Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Questões referentes à aula : 4.1. Por que a produção medular ineficiente pode provocar alterações morfológicas nos eritrócitos? 4.2. O que significa auto-referência na interpretação do resultado de um leucograma? 4.3. Como é expresso o valor relativo no leucograma? 4.4. Como é expresso o valor absoluto no leucograma? 4.5. O que significa “Desvio à esquerda”? 4.6. Como é caracterizada a reação leucemóide? INTRODUÇÃO ÀS ANEMIAS E ANEMIAS CARENCIAIS Professor Barone Definição “Anemia é um estado caracterizado pela diminuição de níveis de hemoglobina no sangue, com ou sem diminuição do número de eritrócitos.” Introdução ANEMIA CAUSAS EFEITOS DIMINUIÇÃO DE PRODUÇÃO AUMENTO DA DESTRUIÇÃO PERDA SANGUÍNEA LABORATORIAIS SINTOMAS ANEMIAS NORMOCÍTICAS E NORMOCRÔMICAS ANEMIAS MICROCÍTICAS E HIPOCRÔMICAS ANEMIAS MACROCÍTICAS PALIDEZ CUTÂNEO-MUCOSA FRAQUEZA CANSAÇO PALPITAÇÕES A ESFORÇOS ICTERÍCIA, HEMOGLOBINÚRIA VELOCIDADE DE INSTALAÇÃO RÁPIDA E REPENTINA LONGA DURAÇÃO Oliveira, 2007 Anemias • Caracterizado laboratorialmente por: 1. Diminuição do hematócrito; 2. Diminuição da hemoglobina (menor que 11 g/dL); 3. Diminuição no número de hemácias. • Considerar sempre a altitude como um fator extrínseco importante. Anemias Importante diferenciar os casos de: • Anemia verdadeira, causadas por: 1. Perdas agudas; 2. Menor produção (por deficiências na multiplicação ou diferenciação celulares); 3. Diminuição na sobrevida das hemácias. • Anemia relativa, causadas por: 1. Gestação; 2. Hiperhidratação (hemodiluição); 3. Desidratação (hemoconcentração); 4. Hipoalbuminemia. Anemias ETIOLOGIA PERDAS SANGUÍNEAS • RÁPIDAS • INSIDIOSAS PRODUÇÃO INADEQUADA DE HEMÁCIAS E/OU HEMOGLOBINA HEMOCATERESE INADEQUADA E/OU EXCESSIVA • NUTRICIONAL • HEREDITÁRIA • ASSOCIADA A AGENTES QUÍMICOS • DE NATUREZA IMUNE • DE NATUREZA ENDÓCRINA • NEOPLASIAS • DOENÇAS CRÔNICAS • HEREDITÁRIA • IMUNE • ADQUIRIDA Anemias Principais manifestações clínicas: • Variadas e multifatoriais; • Decorrentes da capacidade comprometida de transportar oxigênio; • Principais sintomas: palidez mucocutânea, cefaleia, vertigens, fraqueza muscular, angina, taquicardia, sopro sístólico, comprometimento do desenvolvimento; • Sintomas mais específicas de algumas anemias: esplenomegalia, icterícia, parestesias, dores ósseas. Classificação Laboratorial (Wintrobe) • Normocítico-normocrômica (VCM e CHCM normais); • Microcítico-hipocrômica (VCM e CHCM diminuídos); • Macrocítico-normocrômica (VCM elevado e CHCM normal. Metabolismo do Ferro Fisiologia da ABSORÇÃO: • Necessidade diária no adulto: cerca de 2 mg; • Regulada pelo epitélio intestinal; • A absorção ocorre nas células das microvilosidades, principalmente no duodeno e jejuno; • Pode ser absorvido como ferro ferroso (Fe2+ com absorção mais eficiente) ou ferro férrico (Fe3+); • Redutase férrica converte o Fe3+ em Fe2+ Fisiologia da ABSORÇÃO LÚMEN INTESTINAL SISTEMA CIRCULATÓRIO MEMBRANA APICAL MEMBRANA BASAL DMT1 REDUTASE FÉRRICA Ireg1 HEFESTINA Fisiologia da ABSORÇÃO • Após a absorção pelo enterócito: 1. O ferro pode ser armazenado como ferritina; 2. Atravessar a membrana basal e atingir o sangue. • A capacidade absortiva do enterócito irá depender do complexo HFE- TfR (contido no retículo endoplasmático de enterócitos em fase de maturação); • Quando a quantidade de ferritina no enterócito está elevada, o complexo HFE-TfR inibe a capacidade de absorção do ferro – TEORIA DO BLOQUEIO MUCOSO • Algumas substâncias podem facilitar a absorção do ferro: ácido arcórbico, hidroquinona, frutose. Fisiologia do TRANSPORTE No sangue: • O transporte é feito para os depósitos quanto para a medula óssea; • O transporte é feito por glicoproteínas: TRANSFERRINAS e LACTOFERRINAS; • APOTRANSFERRINA (a molécula não ligada ao átomo de ferro) é sintetizada principalmente no fígado. Fisiologia do ARMAZENAMENTO E EXCREÇÃO • O ferro é armazenado no fígado e também nos músculos; • É armazenado na forma de ferritina ou hemossiderina na forma férrica: Ferritina: composta por 24 subunidades protéicas (apoferritina); Hemossiderina: agregados de hidroxifosfato férrico. • A excreção é feita principalmente nas fezes, na lactação, na menstruação. ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA • É a manifestação tardia da carência de ferro no organismo; • Outros tecidos do organismo utilizam o ferro em seu metabolismo, podendo trazer outros sintomas, tais como: alterações dos epitélios, unha, cabelos, estômago, entre outros. ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA O comprometimento na produção de hemoglobina ocorre quando há depleção dos depósitos de ferro no organismo: • Homem: 600-1200 mg • Mulher: 100-400 mg Quantidade de ferro da cor na hemácias ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA PRINCIPAIS CAUSAS DE CARÊNCIA DE FERRO • Dieta • Absorção • Transporte • Sangramentos anormais • Situações de maior uso do ferro • Gastrectomias • Parasitas Retirada do estômago ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA SINAIS E SINTOMAS • Gradativos e insidiosos; • Os principais são: palidez mucocutânea, cansaço, adinamia, sonolência, cefaleia, dispneia, taquicardia; • Pode ocorre gastrite, estomatite, disfagia, glossite; • Manifestações neurológicas: confusão mental, geofagia, pagofagia. Língua grossa ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA ANÁLISE LABORATORIAL • Hemácias microcíticas e hipocrômicas; • Redução do VCM e HCM; • Hemoglobina reduzida; • Poiquilocitose com hemácias em alvo e/ou alongadas; Volume abaixo de 6 micras Mitõse e reducional de células vermelhas Ferro age na síntese e na maturação da hemácia Está baixo aí valor de referência Rdw variação do tamanho ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA ANÁLISE LABORATORIAL • Leucócitos normais, podendo levar a um quadro de leucopenia devido à granulocitopenia; • Ferro sérico diminuído; • Transferrina livre aumentada; • Ferritina sérica diminuída; • Medula óssea com depósitos depletados. Nao há com quem ligar ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA VALORES DE REFERÊNCIA • FERRO SÉRICO: 35-150 mg/100mL • FERRITINA: Homem: 7,3-273 ng/mL Mulher: 5,1-227 ng/mL • TRANSFERRINA: 200-400 mg/dL ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTE COM ANEMIA FERROPRIVA ANEMIA FERROPRIVA OU FERROPÊNICA TRATAMENTO • Investigar provável doença de base; • Reposição via oral (180-240 mg/dia), sendo que em jejum a absorção é maior; • Reposição via oral em crianças (5 mg por peso corpóreo); • Reposição via parenteral: pode ser intramuscular ou intravenosa; • Tratamento profilático em gestantes e renais crônicos. SOBRECARGA DE FERRO • HEMOCROMATOSE: lesão tecidual associada ao acúmulo de ferro; • HEMOSSIDEROSE: acúmulo de ferro em um determinado tecido. SOBRECARGA DE FERRO HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA • Deficiência na proteína HFE; • Prevalência nos caucasianos; • Acomete mais o sexo masculino; • Mutações mais relevantes: troca do aminoácido 282 (cisteína pela tirosina), troca do aminoácido 63 (histidina pelo ácido aspártico); • Mutações provocam a perda na restrição da absorção do ferro, ocorrendo acúmulo dentro das células. HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA Fisiopatologia: • Acúmulo de hemossiderina e ferritina nos tecidos, principalmente hepatócitos; • Pode ocorrer depósitos no miocárdio, pâncreas; • O acúmulo intenso e persistente pode provocar fibrose tissular; HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA Sinais e Sintomas: • Artralgia, dor abdominal, fraqueza, hiperpigmentação da pele, hepatomegalia, hipertensão portal, ascite. BIÓPSIA HEPÁTICA DE PACIENTE COM HEMOCROMATOSE HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIAAnálise Laboratorial: • Hemograma geralmente normal; • Ferro sérico elevado; • Elevação das enzimas hepáticas; • Alterações radiográficas. Tratamento: • Sangrias ABSORÇÃO E TRANSPORTE DA VITAMINA B12 (OU COBALAMINA) • Necessidade diária: 1-2µg; • Absorção inicia-se no estômago, pela digestão péptica do alimento → B12 + haptocorrina (proteína R) → degradação por proteases pancreáticas → B12+ glicoproteína (Fator Intrínseco – FI) → B12+FI é absorvido no íleo. • No plasma: conjugada a Transcobalamina I (corresponde aos níveis séricos) e Transcobalamina II (corresponde a porção com rápida absorção pelo organismo). Fígado ABSORÇÃO E TRANSPORTE DOS FOLATOS ABSORÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO: • No intestino delgado: folato dietético→convertido em metil-tetraidrofolato→dentro dos enterócitos→poliglutamatos de folato → transportado para a medula ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Resultam da carência de vitamina B12 e/ou folatos; • A carência destas substâncias compromete a síntese da molécula de DNA, com consequente dano na produção de outras células, tais como os leucócitos e demais tecidos do organismo; • Porém, o sistema hematopoético é o mais afetado. Vcm elevado e o rdw sobe ANEMIA MEGALOBLÁSTICA PRINCIPAIS CAUSAS DE CARÊNCIA DE VITAMINA B12: • Desnutrição (carência de alimentos de origem animal); • Má absorção. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA PRINCIPAIS CAUSAS DE CARÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO: • Desnutrição (carência na alimentação de vegetais crus, frutas, leite cru); • Má absorção, decorrente de doenças intestinais (como a Doença Celíaca) e alcoolismo. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA PRINCIPAIS CAUSAS DE CARÊNCIA: • Deficiência de Transcobalamina II • Aumento da excreção; • Defeitos no transporte. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA SÍNTESE DO DNA: A síntese da Timidina depende da ação da vitamina B12 e os folatos: Vitamina B12 age como coenzima na conversão do 5- metil-tetraidrofolato em tetraidrofolato (forma ativa que irá participar da síntese da Timidina)→ N5-N3-metileno-tetraidrofolato→-CH3 à desoxiuridina- monofosfato (dUMP)→ timidina-monofosfato (dTMP)→ incorporada ao DNA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA MODIFICAÇÕES NA SÍNTESE DO DNA: • Retardo na duplicação; • Alterações no ciclo celular; • Deficiência no reparo do DNA; • A síntese do RNA não é comprometida, dando origem a citoplasmas “maduros”. Ciclo Celular e Mitose ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ALTERAÇÕES MEDULARES E PERIFÉRICAS: • Hipercelularidade; • Produção de células macrocíticas; • Neutrófilos hipersegmentados; • Macroplaquetas. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Sintomas comuns nas anemias, acrescido de dor lingual, icterícia leve, neuropatia progressiva simétrica, principalmente nos membros inferiores ; • Durante a gestação predispõe a má formação do tubo neural do feto (espinha bífida). Deficiências do tubo neural ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ANEMIA PERNICIOSA Presença de gastrite atrófica e anemia megaloblástica • Etiologia imunológica (?); • Caracterizada pela ausência do FI e da secreção do ácido clorídrico, impedindo a absorção da vitamina B12. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ANEMIA PERNICIOSA • Comum nos caucasianos acima dos 60 anos; • Risco familiar (predisposição genética?); • Pode estar associada a outras doenças auto- imunes; ANEMIA MEGALOBLÁSTICA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: • Hemácias macrocíticas; • VCM aumentado; • Dosagem de vitamina B12 diminuída; • Metiltetraidrofolato pode estar aumentado. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: • Anticorpos IgG anti-célula parietal; • Anticorpos anti-fator intrínseco (FI); • Acloridria; • Baixos níveis séricos de vitamina B12 e folatos; • Anisocitose com hemácias macrocíticas, leucopenia, trombocitopenia, granulócitos hipersegmentados. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA VALORES DE REFERÊNCIA: • Ácido fólico: 2-20 ng/mL • Vitamina B12: Normal: 180-914 pg/mL Indeterminada: 145-180 pg/mL deficiente: <145 pg/mL ESFREGAÇOS DE SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES COM ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA TRATAMENTO: • Reposição de vitamina B12 e folatos (prescritas simultaneamente); • Grandes doses de ácido fólico podem agravar o quadro de neuropatia em pacientes com deficiência de vitamina B12; • Pacientes com gastrectomia devem ser administrados com vitamina B12 periodicamente; • Anemia perniciosa: tratada por via parenteral. ANEMIA NA DOENÇA CRÔNICA • Moderada; • Associada a processos infecciosos, inflamatórios, neoplásicos; • Exclui-se pacientes com doença renal, hepática ou endócrina. ANEMIA NA DOENÇA CRÔNICA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Geralmente hemácias normocíticas e normocrômicas; • Pode ocorrer hipocromia e microcitose; • Ferro sérico diminuído; • Saturação da transferrina diminuída; • Ferritina normal.
Compartilhar