Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROBLEMA 1: FALTA COM BARREIRA Marcelo Geladeira, goleiro do time União de Rondonópolis, foi chamado ao departamento médico do clube para discutir com o profissional o resultado de seu último exame de rotina. Durante a conversa, o médico informa que o leucograma (abaixo) apresentou algumas alterações e, que provavelmente ele estaria com algum tipo de infecção. Dr. Freddie também solicitou exames de atividade de complemento total e integridade do gene IFN-α para avaliar a capacidade de resposta imunológica do jogador. Marcelo ficou surpreso com a informação, já que não estava manifestando nenhum sintoma evidente e questionou ao médico como isto era possível. Dr. Freddie explicou que uma boa parte dos patógenos invasores são rapidamente destruídos, principalmente pela ação de uma barreira de proteção no corpo que reconhece organismos estranhos. Aliviado, Geladeira exclamou: “Ainda bem que essa barreira funciona Doutor porque a do nosso time, só me passa raiva!”. PERGUNTAS 1. O que é o leucograma e qual alteração indica infecção? 2. No que consiste os exames de atividade de complemento total e a integridade do gene IFN-α? 3. O que é a resposta imunológica e quais são os tipos? 4. O que é a barreira de proteção inicial do corpo e quais seus componentes constituintes? 5. Como é feito o reconhecimento de organismos estranhos por essa barreira? HIPÓTESES 1. Exame que indica a concentração de células da série branca sanguínea. Além disso, traz valores de referência que indicam parâmetros, no entanto as unidades de concentração variam de acordo com cada laboratório. O leucograma indicará infecção quando os números estiverem fora dos valores de referência. Em relação aos indicativos, o neutrófilo alto pode indicar infecção por bactérias, eosinófilos dentro do valor referência descarta invasão por helmintos. O monócito vai se diferenciar em macrófago e realizará fagocitose. 2. São exames que avaliam a capacidade da resposta imunológica. Assim, a depender da forma como o indivíduo expressa os componentes do sistema complemento, isso pode desencadear respostas de hipersensibilidade ou perda da capacidade de identificação de patógenos. O exame de atividade de complemento total irá avaliar com mais especificidade os componentes celulares das respostas imunológicas. 3. Mecanismo de reconhecer e responder aos ataques de invasão por substâncias estranhas ao organismo. Os tipos consistes na resposta inata, adaptativa, essa última é subdividida em humoral e mediada por células. Além dessas, existe a divisão em resposta natural e artificial. 4. São componentes anatômicos e fisiológicos naturais do corpo e atuam como uma barreira intrínseca de proteção. Seus componentes são representados por muco, suor, lágrima, cutículas, cílios, vibrissas, células apresentadoras de antígenos, monócitos, células dendríticas. 5. A células responsáveis pelo reconhecimento de agentes invasores, que apresentam receptores de membrana, iniciam a resposta imunológica, o que representa a ativação de outras células ao realizar o deslocamento até os órgãos específicos. Outro fator importante é a liberação de mediadores inflamatórios. OBJETIVOS 1. Compreender a resposta inata. 2. Entender quais são os componentes da resposta inata e seus mecanismos de atuação. 3. Elucidar o mecanismo de reconhecimento de agentes estranhos da resposta imune inata. COMPREENDER A RESPOSTA INATA. ® Sob uma análise filogenética, é a imunidade mais ancestral que existe, porque ela coevoluiu com os próprios microorganismos para garantir todos os outros organismos pudessem sobreviver contra infecções. Exemplos: defensina (plantas), receptores do tipo Toll (insetos). Já a imunidade adaptativa é muito mais tardia, só é observada em animais vertebrados. ® Resposta inicial contra microorganismos, são mecanismos de defesa celulares e bioquímicos que já existiam antes da infecção. Não dependem de exposição prévia, como é o caso da imunidade adaptativa. ® Possui pouca ou nenhuma memória, ou seja, a magnitude e rapidez da resposta após exposições repetidas é quase a mesma. Exceção: células natural killer, que possuem respostas a infecções virais aumentadas quando a exposição é subsequente a um mesmo vírus. Não se sabe quais são esses vírus que deflagram essa resposta aumentada e nem se essa resposta, de fato, geram uma proteção aumentada. ® Os mecanismos da imunidade inata são específicos apenas para determinadas estruturas que são comuns a grupos de microorganismos semelhantes. Não conseguem distinguir diferenças discretas entre substâncias estranhas. Enquanto a imunidade inata reconhece cerca de 1000 produtos, a adaptativa é capaz de responder a milhões de antígenos diferentes. Essa diferença acontece porque os receptores envolvidos no SI inato são codificados por genes já herdados (linhagem germinativa), enquanto os genes que codificam os receptores do SI adaptativo são gerados por uma recombinação dos precursores dos linfócitos. ® Resposta ocorre nas primeiras horas pós-contato, diferente da imunidade adaptativa, que leva de 5 a 7 dias. ® Os três mecanismos que o sistema imune inato usa pra proteger contra infecções são a indução de inflamação, a indução de defesa antiviral