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RELATÓRIO ENTREVISTAS SOBRE PANDEMIA DO COVID-19

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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA – 2º E 3º PERÍODOS
DISCIPLINA: Processos Psicológicos Básicos II
DOCENTE: Carla Mitsue Ito
DISCENTES: Adriana Alves Ribeiro Batistella
 Ana Paula Pereira
Patrícia Gaby Vieira Rego
Marlúcio Lima Paes
Roberta Bento Tavares
RELATÓRIO SOBRE ENTREVISTAS REALIZADAS PARA COMPREENDER OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID19 
Porto Velho – RO
Junho de 2021
1. INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019 foram registrados os primeiros casos de uma doença misteriosa em um hospital de Wuhan, na China, e a maioria das vítimas eram frequentadores de um mercado atacadista de animais.
Em pouco tempo a doença foi se espalhando e os cientistas mapearam isolaram e estudaram o novo vírus que ficou conhecido como coronavírus e causa a doença respiratória aguda, a síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV2), e passou a ser definida como COVID-19. 
Já em janeiro de 2020 a Organização Mundial de Saúde admite que o risco de epidemia da COVID-19 é alta, ocasionando o estado de alerta no mundo. 
O Ministério da Saúde no Brasil em fevereiro de 2020 ampliou a lista de países em alerta para o coronavírus incluindo, Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã, Camboja e China. Ainda em fevereiro, surgiram os primeiros casos suspeitos no território brasileiro, sendo confirmado o primeiro caso, o paciente é um homem de 61 anos que viajou à Itália, e deu entrada no Hospital Albert Einstein. 
No dia 11 de março de 2020, o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pronunciou que a COVID-19 seria, a partir de então, caracterizada como uma pandemia. Poucos dias após o pronunciamento da OMS foi confirmado o primeiro óbito no Brasil, em São Paulo, e no mesmo dia dois pacientes com teste positivo para coronavírus também faleceram. Diante deste cenário, conforme orientação dos órgãos de saúde, a melhor medida para reduzir o número de contágio por coronavírus são os cuidados de higienização das mãos e rosto, e o isolamento social.
Esperava-se à época que a medida de isolamento social durasse poucos meses e, em algumas esferas governamentais, a gravidade da doença foi subestimada. 
A consequência foi desastrosa, resultando em 482.135 mortes, segundo o Consócio de Veículos de Imprensa no Brasil, em 10.06.2021, bem como na economia. O Banco Mundial publicou uma matéria no dia 5 de maio de 2021 e relatou o seguinte:
A pandemia atinge a economia do Brasil de três formas: 1) um choque de demanda externa, causado pelo fechamento das economias de outros países, 2) um choque de demanda interna (principalmente no consumo privado), decorrente do fechamento da economia brasileira; e 3) um choque no preço do petróleo, que prejudica o Brasil em sua condição de exportador líquido de petróleo. O impacto combinado desses três choques empurrará a economia para uma recessão.
A junção desses fatores: isolamento social ocasionando bruscas mudanças na rotina, medo do adoecimento e de morte em decorrência da doença, possibilidade de desemprego e perda de renda, em outros casos introdução do home office, aulas remotas, e as incertezas de futuro, etc., ocasionaram grande impacto na vida das pessoas, propiciando outros adoecimentos, especialmente, os adoecimentos de ordem emocional/mental como depressão, ansiedade, crises de pânico, entre outros. 
Dessa forma, o presente relato objetiva conhecer o impacto da COVID-19 na vida dos seis entrevistados participantes do estudo em tela e analisar as informações coletadas com a teoria trabalhada na Disciplina Processos Psicológicos Básicos II do Curso de Psicologia. 
2. OBJETIVOS 
2.1 Objetivo Geral
Conhecer o impacto da COVID-19 na vida dos seis entrevistados participantes do estudo em tela e analisar as informações coletadas com base na teoria trabalhada na Disciplina Processos Psicológicos Básicos II do Curso de Psicologia. 
2.2 Objetivos Específicos 
· Compreender a percepção dos entrevistados sobre a pandemia de COVID-19 e a repercussão na sua saúde mental/emocional;
· Apreender sobre a implicação da ausência do ritual de despedida nos casos de perda de familiares para o COVID-19;
· Verificar se ocorreu mudança de comportamentos em decorrência da pandemia e das medidas de prevenção de COVID-19. 
