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UNIÃO BRASILEIRA DE FACULDADES – UNIBF PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CAMILA TASCA LEITÃO O USO DO BIM NA PRODUÇÃO E NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS. RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2021 CAMILA TASCA LEITÃO O USO DO BIM NA PRODUÇÃO E NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS. Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado para obtenção de certificado no Curso de Especialização – Latu Sensu em Engenharia de Produção da União Brasileira de Faculdades, UNIBF. RIO DE JANEIRO, AGOSTO DE 2021 RESUMO O Planejamento e Controle de Produção (PCP) consiste em um processo que auxilia o gerenciamento das atividades de produção. É por meio dele que todos os recursos operacionais serão definidos. O PCP envolve funções de planejamento: o que será produzido e com que recursos, programação: descrição de recursos e sequência entre os fluxos, e controle: monitoramento e correção de desvios. A Modelagem da Informação da Construção (BIM) mostra-se no panorama atual como uma nova forma de se projetar, a qual requer uma mudança de comportamento de todos os agentes envolvidos no projeto desde a concepção à finalização. Este estudo aborda a forma com que esse novo processo pode trazer benefícios ao ser aplicado no planejamento de uma obra em comparação com os métodos convencionais. Portanto, o grande objetivo é verificar a facilitação das práticas de planejamento e padronização de produtos para criar um fluxo de trabalho visando obter melhores resultados. Dessa forma, com a implementação de um planejamento bem estruturado, a tendência é aumentar a eficiência, reduzir desperdícios e diminuir os gargalos da produção utilizando as ferramentas da tecnologia BIM. Palavras-chave: BIM, Gerenciamento de Projetos, Produção, Planejamento e Controle. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5 1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 5 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................. 6 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 7 2.1 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ................................ 9 2.1.1 Previsão de Demanda .......................................................................................... 11 2.1.2 Previsão de Capacidade de Produção ................................................................ 11 2.1.3 Previsão de Agregado de Produção ................................................................... 12 2.1.4 Previsão Mestre da Produção ............................................................................. 13 2.1.5 Previsão Detalhada da Produção ....................................................................... 13 2.2 BIM ............................................................................................................. 14 2.2.1 Inovações ....................................................................................................... 15 2.2.2 Modelagem Paramétrica ..................................................................................... 15 2.2.3 Interoperabiladade .............................................................................................. 17 2.3 METODOLOGIA ........................................................................................... 17 2.3.1 Métodos Convencionais de Planejamento e Controle ............................... 18 2.3.1.1 Kanban .......................................................................................................... 18 2.3.1.2 Six Sigma ....................................................................................................... 20 2.3.1.3 Kaizen ............................................................................................................ 21 2.3.2 Plataforma BIM Aplicadas ao Planejamento ............................................ 21 2.3.2.1 Softwares BIM .............................................................................................. 23 2.3.2.2 Revit ............................................................................................................... 25 2.3.2.3 Navisworks .................................................................................................... 26 2.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................. 29 2.4.1 Comparação entre as Técnicas Convencionais de Planejamento e o Planejamento Usando BIM ......................................................................................... 29 2.4.1.1 Ferramentas de visualização ....................................................................... 30 2.4.1.2 Ferramentas de Integração.............................................................................. 32 2.4.1.2 Ferramentas de Análise ............................................................................... 34 2.4.1.3 Ferramentas de Gestão ................................................................................ 35 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 36 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 38 1. INTRODUÇÃO A indústria da construção civil se apresenta como um setor no qual a informalidade está muito presente. Desta forma, surge a necessidade de um planejamento adequado e consequentemente um controle mais centralizado, visto que planejar e controlar são atividades complementares: uma não existe sem a outra. (PARIZI et. al, 2016). Em uma obra que o projeto que não tenha processos organizados, definidos e justificados certamente não atingem os resultados desejados. A fim de resolver estes problemas surgem as ferramentas dimensionais. Os recursos de modelagem 3D representam o modelo tridimensional, 4D integra o cronograma e planejamento, 5D implementa a orçamentação do projeto, 6D sustentabilidade, 7D é dedicada à operação e manutenção de instalações construídas e bens manufaturados, 8D visa a segurança e saúde durante o projeto, trabalho e fase de manutenção, 9D gestão lean no setor da construção, chamada de Construção Enxuta e 10D, voltada para industrialização e almeja tornar o setor da construção civil mais produtivo, integrando as novas tecnologias por meio de sua digitalização. O BIM traz inúmeras vantagens no setor da Engenharia Civil e Engenharia de Produção. De acordo com Eastman et al. (2013), a coordenação entre os projetistas e empreiteiros participantes é aperfeiçoada e os erros de omissão são significativamente reduzidos. Isso torna mais rápido o processo de construção, reduz os custos, minimiza a probabilidade de ocorrência de erros de projeto e proporciona um processo mais eficiente para toda a equipe do empreendimento. 