e a estimulação da imunidade adaptativa. ® Elimina céls. danificadas e inicia reparo tecidual (macrófagos). ® Estimula e influencia a natureza da resposta adaptativa gerada. ® As células da imunidade inata produzem uma resposta bem menos específica que a da imunidade adaptativa. Elas possuem receptores de membrana = receptores de reconhecimento de padrão (PRR) capazes de reconhecer PAMP/MAMP e DAMP. PAMP/MAMP: Padrões moleculares associados a patógenos ou microorganismos. (Ex. LPS, Hemozoina Plasmodium) DAMP: Padrões moleculares associados a danos teciduais. São moléculas endógenas produzidas ou liberadas por células danificadas ou que estão morrendo. Os DAMPS podem indicar não só uma possível infecção, mas também a presença de toxinas químicas, queimaduras, traumatismos ou perda de suprimento sanguíneo (Ex. sílica, ácido úrico, histonas, proteínas da MEC). Obs: alarminas = são moléculas produzidas por células sadias e ficam dentro delas. No momento em que há um dano celular, essas alarminas são liberadas e estimulam o SI inato, alertando o sistema que algo está causando morte cel. OBS: As células da imunidade adaptativa produzem uma resposta muito mais específica pois cada um dos anticorpos reconhece estruturas diferentes. Já os anticorpos da imunidade inata só reconhecem os padrões PAMP/MAMP e DAMP. O sistema imune possui duas principais reações diante de um patógeno que garantem a proteção do organismo: • Induzindo a inflamação: ocorre o recrutamento de leucócitos circulantes (ex. fagócitos) e proteínas plasmáticas (Acs, fibrinogênio, complemento) para os sítios de infecção, e essas células e proteínas são ativadas para destruir e eliminar não só o agente agressor, como também as próprias células que estão danificadas ou mortas e também quaisquer substâncias anormais que estão naquele tecido, realizando um reparo tecidual. • Mecanismos de defesa antivirais: as células daquele tecido que ainda não são hospedeiras se tornam inabitáveis, e assim o vírus não consegue se alojar e replicar, e as células que já foram infectadas pelo vírus são destruídas, eliminando todos os reservatórios de infecção viral. ENTENDER QUAIS SÃO OS COMPONENTES DA RESPOSTA INATA E SEUS MECANISMOS DE ATUAÇÃO. PRINCIPAIS COMPONENTES DA RESPOSTA IMUNE INATA ® Superfícies epiteliais: bloqueiam a entrada de microorganismos. Ex: pele e revestimento dos TGI e TR. ® Células-sentinela teciduais: detectam microorganismos que conseguiram romper epitélio e iniciam resposta do hospedeiro (macrófagos, células dendríticas e mastócitos) a partir de PRRs (receptores de reconhecimento de padrão) que são receptores contidos nas membranas dessas células que deflagram uma resposta celular por estaremligados a vias de transdução de sinal, inclusive induzindo a produção de moléculas inflamatórias que vão destruir microorganismos. ® Leucócitos, incluindo neutrófilos, macrófagos, células NK e outras, que vem do sangue, invadem o tecido e eliminam o microorganismo e destroem as próprias células danificadas, realizando o reparo tecidual. ® Proteínas plasmáticas, que combatem os microorganismos que entraram na circulação. BARREIRAS EPITELIAIS ® As superfícies epiteliais formam barreiras físicas (separando os microorganismos do meio externo do tecido do hospedeiro) por meio das zônulas de oclusão, também da própria queratina, e no epitélio ainda há compostos químicos antimicrobianos que são produzidos pelas próprias células epiteliais que dão um suporte imunológico extra, porque funcionam como antibióticos produzidos localmente, como as defensinas por exemplo. ® Produtos antimicrobianos das células epiteliais: o Defensinas: produzidas pelas células de Paneth, por exemplo. Tem atração eletrostática com microorganismos e abrem poros na membrana, inviabilizando a sobrevivência do patógeno. o Catelicidina: produzida por neutrófilos e células epiteliais de barreira, conferem proteção por ativar respostas em outros tipos de leucócitos. O LPS, por exemplo, é neutralizado por ação de um fragmento da catelicidina. ® Os epitélios de barreira também possuem linfócitos, que são os linfócitos T intraepiteliais, responsáveis por reconhecer e responder a microorganismos encontrados. Lembrando que essas células T intraepiteliais tem uma resposta diferente dos linfócitos da imunidade adaptativa, porque a quantidade de receptores antigênicos dessas células é muito menor que as células da imunidade adaptativa, mas elas conseguem defender o hospedeiro por meio da secreção de citocinas, da ativação de fagócitos e do ataque às células infectadas, então elas conseguem diminuir os reservatórios microbianos. FAGÓCITOS ® São células que constituem a linha de defesa inicial contra aqueles organismos que conseguem romper as barreiras epiteliais e penetrar o organismo. São principalmente os macrófagos e os neutrófilos. ® Uma comprovação de que os fagócitos são muito importantes, é que se forem analisados pacientes que possuem cânceres de medula (células da linhagem mielóide, sobretudo neutrófilos são destruídos), existe uma frequência alta de infecções letais. ® Existem macrófagos que estão presentes continuamente nos tecidos, atuando como sentinelas, e outros fagócitos (monócitos e neutrófilos) que só são recrutados para os