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Analise comparativa do conto Amor de Clarice Lispector e a música Desconstruindo Amélia de Pitty

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Governo do Estado do Rio Grande do Norte
Secretaria do Estado, de Educação e da Cultura – SEEC
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Faculdade de Letras e Artes – FALA
Departamento de Letras Estrangeiras – DLE
Aluno (a): Cecilia Carolina Lamas Zamorano
Analise comparativa do conto Amor de Clarice Lispector e a música Desconstruindo Amélia de Pitty 
 O conto inicia-se com Ana subindo no bonde com uma sacola tricô cheia de compras: nessa noite receberia parentes para o jantar. O narrador em 3ª pessoa diz: “Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação”. (LISPECTOR, 1974, p. 21). Na construção da personagem de Clarice, Ana simboliza a dona de casa de classe média que, tal como inúmeras mulheres pelo mundo a fora, cumpriu com as expectativas sociais, casando e constituindo família. Assim, o seu cotidiano passou a ser preenchido com as tarefas da casa e a criação dos filhos, afastando-a do mundo lá fora, de suas surpresas e nas palavras do narrador, ela "viera a cair num destino de mulher".  Todas as suas preocupações e o todo o seu tempo começaram a ser dedicados ao marido, aos filhos e às lidas da casa, caindo no estereótipo da mulher que desiste e esquece de si mesma para se concentrar apenas na família. Ana é a consequência real de suas escolhas. Adiante o leitor tem duas informações que confirmam o que foi dito: “No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir “a raiz firme das coisas.” Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher”. 
 Podemos ver a grande semelhança na construção de personagem na composição música de Pitty “Descontruindo Amélia” porque na apresentação dos versos da primeira estrofe apresenta o “padrão” ideal de mulher ainda era aquela dona do lar, solidária e omissa consigo mesmo. 
 Já é tarde, tudo está certo
 Cada coisa posta em seu lugar
 Filho dorme, ela arruma o uniforme
 Tudo pronto pra quando despertar
 Nos versos da segunda estrofe “Ela foi educada pra cuidar e servir; De costume, esquecia-se dela, Sempre a última a sair “Isso se justifica, talvez, pelo fato de culturalmente estar enraizado, desde cedo na educação das crianças. Menina brinca de casa de bonecas já fixando esse papel da mulher de dona de casa e menino só pode brincar de bola e carrinho. No conto de Clarice podemos enxergar esta mesma afirmação quando a reflexão acerca da "vida de adulto" que construíra, é notória a insatisfação de Ana, expressa pelas palavras "também sem felicidade se vive". A repetição da frase "Assim ela o quisera e escolhera". (pp. 22-23). Sublinha a sua responsabilidade pelo modo como vivia, e também a sua acomodação, a “grande aceitação” que voltava ao seu rosto no "final da hora instável". Mas todo isto estava a prestes a mudar quando resolve sair de compras e no bonde na qual ela ia no caminho ela tem a visão do cego mascando goma no escuro, de forma mecânica, repetitiva, sem conseguir enxergar aquilo que o rodeia, parece ser metáfora do jeito que Ana leva sua vida na escuridão das coisas que ela se privava do mundo como se estivesse de olhos fechados, repetia a sua rotina dia após dia, sem ver aquilo que existia além das paredes da sua casa. Ana passa de mulher previsível e conformada à mulher “espantada”, repleta de questionamentos, dúvidas e incapaz de controlar-se, deixando a cesta de ovos cair. A quebra dos ovos indica a ruptura com o cotidiano, com o ser dona de casa. “Essa visão a liberta da rotina de acontecimentos previsíveis e devolve-lhe a possibilidade de uma existência
 Já na visão de da canção não mostra o que provocou o rompimento dessa da rotina cotidiana de Amélia simplesmente ela decide-se libertar, podemos contatar nos seguintes versos:
 Disfarça e segue em frente
 Todo dia até cansar
 E eis que de repente ela resolve então mudar
 Neste momento a personagem do conto passa por uma crise de identidade depois de sair na estação errada do bonde e dá um passeio no Jardim Botânico, esquecendo suas obrigações. Durante algum tempo, fica tentada a mudar de vida, largar tudo e cair no mundo, explorar o desconhecido. Aqui nos encontramos no mesmo ponto da análise, as duas personagem Ana e Amélia decidem mudar de vida. Amélia se comprova que decidiu mudar sua vida comprovados pelos seguintes versos da penúltima e última estrofe: 
 Depois do lar, do trabalho e dos filhos
 Ainda vai pra night ferver
 
 Disfarça e segue em frente
 Todo dia até cansar
 E eis que de repente ela resolve então mudar
 Vira a mesa, assume o jogo
 Faz questão de se cuidar Nem serva, nem objeto 
 Mas na personagem de Clarice, Ana ao retomar o convívio com sua família, é novamente invadida pelo amor que sente por eles e esquece as suas ideias de fuga, retomando a sua rotina e a sua vida protegida. É o amor, título do conto, que conduz esta mulher. Por amor ao marido e aos filhos se dedica inteiramente a agradá-los e a cuidar deles, a ponto de esquecer a epifania que a dominou horas antes no jardim Botânico e a vontade viver outras vidas, experiências outras formas de ver o mundo: Acima de qualquer epifania, ânsia ou curiosidade de partir à descoberta do desconhecido, Ana ama a sua família. No final do dia, mesmo depois de tudo o que viu e sentiu, escolheu continuar vivendo do mesmo modo, por amor. 
 As duas personagens representam um estereótipo de mulher a qual a sociedade exige, mas duas decidem romper essas barreiras conseguem enxergar uma vida diferente â rotina diária, mas sendo só uma delas que consegue ultrapassar essas barreiras (Amélia-Pitty) talvez seja pela época diferente na qual as personagens formam criadas porque Ana não muda decide não mudar de vida porque ela ama a sua família, ama o que faz e sente protegida e segura no seu seio familiar.

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