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Transtorno Obsessivo- Compulsivo (TOC) O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado pela existência de pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Os pensamentos obsessivos são ideias, sentimentos ou imagens intrusivos, ou seja, que invadem o pensamento da pessoa de forma repetida e contra a sua vontade. Estes trazem muita ansiedade e a realização dos atos compulsivos a diminui. As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais estereotipados, que têm como objetivo aliviar os pensamentos obsessivos. Algumas características auxiliam a identificar as obsessões relacionadas ao TOC: São intrusivas: invadem a mente contra a vontade do indivíduo, são difíceis de controlar ou de afastar, especialmente quando muito graves; São indesejadas: são desagradáveis, causam desconforto, ansiedade ou medo e referem-se a temas como perigos, ameaças ou desastres e não a situações prazerosas; Provocam resistência: induzem o indivíduo a lutar contra, tentar afastar, ignorar, suprimir ou neutralizar, geralmente sem sucesso; São ego-distônicas: seu conteúdo é indesejado e provoca desprazer, medo e angústia; pode ainda ser estranho ao indivíduo contrariando seus valores morais ou seus desejos. Epidemiologia: Seu início em geral é na adolescência, mas, não raro, na infância. Os sintomas podem ser de intensidade leve, mas não raro são muito graves e até incapacitantes. O TOC tende a ser crônico, com os sintomas crescendo ou diminuindo de intensidade ao longo do tempo. Se não tratado pode acompanhar o indivíduo ao longo de toda a sua vida, pois raramente melhora espontaneamente. Etiologia: O principal neurotransmissor envolvido é a serotonina, o que é corroborado pelas altas taxas de melhora com drogas serotoninérgicas. As áreas cerebrais mais acometidas parecem ser o córtex frontal, os gânglios basais e o cíngulo. Há um componente genético significativo. Alguns mecanismos de defesa psicodinâmicos são mais relacionados a este transtorno, como isolamento (a ideia obsessiva não é acompanhada de um afeto), anulação (tentativa de reduzir o pensamento através de comportamentos) formação reativa (produção de um comportamento para satisfazer um desejo). Muitas pessoas com TOC têm transtornos psicológicos coexistentes, como: Transtornos de ansiedade (76%) Transtorno depressivo ou transtorno bipolar [63%; o mais comum é o transtorno depressivo maior (41%)] Transtorno de personalidade obsessivo- compulsiva (23% a 32) Características clínicas: Os sintomas obsessivos são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes, estereotipadas e de difícil resistência, que são experimentados como intrusivos e inadequados, levando à intensa ansiedade. As compulsões configuram comportamentos ou atos mentais repetitivos, que o indivíduo se sente compelido a executar como resposta a um pensamento obsessivo, ou tentativa de reduzir a angústia. Tanto as obsessões quanto as compulsões são vivenciadas como algo estranho à sua personalidade, ou seja, são reconhecidas como absurdas ou irracionais e, muitas vezes, os pacientes tentam resistir a estes sintomas sem sucesso. Podem existir diversos tipos de obsessões e compulsões. O sintoma mais comum é a obsessão de contaminação, seguido pela compulsão de lavagem ou esquiva compulsiva de objetos supostamente contaminados. Pacientes com estes sintomas podem chegar a produzir lesões dermatológicas nas mãos pelas repetidas https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/ansiedade-e-transtornos-relacionados-a-estressores/vis%C3%A3o-geral-dos-transtornos-de-ansiedade https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-do-humor/transtornos-depressivos https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-do-humor/transtornos-bipolares https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-do-humor/transtornos-bipolares https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-do-humor/transtornos-depressivos#v1028038_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-do-humor/transtornos-depressivos#v1028038_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-obsessivo-compulsiva-tpoc https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-obsessivo-compulsiva-tpoc lavagens. O segundo padrão mais comum é uma obsessão de dúvida, seguida por rituais de verificação, por exemplo, retornar diversas vezes para casa para verificar se a porta estava fechada. O terceiro padrão mais comum é o de pensamentos intrusivos sem compulsões. Essas obsessões, geralmente, consistem em pensamentos repetidos de algum ato sexual ou agressivo repreensível aos olhos do paciente. O quarto padrão mais comum é a necessidade de simetria ou precisão, seguida por compulsão de lentidão. Os pacientes podem, por exemplo, levar horas para fazer uma refeição ou barbear- se. Preocupações com ordem ou números de sorte ou azar também podem ser observadas. Um mesmo indivíduo pode apresentar uma diversidade de sintomas, embora geralmente exista um que predomine. Diagnóstico: Os critérios de diagnósticos são baseados na presença dos pensamentos obsessivos recorrentes, e que causem ansiedade significativa, ou sintomas compulsivos, executados na tentativa de neutralizar os sintomas obsessivos. É necessário para o diagnóstico que o paciente, em algum momento da doença, reconheça que os sintomas são excessivos ou irracionais. Para que seja estabelecido o diagnóstico de TOC é necessário que