1.2 JUSTIFICATIVA Na prática continua-se trabalhando de forma convencional, o que torna a fase de execução do projeto um trabalho árduo no que se refere ao planejamento, controle da obra, levantamento dos quantitativos de material, orçamento, entre outros. De acordo com Formoso (2001), as deficiências no planejamento e controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, das suas elevadas perdas e da baixa qualidade de seus produtos. O BIM permite um processo de construção com menos dificuldades e mais bem planejado, economizando, assim, tempo e dinheiro, e reduzindo a possibilidade de erros e conflitos. Por se tratar de uma tendência no setor,o que é evidenciado pelo incentivo do Governo Federal com o decreto n °10.306 de 2020 que estabelece a utilização do BIM na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal, sendo umas das estratégias de disseminação da tecnologia no país, esse projeto final é importante para analisar a diferença entre o planejamento de obras utilizando BIM e o método convencional, assim como destacar vantagens e desafios na implantação do planejamento de obra a partir da modelagem dimensional. 1.3 OBJETIVOS O objetivo principal do presente trabalho é analisar as diferenças entre o planejamento e gerenciamento de projetos realizados por métodos convencionais e desenvolvido a partir da plataforma BIM. Os objetivos específicos são: • Analisar os princípios de aplicação das ferramentas de planejamento convencionais; • Conhecer os princípios de aplicação das ferramentas de modelagem da informação da construção; • Analisar os benefícios da plataforma BIM aplicada ao planejamento e ao gerenciamento de projetos; 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA De acordo com Limmer (1996), um projeto pode ser definido como empreendimento singular, com objetivos bem definidos, a serem materializados segundo um plano preestabelecido e dentro de condições de prazo, custo, qualidade e risco previamente definidas. Figura 1: Fases do processo de gerenciamento Fonte: Limmer, 1996. Segundo Limmer (1996), o controle do projeto constitui-se do acompanhamento do progresso e a respectiva análise de desempenho. Através de informações, o desempenho é comparado com os planos e as programações, podendo motivar, caso haja desvio significativo, a revisão dos planos, das programações, dos orçamentos e dos recursos alocados para a implementação do projeto, motivando novo planejamento. Na construção civil essa gestão de projetos não é uma tarefa fácil, pois há uma série de variáveis e indefinições que podem prejudicar a eficiência e resultar na distorção dos objetivos pré-estabelecidos. Para obter melhores resultados grande parte das empresas do setor, nos últimos anos, utilizam uma outra metodologia que possui muita sinergia com as premissas e filosofia do Gerenciamento de Projetos: o BIM (Building Information Modeling), traduzido como Modelagem da Informação da Construção, conceitualmente é uma metodologia que reúne Pessoas, Processos e Tecnologias que, de forma colaborativa, permite maior controle e exatidão em projetar, construir e operar edifícios. Abaixo é possível observar na Figura 2 o ciclo de vida de um projeto. Figura 2: Ciclo de vida BIM Fonte: Project Management Knowledge Base, 2021. Ao analisar as duas figuras acima, observa-se como a metodologia BIM engloba o gerenciamento de forma única, na mesma direção caminhando de maneira simultânea das atividades, diferentemente do faseamento descrito por Limmer. Entre as atividades do gerenciamento de um projeto destaca-se a atividade de planejamento, essa evolução no controle da produção e planejamento será abordada neste trabalho. 2.1 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO PCP é a sigla para Plano de Controle de Produção. Esse sistema de gerenciamento de produção tem como objetivo prever, controlar e otimizar a utilização de recursos, tempo e habilidade dos colaboradores para tornar mais ágil a gestão de todas as etapas do trabalho. As indústrias que aderem a esse sistema têm como principal vantagem a maior autonomia sobre seus processos. Ter uma gestão que saiba fazer um bom planejamento é importante para qualquer empresa. Seja para realizar um novo projeto, para comprar matéria-prima, na administração do estoque ou em produções em larga escala, ter organização é fundamental para prever os investimentos e recursos que serão necessários. Tudo isso ajuda a reduzir custos e desperdícios, aumentando os lucros da companhia. Para que isso seja possível, foram criados alguns métodos que facilitam o trabalho da gestão e trazem inúmeros benefícios, como o aumento da produtividade e da qualidade da produção. Nesse contexto, uma das ferramentas que se destaca é o PCP, ou planejamento e controle da produção. Figura 3: Sistema de Produção Fonte: Planejamento e Controle da Produção Dos Fundamentos ao Essencial, 2010. Atualmente, o desafio da implantação nesse tipo de processo está muito mais na gestão do projeto, dos processos e das pessoas para retirar o máximo benefício dessas ferramentas e conceitos e alinhá-las à estratégia da empresa. Situação diferente de quando saímos desse ambiente e vamos para uma empresa ENGINEER-TO-ORDER (ETO: Engenheiro ao Pedido). Nela cada produto é único e para um cliente específico. As ferramentas e conceitos raramente funcionam sem adaptações nesses casos, logo é preciso desenvolver as soluções. Para desenvolver essas soluções é preciso é criar um fluxo contínuo para garantir a produção puxada. Se analisarmos do ponto de vista do cliente, toda a fábrica ETO já é quase uma puxada, afinal ela só produz o que o cliente quer, na quantidade que ele quer. Mas, normalmente, a falha está no último critério: quando o cliente quer. Em empresas ETO, os desperdícios surgem quase sempre por causa da falta de sincronismo entre os departamentos. É a engenharia que não libera os desenhos que a área de processos necessita, é o departamento de compras que adianta o que não é necessário e atrasa o que se precisa, são áreas fabris trabalhando fora de sincronia umas com as outras e gerando material parado na fábrica. Os processos travam, os produtos param e as equipes de execução adiantam aquilo que é possível para ser feito. Ou seja, empurram a produção, não puxam. A chave do problema está em um planejamento bem-feito, que sincronize os diferentes departamentos, setores que participam da execução do processo. Esse planejamento deve considerar a alocação dos recursos a serem utilizados, os tempos necessários para execução de cada tarefa e, sem dúvidas, tempos pulmão para a proteção de eventuais atrasos. Na execução, o acompanhamento deve ser próximo e feito em uma frequência que permita a empresa um tempo de reação para resolver problemas. Essa frequência varia de processo para processo, em algumas empresas podem ser diárias, outras por turno, outras por hora; o importante é acompanhar os processos e resolver os problemas. Esse acompanhamento deve ser feito através da Gestão Visual, para que fique claro a todos onde estão os problemas e quais são eles, onde tem atrasos e onde tem excesso de recursos. Assim, pode-se tomar ações de maneira sistemática para melhorar o desempenho dos departamentos para uma execução mais enxuta: sempre visando o fluxo de informação e produtos. E aqui vale o uso de outras ferramentas e conceitos Lean como 5S, Setup Rápido, TPM, Trabalho Padrão etc. Portanto, é recomendado evitar a cópia de soluções, procurar a melhor maneira de sincronizar os departamentos e setores e como controlá-los. Tendo sempre em mente: processos enxutos são aqueles contínuos e que atendem os clientes. Figura 4: Ambiente de Produção: Engenharia Fonte: Planejamento e Controle da Produção Dos Fundamentos ao Essencial, 2010. 