classe urbana mais abastada, constituída pelos denominados senhores de lavras. Tal 
segmento social foi o mais desenvolvido intelectualmente, recebendo educação nos moldes europeus, 
notadamente a educação francesa.
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Unidade I
No Brasil Império, a economia cafeeira caracterizou um novo grupo social emergente, os barões 
do café. A forma de habitação foi alterada, pois os fazendeiros passaram a residir nos grandes centros 
urbanos, onde seria mais fácil exercer influência na vida política. A estrutura e as relações de trabalho 
também são alteradas com mudanças verificadas nos períodos históricos.
 Observação
Barão do café é uma denominação atribuída aos ricos cafeicultores 
escravistas no período imperial do Brasil (1822‑1889), a maior parte 
deles proprietária das férteis terras do Vale do Paraíba do Sul. No 
entanto, não se pode generalizar, pois nem todos os fazendeiros tiveram 
o título de barão.
A abolição dos escravos impulsionou os fazendeiros a incentivarem a imigração e, no que se refere 
à sociedade e à cultura, os padrões tambémforam modificados. A chegada dos imigrantes de diferentes 
nacionalidades contribuiu para mudar hábitos, costumes e atividades econômicas.
A estrutura da sociedade brasileira é marcada pela má distribuição de renda, pela grande concentração 
de riqueza em mãos de poucos e pelo abismo social que separa os mais ricos dos mais pobres.
 Saiba mais
O filme MAUÁ – O imperador e o rei. Dir. Sérgio Resende. Brasil, 135 
min. narra a trajetória pessoal e econômica do personagem histórico Irineu 
Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O filme retrata a modernidade, 
nos moldes ingleses, se instalando no século XIX, com a construção das 
estradas de ferro para ligar o interior ao litoral no período do café. O enredo 
apresenta também a moda e os costumes no vestuário desse período.
Acesse também o site: <www.itaucultural.gov.br>, que apresenta um 
completo acervo iconográfico para ampliar sua cultura histórica e artística.
1.2 Diversidade étnica e miscigenação
Três grupos básicos deram origem à população brasileira: o índio, de provável origem paleoasiática, por 
isso também classificado como amarelo; o branco, principalmente o atlantomediterrâneo (portugueses, 
italianos e espanhóis), além dos germanos (alemães, suíços, holandeses), eslavos (poloneses, russos e 
ucranianos) e asiáticos (árabes e judeus); e o negro, de origem africana das etnias banto e sudanês. No 
início do século XX, mais um grupo veio integrar a população brasileira: o amarelo, de origem asiática, 
principalmente japoneses e, em menor quantidade, chineses e coreanos.
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
1.2.1 Povos indígenas brasileiros
O contingente de brasileiros que se declaram índios aumentou 150% na década de 1990, num ritmo 
quase seis vezes maior que o da população em geral. Essa é uma das principais constatações do censo 
sociodemográfico sobre a população indígena, realizado pelo IBGE (2002), em 1991 e 2000. O resultado, 
segundo o trabalho, deve‑se em grande parte ao crescimento do número de pessoas que viviam em 
áreas urbanas, sobretudo no Sudeste, e passaram a se declarar índios em 2000.
De acordo com o Censo (IBGE, 2002), em 1991, o percentual de índios em relação à população total do 
País era de 0,2%, ou 294 mil pessoas. Em 2000, 734 mil pessoas, 0,4% dos brasileiros, autodeclararam‑se 
índios, um crescimento absoluto, na década de 1990, de 440 mil indivíduos ou um aumento anual de 
10,8%; a maior taxa de crescimento entre todas as categorias de cor ou raça. O total do País apresentou, 
no mesmo período, um ritmo de crescimento de 1,6% ao ano. Segundo dados da Fundação Nacional de 
Saúde (BRASIL, 2010a), em torno de 591 mil índios (2010) vivem no Brasil, ocupam 674 áreas indígenas 
com mais de 107 milhões de hectares, de acordo com informes da Fundação Nacional do Índio (Funai), 
o equivalente a 12,7% do território e falam aproximadamente 180 línguas.
Observamos que a distribuição desse crescimento foi desigual entre as regiões: o Norte teve a maior 
porcentagem, tendo sua hegemonia reduzida devido aos aumentos nas participações relativas do 
Nordeste e do Sudeste. A região Sudeste, em 1991, tinha a menor participação de índios. Em 2000, esse 
número dobrou, passando de 10,4% para 22,0% – um ritmo de crescimento anual da ordem de 20,5%.
A maior concentração de índios encontra‑se na região Norte, principalmente no estado do Amazonas, 
com cerca de 225 etnias, ou sociedades indígenas, onde são faladas 180 línguas (com aproximadamente 
30 famílias linguísticas) e dialetos. Estão presentes ainda nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Goiás, 
Rondônia, Amapá, Pará, Acre, Santa Catarina, Maranhão, entre outros. Observe os quadros das etnias 
indígenas mais numerosas:
Tabela 1 
Etnias Pop. aproximada
Ticuna 35.000
Guarani 30.000
Caingangue 25.000
Macuxi 20.000
Terena 16.000
Guajajara 14.000
Xavante 12.000
Ianomâmi 12.000
Pataxó 9.700
Potiguara 7.700
Fonte: IBGE; Funai (2010a).
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Unidade I
Tabela 2 
Reservas indígenas do Brasil 
(situação das terras indígenas em setembro de 2010)
Em estudo N° de terras indígenas Áreas em hectares
Encaminhadas 26 48.609
Delimitadas 20 985.609
Declaradas 48 2.587.653
Homologadas 25 4.474.013
Regularizadas 405 99.524.504
Total 674 107.620.415
Fonte: IBGE; Funai (2010a).
Observemos os troncos linguísticos indígenas:
?
Família txapacura: 
urupá e pacaá‑nova
Família pano: 
caripuna, iamináua, caxinaua, 
poianáua, marubo, máia e tamanáua
Família caribe: 
maiongongue, taulipangue, macuxi, 
parucut‑o‑xaruma, pianocotó‑tirió, 
aparaí, galibi, matipuhi, txicão e bacairi
Família tucano: 
tucano, uanana, tariana e cobewa
Família mura: mura‑pirahã
Família maco: maco
Família arauá: 
culina, dani, 
iamamadi, 
paumari e 
jarauára
Família aruaque: 
maniteneri, campa, apurinã, 
baniua, mandauaca, 
uaipitxana, ariquiana, 
urucuiana, palicure, terena, 
uaurá, iaualapiti, mahinacu 
e paresi
Família fulniô: 
fulniô
Família bororo: 
bororoFamília 
puroborá: 
puruborá Família 
mondé: 
cinta‑larga
Família 
maxacali: 
maxacali
Família 
tupari: 
tupari
Família 
ariqueme: 
caritiana
Família 
ramarama: 
urucu e 
arara
Família 
juruna: 
juruna
Família 
tupi‑guarani
Pesquisa mostra uma das hipóteses sobre a origem 
das línguas indígenas brasileiras
Família jê
Família xirianá: guaharibo, 
paquidai, uaicá e xirianá
Família nhambiquara: sabanê, 
nhambiquara, mamaindê, 
manairisu e sararé
Família guaicuru: cadiueu
Tron
co A
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Tronco Tupi T
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As estimativas sobre o número de índios presentes no Brasil no início da colonização e a quantidade 
de escravos africanos que ingressaram no País durante a escravatura são muito elásticas e imprecisas: 
variam de 4 a 6 milhões de africanos, enquanto as estimativas da presença de índios no território 
brasileiro giram em torno de 4 a 8 milhões (UNESCO, 2006). Por outro lado, os portugueses ingressados 
ainda no Período Colonial chegaram a aproximadamente 500 mil, e, após a Independência, cerca de 5 
milhões, dos quais aproximadamente 2,5 milhões retornaram a Portugal. Dos imigrantes ingressos no 
País após 1850, cerca de 4,2 milhões permaneceram no Brasil. Mais adiante trataremos desses principais 
grupos imigrantes.
