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Resumos | Brenda Alves | Passei Direto FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Não há a desejável uniformidade doutrinária quando o assunto diz respeito à conceituação das fontes do direito. Há quem sustente que as fontes seriam a pedra fundamental de todos os estudos jurídicos, ou seja, a própria origem do direito, o lugar de onde ele se origina. Alguns advogam que fontes do direito constituem o fundamento para que se possa considerar válida a norma jurídica. Outros veem as fontes sob o aspecto da exteriorização do direito. Não há negar, porém, que a expressão “fonte do direito” é metafórica. As fontes do direito surgem da convivência social e da necessidade natural humana de ter um regramento jurídico dessa convivência. Talvez seja por essa razão que a doutrina prefira classificar as fontes em vez de conceituá-las. Por questões meramente didáticas, preferimos classificar as fontes do direito processual do trabalho em fontes materiais e fontes formais, sendo estas últimas divididas em fontes formais diretas, indiretas e de explicitação. As fontes materiais são as fontes potenciais do direito processual do trabalho e emergem, em regra, do próprio direito material do trabalho. Este, por sua vez, encontra a sua fonte substancial nos fatos sociais, políticos, econômicos, culturais, éticos e morais de determinado povo em dado momento histórico. O direito material atribui bens às pessoas dentro da ordem jurídica mediante direitos, pretensões, deveres e exceções. O direito material depende para a sua realização de comportamentos pessoais. O direito processual visa a prevenir ou reprimir crises comportamentais de colaboração na realização do direito material. Em regra, o direito material realiza-se independentemente da intervenção do direito processual. Por vezes, porém, podem surgir dúvidas a respeito do significado e da existência de determinados fatos, a respeito de determinados dispositivos e do respectivo âmbito de aplicação que podem levar a diferentes visões a respeito de qual solução deve ser dada a certo caso. Por vezes inclusive pode haver pura e simples recusa na adoção do comportamento esperado pela ordem jurídica. Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações oriundas das relações de trabalho diversas da relação de emprego, além de outras demandas pertinentes ao direito previdenciário (execução das contribuições previdenciárias), ao direito tributário (retenção do imposto de renda), à representação sindical e à greve, houve extraordinário elastecimento das fontes materiais do direito processual do trabalho. Sob tal prisma, o direito processual adquire a função instrumental, pois o processo não constitui um fim em si mesmo. Ao revés, ele deve estar a serviço da realização dos valores sociais contemporâneos. Daí o surgimento de uma nova doutrina guiada pela ideia da socialização do direito processual. As fontes formais do direito processual do trabalho são aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico. Dividem-se em: - Fontes formais diretas, que abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos e administrativos editados pelo Poder Público) e o costume; - Fontes formais indiretas, que são aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência; Resumos | Brenda Alves | Passei Direto - Fontes formais de explicitação, também chamadas de fontes integrativas do direito processual, tais como a analogia, os princípios gerais de direito e a equidade. No topo das fontes formais diretas do direito processual do trabalho, encontram-se as normas constitucionais. A Constituição de 1988 contém não apenas normas (princípios e regras) gerais do direito processual, mas, também, normas (princípios e regras) específicas do direito processual do trabalho, tais como as que dispõem sobre a competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114, incisos e parágrafos, com redação dada pela EC n. 45/2004). Abaixo da Constituição Federal, vamos encontrar as espécies normativas arroladas no dispositivo que trata do processo legislativo pátrio (CF, art. 59), que são as leis complementares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções do Congresso Nacional. Atualmente, no patamar infraconstitucional, podemos destacar as seguintes fontes formais diretas básicas do direito processual do trabalho: - CLT (Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943), que dedica o Título X ao “Processo Judiciário do Trabalho”; - Lei n. 5.584/70, que estabelece algumas importantes normas procedimentais e complementares aplicáveis ao processo do trabalho; - NCPC, aplicado supletiva e subsidiariamente (NCPC, art. 15) em caso de lacuna da legislação processual trabalhista, desde que haja compatibilidade daquele com os valores, princípios e regras do direito processual do trabalho (CLT, art. 769); - Lei n. 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal), aplicada subsidiariamente (CLT, art. 889) na execução trabalhista; - Lei n. 7.701/88, que dispõe sobre organização e especialização dos tribunais para processar e julgar dissídios coletivos e individuais. No que concerne às fontes formais indiretas, não há negar que a doutrina e a jurisprudência cumprem importante papel na interpretação do direito processual do trabalho. A doutrina fornece o substrato teórico para a boa hermenêutica, o que exige do intérprete do direito uma formação educativa continuada, sendo de extrema importância para o profissional e o estudioso da área trabalhista conhecer os verbetes jurisprudenciais (Súmulas, Orientações Jurisprudenciais e Precedentes) do TST, que têm a finalidade de uniformizar a jurisprudência sobre a interpretação e aplicação de normas de direito processual do trabalho. No que tange à súmula vinculante, introduzida pela EC n. 45/2004, que acrescentou o art. 103-A à CF, salta aos olhos que ela passa a ser fonte formal direta, na medida em que o STF “poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei”. A Lei n. 11.417, de 19 de dezembro de 2006, regulamentou o art. 103-A da CF e alterou a Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo STF. Resumos | Brenda Alves | Passei Direto No que tange à jurisprudência, salta aos olhos que o NCPC buscou implantar no Brasil o sistema dos precedentes judiciais, na medida em que impõe aos tribunais o dever de “uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente” (NCPC, art. 926) e determina que os “juízes e os tribunais observarão: I – as decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade; II – os enunciados de súmula vinculante; III – os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV – os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V – a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados” (NCPC, art. 927). O NCPC inovou consideravelmente a respeito das fontes formais de explicitação, uma vez que o seu art. 140 dispõe que o “juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”, sendo que o parágrafo único desse dispositivo prevê que o “juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Em outros termos, o NCPC não estabelece uma gradação das fontes normativas que o juizpoderia utilizar para colmatar lacunas, ou seja, a analogia, os costumes e, por último, os princípios gerais de direito. Isso ocorre porque os arts. 1º e 8º do NCPC, em harmonia com o fenômeno da constitucionalização do direito processual, enaltecem a supremacia dos princípios jurídicos, sobretudo os que residem na Constituição, não apenas na interpretação como também na aplicação do ordenamento jurídico. Há, assim, o rompimento com a velha ideologia do Estado Liberal em que o juiz atuava apenas como a “boca da lei”. No Estado Democrático de Direito o juiz passa a ser a “boca da Constituição”, uma vez que o processo (civil, trabalhista, eleitoral etc.) deve ser “ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil” (NCPC, art. º1) e, ao “aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência” (NCPC, art. 8º) Historicamente falando, a CF 1988, em sua redação originária, manteve a composição da Justiça do Trabalho, ampliando sua competência material. A EC 24, de 9 de dezembro de 1999, reestruturou a organização da Justiça do Trabalho, a qual deixou de possuir os juízes classistas (vogais), passando, desse modo, as Juntas de Conciliação e Julgamento a ser designadas Varas do Trabalho. Nesse período, outro grande avanço legislativo foi a criação do procedimento sumaríssimo (art. 852-A e ss. da CLT), cuja intenção foi a de trazer celeridade às ações trabalhistas cujo valor não exceda a 40 salários mínimos. Com os reflexos da Emenda 45, de 8 de dezembro de 2004, junto ao Tribunal Superior do Trabalho passaram a funcionar a Escola Nacional da Magistratura e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (art. 111-A). Também houve a dilatação da competência material da Justiça do Trabalho (art. 114), bem como novas regras sobre a atuação dos Tribunais Regionais do Trabalho (art. 115, §§ 1º e 2º). Resumos | Brenda Alves | Passei Direto A EC 45/2004 provocou uma verdadeira revolução na Justiça do Trabalho, pois ampliou sua competência para processar e julgar todas as relações de trabalho, e não apenas as controvérsias oriundas das relações de emprego, e concebeu uma nova redação ao art. 114 da CF: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II – as ações que envolvam exercício do direito de greve; III – as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV – os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V – os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I; VI – as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII – as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX – outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. § 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. § 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Mais recentemente, o STF editou Súmulas Vinculantes, relacionadas ao Direito Processual do Trabalho: 22 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004. 23 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 25 – É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. 40 – A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. 53 – A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal, alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados. E mais recente, a Lei 13.467/2017, também denominada Reforma Trabalhista, promoveu uma profunda alteração na legislação individual e processual do trabalho, modificando mais de duzentos artigos da CLT, do FGTS e da Lei de Custeio da Previdência Social, bem como transformando verbas de natureza salarial em indenizatória. Em síntese, na seara do Direito Processual, a retromencionada Lei promoveu alterações nos seguintes institutos: - Diminuiu o guarda-chuva protetor do Estado sobre a pessoa do trabalhador; - Facultou a negociação coletiva entre sindicatos e empregadores; E, diretamente entre o patrão e o empregado; - Admitiu a arbitragem nas lides individuais de trabalho, o trabalhador com remuneração superior a duas vezes o teto da Previdência Social; - Transformou a contribuição sindical obrigatória em facultativa; - Inverteu a hierarquia das normas trabalhistas, estabelecendo a supremacia do negociado sobre a legislação do trabalho; - Flexibilizou a entrada do trabalhador no mercado de trabalho, com vários tipos de contratos precários, desde por hora (intermitente), em regimes diferenciados 12 x 36; teletrabalho etc.; - Flexibiliza a saída do empregado da empresa, colocando no mesmo plano a dispensa individual, plúrima e coletiva; - Promoveu a tarifação do dano extrapatrimonial trabalhista; - Desnecessidade de homologação da rescisão do contrato de trabalho e demissão de empregado com mais de um ano; - Competência da Justiça do Trabalho para homologar acordo extrajudicial entre patrão e empregado; - Cabimento da litigância de má-fé no Processo do Trabalho, bem como pagamento de custas e honorários sucumbenciais pelo empregado; - Eliminação de execução ex officio, salvo se a parte estiver desacompanhada de advogado; - Necessidade de comprovação do estado de pobreza para obtenção do benefício da gratuidade de justiça, sem isenção de pagamento de custas no caso de arquivamento e ajuizamento de nova ação; - Honorários advocatícios entre 5% e 15%; Resumos | Brenda Alves | Passei Direto - Litigância de má-fé até mesmo para as testemunhas; - Preposto não necessita mais ser empregado; - Eliminação do pagamento das horas in itinere; - Contrato por tempo parcial de 26 horas semanais (mais 6 horas extras) ou 30 horas semanais, com a revogação do art. 130-A da CLT; - Exclusão dos teletrabalhadores das horas extras, intervalo, hora noturna e adicional noturno. Trabalhador formalizado com contrato autônomo não é mais consideradoempregado; - Banco de horas por acordo individual escrito entre patrão e empregado para compensação em até 6 meses; - Parcelamento das férias em até 3 vezes; - Autorização do trabalho insalubre para grávidas e lactantes [...]
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