2.1.1 Previsão de Demanda Os métodos estatísticos e subjetivos de previsão de demanda auxiliam os gerentes de produção no dimensionamento da produção e dos recursos materiais e humanos necessários. A previsão de demanda assume um papel ainda mais importante quando a empresa adota uma estratégia de produção para estoque. Estrategicamente deve-se trabalhar com uma previsão irrestrita. Os objetivos da previsão devem ser traçados de acordo com a demanda a longo ou a curto prazo, podendo considerar vários ou um segmento de mercado específico. Por meio dela, consegue-se prevererros e, assim, evitarem que a empresa tenha baixa lucratividade e risco de desperdícios. 2.1.2 Previsão de Capacidade de Produção A partir da previsão de demanda de médio e longo prazo e da análise da capacidade instalada, determina-se a necessidade de adequação (aumento ou redução) da capacidade de produção para melhor atender a demanda no médio e longo prazo. O equilíbrio entre capacidade e demanda é necessário para garantir que as operações produtivas consigam atender aos pedidos dos clientes, em relação a requisitos de quantidade e qualidade, para o fornecimento de produtos. O equilíbrio entre capacidade e demanda é necessário para garantir que as operações produtivas consigam atender aos pedidos dos clientes, em relação a requisitos de quantidade e qualidade, para o fornecimento de produtos. 2.1.3 Previsão de Agregado de Produção No plano agregado, estão as decisões de volumes de produção e estoque mensais, contratação (ou demissão) de pessoas, uso de horas-extras e subcontratação, contratos de fornecimento e serviços logísticos. Neste nível de planejamento, as informações de demanda e capacidades são agregadas para viabilizar a análise e tomada de decisão. São necessários planos de produção agregados para explorar as oportunidades da força de trabalho e representar uma parte crucial do gerenciamento de operações. Planos de produção agregados facilitam a correspondência entre oferta e demanda e, ao mesmo tempo, reduzem custos. O processo de planejamento de produção agregado aplica as previsões de nível superior ao planejamento de nível de produção inferior e é mais bem-sucedido quando aplicado a períodos de 2 a 18 meses no futuro. Os planos geralmente “perseguem” a demanda, ajustando a força de trabalho de acordo, ou os planos “nivelados”, o que significa que o trabalho é comparativamente constante, com as flutuações na demanda sendo atendidas por estoques e pedidos pendentes. Conceito de planejamento de produção agregado consiste no processo de determinação das quantidades gerais de produtos a serem fabricados ou produzidos em uma planta ou outra instalação de fabricação durante um período de planejamento de médio prazo, como um mês ou um trimestre. Os outputs deste plano compreendem as quantidades totais de cada produto ou grupo de produtos a serem fabricados no período planejado, detalhando a programação de diferentes atividades de fabricação necessárias para atingir os níveis de produção planejados. 2.1.4 Previsão Mestre da Produção Essa etapa trata-se da operacionalização dos planos de produção no curto prazo. No programa mestre são analisados e direcionados os recursos (máquinas, pessoas, matérias-primas) no tempo certo para produzir a quantidade necessária para suprir a demanda de determinado período. Um cronograma mestre de produção (MPS) é um cronograma de construção antecipado para a fabricação de produtos finais ou opções de produtos. É um componente importante dos sistemas de planejamento de produção, como os sistemas de planejamento de requisitos de material (MRP). É uma declaração de produção, não uma declaração de demanda do mercado. Ou seja, o MPS não é uma previsão. No entanto, a previsão de vendas é uma entrada crítica no processo usado para determinar o MPS. Portanto, representa o que a empresa planeja produzir em termos de modelos, quantidades e datas. Ele leva em consideração a previsão de demanda, o plano de produção agregado, a lista pendente, a disponibilidade de material e a capacidade. Com os muitos recursos pertencentes a esse software, o software faz dele o principal objetivo de planejamento, inventário e outros aspectos do controle da produção. Este sistema foi extremamente benéfico para as operações de fabricação e pode oferecer uma visão completa de sua operação. Antes de implementar o software, é essencial entender os objetivos do sistema. Sem mais delongas, eis as funções do planejamento mestre de produção (MPS). 2.1.5 Previsão Detalhada da Produção É a operacionalização propriamente dita no “chão da fábrica”. Define como a fábrica irá operar no seu dia a dia. As atividades que envolvem a programação da produção são: administração de materiais, sequenciamento das ordens de produção, emissão e liberação de ordens. 2.1.6 Controle de Produção É a última etapa do PCP e consiste no acompanhamento dos processos produtivos a fim de verificar o andamento da produção conforme o planejado, ou seja, verificar se o que foi decidido no plano agregado, programa mestre e programação detalhada estão sendo realizados. A partir do apontamento da produção , tempos e rendimentos do processo, assim o PCP acumula dados atualizados dos processos para utilização nas decisões futuras. O controle de produção procura utilizar diferentes tipos de técnicas de controle para obter um desempenho ideal fora do sistema de produção, de modo a atingir as metas gerais de planejamento de produção. Portanto, os objetivos do controle de produção são regular o gerenciamento de estoque, organizar os cronogramas de produção e utilização ótima de recursos e processo de produção. Com isso as vantagens do controle de produção robusto englobam a garantia de um fluxo suave de todos os processos de produção e da economia nos custos de produção, melhorando assim o resultado final, bem como o controle o desperdício de recursos e a segurança do padrão de qualidade através do ciclo de vida da produção. O controle de produção não pode ser o mesmo em toda a organização, ele depende dos seguintes fatores: ▪ Natureza da produção ▪ Natureza da operação ▪ Tamanho da operação 2.2 BIM A BIM (Modelagem de Informação da Construção) é o processo holístico de criação e gerenciamento de informações para um recurso construído. Com base em um modelo inteligente e habilitada por uma plataforma na nuvem, a BIM integra dados estruturados e multidisciplinares para produzir uma representação digital de um recurso em todo seu ciclo de vida, desde o planejamento e o projeto até a construção e as operações. 