As terras indígenas são definidas como aquelas habitadas pelos indígenas em caráter permanente, 
as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais 
necessários a seu bem‑estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, 
costumes e tradições. A demarcação das terras indígenas deverá ocorrer sempre que uma comunidade 
indígena ocupar determinada área nos moldes previstos na Constituição, cabendo ao Estado, por meio da 
Funai, a tarefa de delimitá‑la e realizar a demarcação física dos seus limites. Os povos indígenas dispõem 
hoje de um conjunto de 405 terras indígenas que gozam de reconhecimento legal (nas categorias 
homologadas e registradas).
A regularização das terras indígenas no Brasil tem avançado nos últimos anos, tendo em vista que 
entre 2003 e 2006 um total de 23.559 km2 foram homologados ou registrados. As terras homologadas 
são decretadas pelo Presidente da República.
Assim,cabe ao governo federal deliberar sobre a demarcação das terras indígenas, como foi realizado 
em 1998.
Reservas indígenas da fronteira norte do Brasil
Em 25 de maio de 1992, o presidente Fernando Collor homologou a demarcação da Terra Indígena 
Yanomami, cerca de 9,4 milhões de hectares (92 mil km2 – quase o equivalente ao território de Portugal), 
que se estendem desde a fronteira do Amazonas com a Venezuela, região do Parque Nacional do Pico da 
Neblina (altitude mais elevada do Brasil, com 2.993,78 m, na Serra do Imeri), até o Noroeste de Roraima, 
fronteira com a Venezuela. São aproximadamente 15 mil índios vivendo em território brasileiro e outros 
12 mil na Venezuela. Além do grupo majoritário Ianomâmi, temos o grupo Lekuana e o Maiongong. A 
riqueza mineral da região atraiu grande número de garimpeiros em busca do ouro, cassiterita (estanho) e 
tantalita (tântalo), fato que gerou inúmeras invasões e conflitos da década de 1980 até 1992, resultando 
em mais de 1.500 mortes.
A Reserva Indígena Raposa Serra do Sol foi demarcada em 1998, pelo governo de Fernando Henrique 
Cardoso, e homologada, em 2005, pelo governo Lula da Silva. Possui 1,7 milhão de hectares, está 
localizada a nordeste de Roraima, em fronteira com a Venezuela a norte e com a República da Guiana 
(antiga Guiana Inglesa) a nordeste e leste. É uma região tradicionalmente habitada por cerca de 20 mil 
índios das etnias Macuxi, Ingaricó, Taurepang, Patamona e Wapichana. Compreende uma região de 
planície (Raposa) e uma montanhosa (Serra do Sol), onde também estão localizados os montes Roraima 
e Caburaí, nascente do Rio Uailã, ponto extremo do Brasil a norte.
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Figura 2 
A demarcação em terras contínuas foi contestada pelo Governo Estadual de Roraima, alegando que 
cerca de 7% do PIB estadual provêm da produção de arroz e gado em áreas da reserva e que 45% do 
território de Roraima estão relacionados às reservas indígenas, fato que compromete o desenvolvimento 
econômico do estado. Assim, o governo estadual, os produtores rurais de grande porte e militares 
propuseram a demarcação do território em “ilhas”, permitindo a formação de núcleos urbanos e rurais 
na faixa de fronteira. No entanto, a Constituição de 1988 assegura aos índios os direitos originários sobre 
as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá‑las, assim como proteger e fazer 
respeitar todos os seus bens. O desmembramento da reserva seria uma ameaça à sobrevivência física e 
sociocultural dos povos índios. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa ao Governo 
Federal e aos povos índios da reserva, garantindo a demarcação contínua da reserva e obrigando a 
retirada dos arrozeiros.
Não podemos ignorar que os povos indígenas do Brasil têm seus antecedentes antropológicos 
discutidos no contexto arqueológico dos povos que ocuparam a América. Ressurge, então, o polêmico 
tema sobre a origem antropológica e o DNA dos povos indígenas da Amazônia e do Cerrado, em 
que foi denunciado o parentesco insuspeito com aborígenes australianos e nativos de Papua‑Nova 
Guiné, reforçando a ideia de que o povoamento da América foi mais complexo do que as previsões 
antropológicas tradicionais. Os levantamentos publicados na Science e na Nature, duas renomadas 
publicações de revistas científicas, apresentam duas populações distintas que se misturaram no início 
da presença humana na América e defendem a hipótese de uma única onda migratória, com a chegada 
posterior de povos da Oceania (LOPES, 2015).
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Com modernas técnicas de exploração arqueológica, os arqueólogos e o bioantropólogo Walter 
Neves, da Universidade de São Paulo, reconstruíram a mais antiga cultura do Brasil, no sítio da Lapa 
dos Santos, em Minas Gerais. Com seus estudos, revelaram práticas funerárias de 11 mil anos atrás e 
até moldaram os rostos dos primeiros brasileiros, como o de Luzia, que teve uma reconstrução facial, 
com correções em ambientes tridimensionais, após tomografia e aplicação de modelos matemáticos de 
simetria. A reconstituição de Luzia foi feita pela Universidade de Manchester, no final dos anos 1990, 
encontrando‑se hoje exposta no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, com seus 
traços negroides, o que reforçou a tese de Walter Neves (ARQUEÓLOGOS..., 2012).
Esqueletos com mais de 8.000 anos encontrados em Lagoa Santa (MG), e outros restos hominídios de 
outras regiões da América, teriam crânio com formato similar ao de africanos e aborígenes australianos 
e outros grupos da Oceania, enquanto crânios da maioria dos indígenas atuais se aproximam ao de 
populações da Sibéria (parte asiática da Rússia). As análises genéticas também demonstraram que até 2% 
do DNA de alguns dos grupos indígenas residentes no Brasil herdaram caracteres de povos da Oceania.