3. JUSTIFICATIVA
Segundo o site Sanar Medicina a palavra pandemia, de origem grega, foi usada pela primeira vez por Platão com um sentido genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população, atualmente seu conceito relaciona-se à uma epidemia de grandes proporções, que se espalha a vários países, em mais de dois continentes, aproximadamente ao mesmo tempo, como foi a Gripe Espanhola, a Influenza H1N1 e, mais recente, do COVID-19. A maior mobilidade e o número de viagens realizado em todo o planeta são a principal causa pela qual uma pandemia pode ser desencadeada.
Segundo o Hospital Johns Hopkins até o dia 10/06/2021 no mundo há o total de 175 milhões de casos de COVOD-19 e 3,79 milhões de mortes. No Brasil são 17.296.118 casos e 484.235 mortes. 
Um dos principais meios para prevenir a transmissão da COVID-19, o isolamento social produziu profundas mudanças no cotidiano das pessoas, bem como a adoção de hábitos como o uso massivo de máscaras, uso de álcool 70% e lavar às mãos com maior frequência. Entretanto, além da mudança do comportamento relacionado aos hábitos de higiene, ocasionou no agravamento de doenças mentais/emocionais como síndrome do pânico, depressão, ansiedade, etc. 
Segundo o estudo de Camila Corsini da Universidade de São Paulo devido ao fato de que durante a pandemia, velórios e cerimônias estão proibidos por conta do risco de contaminação pelo novo coronavírus. Sendo, em geral, o caixão lacrado e levado diretamente ao túmulo ou à cremação acompanhado por poucos familiares — no máximo 10 pessoas. 
Esse fenômeno, segundo Corsini gerou o que podemos chamar de perturbações nos processos de luto, dificultando a elaboração das perdas, intensificando o sofrimento e a adaptação à nova realidade sem o ente querido. 
O médico psiquiatra Ewerton Teixeira, afirma que a não realização de rituais de despedida pode ocasionar a não elaboração do luto. Tendo em vista que
O velório é um espaço seguro de expressão do sofrimento, além de um momento em que se pode receber afago de pessoas queridas e realizar ações simbólicas de despedida. Os rituais são atos simbólicos que nos ajudam a expressar nossas emoções diante de uma perda, é uma forma saudável de organizar nossas emoções, que estão todas bagunçadas naquele momento. Portanto, todas essas limitações certamente têm um impacto negativo. (TEIXEIRA, E.2020)
Teixeira explica ainda que, fora do contexto da pandemia, o ritual de despedida pode acontecer antes do óbito.
 É estimulada a resolução de questões mal resolvidas, compartilhamento de bons momentos vividos e pedidos de perdão ou agradecimentos. Todo esse ritual auxilia tanto no processo de morrer quanto na elaboração do luto. Apesar do esforço dos profissionais de saúde em promover despedidas entre doentes e familiares através de videochamadas, por exemplo, muitos pacientes acabam morrendo sozinhos e sedados, conectados a dispositivos. (TEIXEIRA, E.2020)
Dessa forma, considerando o número de vítimas fatais do COVID-19 e o fato da família não poder seguir os rituais para elaborar o luto, unindo o contexto de isolamento social, já são elementos fomentadores para a ampliação de adoecimentos mentais/emocionais. 
Soma-se aos fatores acima a questão econômica que com o fechamento de estabelecimentos comerciais, proibição de viagens, dentre outas medidas durante os períodos críticos da pandemia, ocasionou falências e desempregos, possibilitou também o crescimento de alguns segmentos como o comercio online e de entrega. O fato é que economicamente muitas famílias perderam ou tiveram redução significativa no seu poder de compra, implicando no risco de não assegurar a subsistência destes, fator que contribui para o surgimento de patologias mentais/emocionais.Todo o panorama gerado pela COVID-19 possibilitou a ampliação do sentimento de insegurança no futuro, de incertezas, o distanciamento físico entre as pessoas e a intensificação do uso das tecnologias da informação e comunicação. 
Desenvolver pesquisas para conhecer as implicações desse momento impar na vida das pessoas e quais as melhores estratégias para minimizar os aspectos negativos é de suma importância para restabelecer a segurança da população e permitir a retomada da economia. 