tecidos quando essas células sentinelas geram sinais. CÉLULAS DENDRÍTICAS ® São as células que tem os receptores de reconhecimento de padrão mais diversificados, então elas são bem mais versáteis para conseguir identificar PAMPs e DAMPs. ® Quando as DCs reconhecem os padrões de patógenos ou de lesão celular, elas começam a secretar citocinas inflamatórias, promovendo o recrutamento de vários outros leucócitos adicionais. ® A subpopulação de DCs plasmacitoides constitui a principal fonte de citocinas antivirais (interferon tipo I), que são produzidas em resposta a infecções virais. Isso ocorre por conta da grande quantidade de TLRs endossômicos específicos para ácidos nucleicos, que conseguem reconhecer materiais genéticos microbianos. ® As DCs têm uma importante habilidade de ativar células T na resposta imune adaptativa, inclusive direcionando a diferenciação dos linfócitos T que nunca tiveram contato com o Ag para células efetoras, que vão atuar diretamente na resposta imune (ex. células Th1 produtoras de interferon-γ ou células Th17 produtoras de IL17) produzidas pelas Céls. de Paneth, tem atração eletrostática com microorganismos e abrem poros na membrana. CÉLULAS LINFOIDES INATAS (ILC) PRODUTORAS DE CITOCINAS ® São células derivadas da medula óssea com morfologia de linfócito, ou seja, surgem a partir do mesmo precursor linfoide, mas as etapas de desenvolvimento são diferentes. Então as funcionalidades muitas vezes são análogas, mas nunca iguais. ® As células linfóides não podem ser chamadas de linfócitos, porque elas não expressam receptores antigênicos diversificados como os linfócitos expressam, ou seja, não possuem as TCR (receptores de céls T). ® Existem três tipos de células linfoides inatas: ILC1, ILC2 e IL3. Cada uma delas produzem diferentes citocinas e expressam fatores de transcrição diferentes, de forma análoga aos tipos de linfócitos Th1, Th2 e Th17 dos linfócitos TCD4+. Então, basicamente, vão ser produzidas as citocinas, e os fatores de transcrição vão diferenciando essas células. CÉLULAS NATURAL KILLER (NK) ® Correspondem aos linfócitos citotóxicos (TCD8+) da imunidade adaptativa, só que na inata. ® Função: matar células infectada e secretar IFN-gama, que vai ativar macrófagos e eliminar o que foi fagocitado. ® Encontradas nos tecidos periféricos e raramente no sangue. Abundantes no fígado e na placenta. ® Em exames, essas células NK aparecem como linfócitos grandes, com muitos grânulos citoplasmáticos. ® Proteínas contidas nos grânulos das NK: perforina, que facilita a entrada no citosol da célula-alvo de uma outra proteína, a granzima, que é uma enzima proteolítica Ø RECEPTORES DE ATIVAÇÃO E DE INIBIÇÃO DAS CÉLULAS NK ® As células NK conseguem distinguir as células infectadas das sadias a partir de um equilíbrio que deve existir entre os sinais que são gerados pelos receptores de ativação e pelos de inibição. Os de ativação vão reconhecer as células lesadas e induzem a formação de quinases e os de inibição reconhecem as células sadias normais e contrapõe essas quinases, “desligando” a atividade da célula NK. Então se os receptores de inibição reconhecem muitas moléculas do MHC de classe I, que são proteínas que ficam na superfície de células saudáveis, a ativação da NK é inibida. Resumindo: as células NK interpretam a presença de moléculas de MHC de classe I como marcadores do normal e sadio. Se elas estão ausentes, há um indicativo de infecção ou dano. ® As citocinas podem intensificar a resposta das células NK, então a presença de algumas interleucinas específicas e de interferons do tipo I vão estimular a secreção de IFN-gama independente dos receptores de ativação e inibição. LINFÓCITOS T E B COM DIVERSIDADE LIMITADA DE RECEPTOR ANTIGÊNICO ® São células com funções análogas às dos linfócitos T e B mas que apresentam receptores com pouquíssima diversidade. MASTÓCITOS ® São células sentinelas presentes na pele, nas mucosas e nos tecidos conjuntivos. ® Essas células são repletas de grânulos. Quando é detectado algum produto microbiano, elas respondem rapidamente e já secretam o conteúdo desses grânulos, que são mediadores inflamatórios, como a histamina (vasodilatação) e enzimas proteolíticas, que vão matar ou inativar micróbios ou toxinas. ® Também sintetizam e secretam mediadores lipídicos (prostaglandinas) e citocinas (TNF). ® Os produtos dos mastócitos também conferem defesa contra helmintos e são responsáveis pelos sintomas alérgicos. MOLÉCULAS EFETORAS SOLÚVEIS DE IMUNIDADE INATA – RAMO HUMORAL DA IMUNIDADE INATA ® Muitas moléculas responsáveis pela imunidade inata são solúveis e ficam no sangue e nos fluidos extracelulares. Essas moléculas são chamadas de ramo humoral da imunidade inata e atuam de duas formas: o Atuam como opsoninas, que é quando se ligam aos microorganismos e intensificam a capacidade dos macrófagos e neutrófilos de fagocitar eles. Isso ocorre porque essas células possuem receptores para opsoninas. o Promovem respostas pró-inflamatórias a partir do momento que trazem mais fagócitos para os sítios de infecção, ou seja, aumentando a capacidade de eliminar esses microorganismos. SISTEMA COMPLEMENTO ® São várias proteínas que atuam de forma conjunta (EM CASCATA) na opsonização, ou seja, recrutam fagócitos