1.2.2 A população negra de origem africana
Apesar da dificuldade em documentar os ingressos, estima‑se que os primeiros contingentes 
de negros chegaram ao Brasil na primeira metade do século XVI, provavelmente em 1538. Com o 
desenvolvimento da economia açucareira e a necessidade de mão de obra, este número foi sendo 
ampliado. O aprisionamento na África, a travessia atlântica e a venda no Brasil constituiram‑se em um 
grande empreendimento para europeus. Os colonizadores investiram grandes capitais que, no futuro, 
iriam competir com o açúcar e o ouro. A Coroa portuguesa permitia a cada senhor de engenho importar 
até 120 pessoas (peças).
Em 1568, o tráfico de escravos africanos foi oficializado pelo governador da capitania do Rio de 
Janeiro, Salvador Correa de Sá.
As primeiras estimativas referentes à quantidade de negros trazidos ao Brasil variam muito. Alguns 
autores citam desde 13,5 milhões (Pandiá Calígeras, 1927) ou 15 milhões (Rocha Pombo, 1905) até 
cálculos menores como 4,6 milhões (Taunay, 1941) e 3,3 milhões (Simonsen, 1937).
Os negros do Brasil foram trazidos principalmente da costa ocidental do continente africano, onde 
se distinguem os tipos culturais (LIMA, 2013):
• sudaneses, com os grupos Yorubá – chamados Nagô;
• Dahoney – designados como gegê.
• Fantiashanti – conhecidos como minas, além de representantes menores de Gâmbia, Serra Leoa, 
Costa da Malagueta e Costa do Marfim.
Um segundo grupo trouxe culturas africanas islamizadas, como os Peuhl, os Mandinga e os Haussa, 
do norte da Nigéria, que foram identificados na Bahia como negros malé e no Rio de Janeiro como alufá.
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O terceiro grupo cultural africano era constituído por tribos Bantu, do grupo congo‑angolês, oriundos 
da área hoje compreendida por Angola e a “contra‑costa”, que hoje seria Moçambique.
A contribuição cultural do negro foi se processando gradualmente na história do País. Como afirmou 
Darcy Ribeiro (2001, p. 113‑114): “Apesar do seu papel como agente cultural ter sido mais passivo do 
que ativo, o negro teve uma importância crucial, tanto por sua presença como massa trabalhadora que 
produziu quase tudo o que aqui se fez como por sua introdução sorrateira, mas tenaz e continuada, que 
remarcou o amálgama racial e cultural brasileiro com suas cores mais fortes”.
Os principais reinos africanos O tráfico de escravos (1450‑1910)
A África em 1883
Figura 3 
Comunidades remanescentes de quilombos
Em 1996, o governo Mário Covas instituiu um grupo de trabalho para tornar possível a identificação 
precisa de terras e comunidades remanescentes de quilombos no estado de São Paulo. Em âmbito nacional, 
a Fundação Palmares,criada em 1988, tem a responsabilidade de reconhecer e titular definitivamente as 
terras de remanescentes de quilombos. Sobrevivem no Brasil traços culturais marcantes herdados pelos 
afrodescendentes que resistem ao tempo. A graça, a alegria, a música, os hábitos alimentares, as crenças 
e rituais religiosos, a dança, enfim, são muitos os elementos que os personificam e marcam a presença 
em nosso país. A assimilação do branco à cultura herdada dos africanos foi muito grande e pode ser 
observada em vastas áreas do País, exceto no Sul e no Norte, com repercussões menores.
Nas comunidades negras originadas dos Quilombos, a Palmares Fundação Cultural (BRASIL, 2013), 
ligada ao Ministério da Cultura, identificou, em 2010, 1.342 “quilombos” em todos os estados brasileiros, 
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a maior parte deles no Nordeste (BA, MA). A Constituição de 1988 reconhece o direito de posse de terra 
para as populações originárias dos quilombos, processo que data de 1995. O dia da morte de Zumbi (20 
de novembro) foi instituído como o Dia Nacional da Consciência Negra, transformado em feriado em 
alguns estados e municípios do Brasil.
Figura 4 
O mapa representa a localização de comunidades de Quilombos, com destaque para o Vale do Ribeira 
– considerado um dos locais do estado de São Paulo que mais abriga comunidades remanescentes de 
quilombos, muitas delas frequentemente atingidas ou ameaçadas em sua integridade, sobretudo pelos 
projetos de construção de barragens hidrelétricas.
 Observação
Quilombo é toda comunidade negra rural que agrupe descendentes 
de escravos vivendo da cultura de subsistência e onde as manifestações 
culturais estão vinculadas com o passado. O quilombo mais conhecido 
é o de Palmares, situado no estado de Alagoas, que remonta ao 
período histórico do grande líder Zumbi, representando a resistência 
à dominação.
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Cafundó é um bairro rural situado no município de Salto de Pirapora, 
a 150 km de São Paulo. Sua população predominantemente negra 
divide‑se em duas parentelas: a dos Almeida Caetano e a dos Pires 
Pedroso. Cerca de oitenta pessoas vivem no bairro. Localizado próximo 
a Salto de Pirapora, foi reconhecido oficialmente no final de 1999, após 
uma luta que já passava de três décadas. No local, ainda vivem negros 
que falam o dialeto que trouxeram da África. Um dos grandes problemas 
encontrados ali é o fato de o quilombo, em sua totalidade, estar 
situado em áreas particulares, implicando inúmeras desapropriações. Os 
quilombolas procuram manter sua identidade através da preservação 
dos costumes e tradições. Usam um léxico de origem banto, quimbundo 
principalmente, cujo papel social é, sobretudo, de representá‑los como 
africanos no Brasil.
1.2.3 Miscigenação da população
O cruzamento dos diferentes tipos étnicos originou uma diversidade humana, conforme a figura a 
seguir.
Mulato
Mestiços
Caboblo
Caiçara
Mameluco
Caipira
Cafuzo
Índios Brancos Negros Amarelos
Ainoko
Nativos Europeus Africanos Asiáticos
branco + negro
índio + branco
índio + negro branco + japonês
Figura 5 
A miscigenação da população ocorreu de forma intensa, desde o início do processo colonial, no 
século XVI, quando os colonos portugueses se relacionavam com escravas negras e índias, muitas vezes 
à força, dando origem aos mestiços (mulatos e caboclos ou mamelucos), assim como o relacionamento 
entre negros e índias deu origem ao tipo mestiço denominado cafuzo.
Gilberto Freyre (2006), em sua clássica obra Casa‑grande & Senzala, afirma que a miscigenação é um 
ponto forte e diferencial da cultura brasileira. Graças a ela, nas condições históricas em que foi sendo 
produzida, o Brasil desviou‑se do modelo europeu. Sua obra é ao mesmo tempo um inventário do modo 
original de colonização do Brasil, tendo a família como suporte e o cruzamento racial como política 
oficiosa, fazendo uma descrição etnográfica dos antagonismos. Freyre integrou a mistura e os conflitos. 