Em vista disso, o estudo em tela busca compreender o impacto da COVID-19 na vida dos seis entrevistados participantes do estudo em tela e analisar as informações coletadas com base na teoria trabalhada na Disciplina Processos Psicológicos Básicos II do Curso de Psicologia. 
 
4. REFERÊNCIA TEÓRICA
Segundo Duarte, et al (2021) estudos sobre impactos na saúde mental em decorrência da pandemia do novo coronavírus ainda são escassos, por se tratar de fenômeno recente, mas apontam para repercussões negativas importantes. Além disso, pesquisas anteriores sobre outros surtos infecciosos revelaram desdobramentos desadaptativos, em curto, médio e longo prazo, para a população geral e para os profissionais da saúde, como o caso do ebola em 1995. 
Ainda com base em Duarte, et al (2021), os sobreviventes de epidemias graves que assolaram o globo nos últimos 30 anos relataram, principalmente, medo de morrer, de infectar outras pessoas, de se afastar ou sofrer abandono nas relações com familiares e amigos, bem como estigmatização social. Já os profissionais da saúde, reportaram, sobretudo, medo de contrair a doença e, ainda, transmiti-la a seus familiares, sofrimento por estarem afastados de seus lares, estresse, sensação de perda de controle e de desvalorização, além de preocupação com o tempo de duração da epidemia. 
Nesse contexto, os estudiosos questionam o que pode ocorrer com a saúde mental/emocional dos profissionais da saúde e da população com uma pandemia como a atual e com uma duração tão longa em condições de criticidade, por exemplo, como o que ocorre no Brasil, falta de instrumentos e insumos necessários, falta de profissionais e baixa adesão e comprometimento dos poder público e da população em seguir as orientações de contenção da infecção. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Inter-Agency Standing Committee (IASC), no fórum instituído pelas Nações Unidas com para lidar com crises humanitárias, desenvolveram documentos que abordam os diversos aspectos da pandemia que se relacionam com a saúde mental, incluindo a organização dos serviços, estratégias para grupos vulneráveis do ponto de vista físico e/ou psíquico (idosos, crianças, pessoas com doenças crônicas, doenças mentais graves ou deficiências), pressões sobre os profissionais de saúde e recomendações para a população em geral, envolvendo medidas de promoção e prevenção de saúde visando mitigar os efeitos do isolamento prolongado. Guias de orientação elaborados antes da atual pandemia têm sido recuperados, como o Guia PCP - Primeiros Cuidados Psicológicos (OMS, 2015), e dois documentos da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Proteção da Saúde Mental em Situações de Epidemias (OPAS, 2006) e o Guia de Intervenção Humanitária do Programa de Ação Global para Superação das Lacunas em Saúde Mental da OMS (GIH-mhGAP) (OPAS; OMS, 2020), publicado em inglês em 2015 e traduzido este ano para o português. (LIMA, 2020). 
Tendo em conta ainda Lima (2020), no Brasil, os estudiosos e profissionais especializados iniciaram a produção de informações e recomendações sobre saúde mental no contexto da pandemia, tendo os documentos internacionais como referência. Um exemplo é a série de cartilhas lançadas pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES/FIOCRUZ), abrangendo desde recomendações à população em geral até temas mais específicos, como o cuidado de crianças em isolamento hospitalar e a violência doméstica e familiar. As iniciativas têm explorado outros recursos da internet, como as transmissões ao vivo, como é o caso das lives “Pandemia, isolamento social e sofrimento psíquico”, da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABR ASME), e “O novo Coronavírus e nossa saúde mental”, do Conexão Fiocruz Brasília, e dos podcasts “As contribuições da Psicologia Hospitalar na pandemia da Covid-19” e” Coronavírus e a atuação da Psicologia nas políticas de saúde e assistência social”, do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
Lima (2020) nos apresenta em sua pesquisa que outra peculiaridade desse momento de pandemia é a situação de isolamento social que impôs a necessidade de ampliar e reforçar a modalidade de teleatendimento, empregando os recursos online como as plataformas de comunicação instantânea, que foi regulamentada recentemente pelos conselhos profissionais como Conselho Federal de Psicologia- CFP, Conselho Federal de Medicina – CFM, além do Ministério da Saúde e orientações da Cruz Vermelha Internacional. 	