para aquele sítio de infecção e até podem destruir diretamente os microrganismos. ® É preciso uma cascataproteolítica para que o sistema complemento seja ativo: uma enzima precursora (inativa) se torna protease ativa, que cliva a ativação de uma próxima proteína que estava inativa, e assim por diante. Por acontecer em cascata, esse processo resulta em uma amplificação desses produtos muito grande, porque vão sendo gerados, etapa por etapa, várias enzimas ativas que têm um poder proteolítico, então vão ser elas que vão exercer no sistema complemento as funções efetoras. ® A ativação do sistema complemento pode ser feita de 3 formas diferentes, e o que essas vias têm em comum é a formação de C3a e C3b, que são proteínas que vão induzir a inflamação e a formação de outras proteínas, pra, no fim do processo, ser formado o complexo de ataque à membrana, que basicamente vai criar “furos” na MP do microorganismo. ® O início de toda a ativação do sistema complemento acontece com o reconhecimento de moléculas que estão no próprio microorganismo, então o sistema complemento NÃO reconhece as moléculas que estão na célula do hospedeiro. Esse reconhecimento pode ocorrer de 3 formas (3 vias de ativação): o VIA CLÁSSICA: foi a primeira a ser descoberta, e esta relacionada com a detecção de ANTICORPOS a partir de proteínas plasmáticas. A chamada C1q, que é a proteína que inicia a resposta pela via clássica, detecta anticorpos, ativam outras proteínas da cascata proteolítica ate que haja toda a resposta inflamatória e seja formado o complexo de ataque a membrana, que vai ser responsável pela lise das células que tem o complemento ativado. o VIA ALTERNATIVA: está relacionada à identificação de padrões estruturais que ficam na superfície do microorganismo a partir de uma proteína chamada de C3. Em geral, as proteínas do sistema complemento não conseguem identificar moléculas da própria célula do hospedeiro, mas essa proteína C3 até consegue, só que existem proteínas reguladoras que inibem esse C3, então existe um mecanismo que distingue o próprio organismo e os microorganismos. o VIA DA LECTINA: está relacionada à uma proteína que é a MBL, que significa lectina ligante de manose. Essa proteína deflagra toda a via quando ela reconhece resíduos de manose, que são presentes em glicolipídeos e glicoproteínas de microorganismos. Assim que essa MBL se liga ao microorganismo, dois precursores enzimáticos (MASP1 e MASP2) se associam à MBL e é iniciada a cascata proteolítica, de forma idêntica à via clássica. PENTRAXINAS ® São proteínas plasmáticas de formato pentamérico que conseguem reconhecer vários tipos de microorganismos, incluindo fungos, bactérias e vírus. ® Dentre essas proteínas, estão as pentraxinas curtas, a proteína C reativa (CRP), o amiloide P sérico (SAP) e a pentraxina longa PTX3. o CRP e SAP: reconhecem dois ligantes moleculares que ficam nas membranas de bactérias (respectivamente: fosforilcolina e fosfatildiletanolamina) que são expostas nas células apoptóticas. ® A maior parte das pentraxinas tem relação com o sistema complemento por justamente iniciarem a via clássica. A CRP, por exemplo, consegue se ligar à C1q, que é a proteína que vai detectar anticorpos e iniciar toda a via clássica. ® A concentração da CRP costuma ser bem baixa em indivíduos saudáveis, e inclusive são muito importantes e comuns em exames para avaliar processos inflamatórios e infecciosos porque elas aumentam muito quando há uma resposta imune (até 1000 vezes). O processo de aumento dessa CRP é que assim que são produzidas citocinas IL-6 e IL-1 pelos fagócitos, o fígado começa a sintetizar as CRP pra garantir uma resposta aguda da reação inflamatória, por isso essas proteínas são chamadas de reagentes de fase aguda. ® A PTX3 é um tipo de pentraxina que é produzida por vários tipos de células e conseguem reconhecer moléculas de vírus, bactérias e fungos, e a partir disso vai ativar a via clássica do complemento, ou seja, vai induzir toda a cascata proteolítica do complemento. COLECTINAS E FICOLINAS ® COLECTINAS: proteínas que tem uma cauda de colágeno e uma cabeça de lectina dependente de cálcio. o A MBL (lectina ligante de manose) é um exemplo de colectina, e ela atua tanto como receptor de reconhecimento de padrão (se liga a manose e fucose), como também como opsonina, porque ela consegue intensificar o processo de fagocitose de microorganismos, porque ela vai conectar o fagócito ao microorganismo. ® FICOLINAS: são proteínas que parecem com as colectinas (tem o domínio de colágeno) mas a diferença é que elas ao invés de ter o domínio de lectina tipo C, tem o domínio de fibrinogênio, que reconhece carboidratos, incluindo um componente de PC de bactérias gram-positivas que é a N-acetilglicosamina. ATUAÇÃO DO S.I. INATO: INFLAMAÇÃO, INDUÇÃO DE DEFESA VIRAL E ESTÍMULO À IMUNIDADE ADAPTATIVA RESPOSTA INFLAMATÓRIA ® É a principal forma de defesa do sistema imune inato. ® Consiste no acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e líquidos provenientes do sangue para aquele sítio de infecção ou lesão. Quando acontece essa lesão tecidual ou infecção, essas estrututas são recrutadas para o sítio e lá, essas células e proteínas passam a desempenhar sua função efetora, que é tanto de