Desde o século XIX, a miscigenação era considerada pelos intelectuais brasileiros como um problema. 
Alguns deterministas entendiam que, devido a esse fator social, o Brasil não atingiria a civilização. 
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Gilberto Freyre rompeu com esse modo de pensar mostrando o antagonismo de classes na sociedade 
brasileira por meio de mecanismos de harmonia conflitual.
O caboclo brasileiro é um tipo singular que resulta da mestiçagem entre o branco europeu e o índio. 
Ele recebe também a denominação de caipira, no interior do estado de São Paulo, caiçara, no litoral 
paulista, capiau, em Minas Gerais, sertanejo, no interior do Nordeste, caboclo, na Amazônia, gaúcho, 
no Rio Grande do Sul, além de mameluco.
1.2.4 Estrutura da população por cor da pele
Até o final do século XIX prevalecia a população negra e a mestiça resultante da miscigenação 
entre brancos, índios e negros, caracterizados como caboclos, mulatos e cafuzos. Com a intensificação 
das imigrações européias, a partir de 1850, a porcentagem de brancos de origem europeia cresceu 
significativamente, principalmente no Sul e Sudeste do Brasil.
O primeiro censo nacional foi realizado em 1872, quantificando a população do Brasil e 
classificando‑a racialmente. Para tanto, foram utilizadas categorias como branco, preto, pardo e 
caboclo. No segundo recenseamento, de 1890, após a abolição dos escravos, também foi incluída 
a classificação racial da população, substituindo o termo pardo por mestiço. Já no início do século 
XX, sob influência de doutrinas europeias sobre as desigualdades entre a “raça humana” e ideais 
de branqueamento da população, os censos de 1900 e 1920 omitiram a classificação racial, que só 
voltaram a aparecer em 1940, marcando um período de 50 anos de ausência de informações sobre as 
categorias étnico‑raciais da população brasileira.
O censo de 1940 incorporou a categoria “amarela” para dar conta da imigração japonesa no Brasil, 
no período entre 1908 e 1930. Assim, quando não fosse possível atribuir ao entrevistado nenhuma das 
três categorias previstas além da branca, preta e amarela, foi instituído o termo genérico de pardos para 
incluir índios, caboclos, mulatos, morenos etc.
Em 1970, a Comissão Censitária Nacional decidiu pela não inclusão da classificação racial, deixando 
uma carência de informações étnico‑raciais sobre a população brasileira até 1980. A população 
autóctone categorizada como cabocla e, posteriormente, parda foi ignorada por cerca de 100 anos, 
retornando a figurar apenas em 1991, com a inclusão da categoria indígena. Assim, em 1991, tivemos 
cinco categorias utilizadas: branca, preta, parda, amarela e índia.
Houve um pequeno aumento da participação da população preta (6,9%), pequena redução 
da população branca (49,7%) e pequeno aumento da população parda (42,6%), expressando uma 
intensificação do processo de miscigenação, com maioria não branca. Durante o Censo de 2010, mais 
pessoas se declararam pretas e pardas.
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DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA POR COR E RAÇA, EM %
Brancos Negros Pardos Amarelos
2000
2010
53,74
47,3
Números de brancos passou a ser menos 
da metade da população
6,21
7,6
50% da 
população Indígena
Sem declaração
2000 2010
 0,43 0,4
 0,71 0,003
38,45
43,1
0,45
2,1
Figura 6 
As desigualdadesraciais manifestas em todos os indicadores analisados expressam a recorrente 
exclusão social de homens e mulheres identificados como pretos, pardos ou índios, ao longo de suas 
vidas, desfavorecidos nas condições de moradia, assistência médico‑sanitária, escolaridade, emprego e 
renda, resultando em elevados níveis de mortalidade infantil e menores valores de esperança de vida.
Já o censo de 2010 apresentou mudanças em termos de proporção. Cresceu a proporção de 
brasileiros que se declararam pretos de 5% para 6,2% da população. A explicação mais provável é que 
houve um maior reconhecimento pessoal da cor de pele: as pessoas deixaram de se declarar pardas, 
reconhecendo‑se como negras.
Os grupos indígenas também foram objeto de alterações para um número maior, observado em São Paulo, 
quando foram contabilizados cerca de 2.000 índios da tribo pankarurus, que vivem na cidade de São Paulo.
Devemos lembrar que quando o IBGE realiza seus questionamentos populacionais, utiliza o critério 
de autodeclaração, o que, em pesquisas de campo, pode gerar distorções.
Em 1996, durante o governo Mário Covas, foi instituído um grupo de trabalho encarregado de 
tornar possível a identificação precisa das terras e comunidades remanescentes de quilombos no estado 
de São Paulo. Em âmbito nacional, a Fundação Palmares, criada em 1988, tem a responsabilidade de 
reconhecer e titular definitivamente as terras de remanescentes de quilombos, tendo sido identificados 
centenas deles em todo o Brasil.
Zumbi dos Palmares
Líder negro alagoano, nascido na Comunidade do Macaco, na Serra da Barriga, a capital 
do quilombo dos Palmares. Ainda criança foi capturado e entregue ao padre Antônio Melo, 
que o batizou com o nome de Francisco e o tornou coroinha. Aos 15 anos, ele fugiu para 
Palmares e adotou o nome de Zumbi (guerreiro). Assume o comando militar do quilombo, 
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que até então havia sido governado pelo tio, o rei Ganga Zumba. As tropas portuguesas 
investiram e o rei aceitou acordo de paz em condições desfavoráveis aos quilombolas.
Em 1678, Zumbi renega o acordo, provoca então uma Guerra Civil no quilombo e assume 
o poder. Ganga Zumba sai de Palmares e, pouco tempo depois, morre envenenado. Zumbi 
lidera a resistência aos portugueses por 14 anos. Em 1692, derrota a expedição de Domingos 
Jorge Velho. Dois anos depois, foge após muitos ataques e continua sua luta de resistência 
contra as tropas oficiais.
Em 1695, morre em uma emboscada.
 Saiba mais
Leia:
ANDRADE, A. M.; TATTO, N. Inventário cultural de quilombos do Vale do 
Ribeira. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2013.
CALDAS, A.; GARCIA, L. Direito à terra das comunidades remanescentes de 
quilombos: o longo e tortuoso caminho da titulação. Justiça Global Brasil, Rio 
de Janeiro, 13 ago. 2007. Disponível em: <http://global.org.br/programas/
direito‑a‑terra‑das‑comunidades‑remanescentes‑de‑quilombos 
‑o‑longo‑e‑tortuoso‑caminho‑da‑titulacao>. Acesso em: 1 dez. 2015.
2 POPULAÇÃO DO BRASIL NO CONTEXTO MUNDIAL
2.1 População mundial
É necessário destacar que o Brasil, país de dimensões continentais, é, em termos demográficos, um 
país populoso, ou seja, de elevada população total ou absoluta, posicionando‑se dessa forma entre os 
mais populosos do mundo.