Observa-se com o acima exposto, a preocupação das principais autoridades em saúde com a saúde mental/emocional da população em decorrência da COVID-19 e suas consequências. 
Os profissionais de saúde também vêm sendo acompanhados para entender os efeitos da convivência direta com as consequências da COVID-19 e os altos índices de adoecimentos e mortalidade, gerando fatores como a pressão, estresse e Burnet ligados às longas horas de trabalho, ao manejo de casos graves e ao medo da contaminação e da morte, somados à distância da família e ao risco de ser estigmatizado ou hostilizado em sua vizinhança como potenciais transmissores do coronavírus (LIMA, 2020). 
Pereira (2020) em seus estudos afirma que durante a pandemia, o medo intensifica os níveis de estresse e ansiedade em pessoas saudáveis e aumenta os sintomas daquelas com transtornos mentais pré-existentes.
Já no caso das pessoas diagnosticados com COVID-19 ou com suspeita de infecção, ainda com base em Pereira (2020), estes podem vivenciar emoções intensas e reações comportamentais, além, da culpa, medo, melancolia, raiva, solidão, ansiedade, insônia, etc. Permitindo dessa forma, evoluir para transtornos como ataques de pânico, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), sintomas psicóticos, depressão e suicídio. 
À vista disso, Pereira (2020) embasada nas pesquisas realizadas diz que não poder dar apoio e estar com os familiares, independente da gravidade do seu estado de saúde, pode se tornar o ponto crucial para o surgimento de sentimento de culpa e tristeza. Assim como, há pessoas que não conseguem expressar seus sentimentos e ao não verbalizarem suas emoções, se encontram propícias para níveis elevados de estresse, surgindo sinais de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, tornando-se um fator em potencial para o surgimento da depressão.
Com base nesses fatores e em pesquisas realizadas a Fiocruz estimou que um terço ou metade da população mundial apresente algum tipo de transtorno mental, manifestando-se conforme a força do evento, da pandemia, e o estado de vulnerabilidade social, o tempo e a efetividade das ações governamentais no contexto social ao longo da pandemia de COVID-19 (FIOCRUZ, 2020).
Assim, para Pereira (2020) é necessário entender o contexto do sofrimento humano e os efeitos psicológicos no cenário da pandemia de COVOD-19 e prover políticas de redução de vulnerabilidades e discernir as demandas particulares de cada população.
Nesta perspectiva, a transmissão do vírus pode ocorrer por meio do contato pessoal, familiares são comumente separados de seus parentes diagnosticados com a COVID-19, com o intuito de evitar o contágio, no entanto, em casos mais graves da doença, quando se há o óbito, observa- se que o indivíduo pode manifestar sentimentos de incapacidade e frustação por não poder estar presente do seu ente querido (PEREIRA, 2020). 
Alia-se, também, o fato de que durante a pandemia, velórios e cerimônias estão proibidos por conta do risco de contaminação, ensejando o lacramento do caixão e levado diretamente ao túmulo ou à cremação acompanhadopor poucos familiares — no máximo 10 pessoas. Essa situação, impossibilita a realização dos rituais de despedida e de velar o corpo. 
Esse fenômeno, segundo Corsini (2020), gerou o que podemos chamar de perturbações nos processos de luto, dificultando a elaboração das perdas, intensificando o sofrimento e a adaptação à nova realidade sem o ente querido. 
O médico psiquiatra Ewerton Teixeira, afirma que a não realização de rituais de despedida pode ocasionar a não elaboração do luto. Tendo em vista que
O velório é um espaço seguro de expressão do sofrimento, além de um momento em que se pode receber afago de pessoas queridas e realizar ações simbólicas de despedida. Os rituais são atos simbólicos que nos ajudam a expressar nossas emoções diante de uma perda, é uma forma saudável de organizar nossas emoções, que estão todas bagunçadas naquele momento. Portanto, todas essas limitações certamente têm um impacto negativo. (TEIXEIRA, E.2020)
No Brasil, um país com dimensões continentais e tantas crenças, cada religião estabelece o ritual de despedida e consequentemente do velório. Com o advento da pandemia do COVID-19 foi necessário adaptar os ritos e a lidar com a morte de outras formas, e em um curto espaço de tempo. Corsini (2020) em seu artigo nos fala que, de maneira geral, pode-se dizer que um funeral tem três objetivos: fazer o vivo entender a perda e dar descanso ao morto, ajudar a expressar os sentimentos e mostrar que, através de um ritual, a sociedade vence aquilo que é invencível — a morte. Criar maneiras de entender que aquela pessoa não desapareceu, mas está em outro lugar. Entretanto, com a proibição de realizar o funeral esses sentidos se perdem e os familiares não conseguem elaborar o processo de luto, consistindo em dos fatores de adoecimento mental/emocional ocasionado pelo contexto da pandemia. 
