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MEDICINA VETERINÁRIA ó Em 1793 – Spallanzani descreveu a capacidade de voo de morcegos ligada a audição. Na época, ele realizou um estudo cientifico onde ele separou dois grupos de morcegos: no primeiro grupo ele vendou os olhos e os soltou na natureza e percebeu que eles continuavam voando normal. No segundo grupo, ele manteve a visão dos morcegos, mas recebeu tampões de cera nos ouvidos e foram soltos na natureza, o segundo grupo perdeu completamente a sua capacidade de voo. Spallanzani descobriu que existe uma percepção do ambiente a partir de ondas sonoras emitidas. Um transdutor emite uma onda sonora que colide com um objeto mais a frente e esse objeto manda de volta uma onda sonora de volta para o transdutor. A partir desse estudo foi pensado em como poderia fazer isso em humanos e outros estudos começaram a aparecer. Em 1880 – o irmão Curie descreve o efeito piezoelétrico. Este efeito resulta da aplicação de uma pressão sobre a superfície de certos cristais (de quartzo, por exemplo) que são capazes de gerar um potencial elétrico entre superfícies opostas, produzindo com numa frequência superior a 20KHz, conhecido como ultrassom. Os cristais tinham a capacidade de converter um tipo de energia em outra. Uma pressão mecânica pode se transformar em energia elétrica que pode se transformar em uma onda acústica. O contrário também é válido. Inicialmente os estudos eram desenvolvidos para fins militares e durante a primeira e segunda guerra surgiram o sonar e o radar Em 1942 – Dussik fez a 1ª utilização de ultrassons em âmbito diagnóstico: localizou tumores e verificou o tamanho dos ventrículos cerebrais. Em 1950 – o exame não utiliza mais banheiras cheias de água para o exame e esse método é utilizado até hoje. Em 1966 – Há relatos do uso do ultrassom para detectar prenhez de ovelhas. O efeito doppler foi descrito como fenômeno físico observado sobre as ondas sonoras quando emitidas ou refletidas por um objeto em movimento em relação ao observador. Através da ferramenta doppler se pode identificar e monitorar estruturas que estão em constante movimento no corpo como hemácias e fluxo sanguíneo e todas as variações que essas células demonstram em sua movimentação dentro do vaso. Quem observa isso é o transdutor (aparelho mais importante no exame ultrassonográfico). O doppler pode ser colorido, pulsado, Power e contínuo. O doppler colorido permite a identificação dos vasos a partir de cores ou nuances. Excelente para avaliação de pequenos vasos. O doppler pulsado/espectral se dá por pulsações, a informação gerada será a partir de um traçado que muitas vezes é característico para cada vaso avaliado. O Power doppler é um dos mais sensíveis do que o doppler colorido e demonstra em sua imagem a presença de uma única cor e é aplicado para avaliação de vasos de fluxo sanguíneo fraco, como os capilares. O doppler contínuo não se caracteriza como uma avaliação bidimensional. A avaliação dos seus achados se dá pela avaliação dos sons emitidos e também através de gráficos de MEDICINA VETERINÁRIA velocidades. É mais utilizado para velocidades de fluxos muito elevados, sendo mais utilizada na cardiologia. í í Os modos de exibição dos aparelhos de ultrassonografia são: modo de amplitude ou modo A, modo bidimensional ou modo B e o modo movimento ou modo M. Modo A – é o modo de amplitude e é o método mais antigo estudado. É a identificação da amplitude do eco. É considerado unidimensional pela detecção de uma única linha. É pouco utilizado na veterinária e tem maior aplicabilidade na oftalmologia para detecção de tumores, corpos estranhos e descolamento de retina. O transdutor traduz a imagem como um traçado gráfico. O transdutor é mantido estacionado e os ecos são representados em picos e é possível fazer mensurações precisas das distâncias das estruturas. Modo B – também denominada como ultrassonografia bidimensional. Os princípios são os mesmo do modo A, exceto que o transdutor é movimentado. Esse tipo informa sobre a estrutura interna do corpo e é mais amplamente utilizado. Modo M – Também chamado de modo movimento. Recebe essa denominação em função da sua imagem formada que ocorre de acordo com a interação do feixe sonoro com o tecido que está em mobilidade. É muito bem aplicado a ecocardiografia. O registro é feito por meio de um traçado que representa a mudança da distância entre