População mundial vai crescer, mas a do Brasil estará menor em 2100, diz ONU
A população mundial vai aumentar de 7,3 bilhões, em 2015, para 11,2 bilhões, em 
2100, mas no Brasil diminuirá de 207 milhões atualmente para 200 milhões em 2100, diz 
o relatório Perspectivas da População Mundial, divulgado pela Organização das Nações 
Unidas (ONU).
De acordo com o relatório, o encolhimento da população brasileira não ocorrerá de 
imediato: em 2050, o Brasil deverá ter 238 milhões de habitantes, mas a redução, a partir 
de 2050, será motivada por taxas de natalidade mais baixas.
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A idade média do brasileiro, atualmente, é 31 anos e será 50 anos em 2100. A expectativa 
de vida, que hoje está em 75 anos, alcançará 88 anos em 2100, conforme o relatório da 
ONU. O Brasil está entre os dez maiores países em população, entre os quais México, Nigéria, 
Paquistão, Estados Unidos e Rússia.
Segundo a ONU, o aumento da população mundial pode ser atribuído a uma pequena 
lista de países com altos índices de fertilidade, especialmente na África. Até 2050, nove 
países vão concentrar metade do crescimento populacional: Índia, Nigéria, Paquistão, 
República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Estados Unidos, Indonésia e Uganda.
China e Índia continuam sendo as únicas nações com mais de 1 bilhão de habitantes 
cada, mas a população indiana deve ultrapassar a chinesa em 2022, prevê o relatório.
O estudo revela que a maior taxa de crescimento populacional nas próximas três 
décadas estará concentrada na África. Pela projeção da ONU, a população de 28 nações 
desse continente irá dobrar. Até 2100, Angola, Burundi e República Democrática do Congo 
estarão entre os dez países da África com maior aumento populacional.
Fonte: Campos (2015).
2.2 Velocidade do crescimento
O crescimento da população mundial nas últimas décadas foi rápido, impulsionado 
especialmente por uma maior expectativa de vida – a média atual é de 68 anos, quando era de 
apenas 48 anos em 1950. A velocidade de aumento populacional começa a diminuir de ritmo 
decorrente das taxas de natalidade cada vez menores. Depois de a população crescer até 2% ao 
ano na década de 1960, a taxa de aumento do número de pessoas no mundo está se estabilizando 
em metade desse valor.
A previsão mais atual aponta que serão necessários 14 anos para que surjam mais um bilhão de 
pessoas no mundo, e a população mundial só deve chegar a dez bilhões de pessoas no fim do século. A 
mudança na tendência não só fará com que o ritmo de crescimento seja mais lento, mas também vai 
gerar um envelhecimento da população, criando sociedades com mais pessoas idosas do que jovens. 
Em 2011, havia no mundo 893 milhões de pessoas com mais de 60 anos, mas, no meio do século, este 
número passará de 2,4 bilhões (UNFPA, 2014).
2.3 Mundo heterogêneo
Apesar de ser apresentada como um único bloco, a população mundial vive momentos muito 
heterogêneos em relação a seu tamanho e sua taxa de crescimento. Cerca de 60% da população mundial 
vive na Ásia. Somente na China e na Índia, juntas, há mais de 2,5 bilhões de pessoas. O continente 
africano tem 15% das pessoas do mundo atual, e um quarto da população vive no restante do mundo 
(Américas, Oceania e Europa). No Brasil, a população ultrapassou 202,7 milhões.
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
O quadro futuro aponta para um prognóstico de mudanças. Enquanto a população da Europa tem 
uma taxa de fecundidade de apenas 1,53 – estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria 
até o fim de seu período reprodutivo, o que indica envelhecimento e diminuição da população – na 
África a taxa de fertilidade chega a 4,64. Na América Latina a taxa é de 2,3, na América do Norte e na 
Ásia, de 2,03, e na Oceania, de 2,49.
Enquanto no Reino Unido o número de pessoas com mais de 85 anos dobrou entre 1985 e 2010, 
o percentual de pessoas com menos de 16 anos caiu de 21% para 19% no mesmo período. No sul da 
África, por outro lado, a previsão é de que a população triplique em 40 anos. Se a fertilidade global caiu 
de 5 para 2,5 crianças desde 1950, as mulheres de Zâmbia ainda têm 6 filhos, em média.
Segundo a ONU (UNFAP, 2014), um quintoda população mundial vive em países com alta fertilidade, 
que podem chegar a 2 bilhões de pessoas em 2050.
Podem ser mencionados como lugares densamente povoados: Mônaco e San Marino, na Europa; 
Cingapura, Maldivas e Taiwan, na Ásia.
 Lembrete
A sigla PNAD significa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
2.4 População do Brasil
O Brasil é um país populoso, atingindo em 2014 o número de 202.768.562 habitantes. A população 
absoluta do Brasil recenseada em 2010 era de 190,7 milhões de habitantes, posicionando o País como o 
5° mais populoso do mundo, após China, Índia, EUA e Indonésia.
No continente americano, o Brasil é o 2° após os EUA, e, na América Latina, é o mais populoso. No 
entanto, o Brasil é caracterizado como um país fracamente povoado, pois sua densidade demográfica 
ou população relativa está abaixo da média mundial, em torno de 23,7 habitantes por km2.
Além disso, a distribuição da população no território é muito desigual, pois a maioria 
concentra‑se numa faixa litorânea desde a orla marinha até 300 km para o interior. Após esse 
limite, encontram‑se os grandes vazios: Amazônia Ocidental, Sertão do Nordeste, Pantanal 
Mato‑grossense e Campanha Gaúcha.
A região mais populosa segue sendo a Sudeste e a menos populosa é a Centro‑oeste.
Embora exista perda de participação, os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro 
representavam 40,11% no total da população brasileira em 2014 (frente aos 40,82% em 2000). Em 2013, 
os maiores índices de crescimento foram verificados no Amapá (2,2%), Distrito Federal (2,2%), Roraima 
(1,8%) e Acre (1,8%). Por outro lado, os menores percentuais ocorreram no Rio Grande do Sul (0,4%) e 
no Piauí (0,3%).
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Unidade I
2.5 Distribuição da população por região
População – 2014
Total no Brasil: 202.768.562 habitantes
Norte
8,5%Sul
14,3%
Sudeste
42%
Nordeste
27,8%
Centro‑oeste
7,4%
Figura 7 
O Centro‑Sul (SE, S e CO) constitui‑se na região de maior desenvolvimento socioeconômico, com 
129 milhões de habitantes, concentrando 64,3% do total brasileiro. Na Região Metropolitana (RM) de 
São Paulo encontram‑se 20 milhões de pessoas. Com exceção do estado de São Paulo, essa população 
supera qualquer das demais unidades da federação (UF) do País.