Além dos vários aspectos supracitados, há, ainda, o aspecto econômico muito importante a ser considerado, posto ser o aspecto que assegura os meios para manter a subsistência familiar. Com as medidas de restrições de contato social para evitar a propagação do COVID-19, foi necessário estabelecer decretos para o fechamento de vários estabelecimentos comerciais, gerando impactos nas vendas e em setores de serviços, ocasionando na falência de pequenas empresas e em desemprego. 
As incertezas de conseguir garantir o necessário para manter as necessidades de moradia, alimentação, saúde, locomoção, etc., da família, constitui-se também em um gatilho para gerar adoecimentos de cunho mental/emocional. Em conjunto com políticas públicas ineficazes e baixo alcance para população em vulnerabilidade social e econômica, amplia as inseguranças e medos, contribuindo para precarização das relações familiares, crescimento da violência doméstica, uso de entorpecentes e vulnerabilização de sujeitos como crianças, mulheres e idosos. 
5. METODOLOGIA 
O estudo em tela foi desenvolvido por meio de seis entrevistas semiestruturadas, seguindo três modelos diferentes de questionários e público-alvo com características especificas, isto é, em três categorias específicas: 
· Primeiro: Questionário com perguntas direcionadas à pessoas que não tiveram COVID-19, ou que não manifestaram sintomas e não realizaram exames para detectar o contágio com o vírus. Nessa primeira categoria foram entrevistadas duas pessoas;
· Segundo: foi elaborado Questionário com perguntas voltadas à pessoas que tiveram o COVID-19 e vivenciaram a cura da patologia. Foram entrevistas duas pessoas com essa especificação;
· Terceiro: adotamos Questionário com indagações voltadas para os casos de pessoas que vivenciaram a perda de entes queridos em decorrência do COVID-19. Foram entrevistadas duas pessoas nesse contexto. 
5.1 Público Alvo
As entrevistas foram realizadas com seis pessoas com idades entre 51 à 28 anos, ambos os sexos, com formação em nível superior e nível médio, sendo dois entrevistados que não tiveram COVID-19, dois que foram acometidos pela COVID-19 e foram curados e dois que perderam membros da família para COVID-19.
5.2 Descrições das Atividades 
As entrevistas foram realizadas no período de 17/05/2021 à 10/06/2021, empregando as plataformas de reunião online Google Meet e Blackboard Collaborate. Não foram realizadas entrevistas presenciais como meio de cumprir as orientações de distanciamento social. 
Dessa forma, foram entrevistados ao todo seis pessoas, sendo duas para cada uma das três categorias estabelecidas pelos questionários como supracitado. 
Os questionários abordaram aspectos sobre a perspectiva do entrevistado do cenário da pandemia, ou seja, como este se sente em relação a pandemia; se ocorreu alguma mudança na saúde física e mental/emocional com a vivência da pandemia; o que e entrevistado percebe que mudou na sua rotina; se houve algum impacto na renda familiar com o advento da pandemia. 
E nos casos de perda de ente querido, perguntas sobre como foi o processo e qual o sentimento do entrevistado em não poder passar pelo ritual de realizar o velório. 
Para realizar a análise dos dados coletados foram empregados os estudo de CORSINI (2020), Duarte (2020), Lima (2020), Pereira (2020) e Teixeira (2020). Além de publicações da Fundação Oswaldo Cruz (2020) e Organização Mundial da Saúde (2020). 
6. RESULTADOS ESPERADOS 
Observou-se em publicações em sites de notícias e de estudos científicos a relação das mudanças ocasionadas pela pandemia de COVID-19 no cotidiano das pessoas e o consequente impacto na saúde mental/emocional. 