matar os microorganismos dali quanto de iniciar um processo de reparo tecidual. ® Tipicamente, o primeiro leucócito a ser recrutado é o neutrófilo, que é o mais abundante e o que responde mais rapidamente aos sinais quimiotáticos. Logo depois, começam a ganhar espaço os macrófagos, que podem inclusive dominar algumas reações, e também as proteínas plasmáticas, principalmente as do sistema complemento, os anticorpos e os reagentes de fase aguda (proteína C reativa). E o que vai determinar como essas proteínas e células vão se distribuindo ao longo do tecido é principalmente, o quanto o fluxo sanguíneo daquele lugar aumentou (vasodilatação), o quanto os leucócitos conseguem se aderir ao endotélio e a permeabilidade dos vasos a essas proteínas. Então, basicamente: os PAMPs e DAMPs são reconhecidos, as citocinas e os mediadores das células sentinelas indicam uma infecção ou dano e a partir dai começam as alterações nos vasos e no tecido afetado. ® Essa inflamação pode ser aguda, durando de minutos a dias, e pode ser crônica, que é quando a inflamação não consegue ser eliminada e o próprio tecido começa a sofrer processos de transformações, como a fibrose e a angiogênese. CITOCINAS PRÓ-INFLAMATÓRIAS: São proteínas de sinalização produzidas por vários tipos de células (principalmente fagócitos) e atuam nas células próximas, inclusive estimulando a produção de novas citocinas (cascata). Elas induzem inflamação, inibem replicação viral, promovem resposta por céls T e limitam respostas inatas. TNF: é um mediador que tem esse nome porque a primeira ação observada foi a necrose em tumores, mas hoje se sabe que ele tem uma participação muito importante na resposta inflamatória aguda, principalmente de bactérias. O TNF é produzido principalmente por macrófagos a partir da detecção de PAMPs e DAMPs, e vários receptores, como os TLR, NLR, RLR e CDS podem induzir a expressão genica do TNF. O TNF é responsável por muitas doenças inflamatórias humanas, tanto que o tratamento para muitas dessas doenças é feito por agentes anti-TNF. INTERLEUCINA-1: Tem praticamente a mesma atividade do TNF, mas é produzido por muitas outras células além dos macrófagos. Existem 2 formas de IL1 (IL-1α e IL-1β) que tem as estruturas bem diferentes, mas se ligam aos mesmos receptores e tem as mesmas funções. O próprio TNF consegue estimular fagócitos a produzirem IL1, por isso que as atividades biológicas são parecidas. INTERLEUCINA-6: Também gerada por várias células (como a IL1), possui efeitos locais e sistêmicos. Induz a síntese de agentes hepáticos de fase aguda, estimula a produção de neutrófilos e promove a diferenciação de células TCD4, que produzem IL17. A IL6 é responsável pela inflamação de várias doenças, como a artrite reumatoide, inclusive são utilizadosanticorpos específicos para o receptor de IL6 no tratamento de alguns tipos de artrite. INGESTA E KILLING DE MICROORGANISMOS POR FAGÓCITOS ATIVADOS FAGOLISOSSOMO: local onde os mecanismos microbicidas estão concentrados. Os mais importantes são: • Espécies reativas de oxigênio (ROS): são agentes oxidantes que possuem radicais livres, então são muito reativos. São produzidos por neutrófilos e macrófagos que convertem oxigênio molecular em ROS. • Espécies reativas de oxigênio, principalmente óxido nítrico: reagem com compostos dentro do fagolisossomo e formam outros compostos que matam a célula. • Enzimas proteolíticas: principais são a elastase e a catepsina G. Atuam destruindo microorganismos. Os neutrófilos também matam microorganismos por extrusão do DNA e do conteúdo dos seus grânulos (se sacrificam pra matar o microorganismo, como uma teia), formando a chamada armadilha extracelular de neutrófilo (NET) CONSEQUÊNCIAS SISTÊMICAS E PATOLÓGICAS DA INFLAMAÇÃO Ø Febre: TNF e IL1 atuam no hipotálamo e induzem elevação da temperatura corporal. A aspirina, por exemplo, vai agir bloqueando a ação dessas citocinas, bloqueando essa indução de febre pelas prostaglandinas. Ø Se o estímulo para produção de citocinas for muito grande (grave), o TNF aumenta tanto que passa a circular pela corrente sanguínea e atuar em sítios distantes dos da infecção, causando efeitos como grande diminuição de PA (inibe contração do miocárdio e da musculatura lisa vascular), trombose, caquexia (desgaste de células adiposas e musculares) e o pior, que é o choque séptico, que é quando há um colapso vascular por conta de todos os efeitos dos altos níveis de TNF. RESPOSTA ANTIVIRAL ® A resposta antiviral ocorre principalmente a partir dos interferons do tipo I, que tem uma ação na replicação viral, que vai ser inibida por ele. Chamados de interferon justamente porque interferem na replicação do vírus. ® Existem vários tipos de interferons I, mas os principais são o alfa e o beta, que são produzidos por diferentes células sempre que há estímulo, e o estímulo mais importante é a presença de acido nucleico viral. ® Os interferons do tipo I também atuam na imunidade adaptativa, porque eles conseguem aumentar a citotoxidade de linfócitos TCD8, e também das células NK (imunidade inata) ESTIMULAÇÃO DA IMUNIDADE ADAPTATIVA ® A imunidade inata fornece sinais que vão atuar junto com o antígeno nas respostas adaptativas, que envolvem principalmente a diferenciação de