As maiores densidades demográficas ocorrem nas UFs de grande população em área reduzidas, 
como o Distrito Federal, 421 hab./km2; Rio de Janeiro, 361 hab./km2; São Paulo, 168 hab./km2 e Alagoas, 
111 hab./km2.
As menores densidades demográficas ocorrem nas UFs de maior dimensão e de população reduzida, 
como Roraima, 1,9 hab./km2; Amazonas, 2,2 hab./km2 e Amapá, 4,5 hab./km2.
Observamos dessa forma a heterogeneidade na densidade demográfica do Brasil, onde a grande 
extensão territorial condicionou uma maior concentração na faixa litorânea. Por razões de ordem 
histórica e econômica, essa diversidade se constituiu.
A respeito do tema diversidade étnica e cultural, observe o mapa e leia o texto para ampliar seus 
conhecimentos.
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
Civilização
ocidental
latino‑americana
ortodoxa
árabe‑muçulmana
africana (e outras)
budista e confucionista
Civilizações 
ameaçadoras
O possível choque
xintoísta
hinduísta
Figura 8 
O choque das civilizações
O cientista político norte‑americano Samuel P. Huntington desenvolveu em seus estudos 
uma teoria intitulada “Choque de Civilizações”. Posteriormente à sua publicação, dessa vez 
como um artigo, o tema se tornou polêmico e deu origem a um livro.
Samuel Huntington, famoso expert das relações internacionais, se posiciona no contrapé 
do idealismo. Ele alerta para o risco de um choque entre oito civilizações que não partilham os 
mesmos valores, e notadamente entre as civilizações ocidental, islâmica e confuciana (as cinco 
outras, de acordo com ele, seriam: a latino‑americana, a africana, a hindu, a eslavo‑ortodoxa 
e a nipônica). Otimistas, universalistas e mundialistas ficaram escandalizados com a sua 
colocação. Huntington, por sua vez, considera‑os ingênuos. Seus críticos o acusam de induzir 
ao confronto, de formular uma “profecia autorrealizadora”, quando, ao contrário, o que ele 
pretende é advertir. Os realistas não acreditam em uma aliança Islã‑China antiocidental.
Desde então, tudo acontece como se – embora declarando rejeitar a “teoria” do choque 
de civilizações – um grande número de ocidentais, na esteira da administração Bush e dos 
neoconservadores, partilhassem do pensamento de Huntington e dele tirasse conclusões 
bem particulares.
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Unidade I
Os praticantes do Islamismo fundamentalistas têm uma posição igualmente radical e, 
como fizeram os cristãos por muito tempo, dividem o mundo entre fiéis e infiéis.
Outros ocidentais, bem como os muçulmanos moderados, negam tal perspectiva (essa 
“teoria”) em nome do universalismo, mas, sobretudo, porque ele os preocupa.
Outros, por fim, estimam que o choque Islã‑Ocidente, ao contrário, é um risco sério 
devido às minorias fanáticas e a uma profunda ignorância mútua que predispõe à 
desconfiança. Estes não combatem a “teoria”, mas tentam afastar o risco e neutralizar os 
conflitos, propondo, para começar, a paz no Oriente Médio e preconizando o diálogo.
O livro de Huntington, denominado O Choque das Civilizações e a Recomposição da 
Ordem Mundial, apresenta nove civilizações representadas no mapa.
Fonte: Objetivo ([s.d.]).
Huntington discute as identidades culturais e religiosas dos povos. Essas diferenças, segundo o autor, 
serão as principais fontes de conflito no mundo pós‑Guerra Fria; elas não ocorrerão entre as classes 
sociais, mas sim entre os povos pertencentes a diferentes entidades culturais e religiosas.
De acordo com Diouf (2011):
O melhor antídoto para o “choque das civilizações” é a aceitação do pluralismo 
cultural, em favor do qual as grandes vertentes linguísticas – arabofonia, 
francofonia, hispanofonia, lusofonia – devem desempenhar papel decisivo. 
A convenção da Unesco de 2005 foi um primeiro passo nesse sentido [...] A 
cultura não é um dado da natureza, nem uma espécie de entidade coisificada 
que poderíamos proteger colocando‑a numa embalagem fechada à vácuo; 
ela é o produto do espírito humano, de escolhas individuais e coletivas 
constantes [...] O pluralismo cultural é incompatível com uma visão de 
mundo no qual alguns se considerariam como os únicos detentores de uma 
modernidade supostamente universal.
3 CRESCIMENTO POPULACIONAL
3.1 Crescimento natural ou vegetativo
Dois fatores contribuem para o crescimento populacional:
• o crescimento vegetativo ou natural
CV = Taxa Natalidade – Taxa Mortalidade
Exemplo em 2008: Natalidade 16,4‰ – Mortalidade 6,3‰ = 10,1‰, ou seja, 11 por mil, ou 1%.
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
• saldo imigratório:
SI = Taxa de Imigração – Taxa de Emigração.
Assim, o crescimento populacional:
CP = CV + SI
A imigração foi um fator de influência no crescimento natural da população brasileira de 1850 até 1934. 
Contudo, a partir de 1934, com as leis de restrição à imigração, o crescimento populacional teve como 
causa principal o CV (crescimento vegetativo) ou natural.
Entre as décadas de 1940 e 1960, o CV tornou‑se bem mais elevado, pois a queda da taxa de 
mortalidade manteve‑se maior do que a queda da taxa de natalidade. Nesse período, o custo de criaçãofamiliar era muito baixo, pois a maioria das famílias habitava o meio rural.
A partir da década de 1970, a maioria da população passou a ser urbana, resultando no aumento do 
custo de criação familiar. Por isso, a opção dos casais em ter menos filhos, ou tê‑los mais tarde.
De acordo com o gráfico, notamos que o crescimento da população brasileira foi muito grande entre 
1872 e 2014, passando de 10 milhões para 202,7 milhões de habitantes, o que significa um acréscimo 
de 192 milhões de pessoas em quase 150 anos.
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Crescimento da população no Brasil
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Figura 9 
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Unidade I
2,39
2,99 2,89
Taxa média geométrica de crescimento anual da população residente
Brasil – 1940/2010
2,48
1,93
1,38
1,97
1,23
%
1940/1950 1950/1960 1960/1970 1970/1980 1980/1991 1991/1996 1996/2000 2000/2010
Figura 10 
Podemos mencionar entre as causas responsáveis pela queda da natalidade após 1970: a urbanização, o 
aumento do custo de criação familiar, o aumento do padrão socioeconômico, a inserção da mulher no mercado 
de trabalho, além da maior adoção de métodos anticoncepcionais e casamentos ou uniões mais tardias.
O crescimento vegetativo ou crescimento natural da população é a diferença entre as taxas de 
natalidade e de mortalidade da população.