Além da repercussão na esfera financeira e de trabalho, mas também na saúde física e emocional. Ocasionando em algumas pessoas o aumento do peso corpóreo por falta dos exercícios físicos, alimentação desequilibrada e ansiedade. Somado a tudo isso, veio também a depressão, o estresse com a dupla ou tripla jornada de trabalho e até mesmo os ataques de pânico.
Foram apontados, ainda, o isolamento e o distanciamento de amigos e parentes que permitiram o surgimento de angústia e sentimento de impotência, fortalecido pelo medo da perda do ente querido e das incertezas do futuro. 
Nesse sentido, segundo a Organização Mundial da Saúde, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade, como Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), fobias, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), estresse pós-traumático e ataques de pânico. Com a pandemia, os casos de ansiedade aumentaram em 80%, de acordo com levantamento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.
Além desses fatores, há a situação de não poder realizar os rituais de despedida, existentes no processo de velação do corpo, em caso de perda de membros da família, uma das medidas para reduzir os níveis de contágio pelo COVID-19. 
Dessa forma, o presente estudo busca entender o impacto da COVID-19 na vida dos seis entrevistados participantes do estudo em tela e analisar as informações coletadas com base na teoria trabalhada na Disciplina Processos Psicológicos Básicos II do Curso de Psicologia. 
Percebendo, também, a percepção dos entrevistados sobre a pandemia de COVID-19 e a repercussão na sua saúde mental/emocional. Além da implicação da ausência do ritual de despedida nos casos de perda de familiares para o COVID-19 na vida desses sujeitos e se ocorreu mudança de comportamentos em decorrência da pandemia e das medidas de prevenção de COVID-19. 
Busca-se, ainda, possibilitar o desenvolvimento de futuras pesquisas mais amplas e aprofundadas sobre o tema, visando contribuir em trabalho com a população e minimizar os impactos negativos da pandemia de COVID-19. 
7. CRONOGRAMA
	ETAPAS DA PESQUISA
	PRAZO DE REALIZAÇÃO
	Revisão da literatura e estruturação do Projeto de Pesquisa
	De 19 a 30/04/2021
	Preparação dos instrumentos de coleta de dados – Questionários
	De 26/04 à 14/05/2021
	Entrevistas
	De 17/05/2021 a 10/06/2021
	Análise dos dados
	De 07 a 13/06/2021
	Construção do relatório de pesquisa 
	De 07 à 13/06/2021
	Entrega para avaliação
	14/06/20218. RECURSOS 
Para realizar o estudo em tela foram empregados os seguintes recursos:
· Internet;
· Pesquisa e compilação de estudos sobre saúde mental e a pandemia de COVID-19;
· Acesso às plataformas de reunião online Google Meet e Blackboard Collaborate;
· Acesso à aplicativo de mensagem/conversa instantânea WhatsApp; 
· Notebooks;
· Impressão de questionários;
· Colaboração dos componentes do grupo de trabalho e os entrevistados que aceitaram o convite para participar da pesquisa.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
As entrevistas realizadas permitiram compreender a percepção dos entrevistados acerca da pandemia de COVID-19 e suas implicações na vida dos seis entrevistados do estudo em questão.
Os entrevistados afirmaram que durante a pandemia e as medidas de isolamento social não afetou suas rendas devido a maioria serem servidores públicos, dos seis entrevistados, quatro ou eram servidores públicos ou a renda da família era assegurada por um servidor público. 
Quanto a um outro entrevistado a família auxiliou durante o período de internação e recuperação e o segundo entrevistado que não era servidor público, mas empresário, manteve o home Office que reduziu a renda familiar, porém não comprometeu a manutenção dos recursos financeiros para atender as necessidades. 
Quanto ao tema de mudança de comportamentos em relação a pandemia afirmam ter adotado o uso constante de máscara, de álcool 70% nas mãos, banho ao chegar em casa e reduzir a locomoção em espaços públicos e privados com grande fluxo de pessoas.
Outra percepção comum é o medo de adoecer gravemente e precisar de internação e medidas mais invasivas para o tratamento da COVID-19, além de morrer em decorrência do adoecimento. 
Foi possível também verificar o receio de que as pessoas da família e amigos próximos adoecessem e desenvolvessem o quadro mais grave da doença, sendo esses fatores os principais para adotar, quando possível, as medidas para prevenir o COVID-19. 