as superfícies refletoras. caracterizado a área de abertura e fechamento das valvas e a identificação da artéria aorta e os átrios e ventrículos. O aparelho de ultrassom é composto por um monitor, um processador e um ou mais transdutores/probes (mais importante). Ao falar dos transdutores é necessário falar dos cristais piezoelétricos. São neles onde é feita a conversar de uma energia em outra. O aparelho de ultrassom recebe um potencial elétrico que é transformado em energia sonora e chega à área do paciente onde está sendo realizada o exame, retorna para o transdutor como uma onda sonora refletida na forma de eco que será novamente convertido pelos cristais piezoelétricos em um componente elétrico. Há diferentes modelos disponíveis: linear, convexo e micro-convexo (mais utilizado na rotina de pequenos animais). Ainda há o setorial (avaliações ecocardiográficas) e o transretal (formação da imagem ao transdutor linear – geralmente utilizado na rotina de grandes animais). Convexo, micro-convexo e setorial tem uma imagem em formato de leque onde na região próximas (normalmente ventral no paciente) há uma amplitude menor e na região mais distal a imagem é bastante ampliada. MEDICINA VETERINÁRIA O transdutor linear e transretal possui feixes de linhas paralelas e a formação da imagem é em formato de retângulo/quadrado. É mais utilizado para avaliação de estruturas superficiais porque eles apresentam uma variação de frequência maior, conferindo menor profundidade para avaliação. Convexo Linear Frequência menor Frequência maior Maior poder de penetração Menor poder de penetração Menor resolução/definição da imagem Melhor resolução/definição da imagem Mais usado em médio e grande porte Mais usado em pequeno porte Sempre que possível, fazer uso dos 2. Frequencia dos transdutores – elas estão relacionadas principalmente com a profundidade da estrutura avaliada. Altas frequências (até 20MHz) – testículo, mama, tireoide, globo ocular. Esses valores estão mais relacionados com a medicina humana. Na veterinária é de 12 – 15 MHz. Baixas frequências (2 a 6 MHz) – coração, abdome, saco gestacional. Quando maior a frequência, menor é a profundidade e mais superficial é a avaliação, assim como, maior é a resolução. O contrário também é verdadeiro. As terminologias são as principais nomenclaturas/nomes/termos mais utilizados e os artefatos são os defeitos que ocorrem durante a formação da imagem. Ecogenicidade – é o termo utilizado para fazer referência ao grau de brilho da imagem durante a realização da avaliação. Os graus podem ser: Hiperecóico – utilizado para estruturas mais claras. Sempre que a reflexão das ondas do ultrassom forem como uma alta reflexão, há ecos de alta intensidade, o que geram imagens claras na tela do ultrassom. Hipoecóico – utilizado para estruturas mais escuras. É quando há presença dos ecos, mas eles acontecem com uma baixa intensidade, resultando na formação de imagens mais próximas do cinza. Anecóico – uma imagem enegrecida. Está relacionado a ausência de eco durante o exame. tecidos de baixa reprodução do eco sonoro. Estruturas preenchidas ou rodeadas por líquidos. Isoecóico – duas estruturas que ao exame ultrassonográfico apresentam uma ecogenicidade parecida. MEDICINA VETERINÁRIA Os artefatos de técnica são resultantes da exibição de ecos que retornam de forma errada ao transdutor ou até mesmonão retornam, ou seja, são informações que não transmitem a imagem real para o aparelho de ultrassom. Esses erros ocorrem por falhas técnicas, fatores físicos do paciente, etc. As origens desses artefatos são variadas: fatores operacionais, do preparo adequado do paciente, técnica de varredura utilizada, frequência inadequada do transdutor, interação não adequada entre o paciente ou uma determinada estrutura que ele apresenta na região avaliada e a relação desse componente com o feixe sonoro. Nem sempre o artefato de técnica traz prejuízo à interpretação. Existem artefatos que confirmam para o examinador que na verdade o que está presente ali é a presença de um gás, líquido ou estrutura mineralizada. Quais os principais artefatos? sombreamento acústica posterior, sombreamento de borda/lateral, reforço acústico posterior, reverberação, cauda de cometa (é um tipo de reverberação), imagem em espelho. Sombreamento acústico posterior – também chamado de sombra acústica. É produzido quando o som emitido pelo transdutor tem