linfócitos em T e B específicos. Esse processo é chamado de hipótese dos dois sinais, que é basicamente a ideia de que é necessário um requerimento de resposta do antígeno e outro deflagrado pelo próprio sistema imune inato. MECANISMOS QUE LIMITAM AS RESPOSTAS IMUNES INATAS ® Esses mecanismos servem para limitar que a resposta inflamatória chegue ao ponto de causar danos ao próprio tecido (feedback negativo) ® IL-10: citocina produzida por macrófagos e DCs que inibe sua própria ativação ® Antagonista do receptor de IL-1: sua produção é induzida pelos próprios estímulos para produção de IL1, atuando como “isca”, ou seja, inibe de forma competitiva a ligação do IL1 ao receptor sinalizador. ® Proteínas supressoras da sinalização de citocina: bloqueiam os sinais ativadores gerados pelas citocinas ELUCIDAR O MECANISMO DE RECONHECIMENTO DE AGENTES ESTRANHOS DA RESPOSTA IMUNE INATA. RECEPTORES DO TIPO TOLL (TRL) ® É uma família de receptores glicoproteicos de reconhecimento de padrão que são expressos em vários tipos de células, e esses receptores conseguem reconhecer vários tipos de microorganismos e moléculas que são liberadas por células que estão sob uma condição de estresse ou processo de morte. ® Se tratando de mamíferos, os TRLs sempre vão responder a moléculas produzidas por todas as classes de microorganismos, mas não pelas células sadias. o Exemplos de ligantes que são produtos de microorganismos (PAMPs) § Lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular de bactérias § Flagelina, uma subunidade proteica componente dos flagelos das bactérias móveis o Exemplos de ligantes envolvidos na indicação de dano celular (DAMPs) § Proteínas de choque térmico (HSP), induzidas em resposta a estresse celular § Proteína de alta mobilidade do grupo box 1 (HMGB1), uma proteína de ligação ao DNA envolvida na transcrição e no reparo do DNA Obs: essas duas proteínas, HSP e HMGB1, geralmente são intracelulares, mas também podem sair da célula quando são liberadas de células lesadas ou que estão morrendo. Nesse caso, essas proteínas ativam a sinalização de receptores Toll do tipo 2 e 4 (TLR2 e TLR4) em macrófagos, em células dendríticas e outros tipos celulares. ® O TRL tem uma grande especificidade por conta da existência de módulos extracelulares ricos em leucinas desses receptores, que vão se ligando de forma direta ou aos PAMPs ou às moléculas que se adaptam e ligam aos PAMPs. Então cada um dos TLRs vão apresentar várias repetições de leucina, em módulos, e cada um desses módulos vão ter conjuntos de leucinas, outros aminoácidos e asparagina, além de resíduos de aminoácidos que vão diferenciar os diversos tipos de TLRs. E quando esses domínios ricos em leucina se ligam ao ligante, que pode ser um PAMP, por exemplo, formam-se interações físicas entre os próprios TLRs, formando dímeros. E quando esses dímeros vão sendo formados, vai acontecendo um processo de heterodimerização, que é muito importante para garantir que haja um repertório de especificidade. Essa heterodimerização acontece da seguinte forma: Quando os dímeros vão sendo formados, quando o ligante se liga aos domínios de leucina, os próprios dímeros vão interagindo uns com os outros também. ® Os TLRs são encontrados na superfície das células e também em membranas intracelulares, então elas são capazes de reconhecer microorganismos localizados em diferentes localizações celulares. Exemplos: o TLRs 1, 2, 4, 5 e 6: expressos na membrana plasmática, e lá reconhecem os PAMPs que estão no ambiente extracelular. Então, estímulos vindos de bactérias, por exemplo, que estão fora da célula, vão promover essa resposta imune inata a partir da ligação desses produtos a esses TLRs. O LPS bacteriano, por exemplo, que é um componente da membrana exterior de bactérias GRAM- e é quem vai conferir a patogenicidade (endotoxina), vai se ligar ao TLR4, e, a partir daí, induzir toda a resposta imune. o TLRs 3, 7, 8 e 9: expressos principalmente dentro das células, no retículo endoplasmático e nas membranas dos endossomos, e esses TLRs conseguem detectar ácidos nucleicos estranhos, que no caso serão do microorganismo. Por exemplo: Quando uma célula é infectada por um microorganismo que possui em seu genoma um RNA de fita dupla, esse RNA vai se ligar a um TLR específico que é o TLR3, se tiver RNA de fita simples, esse RNA vai se ligar ao TLR7 e ao TLR8. É importante lembrar que não são só microorganismos que possuem RNA de fita simples ou dupla, mas como esses TLRs vão estar no endossomo, muito possivelmente esse RNA pertence sim a um microorganismo, porque o RNA da célula hospedeira, obviamente, não vai estar em um fagossomo de uma célula de defesa (neutrófilo, DC, macrófago). ® Quando o TLR reconhece um ligante microbiano, ele começa a ativar várias outras vias de sinalização e também fatores de transcrição, então assim que o ligante é reconhecido, vários outros genes que induzem respostas inflamatórias vão sendo expressos, inclusive genes que induzem respostas antivirais. o Como isso acontece? Quando o ligante (do microorganismo) se conecta à superfície da célula, ou no retículo endoplasmático, ou nos endossomos, que é onde pode estar o TLR, o ligante induz o TLR a formar dímeros, e esses dímeros vão aproximando as caudas