as obsessões ou compulsões consumam um tempo razoável (por exemplo, tomam mais de uma hora por dia) ou causem desconforto clinicamente significativo, ou comprometam a vida social, ocupacional, acadêmica ou outras áreas importantes do funcionamento do indivíduo. Os sintomas obsessivo- compulsivos não podem ser atribuídos ao efeito fisiológico direto de uma substancia (p.ex. droga de abuso ou a uma medicação) ou a outra condição médica como doenças psiquiátricas, que também podem ter entre seus sintomas - obsessões e ou compulsões (por exemplo: dependência a drogas, comer compulsivo, jogo patológico). As obsessões e compulsões também não podem ser consequência de doenças neurológicas. Diagnóstico diferencial: O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras condições médicas, como síndrome de Tourette, outros transtornos de tiques, e epilepsia do lobo temporal; além de outros transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva, fobias e transtornos depressivos. Tratamento: Para casos mais leves, somente a psicoterapia já pode surtir efeito, principalmente quando aplicada a TCC (Terapia Cognitivo- Comportamental). Em outros casos, no entanto, o uso de medicamentos como os antidepressivos podem ser requeridos, a fim de trazer um alívio mais depressa aos sintomas e ajudar o paciente no restabelecimento de sua vida normal. O objetivo do acompanhamento com um psicólogo e um psiquiatra é identificar os gatilhos que fazem com que os pensamentos obsessivos e os hábitos compulsivos surjam, diminuindo naturalmente os episódios ao longo do tempo. O tratamento medicamentoso é feito com antidepressivos em doses elevadas (clomipramina e ISRS), iniciando com doses baixas e aumentando gradualmente, até atingir 300 mg de clomipramina, ou 80 mg de fluoxetina, por exemplo. Outros psicofármacos (haloperidol e risperidona) podem ser utilizados em associação aos antidepressivos. A psicoterapia cognitivo-comportamental parece auxiliar no tratamento.Em pacientes graves, resistentes aos tratamentos convencionais, pode ser indicada psicocirurgia, embora ainda sejam necessários estudos adicionais. RESUMO E DESTAQUES O TOC se caracteriza pela presença de obsessões e ou compulsões. https://psiquiatriapaulista.com.br/o-que-e-psicoterapia/ https://psiquiatriapaulista.com.br/antidepressivo-vicia/ Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens, recorrentes e persistentes, experimentados como intrusivos, que causam acentuada ansiedade ou desconforto, interferem nas atividades diárias, nas relações interpessoais ou ocupam boa parte do tempo do indivíduo. Em razão da ansiedade que acompanha as obsessões o indivíduo com TOC é compelido neutraliza-las através das compulsões, compulsões mentais, evitações e da hipervigilância. Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais voluntários e intencionais que a pessoa é compelida a executar com a finalidade de neutralizar os medos que acompanham as obsessões e de reduzir ou eliminar as possíveis ameaças imaginadas. Impedem, entretanto, a exposição e a eliminação dos medos através do seu enfrentamento e reforçam o TOC pelo alívio passageiro que provocam. Neutralizações são estratégias menos repetitivas e estereotipadas que os rituais, geralmente encobertas, destinadas a reduzir a ameaça ou o desconforto associado às obsessões. As mais comuns são substituir uma imagem ou pensamento “ruim” por um “bom”, repassar memórias dos fatos em busca de certeza, argumentar mentalmente e solicitar garantias para as outras pessoas. A hipervigilância contribui para a proeminência e a persistência das obsessões. A sensação de nojo sem que necessariamente haja um medo de contaminação subjacente pode induzir à realização de rituais como lavagens ou troca de roupas repetidas e evitações. Fenômenos sensoriais, entre eles as experiências sensoriais do tipo “justright” e “notjustright” ou incompletude podem preceder as compulsões. O TOC é um transtorno heterogêneo. Análises fatoriais identificaram de 4 a 6 fatores ou dimensões independentes: 1)contaminação/lavagens; 2)dúvidas e verificações; 3)simetria, exatidão, ordem, sequência e alinhamento; 4)Obsessões de conteúdo violento, sexual ou blasfemo; 5) compulsão por armazenar, poupar Quando devo suspeitar que alguém tenha TOC? Preocupo-me demais com sujeira, germes, contaminação ou em contrair doenças. Lavo demais as mãos, demoro no banho ou troco de roupas demasiadamente. Evito tocar em certos objetos que as outras pessoas tocaram (corrimãos, maçanetas de portas, dinheiro, etc.) ou se tiver que tocar, preciso lavar as mãos depois. Evito lugares como banheiros públicos, hospitais, cemitérios, sentar em bancos de praça ou de coletivos, por achar que que posso contrair doenças ou que são sujos. Evito usar roupas de determinadas cores, evito certos números, ou chegar perto de certas pessoas porque acho que podem dar azar. Verifico várias vezes, portas, janelas, gás, fogão, torneiras, eletrodomésticos, ou documentos. Minha mente é invadida por pensamentos desagradáveis, que me perturbam e que não consigo afastar. Preciso repetir várias vezes a mesma tarefa para ter certeza de que não fiz nada de errado, ou de que ela está bem feita. Preocupo-me demais em arrumar as coisas ou que estejam simétricas alinhadas e fico aflito (a) quando estão fora do lugar. Acumulo demasiadamente objetos que não tem mais utilidade e que não consigo descartar
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