 Lembrete
A taxa de natalidade é calculada dividindo o número de nascimentos, 
em determinado ano, pelo número de habitantes existentes no território e 
multiplicando o resultado por mil. Por exemplo, o país A, com 150.697.361 
habitantes, registrou, em 1992, 3.554.149 nascimentos, ou seja:
 3.554.149
____________ x 1000 = 23,6‰
 150.697.361
Regionalmente, observamos diferenças significativas no tocante à natalidade: as taxas mais elevadas 
são encontradas nas regiões Nordeste e Norte e as mais baixas estão nas regiões Sudeste e Sul.
A taxa de mortalidade, embora tenha sido bastante elevada até a década de 1930, sofreu forte 
redução a partir da década de 1940 (Segunda Guerra Mundial). Essa redução se deve a alguns fatores, 
por exemplo: o progresso da medicina e da bioquímica (antibióticos, vacinas), melhoria na assistência 
médico‑hospitalar, melhores condições higiênico‑sanitárias e urbanização da população.
Quanto às variações das taxas de mortalidade, verificamos que as mais elevadas são encontradas nas 
regiões Nordeste e Norte e as menores, nas regiões Sudeste e Sul, que são mais elevadas nas zonas rurais 
que nas zonas urbanas e que a mortalidade masculina é maior que a feminina.
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Podem ser mencionadas como causas da queda da mortalidade: maior urbanização, investimentos 
em saneamento básico, evolução da medicina e melhoria no padrão educacional.
Outros dois fatores também influenciam o crescimento vegetativo:
a) Taxa de mortalidade infantil – que expressa o número de óbitos de bebês com menos de 1 ano 
de idade por grupo de mil nascidos em 1 ano. Essa taxa no Brasil continua em declínio, passando 
de 36,9‰ para 22,5‰ entre 1996 e 2008. Em 2012, a taxa no Brasil caiu para 15,7‰. Santa 
Catarina (10,5‰), Espírito Santo (10,7‰), Rio Grande do Sul (10,8‰), Paraná (11%) e São Paulo 
(11,2%) têm as menores taxas de mortalidade infantil, enquanto Alagoas (25,9‰) e Maranhão 
(26,1‰) têm as maiores taxas.
A mortalidade infantil continua em declínio no Brasil, situando‑se, atualmente, em torno de 15 por mil, 
ou seja, a cada 1.000 crianças nascidas vivas, 15 (em média) morrem antes de completar um ano de vida.
A mortalidade infantil é calculada dividindo o número de crianças com menos de um ano que 
morreram em determinado ano pelo número de crianças nascidas no mesmo ano (número de óbitos de 
crianças de zero a 1 ano de idade, em cada grupo de 1.000 nessa faixa etária durante 1 ano). Observemos 
alguns dados importantes:
Podemos constatar que a “cara do Brasil”, em termos demográficos, realmente mudou. Já não temos 
um padrão típico de país jovem, subnutrido, analfabeto e masculino. Há um novo tipo de estrutura 
familiar, não mais a tradicional e extensa família patriarcal que herdamos na década de 1940. Entretanto, 
as diferenças em termos regionais ainda persistem de maneira intensa.
Em 2000, a expectativa de vida era de 71 anos; já em 2014, esse número subiu para 75,5 anos, o que significa 
que, no estado de São Paulo, o aumento foi de 4,5 anos, índice que o aproxima aos países desenvolvidos.
Os principais motivos que justificam as mudanças são: queda nas mortes por agressão, por doenças 
do coração e originadas do período pré‑natal e logo após o nascimento.
Também houve alteração entre a sobrevida feminina e masculina, sendo que, em 2000, a diferença 
da expectativa era de 9 anos e, em 2014, 6,7 anos.
Foi constatado também que os homens morrem mais devido às agressões, mas, pela primeira vez 
desde 1950, os homens ganharam mais sobrevida do que as mulheres no estado de São Paulo.
Os dados numéricos comprovam as informações, veja (ESPERANÇA..., 2015):
Expectativa de vida ao nascer:
• estado de São Paulo = 75,7 anos;
• Região Metropolitana de São Paulo= 75,5 anos.
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Unidade I
Comparando com outros países, temos:
• América do Norte = 79,2 anos;
• Oceania = 77,5 anos;
• Europa = 77,0 anos;
• América Latina e Caribe = 74,6 anos;
• Brasil = 74,1 anos;
• Ásia = 71,6 anos;
• África = 59,5 anos.
Expectativa de vida por gênero:
• 2000: homens= 76,6 anos; mulheres = 67,2 anos;
• 2010: homens = 71,4 aos; mulheres = 78,6 anos;
• 2014: homens = 72,3 anos; mulheres = 79,0 anos.
b) Taxa de fecundidade – que corresponde ao número médio de filhos por mulher até o final da 
idade fértil (dos 15 aos 35 anos). Em 1960, essa taxa era de 6 filhos por mulher, em 1996 era de 2,7 
filhos por mulher, caindo em 2008 para 1,81 filho por mulher. Com menos de 2 filhos por mulher, 
após 25 anos (uma geração), não ocorrerá reposição do total da população existente. Em 2010, a 
taxa foi de 1,78 filho por casal.
Tabela 3 
Taxa de fecundidade
Região Filhos por mulher
Norte 2,3
Nordeste 1,9
Centro‑oeste 1,8
Sudeste 1,7
Sul 1,6
Brasil 1,8
Fonte: IBGE (2010b).
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
A qualidade de vida também mudou, o que interferiu na estrutura familiar e nas taxas de crescimento 
vegetativo (natalidade e mortalidade).
Sabemos, no entanto, que uma satisfatória condição de vida, saúde e redução nas taxas de 
mortalidade dependem de serviços de saneamento, higiene e salubridade adequados. Essas condições, 
por sua vez, dependem de uma boa gestão pública.
O acesso a serviços públicos foi ampliado no Brasil nos últimos dez anos, mas, em alguns casos, 
em ritmo menor do que na década anterior (de 1991 a 2000). A pior situação continua a ser a do 
saneamento básico, ausente ou inadequado em quase metade dos domicílios brasileiros (45%).
Outro dado que impressiona é que ainda existem no País 3,6 milhões de residências sem banheiro 
de uso exclusivo da família. Cerca de 6 milhões de lares utilizam fossa séptica, forma de saneamento 
considerada inadequada pelo instituto. Há ainda 18,9 milhões sem nenhumtipo de saneamento.
Ocorre também um problema sério e que interfere na qualidade de vida: o abastecimento de água; 
83% é realizado por meio de rede geral nas residências brasileiras. De acordo com o Censo 2010 (IBGE, 
2013c), moradores de 5,7 milhões de domicílios (10% do total) ainda precisam buscar água em poços ou 
nascentes e muitos pagam preços exorbitantes para terem acesso à água. Sabemos que o saneamento 
básico é prioritário para uma satisfatória qualidade e expectativa de vida.
Ainda segundo o levantamento do IBGE (2013), a média de pessoas por residência sofreu uma 
redução no País: de 3,8, em 2000, para 3,3, em 2010. O censo de 2010 apurou ainda que 73% dos 
domicílios são propriedades dos próprios moradores.