Quanto aos que viveram a experiência de adoecer pelo COVID-19, as principais sequelas da doença foram: cansaço, dificuldade para respirar e dores pelo corpo. 
No caso dos dois entrevistados que vivenciaram a perda de parentes para o COVID-19 um deles teve a oportunidade de velar a mãe, uma vez que ocorreu antes da proibição de realizar funerais. 
Nesse caso, o entrevistado e a família realizam os rituais de despedida. Entretanto, o mesmo entrevistado também perdeu um dos irmãos e que nesse momento, os rituais de despedida não pode-se concretizar. O entrevistado afirmou que o que ajudou a manter a uma boa saúde mental/emocional durante esses processos de sofrimento foi a união da família, todos juntos dando apoio mútuo. 
Segundo, o mesmo entrevistado, a união e companheirismo na família é um traço da cultura familiar e que foi fundamental para todos conseguirem passar por esse momento sem acarretar em adoecimentos de ordem mental.
Já o segundo entrevistado que perdeu membro da família para COVID-19, sua genitora, afirmou que a sua fé, o apoio da família e o trabalho os auxiliaram a suportar a dor e seguir, mesmo com a saudade e a dor por não ter tido oportunidade de se despedir de sua mãe. 
Em decorrência da COVID-19, o entrevistado, precisou de internação e soube do falecimento de sua mãe quando teve alta hospitalar. O entrevistado afirma que teve problemas com insônia durante o período de internação, pois além dele e sua mãe, a esposa também estava internada. Dessa forma, a falta de notícias e o medo agravamento da doença, o preocupava e não permitia dormir. 
Ao analisar os dados coletados, é possível perceber que o medo de adoecer ou ter alguém próximo acometido pela forma mais grave da COVID-19 é a principal preocupação e razão de medo dos entrevistados e a vacina é vista como a solução para tal situação. 
Essa percepção foi comum entre os entrevistados que tiveram a doença e se curaram, entre os que perderam alguém da família e aqueles que não adoeceram. 
Das entrevistas percebesse que apesar da maioria afirmarem que estão emocionalmente bem, há a insegurança quanto a imprevisibilidade da doença, uma vez que, mesmo com o advento da vacina, há mutações do vírus e o risco de adoecer mais gravemente é possível.
Dessa forma, podemos concluir que o desenvolvimento de ações mais amplas para a população para orientar e ensinar como lidar com situações de medo é importante para prevenção de situações mais graves, tendo em vista que o longo prazo exposto à sentimentos dessa natureza propiciam o adoecimento e desenvolvimento de transtornos ou síndromes. 
Assim, com base nas informações coletadas tanto nas entrevistas quanto na pesquisa teórica a intervenção de profissionais da psicologia na divulgação de cuidados com a saúde mental/emocional durante o período de pandemia é crucial para reduzir o número de adoecimentos e melhorar a qualidade de vida da população.
Auxiliando, ainda, na adoção de hábitos saudáveis mesmo em isolamento social, demonstrando atividades possíveis de serem adotadas nesse período e a importância de ampliar o contato social de qualidade mesmo que fisicamente distante. 
 
10. REFERÊNCIA 
CORSINI, Camila. Artigo Luto na pandemia: Ausência do ritual de despedida gera traumas e até patologias. Portal de Divulgação Científica do IPUSP - Instituto de Psicologia da USP. https://sites.usp.br/psicousp/luto-na-pandemia-ausencia-do-ritual-de-despedida-gera-traumas-e-ate-patologias/. Acesso em 11.06.2021. 
Duarte, M.Q, et al, COVID-19 e os impactos na saúde mental: uma amostra do Rio Grande do Sul, Brasil. Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Revista Ciência & Saúde Coletiva, n. 25, ano 9, 2020, p. 3401-3411.
FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz. (2020b). Cartilha Saúde Mental e Atenção Psicossocial - Recomendações para Gestores. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/documento/saude-mental-e-atencao-psicossocial-na pandemia-covid-19-recomendacoes-para-gestores
LIMA, R. C. Distanciamento e isolamento sociais pela Covid-19 no Brasil: impactos na saúde mental. Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Physis: Revista de Saúde Coletiva, n. 30, ano 02, Jul 2020, p.1-10. 
	
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