2.2.1 Inovações Para Coelho e Novaes (2008), os sistemas baseados na tecnologia BIM podem ser considerados uma nova evolução dos sistemas CAD (Computer Aided Design), pois gerenciam a informação no ciclo de vida completo de um empreendimento de construção, através de um banco de informações inerentes a um projeto, integrado à modelagem em três dimensões. No entanto, essa evolução é muito mais que apenas mudar a forma com que um projeto é desenhado. No CAD, que é a forma de desenho mais comum nos projetos atualmente, o modelo é gerado a partir de vetorizações dos componentes, ou seja, conjuntos simples de linhas e curvas formando uma forma complexa, inclusive em três dimensões. No BIM, a abordagem é diferente, pois lidamos com objetos, não com linhas (MÜLLER, 2015).16 A alteração de um projeto desenvolvido em CAD (2D e 3D) implica em diversas modificações manuais dos objetos representados. Já os sistemas BIM adotam modelos paramétricos dos elementos construtivos de uma edificação e permitem o desenvolvimento de alterações dinâmicas no modelo gráfico, que refletem em todas as pranchas de desenho associadas, bem como nas tabelas de orçamento e especificações (COELHO, 2008). Duas das principais inovações dos sistemas BIM em relação ao CAD são abordadas a seguir: Modelagem 3D Paramétrica e Interoperabilidade. 2.2.2 Modelagem Paramétrica Parametrização pode ser definida como sendo a geração de modelos virtuais que representam fielmente objetos reais. Desta forma, o projeto deixa de ser representado apenas geometricamente através de linhas para se tornar um modelo representado também por dados que caracterizam cada objeto que o compõem (SIVIERO, 2010). De acordo com Eastman et al. (2014), os objetos paramétricos são a ideiacentral do conceito BIM que se diferencia da representação 2D tradicional. A modelagem paramétrica define regras que representam a geometria e também outros aspectos não geométricos, o que permite que os objetos se adaptem dependendo do contexto em que é inserido. Em um sistema paramétrico, os dados utilizados nas operações de modelagem são parâmetros, e podem ser alterados posteriormente editando-se o modelo. Caso uma edição realizada implique em alterações em outros pontos da geometria do objeto, elas serão processadas automaticamente pelo sistema. Isso permite que as empresas criem suas bibliotecas e também a representação de objetos que antes não era viável. Os sistemas BIM se utilizam de uma variante ainda mais moderna da modelagem paramétrica, denominada “variacional”. Com esse recurso, é possível atribuir-se não só valores fixos aos parâmetros, mas equações também. Nessas equações, os valores de outros parâmetros podem ser referenciados como se fossem variáveis. Assim, pode-se estabelecer desde relações simples como “a largura desta janela deverá ser sempre igual ao dobro de sua altura”, até outras mais complexas, envolvendo diversos parâmetros e condições, permitindo, por exemplo, fazer com que a área envidraçada da janela seja proporcional à área da sala em que se encontra (SANTOS, 2012). Ainda segundo Santos (2012), outra importante característica da modelagem paramétrica nos sistemas BIM é a modelagem baseada em restrições ou vínculos (constraintbased modeling). Esse sistema permite o estabelecimento de relações geométricas entre os objetos, tais como perpendicularismo, paralelismo, adjacência, ângulos, e etc. Uma aplicação prática deste conceito é que as paredes sejam adjacentes às lajes. Assim, para garantir o vínculo estabelecido, alterações nas posições da laje alteram automaticamente a altura das paredes adjacentes. 2.2.3 Interoperabiladade O conceito de interoperabilidade, de acordo com Campestrini et al. (2015), vem da necessidade de tornar os diferentes modelos (arquitetura, estrutura, planejamento, etc.) compatíveis entre si gerando um único modelo integrado independente do software de escolha do projetista. Para que seja possível esta integração é preciso que todos sigam uma linguagem padrão que é representada pela chamada Industry Foundation Classes (IFC). O IFC foi criado para representar dados consistentes da construção e realizar a troca entre os aplicativos utilizados no projeto. Essa linguagem é focada em fornecer definições gerais dos modelos de forma que trata mais de informações sobre a construção e o ciclo de vida (EASTMAN et al., 2014). A falta de interoperabilidade foi identificada pelo NIST (National Institute of Standards and Technology), em um estudo de 2004 (GALLAHER, 2004), como causa de gastos de quase 16 bilhões de dólares por ano pela indústria da construção americana. Isso ocorre devido à necessidade de reentrada de dados, duplicação de tarefas e dependência de sistemas baseados em papel, com fortes implicações em custo, tempo e qualidade em todas as etapas de um empreendimento de construção. Dessa forma, é essencial garantir a interoperabilidade entre quaisquer pares de aplicativos que supostamente devem compartilhar dados entre si num empreendimento, o que num sistema BIM é assegurado pelo IFC. 2.3 METODOLOGIA A metodologia de trabalho tem a natureza básica e consiste em uma abordagem qualitativa de dados com a finalidade exploratória com base na revisão bibliográfica utilizada. Como forma de coleta de dados foram utilizados artigos, periódicos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses bem como sites e informativos reconhecidos que abordam informações importantes relevantes ao tema. 2.3.1 Métodos Convencionais de Planejamento e Controle Gehbauer (2002) define a função do planejamento prévio como a de planejar os trabalhos da obra antes do seu início, de tal forma que sejam escolhidos os métodos construtivos e os meios de produção mais adequados e estes sejam coordenados entre si, considerando-se todo o quadro de condicionantes internos e externos à empresa. O objetivo deste planejamento é obter o maior rendimento possível com os menores custos de execução possíveis. Gehbauer (2002) ainda subdivide o planejamento prévio em diversas áreas que, embora diferenciadas, possuem uma estreita relação entre si. Tais áreas são: • Planejamento do canteiro de obras; • Planejamento dos recursos operacionais e financeiros: mão-de-obra, materiais, máquinas e equipamentos, em nível físico e financeiro; • Planejamento dos métodos de execução: comparação e escolha dos métodos construtivos a serem usados, tendo como base a técnica empregada e os respectivos custos; • Planejamento da obra: cronograma detalhado. Ainda, sabe-se que orçamento e planejamento são atividades próximas, conexas e indissociáveis. Para Goldman (2004), o orçamento detalhado da obra é, sem dúvida, a mais importante ferramenta para o planejamento e acompanhamento dos custos de construção‖. Porém, o presente trabalho tratará apenas da etapa de planejamento de obras. 