citoplasmáticas das proteínas que possuem o domínio TIR e isso vai recrutando várias proteínas (adaptadoras) que possuem esse domínio. Esse recrutamento é muito importante porquevárias proteínas quinases vão sendo ativadas e essa ativação das quinases leva à ativação de vários outros fatores de transcrição que auxiliam na resposta imune. § Dentre todos os fatores de transcrição que vão sendo ativados a partir desse reconhecimento do TLR, os mais importantes são o fator nuclear kB (NFkB), a proteína de ativação 1 (AP1), o fator regulador de interferon 3 (IRF3) e IRF7. Cada um tem uma função: NFkB e AP1 estimulam expressão de genes que codificam moléculas inflamatórias (ex. TNF, IL-1, quimiocininas) e IRF3 e IRF7 promovem a produção de interferons I (IFN-α e IFN-β), importantes para respostas inatas antivirais. RECEPTORES CITOSÓLICOS PARA PAMPS E DAMPS ® Além de receptores localizados na membrana (TLRs), que conseguem perceber patógenos presentes do lado de fora da célula ou nos endossomos, o sistema imune inato também apresenta mecanismos de reconhecimento de padrões de infecções ou danos celulares dentro da própria célula, no citosol. Existem 3 tipos principais de receptores citosólicos: do tipo NOD, do tipo RIG e os sensores de DNA citosólico. Assim como nos TLRs, os receptores citosólicos também estão conectados a uma via de transdução de sinal, então eles também induzem respostas de inflamação e de produção de interferon do tipo I (resposta antiviral) ® A detecção de infecções no citosol é importante porque parte do ciclo de vida de alguns microorganismos ocorre justamente no citosol. Ex: tradução de genes virais, montagem de partículas virais. E também, algumas bactérias conseguem escapar das vesículas fagocíticas, a partir de toxinas que elas produzem que criam poros nas membranas do hospedeiro, e acabam ficando no citosol. RECEPTORES DO TIPO NOD (NLR): NOD1 E NOD2 ® Família com mais 20 proteínas citosólicas diferentes, nas quais algumas reconhecem PAMPs e DAMPs e recrutam outras proteínas pra que seja formado um complexo de sinalização que tem como objetivo promover a inflamação. ® Encontrados em vários tipos celulares, principalmente em células imunes, inflamatórias e de barreira epitelial ® Constituição dos NLRs: o Um domínio de repetição rico em leucina C-terminal, que vai perceber a presença do ligante o Um domínio NOD (também chamado de NACHT) central, necessário para a ligação de um NLR com outro, formando oligômeros o Um domínio efetor N-terminal, que recruta outras proteínas para formar complexos de sinalização (é o que vai diferenciar os diferentes NLRs) ® Existem três subfamílias de NLRs: o NLRB, que tem o domínio efetor BIR o NLRC, que tem o domínio efetor CARDs. São sensores de PAMPs bacterianos e estão no citosol de várias células, incluindo células de mucosa e fagócitos. Respondem ao peptideoglicano da PC de bactérias. • NOD1: reconhece o DAP, que é um peptídeo derivado do peptídeoglicano de bactérias GRAM-. • NOD2: nas células de Paneth do intestino delgado. Estimula a expressão das defensinas, que são substâncias antimicrobianas. Inclusive, a doença de Crohn é causada por um defeito na síntese dessa proteína, que passa a reconhecer organismos comensais do próprio intestino, deflagrando uma resposta inflamatória crônica. o NLRP, que tem o domínio efetor pirina (encontrados em proteínas que causam a febre) ® Quando oligômeros de NODs reconhecem seus ligantes, ocorre uma mudança conformacional e os domínios efetores CARD passam a recrutar cópias múltiplas da quinase RIP2, formando um complexo sinalizador que ativam outras moléculas que induzem a inflamação. SENSORES DE DNA CITOSÓLICO (CDS) E A VIA STING ® Os sensores de DNA citosólico (CDSs) são moléculas capazes de detectar DNA de fita dupla de microorganismos que estão no citosol e ativar vias de sinalização que vão iniciar uma resposta antimicrobiana, principalmente envolvendo a autofagia (degrada a própria célula) e a produção de interferon do tipo I (antiviral). ® Como o sistema consegue diferir o DNA do microorganismo do DNA do hospedeiro e reagir apenas ao DNA microbiano? A partir da localização desses sensores. A maioria está no citosol, local onde obviamente não se encontra DNA do próprio hospedeiro humano. ® VIA STING: é um mecanismo que por meio da ativação do DNA de fita dupla do microorganismo gera a expressão do gene de interferon I (gerando resposta imune). Além disso, a via STING também estimula a autofagia, que é muito importante para que os microorganismos sejam destruídos por enzimas proteolíticas. A imunidade inata também possui sensores de DNA citosólico que atuam por vias independentes de STING: RECEPTORES DO TIPO RIG (RLR) ® São sensores citosólicos de RNA viral que respondem induzindo a produção de interferons do tipo I, que são antivirais. Esses receptores são expressos em várias células, incluindo os leucócitos e células teciduais, e vão permitir que seja montada uma resposta imune ao vírus naquelas células mais susceptíveis a uma infecção vital. ® Podem reconhecer RNA de fita dupla e heterocomplexos RNA-DNA. ® Os dois RLRs mais bem caracterizados são o RIG-1 e o MDA5, que são proteínas que possuem dois domínios de recrutamento de caspase N-terminais, que