Cresceu a proporção de mulheres, inclusive como chefes da família. Os analfabetos representam 9% 
da população. As pessoas com mais de 65 anos constituem 7,4% da população. Os casais homossexuais 
representam 0,2%, ou 60 mil, das pessoas que declararam estarem casadas. Os brancos deixaram de ser 
maioria por cor e raça em porcentagem. A classe média é a mais numerosa (renda per capita em torno 
de 0,5 a 2 sálarios mínimos – que representa 50,6% do total) e o saneamento já atinge mais da metade 
da população (55,4%), esta que foi ampliada nas regiões Norte e Centro‑oeste.
 Observação
Uma das características sociais insatisfatórias do Brasil sempre foi a má 
distribuição de renda.
Entre 2000 e 2010, o rendimento dos 20% mais pobres cresceu mais 
rapidamente do que o dos 10% mais ricos em quatro de cada cinco cidades 
do Brasil, comparativamente aos dez anos anteriores.
Outro aspecto importante para promover as mudanças sociais são os indicadores sobre educação e 
taxas de alfabetização.
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Parte da melhoria na qualidade de vida e da redução dos piores índices sociais é atribuída ao Programa Bolsa 
Família. O programa seria complementar aos aumentos reais de salários e à formalização de empregos, além das 
políticas de transferência de renda, promovendo redução de 36% na desigualdade dos municípios brasileiros.
O censo demográfico, ou recenseamento, é realizado no Brasil de dez em dez anos. Você sabe como 
os dados obtidos interferem na vida do cidadão?
Os resultados populacionais do censo servem de referência para:
• distribuição das verbas do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e do Fundo de Participação dos 
Municípios (FPM) pelo Tribunal de Contas da União;
• cálculos da Previdência Social, com base nas estimativas do crescimento e do envelhecimento dos 
habitantes, para saber quem paga o benefício e que faixa da população terá o direito a ele;
• definição da representação política: número de vereadores, deputados federais e estaduais dos 
municípios e estados.
4 TEORIAS DEMOGRÁFICAS
4.1 Teoria Malthusiana
Em 1798, na Inglaterra, o economista e sacerdote anglicano Thomas Robert Malthus publicou 
uma teoria altamente antinatalista e conservadora na obra Um Ensaio sobre o Princípio da População. 
Naquele período, em virtude da Revolução Industrial, a Inglaterra vivia um momento de crescente 
aumento populacional. Preocupado com essa explosão demográfica e com os consequentes problemas 
socioeconômicos (pobreza, desemprego etc.) decorrentes, Malthus defendeu a urgência do controle 
populacional. A Teoria Malthusiana fundamentou‑se na relação entre crescimento populacional e os 
meios de subsistência, apoiando‑se nos seguintes princípios:
1°: caso não seja detida por obstáculos (guerras, epidemias etc.), a população tende a crescer segundo 
uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32), duplicando‑se a cada 25 anos;
2°: na melhor das hipóteses, os meios de subsistência (capacidade de produção de alimentos) só 
poderiam aumentar segundo uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, 6).
O método proposto por Malthus para evitar o crescimento geométrico da população foi a sujeição moral 
(abstinência sexual, casamentos tardios, controle do número de filhos etc.) e a não assistência governamental 
aos pobres (segundo Malthus, a miséria seria uma forma natural de controle da superpopulação).
Sua teoria é contestada pelos seguintes motivos:
• a população não cresceu geometricamente. Caso tivesse aumentado de forma geométrica, a população 
mundial seria, em 1990, de 185 bilhões de pessoas, quando, na realidade, era de 5,2 bilhões de habitantes;
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ESTUDOS DEMOGRÁFICOS (CENSO, IDH, GINI, PEA, MIGRAÇÕES)
• o desenvolvimento científico e tecnológico alcançado no campo provocou um aumento 
geométrico dos alimentos, sendo hoje, pelo menos numericamente, suficiente para todos, porém 
mal repartido;
• a emancipação feminina (não prevista por Malthus) provocou redução significativa na taxa de 
fertilidade da mulher.
Malthus acreditava que as barreiras naturais que impedem o crescimento da população animal 
atuavam igualmente sobre as populações humanas. Assim, a miséria seria uma espécie de vingança da 
natureza contra os homens que teimavam em se multiplicar:
A natureza espalhou pelos reinos animal e vegetal as sementes da vida 
com a mão mais profusa e pródiga. Foi relativamente mais econômica no 
espaço e no alimento necessários para criá‑los. Os germes da existência 
contidos nessa terra, com alimento suficiente, e o espaço amplo para 
expandir‑se povoariam milhões de mundos no curso de alguns milhares de 
anos. A necessidade, lei imperiosa e penetrante da natureza, conserva‑os 
dentro dos limites prescritos. As espécies de plantas e as raças dos 
animais retraem‑se sob essa imensa lei restritiva. E a raça humana não 
pode, mesmo por qualquer esforço de raciocínio, dela escapar. Entre as 
plantas e os animais, seus efeitos são perda de sementes, doenças e morte 
prematura; entre a humanidade, miséria e males. A primeira – a miséria 
– é consequência absolutamente necessária. Os males são consequência 
altamente provável e, portanto, vemos como prevalecem abundante 
mente, mas talvez não se deva chamá‑los consequência absolutamente 
necessária. A provação da virtude está em resistir a todas as tentações do 
mal (MALTHUS, 1996, p. 382).
4.2 Teoria Neomalthusiana
Depois da Segunda Guerra Mundial, a queda das taxas de mortalidade nos países subdesenvolvidos 
provocou novo surto de crescimento demográfico. Os neomalthusianos culpam os pobres pela pobreza 
de seus países; segundo eles, o elevado crescimento populacional é o principal responsável pelo 
subdesenvolvimento dos países pobres. Para os neomalthusianos, o elevado número de jovens atrapalha 
o desenvolvimento, pois muitos recursos são desviados para investimentos não produtivos (creches, 
escolas etc.).
Apesar de concordarem em essência com os fundamentos da teoria de Malthus, os neomalthusianos 
concordam que a agricultura é capaz de produzir alimentos suficientes para todos e não defendem 
a sujeição moral como solução para conter o aumento populacional. Para eles, são os programas 
rígidos e oficiais de controle de natalidade que podem evitar o elevado crescimento populacional. 
Esses programas devem difundir diversos métodos, por exemplo, pílulas anticoncepcionais, ligadura das 
trompas, vasectomia e aborto.
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Unidade I
Na maioria dos países nos quais os métodos neomalthusianos foram implantados, os resultados 
foram negativos. Os principais opositores dos novos adeptos de Malthus são os islâmicos e a 
Igreja Católica.
Recentemente, a onda ambientalista mundial fez surgirem os econeomalthusianos. Segundo eles, 
é preciso conter o rápido crescimento populacional, pois este traria uma pressão

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