2.3.1.1 Kanban O Kanban é um sistema que funciona de maneira orquestrada e ordenada, que cada pedido no final da cadeia gera uma ação em todos os setores da empresa. Um sistema composto por engrenagens, molas e afins cuja função é marcar as horas e as datas. Tal sistema, defendido por Kiichiro Toyoda, é um bom exemplo de como a Toyota enxerga a organização como um sistema. O sistema kanban, também conhecido como just-in-time, não trata de cada estágio de processo como independente, mas, em vez disso, reconhece todo um sistema de processos associados. Naturalmente, a construção de coisas, desse modo, leva a uma visão mais ampla, a uma visão orientada para o futuro, a uma visão que busca a otimização do todo. Dentro da empresa, o sistema kanban é concebido como resultado de tal pensamento. Fora da empresa, a visão sistêmica dá-se por meio do keiretsu, ou grupos de relacionamentos, foram estabelecidos com os fornecedores. Do final da década de 1980 ao início dos anos 1990, os keiretsu da indústria japonesa foram criticados no Ocidente por serem sistemas fechados. A Toyota enfrentou tal crítica de frente, declarou que se tornaria uma empresa “aberta” e inseriu as palavras “aberta e justa” nos Princípios Básicos que promulgou em 1992. Não muito tempo depois, os Estados Unidos da América criaram o conceito de Supply Chain Management, sua própria versão de keiretsu, e colheram os louros da prosperidade econômica na década de 1990. Os EUA e alguns países europeus, que são conhecidos por serem fortes em sistemas de raciocínio, aprenderam a pensar por sistemas com os keiretsu da Toyota. A metodologia funciona sobre uma importante premissa: colaboradores não devem desempenhar funções sem propósito. Em primeiro lugar, sua perspectiva sobre o trabalho incita-os a se questionarem por que seus trabalhos e atividades existem. Seu objetivo é chegar à essência. Taichi Ohno, dizia que trabalho se referia a atividades de produção. Movimento, por outro lado, é a mera passagem, que não agrega valor. Trabalho sem uma essência clara e definida é movimento, ou seja, desperdício. A cultura de procura por essências também está presente em departamentos administrativos, que tem forte tendência a cair na burocratização. Trabalhadores dos processos de suporte como aqueles lotados nos setores administrativos ou nos centros de serviços compartilhados, devem ter bem clara a essência do seu trabalho. Nesse trabalho voltado para indústria da construção civil, é observado o sistema de produção puxado, nele cada etapa do processo só deve produzir um bem ou serviço quando um processo posterior, ou o cliente final, o solicite. Esta solicitação se dá através do consumo de um estoque controlado depeças, chamado de supermercado, localizado entre os processos. Se o processo posterior não consumir um determinado item, o processo anterior não o produzirá, mesmo que isto contrarie a previsão de vendas. A produção puxada transfere para o chão-de-fábrica a responsabilidade pela programação diária da produção. São os operadores que passam a decidir o que fazer e quando fazer, a decisão é tomada com base em um sistema visual que, quando dimensionado corretamente, e seguido à risca, tornam este trabalho totalmente seguro. 2.3.1.2 Six Sigma O Six Sigma é um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso do negócio. Além disso, é dirigido unicamente por um entendimento das necessidades do cliente. Através, por exemplo, do uso disciplinado de fatos, dados e análise estatística, além de atenção diligente para gerenciar, melhorar e reinventar processos de negócios Cada vez mais popular, o Lean Six Sigma primeiro enfatiza o uso de metodologias e ferramentas Lean para identificar e remover desperdícios e aumentar a velocidade do processo. Isso, por sua vez, ocorre com o uso de metodologias e ferramentas Six Sigma para identificar e reduzir ou remover variações de processos. A maioria das organizações que executam iniciativas de qualidade, agora optam por usar o Lean Six Sigma em vez de apenas uma ou outra metodologia. O objetivo primordial do Six Sigma é a melhoria na qualidade dos processos da empresa: redução do desvio padrão e da quantidade de defeitos na produção. Alcançando esse objetivo com sucesso, uma série de benefícios podem vir na esteira, a exemplo de: • Aumento de produtividade • Maior satisfação dos clientes https://www.escolaedti.com.br/9-ferramentas-que-aumentam-a-produtividade-da-empresa • Crescimento na margem de lucro • Melhora na identidade da marca • Redução nos custos com manutenção, suporte e atendimento. 2.3.1.3 Kaizen O Kaizen é significado na crença filosófica de que tudo pode ser melhorado: algumas organizações analisam um processo e veem que ele está funcionando bem; enquanto isso as organizações que seguem o princípio do Kaizen veem um processo que pode ser aprimorado. Isso significa que nada é visto como um status quo, há esforços contínuos para melhorar que resultam em pequenas mudanças, muitas vezes imperceptíveis, ao longo do tempo. Essas mudanças incrementais resultam em mudanças substanciais a longo prazo, sem ter que passar por nenhuma inovação radical. Pode ser uma maneira muito mais gentil e amigável para os funcionários de instituir as mudanças que devem ocorrer à medida que a empresa cresce e se adapta. Como o Kaizen é significado mais de uma filosofia do que de uma ferramenta específica, sua abordagem aparece em muitos métodos diferentes de melhoria de processos, desde o Gerenciamento da Qualidade Total (TQM), até o uso de caixas de sugestões de funcionários. Sob o kaizen, todos os funcionários são responsáveis por identificar as lacunas e as ineficiências e todos, em todos os níveis da organização, sugerem onde a melhoria pode ocorrer. 2.3.2 Plataforma BIM Aplicadas ao Planejamento Os modelos BIM podem representar diversas dimensões (nD) de informação de uma edificação. Os modelos nD são uma extensão do modelo de informação da construção, o qual incorpora multi-aspectos de informação de projeto requerida em cada estágio do ciclo de vida de uma edificação (LEE et al., 2002 ; FORMOSO, ISATTO, 2012). https://www.escolaedti.com.br/como-um-lider-pode-reduzir-custos-na-empresa https://www.fm2s.com.br/qualidade-total/ Quando a base de dados 3D é alimentada com informações de ―tempo‖, permitindo a alocação das quantidades extraídas do modelo em um sequenciamento de atividades e junção de taxas de produtividade e dos tamanhos de equipes criando um cronograma da obra, é caracterizado o 4D-BIM (VICO, 2011). Esse modelo também possibilita a criação de animações do sequenciamento de atividades facilitando a visualização e o acompanhamento do gestor quanto ao avanço físico da obra. Associando informações de custos à dimensão BIM 4D, tem-se o 5D-BIM. Agora os elementos do projeto estão atrelados a um custo e a um cronograma, assim quando uma alteração é feita no empreendimento, a mesma pode ser facilmente visualizada no orçamento e no cronograma (VICO, 2011). A dimensão BIM 6D refere-se ao gerenciamento do ciclo de vida do empreendimento, carregando o modelo com informações como garantia dos equipamentos, planos de manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, custos de operações, entre outras (MATTOS, 2010). Quando são atribídos a dimensão energia ao modelo, quantificando e qualificando a energia utilizada na construção, a energia a ser consumida no seu ciclo de vida e seu custo, junto com aspectos relacionados à sustentabilidade, temos a dimensão 7D (CALVERT, 2013). Segundo Campestrini (2015), o modelo BIM 3D contém informações sobre a geometria e qualidade do projeto, que pode ser usado na compatibilização, quantitativos e especificações. Quando são acrescentados dados sobre planejamento, o modelo se torna um BIM 4D. O modelo BIM 5D contém informações de custo das atividades e o 6D é focado em informações sobre a operação e manutenção de edificações. Por fim, o modelo 7D é relacionado à sustentabilidade e controle energético. O foco do presente trabalho é a abordagem do modelo BIM 4D. Para Silveira (2005), o planejamento 4D pode ser definido como o processo de planejamento para um empreendimento da construção civil e visualização do mesmo a nível espacial conforme o planejado, ou seja, consiste em visualizar o andamento da obra em terceira dimensão (3D) ao longo do tempo, sendo este último (o tempo) a quarta dimensão. 2.3.2.1 Softwares BIM Atualmente, existem diversos softwares que atrelam os elementos gráficos da edificação ao cronograma da obra. A escolha do software depende de uma série de fatores, tais como a importação de arquivos, de cronogramas, capacidade de análises e animação, entre outros. SOFTWARE DESCRIÇÃO Digital Project (Gehry Technologies) Sendo um aplicativo, o "Construction Planning and Coordination", no português "Planejamento e Controle da Construção", permite que os usuários conectem componentes 3D às atividades do software Primavera ou do MS Project com datas associadas a elas, assim como gerar análises e simulações em 4D. Objetos relacionados à construção precisam ser adicionados e removidos quando for apropriado. As mudanças feitas nos softwares de planejamento são propagadas ao modelo 3D ligado à eles. ProjectWise Navigator (Bentley)JetStream/Timeliner (Navisworks) Inclui todos os recursos do ambiente de visualização do JetStream, suporta o maior número de formatos BIM e tem as melhores capacidades de visualização. O Timeliner suporta conexão automática e manual para dados importados de uma variedade de aplicações de cronograma. A conexão manual é tediosa, e sua interface não é amigável, e há poucos recursos especializados 4D. JetStream/Timeliner (Navisworks) Este é um aplicativo que promove serviços para: importar uma série de arquivos 2D e 3D com formatos distintos; revisar simultaneamente os desenhos 2D e os modelos 3D; ligar componentes e atributos; revisar as interferências/conflitos, visualizar e analisar simulações de cronogramas. Project 4D ConstructSim (CommonPoint) Inclui alguns recursos 4D especializados, como análises de interferências, adição de objetos que representam espaços de armazenamento temporário, animações e recursos especializados para criar filmes 4D. O processo de conexão 4D inclui conexão manual arrastar-e-soltar e conexão automática. Usuários podem distribuir um visualizador 4D aos membros da equipe. O CommonPoint 4D somente importa geometria "VRML" enquanto o ConstructSimdá suporte à importação de dados de mais formatos. Revit (Autodesk) Única ferramenta BIM com capacidade 4D embutidas para definição básica das fases 4D. Cada objeto inclui parâmetros que permitem designar uma "fase" para um objeto e depois usar as propriedades de visualização do software para observar diferentes fases e criar instantâneos 4D. Não é possível simular uma animação, mas o usuário pode conectar o modelo à aplicativos de planejamento como o MS Project e trocar informações com softwares para automatizar algumas entradas de dados 4D. Syncro 4D (Syncro ltd.) Nova e poderosa ferramenta 4D com a capacidade de executar cronogramas mais sofisticada que qualquer outro software 4D. A ferramenta requer conhecimentos mais profundos de programação e administração de empreendimentos. Ela inclui opções como visualização de riscos, folga e utilização de recursos, além da visualização 4D básica. Virtual Construction (VICO Software) Este software fornece modelos 5D, constituído por planejamento, orçamento e controle da obra. O modelo 3D pode ser desenvolvido no próprio software. Aos objetos são atribuídas composições que definem as tarefas e os recursos necessários para sua construção. Quantidades e custos são calculados, a sequência de atividades é definida e então o modelo 4D pode ser visualizado. O cronograma pode ser importado do MS Project e do Primavera. Visual Simulation (Innovaya) Liga qualquer modelo feito em 3D no formato DWG com cronogramas feitos com MS Project ou Primavera, mostrando os empreendimentos em 4D e assim gerando uma simulação do processo construtivo. Sincroniza mudanças feitas tanto no cronograma quanto nos objetos 3D. Utiliza código de cores para detectar potenciais problemas no planejamento como objetos atribuídos a duas atividades simultâneas ou não designados a atividade nenhuma. Quadro 1: Ferramentas BIM . Fonte: EASTMAN (2011), adaptado pela autora. 2.3.2.2 Revit O software Revit é uma das plataformas mais conhecidas e utilizadas atualmente que usa a tecnologia BIM. É um software desenvolvido pela Autodesk e inclui recursos para projeto de arquitetura, engenharia de sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos, engenharia estrutural e construção. Suas ferramentas permitem a utilização de um processo inteligente baseado em modelos para planejar, projetar, construir e gerenciar edifícios e infraestruturas. Além disso, o Revit oferece suporte a um processo de projeto multidisciplinar, para trabalhos colaborativos. Este foi criado e desenvolvido especificamente para ajudar em design profissional de edifícios e na otimização da sua qualidade, com maior eficiência energética, permitindo aos utilizadores projetar um edifício e os seus componentes em 3D, anotar o modelo com elementos em duas dimensões e a elaboração e o acesso a informações de construção a partir do banco de dados de modelos de construção. O Revit é um software capaz de usar a dimensão 4D BIM e permite, assim, usar ferramentas para planejar e acompanhar as várias fases do ciclo de vida do edifício, desde a concepção à sua respectiva construção e, mais tarde, a demolição. Com a base dos projetos em objetos 3D, o software possibilita que, da concepção até a elaboração, todas as fases sejam realizadas de forma mais coordenada e consistente. O programa é um aplicativo individual que inclui recursos para projeto de arquitetura, de construção e de engenharia estrutural, além de oferecer uma troca de informações, durante o processo do projeto, com todos os participantes e colaboradores, por meio do armazenamento dos dados num modelo central. O software se destaca pela redução do prazo de entrega dos projetos, já que é mais rápido e facilita o desenho. Essa