a sua passagem impedida por alguma estrutura, não sendo formada a imagem posterior. Na imagem: vesícula urinária do paciente onde se pode observar na região de polo caudal que há uma estrutura semicircular que apresenta uma ecogenicidade aumentada (hiperecogênica) e abaixo dessa estrutura pode-se perceber uma sombra, que é a não formação de imagem. Normalmente acontece quando a onda sonora colide com estruturas mineralizadas/calcificadas ou com estruturas de conteúdo gasoso. No caso da imagem é um litíase vesical ou cálculo. Esse é um exemplo de artefato que auxilia no diagnóstico (um dos mais comuns na rotina). Sombreamento de borda/lateral – É observado em estruturas arredondadas ou curvas, onde a onda sonora sofre inclinação ao encontrar as bordas laterais, com velocidade de propagação diferente do meio. Na imagem: Quando há estruturas como o rim, na área demarcada é um sombreamento lateral, que pode ocorrer todas as vezes que a onda sonora colide com estruturas curvas. A onda sonora incide na superfície sobre uma reflexão distante do transdutor e o processador interpreta como uma área ausente de ecos. Comum ser observado na avaliação da vesícula biliar, cistos, rim. Reforço acústico posterior – é o aumento da ecogenicidade posterior a estruturas de baixa atenuação (preenchidos por fluidos). MEDICINA VETERINÁRIA Na imagem: o corte ultrassonográfico mostra a vesícula biliar e abaixo dela há uma área hiperecóica posterior a estrutura preenchida por líquido, isso ocorre porque o líquido conduz o som mais facilmente que outras estruturas, fazendo com que a onda sonora chegue com alta intensidade. Reverberação – formação de múltiplos ecos que retornam inúmeras vezes ao transdutor, formando linhas ecogênicas paralelas. Na imagem: a reverberação costuma ocorrer quando a onda sonora passa por estruturas que contém gás. Também é comum a presença do gás entre o transdutor e o gel aplicado na pele do paciente. Causa de cometa – é uma forma de reverberação observada principalmente no TGI devido à presença de gás em seu interior. Na imagem: Há uma área mais central e depois dela uma espécie de raio que acompanha a região por onde passou a onda sonora. Alça intestinal que provavelmente estava preenchida por gás e quando a onda sonora passou por ela emitiu a cauda de cometa. Imagem em espelho – é encontrada em interfaces altamente refletoras e arredondadas, como interface de pulmão x diafragma x fígado. Na imagem: é possível observar o parênquima hepático, topografia do diafragma hiperecóica e a topografia do parênquima pulmonar é visto como uma repetição da imagem do fígado. Em relação ao preparo do paciente há uma série de recomendações: Para exames agendados: solicitar jejum sólido de 8 a 12 horas (cães)/ 6 horas (felinos) e líquidos de 2 horas. Fazer a administração prévia de antifiséticos (simeticona) de 8 horas antes do exame e 2 horas antes do exame. Evitar também a micção do paciente 1-2 horas antes do exame. Realizar uma ampla (vai desde o apêndice xifoide se estendendo até a região caudal do abdome e lateralmente que ela alcance até a topografia do último par de costelas) tricotomia na área avaliada. Além disso, fazer uso de gel condutor e evitar o uso de álcool (tem uma capacidade de MEDICINA VETERINÁRIA desidratar do material que compõe os transdutores). Retirar todas as coleiras, guias e materiais que possam interferir no acesso à estrutura/cavidade que se deseja avaliar ou mesmo se os objetos causem desconforto no paciente. Também retirar bandagens, ataduras e curativos sempre que possível. Considerar o conforto e bem estar do paciente (triângulos de espuma que ajudam a conter os animais em decúbito dorsal). Ponderar o uso de sedação e da anestesia para realização do procedimento (na grande maioria dos casos não é necessário). se o paciente é submetido a sedações e anestesias ele pode apresentar alterações nas avaliações doppler-fluxométricas. Plano transversal divide o paciente em porção cranial e caudal. Plano dorsal divide o paciente em porção dorsal e ventral. Plano mediano divide o paciente em direita e esquerda. duas porções iguais. Plano sargital/longitudinal também divide o paciente na porção direita e esquerda, no entanto não faz uma divisão exatamente igual. Dependendo do posicionamento do transdutor os planos e cortes se apresentam de formas diferentes.
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