vão interagir com outras proteínas sinalizadoras, um domínio RNA- helicase e um domínio C-terminal. Os domínios RNA-helicase e C-terminal são os que reconhecem o RNA. INFLAMASSOMOS ® São complexos de várias proteínas localizados no citosol que são formados em resposta aos PAMPs e DAMPs no citosol. Sua função é gerar formas ativas das citocinas inflamatórias IL-1β e IL-18. Essas citocinas naturalmente são inativas, quando há a necessidade de uma resposta inflamatória elas são clivadas pela enzima caspase-1, para que elas se tornem ativas e depois possam ser liberadas da célula, para de fato prover essa inflamação. ® Como os inflamassomos são formados e as citocinas ficam ativas? Quando existe PAMPs ou DAMPs no citosol, ou então quando as proteínas sensoras que estão no citosol detectam alguma alteração de moléculas ou íons da própria célula (ex. diminuição de K+ no citosol), são formados os inflamassomos, que são compostos por um sensor, a enzima caspase-1 e um adaptador que liga os dois. Só que esse sensor só consegue ser formado quando há algum PAMP/DAMP detectado ou alguma alteração celular que indique uma infecção ou dano. ® Em resposta aos sinais de infecção ou dano celular, os sensores começam a ligar com outras proteínas (domínios se interagem), formando assim o chamado COMPLEXO inflamassomo. ® Existem algumas condições que acontecem a partir da formação do complexo inflamassomo, além da resposta inflamatória por meio das citocinas: o Geração de espécies reativas de oxigênio (produzidos durante lesão celular causada pelos cristais ativadores do inflamassomo) o Morte celular programada de macrófagos e células dentríticas (mas não de outros tipos celulares) chamada de piroptose, que se caracteriza pelo inchaço das células, perda de integridade da MP e liberação de vários mediadores inflamatórios, incluindo interleucinas e TNF. ® GOTA: doença inflamatória que provoca muita dor nas articulações, em função do deposito de cristais nas articulações. Quando esses cristais são fagocitados (organismo entende que é um corpo estranho), eles acabam danificando a membrana dos lisossomos, e essa lesão acaba ativando os inflamassomos, e isso provoca uma inflamação. Por isso, o tratamento de casos graves é feito com antagonistas de IL-1, pra justamente inibir essa resposta inflamatória. ® SILICOSE e ASBESTOSE: quando o indivíduo inala essas substâncias (doença ocupacional), também é gerada uma resposta inflamatória crônica, sendo que o bloqueio do inflamassomo ou IL-1 também é um possível tratamento. ® SÍNDROMES AUTOINFLAMATÓRIAS: ativação desregulada do inflamassomo devido mutações nas proteínas que o constituem gera uma produção de IL-1 inadequadamente deflagrada e excessiva, gerando crises de febre e inflamações localizadas (pele) frequentes. ® Recentemente, foram observados substâncias endógenasque também deflagram uma resposta inflamatória, incluindo cristais de colesterol em macrófagos na aterosclerose, lipídeos no tecido adiposo na síndrome metabólica associada à obesidade e DM2. Essa ativação do inflamassomo nessas situações estimulam a produção de IL-1 e inflamação, que podem inclusive piorar os quadros dessas doenças. OUTROS RECEPTORES DE RECONHECIMENTO DE PADRÃO ASSOCIADO À CÉLULA RECEPTORES LECTINA TIPO C (CLR) PARA CARBOIDRATOS MICROBIANOS ® São receptores que se ligam a carboidratos (por meio de um domínio de reconhecimento a carboidratos) presentes na superfície de microorganismos de forma dependente de Ca2+ (daí tipo C), facilitando ou a fagocitose desses microorganismos ou a secreção de citocinas promotoras de inflamação. ® São proteínas integrais de membrana localizadas nas superfícies de células fagocíticas (macrófagos, céls. dendríticas) e algumas células teciduais que reconhecem carboidratos que estão presentes nas paredes celulares de microorganismos e ausentes nas células do corpo humano (são considerados PAMPs). Existem vários tipos de lectinas tipo C, cada uma delas tem uma especificidade de carboidrato que é capaz de reconhecer (manose, glicose, β-glucana). Exemplos de lectinas tipo C: • Receptor de manose (CD206), envolvido na fagocitose de microorganismos que tem alguns carboidratos específicos, como a D-manose, na superfície. • Dectinas, que se ligam à um carboidrato da parede de fungos (β-glucana). • Langerina (CD207) e DC-SIGN (CD209), expressos em células dentríticas. Inclusive o DC-SIGN é quem se liga às glicoproteínas do envelope do vírus da hepatite C e do HIV, então é um receptor com papel patogênico. RECEPTORES SCAVENGER ® Conjunto diversificado de proteínas de superfície celular que mediam a captação de lipoproteínas oxidadas para dentro das células. ® Há uma ampla gama de estruturas que conseguem se ligar ao receptor scavenger, como o LPS, ácido lipoteicoico, ácidos nucleicos, β-glucana e proteínas. ® Vários patógenos microbianos produzem fatores de virulência que conseguem bloquear o reconhecimento e a fagocitose mediada pelo receptor scavenger. RECEPTORES FORMIL-PEPTÍDEO-1 (FPR1) ® Localizado em leucócitos. Reconhece peptídeos bacterianos que possuem resíduos de N-formilmetionil, que é presente em todas as proteínas bacterianas e interfere na motilidade celular por meio de alterações do citoesqueleto.
Compartilhar