facilidade pode ser exemplificada pela existência de comandos preestabelecidos para desenhar cada objeto contando com uma interface de fácil entendimento e utilização, como demonstra a Figura 5. Figura 5: Interface Revit: Principais ferramentas de arquitetura e navegador de Projeto. Fonte: Autodesk Revit (2017) 2.3.2.3 Navisworks O Navisworks é um software de gestão ou compatibilização de projeto BIM desenvolvido pela Autodesk. Utilizado na construção como parte do processo BIM, ele permite que os usuários abram e combinem modelos, naveguem em tempo real e revisem os modelos. O software foi desenvolvido para que a profissionais de arquitetura, engenharia, construção e fiscalização de obra possam controle mais assertivo do projeto, construção e na manutenção, baseando-se num modelo de informações (BIM), antecipando problemas e reduzindo-os antes da construção se realizar. Esta aplicação permite integrar os modelos das diferentes especialidades em um arquivo BIM unificando geometria + dados, e inclui um robusto conjunto de funcionalidades para coordenação no BIM 3D, planeamento (BIM4D) e análise de custos(BIM 5D), que facilitam a comunicação da solução entre todos no projeto, a programação dos trabalhos de obra e a análise dos custos de construção, destacando-se: COORDENAÇÃO (BIM 3D): • Navegação 3D. • Importação de nuvens de pontos geradas por laser scanning. • Geração de animações e de imagens foto realistas. • Medição de distâncias, áreas e ângulos. • Markups com anotações de revisão às vistas. • Clash detection- verificação de interferências. Figura 6: Interface Navisworks: Coordenação do projeto. Fonte: Autodesk Navisworks (2017) PLANEJAMENTO (BIM 4D): • Integração de cronogramas de trabalhos provenientes de aplicações de gestão de projeto. • Dados a partir de folhas de cálculo e de ferramentas de planeamento. • Importação/exportação de dados no formato CSV para maior interoperabilidade. • Associação de componentes construtivos a tarefas. • Simulação da sequência da construção. • Análise de desvios ao cronograma inicial. Figura 7: Interface Navisworks: Acompanhamento do andamento do projeto. Fonte: Autodesk Navisworks (2017). Como parte do processo BIM o software Navisworks (Manage e Simulate) tem relação próxima com os softwares BIM Infraworks, Revit, Archicad e Formit sendo ele o responsável na parte de compatibilização e gestão do projeto/obra. Sendo possível trabalhar com o fluxo OPEN BIM. Para melhor entendimento observa-se na Figura 8 o comparativo dessas duas versões do software. Figura 8: Comparação Navisworks. Fonte: Autodesk. 2.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 2.4.1 Comparação entre as Técnicas Convencionais de Planejamento e o Planejamento Usando BIM A adoção de sistemas BIM não se limita a uma implantação de nova tecnologia, mas refere-se à adoção de novos fluxos de trabalho envolvendo ambiente colaborativo e planejamento nas fases iniciais do projeto. O novo modelo de colaboração envolve recursos avançados de visualização, aliados à transferência contínua de conhecimento entre os diversos agentes participantes do processo de projeto (projetistas, construtores, contratantes, consultores, etc.) (COELHO, 2008). Na Figura 9, são apresentados dois modelos que representam uma comparação entre o processo tradicional e o processo BIM. Demonstra-se a grande diferença entre um projeto feito em BIM para um feito no modelo tradicional. O modelo BIM constitui-se geralmente de um único arquivo que simula a construção real e contém todas as informações necessárias, de onde se pode extrair vistas, cortes e documentos sobre o projeto. Além disso, o modelo BIM pode ser alimentado de forma simultânea por todos os envolvidos no projeto, enquanto no modelo tradicional isso ocorre de forma burocrática e lenta, passando de um projetista para o outro. Figura 9: Processo BIM como contraponto ao processo tradicional de projeto. Fonte: Goes e Santos (2011) Levando em conta as necessidades acima levantadas, foi desenvolvidauma comparação entre as ferramentas tradicionais de planejamento e a de planejamento 4D em quatro esferas de aplicação: ferramentas de visualização, integração, análise e gestão. Um aprofundamento acerca de cada ferramenta é apresentado nos itens subsequentes. 2.4.1.1 Ferramentas de visualização Para identificar esses conflitos espaço-tempo entre atividades, os planejadores de construção precisam de informações espaciais, temporais e lógicas sobre uma atividade. As informações espaciais incluem a localização de uma atividade e o espaço que ela ocupa; as informações temporais incluem o tempo de início e finalização da atividade, duração da atividade e as informações lógicas incluem as atividades anteriores e sucessivas. O planejador da obra deve identificar se as atividades simultâneas ou sobrepostas estão sendo executadas em um espaço de trabalho em comum, o que pode ser prejudicial para a produtividade dos trabalhadores (KOO e FISCHER, 1998). Quadro 2: Ferramentas de visualização. Fonte: autoria própria A modelagem 4D mostra modelos tridimensionais de componentes do projeto sendo construídos passo a passo com a progressão do tempo. Como o modelo 4D simula visualmente o projeto real sendo construído, o processo evita diferentes interpretações entre os participantes do projeto e consequentemente, minimiza potenciais falhas de comunicação. Como todos os participantes podem trabalhar e se comunicar baseando-se no mesmo modelo, a disparidade de níveis de experiência ou conhecimento do projeto é menos relevante, pois é menos provável que leve a diferentes interpretações (KOO e FISCHER, 1998). Além disso, uma melhor percepção do cronograma pode beneficiar significativamente a detecção de potenciais erros de projeto. O modelo 4D permite que os usuários detectem contradições na lógica do cronograma, o que poderia ser negligenciado no método convencional de planejamento (KOO e FISCHER, 1998). Modelos 4D também são usados frequentemente em fóruns da comunidade para apresentar aos leigos como um empreendimento poderia afetar o tráfego, o acesso a um hospital, ou outras preocupações críticas da comunidade (EASTMAN et. al., 2011). 2.4.1.2 Ferramentas de Integração Um dos maiores obstáculos que dificultam a colaboração entre os componentes de projeto e construção da indústria AEC é o processo de construção tradicional e o meio através do qual as informações são trocadas. Uma comunicação eficaz entre os múltiplos participantes envolvidos é fundamental para o sucesso do projeto. Em contraste com esta proposição, o processo de desenvolvimento dos diferentes projetos de uma obra se dá normalmente de forma fragmentada e linear, resultando em feedback mínimo entre as entidades de projeto e construção (KOO e FISCHER, 1998). Segundo Cherneff (1991), a produtividade na construção só pode melhorar se a comunicação e a coordenação na comunidade de arquitetura, engenharia e construção (AEC) se aprimorarem. Segundo Mckinney (2000), um sistema de planejamento 4D apóia o processo de captura e dinâmica de gestão da integração entre os componentes do projeto e os recursos ao longo do tempo, dando suporte, em tempo real, de interação dos usuários com o sistema em 4D. Esse sistema também incentiva a comunicação, a aprovação e melhoria dos cronogramas de construção entre as partes interessadas, como gerentes da construção, os clientes, projetistas, subcontratados e membros da equipe. A tecnologia BIM facilita o trabalho simultâneo de múltiplas disciplinas de projeto. Apesar de a colaboração usando desenhos também ser possível, ela é inerentemente mais difícil e mais demorada do que trabalhar com um ou mais modelos 3D coordenados nos quais o controle de modificações possa ser bem gerenciado. Isso abrevia o tempo de projeto e reduz significativamente os erros de projeto e as omissões (EASTMAN et. al., 2011). Quadro 3: Ferramentas de integração. Fonte: autoria própria 2.4.1.2 Ferramentas de Análise No planejamento pelo método CPM, os custos, assim como os recursos, são ligados diretamente às tarefas na forma de custos fixos ou custos dos insumos. Porém, o orçamento não é feito de maneira automática como na plataforma BIM. É necessário realizar um quantitativo de todos os materiais e posteriormente cadastrar um orçamento. Tarefa essa que pode demorar semanas, enquanto no BIM leva minutos para ser realizada. Associando os dados de custo ao modelo BIM 4D tem-se o BIM 5D, que permite a emissão de relatórios dos custos subsequentes em qualquer ponto específico no tempo (PETERS, UNDERWOOD e ISIKDAG, 2009). A criação de modelos 5D permite que os vários participantes (de arquitetos, designers, empreiteiros para os proprietários) de um projeto de construção visualizem o andamento das atividades de construção e os custos relacionados com o tempo, além dos próprios custos relacionados com materiais e mão de obra, por exemplo. Além disso, utilizando a plataforma BIM, as informações vêm todas de apenas um lugar, tornando-as consistentes e evitando conflitos dedados e erros de digitação. O BIM permite a troca de experiências, o estudo de sequências construtivas, a simulação de alternativas tecnológicas, detecção de conflitos e melhoria da logística de canteiro, facilitando o desenvolvimento de soluções que otimizem a obra e, portanto, reduzam seu prazo. Isso possibilita a geração de cronogramas mais realistas. Para os arquitetos e projetistas, a perspectiva com a automatização de processos é de menos tempo de desenho e mais tempo de projeto. (NUNES, 2013) Quadro 4: Ferramentas de análise. Fonte: autoria própria 2.4.1.3 Ferramentas de Gestão De acordo com Corrêa et al. (2001), ―Planejar é projetar um futuro que é diferente do passado, por causas sobre as quais se tem controle‖. Portanto, aspectos inerentes ao planejamento efetivo de uma obra são o controle e o acompanhamento da construção, a partir da comparação entre o projeto planejado e o efetivamente realizado. Pelo método de CPM, é possível acompanhar e obter controle sobre a obra, porém de forma muito mais trabalhosa e consumindo muito mais tempo de trabalho. Com o cronogramaem gráfico de barras, o planejador deve compará-lo a diversos projetos em 2D e com a situação real da obra. O planejamento 4D através do uso das ferramentas BIM permite a visualização do andamento da obra, através de um programa de visualização gráfica, segundo um cronograma em conjunto com o acompanhamento dos seus custos, apresentando uma visão mais real da sequência de construção e permitindo a interação com o canteiro em todas as etapas da obra. De acordo com Eastman et al. (2011), os gerentes de empreendimento podem comparar facilmente diferentes programações, e podem identificar rapidamente se o projeto está em dia ou atrasado. Quadro 5: Ferramentas de gestão. Fonte: autoria própria 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Modelagem da Informação na Construção, ou simplesmente BIM, surgiu como uma alternativa aos processos tradicionais de planejamento, projeto, construção e gerenciamento de edificações. As diferentes possibilidades de aplicação do BIM em projetos, as quais são representados pelas versões de 3 a 7D, sugere que o processo está em expansão. Eastman etal. (2011) explicam ainda, que a vinculação do modelo BIM 3D com o planejamento proporciona uma visualização 4D da execução do projeto, na qual foi o foco do trabalho. O objetivo fundamental deste trabalho foi avaliar a aplicação de ferramentas de Modelagem da Informação da Construção para estudo do planejamento de obras. Diante desta avaliação, notou-se que a tecnologia BIM possui grandes potencialidades que propiciam um entendimento diferenciado do planejamento em desenvolvimento, principalmente em função da visualização da evoluçãoda obra através da modelagem 4D. As vantagens do seu uso em comparação com os métodos tradicionais abrangem todos os agentes envolvidos no projeto em ferramentas de visualização, integração, análise e gestão. Além de tudo, o BIM proporciona uma melhor compreensão da sequência executiva e possibilita a detecção prévia de potenciais problemas, oportunizando melhorias ainda nas fases iniciais. O BIM permite a troca de experiências, o estudo de sequências construtivas, a simulação de alternativas tecnológicas e melhoria da logística de canteiro, facilitando o desenvolvimento de soluções que otimizem a obra e, portanto, reduzam seu prazo. Para os arquitetos e projetistas, a perspectiva com a automatização de processos é de menos tempo de desenho e mais tempo de projeto. O BIM já é uma ferramenta bastante difundida internacionalmente. Com o passar do tempo e maior disseminação do BIM na indústria da construção no Brasil, mais empresas públicas e privadas devem aderir a essa tendência e adotá-lo como procedimento padrão para os seus projetos. Com mais investimentos na área e maior número de adeptos, a utilização do BIM no Brasil provavelmente se consolidará. Se esta previsão se confirmar, as habilidades dos profissionais em trabalhar efetivamente nesse ambiente se tornarão cada vez mais um diferencial na disputa por projetos. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALVERT, Neil; Why we care about BIM. Disponível em: <www.linq.it/Blog/Post/30/Why-WE-care-about-BIM>. Acesso em: Julho 2021. CAMPESTRINI, T. F.; et al. Entendendo BIM: Uma visão do projeto de construção sob o foco da informação. 1a edição, Curitiba, 2015. CHERNEFF, J., LOGCHER, R., SRIRAM, D., Integrating CAD with Construction Schedule Generation, Journal of Computing in Civil Engineering, ASCE, 1991. COELHO, S.S.; NOVAES, C.C. Modelagem de Informações para Contrução (BIM) e ambientes colaborativos para gestão de projetos na construção civil. In: VIII Workshop Brasileiro de Gestão de Projetos na Construção de Edifícios, São Paulo, USP, 2008 CHIAVENATO, IDALBERTO. Administração de produção: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro. Editora Elservier, 3ª Edição, 2005. COSTA L. R. 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