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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA ANATOMIA PATOLÓGICA VETERINÁRIA Agentes causadores de abortamento Grupo 1 Brucella spp. Campylobacter fetus Toxoplasma gondii Salmonella sp. Brucella spp 2 Brucella abortus Brucella canis Brucella ovis Bactérias Gram-negativas Brucella suis As brucellas são bactérias que têm predileção por órgãos reprodutivos de animais machos e fêmeas sexualmente maduras, e cada espécie de Brucella tende a infectar uma espécie animal em particular. Nesse caso, a brucella abortus tem como alvo os bovinos, a brucella suis os suínos, a brucella canis os cães e a brucella ovis tem os ovinos como alvo. É válido mencionar, ainda, que a brucella ovis não tem potencial zoonótico. 2 Brucella spp 3 Transmissão: Oral Aérea Trato genital Pele Parto/aborto Leite Urina A Brucelose pode transmitida de várias formas, por isso a importância da doença. Ela pode ser transmitida pela via oral, quando os animais normalmente ingerem alimentos/água contaminados, pelas vias aéreas e trato urogenital. Além disso, no próprio momento do parto ou do aborto, os animais infectados podem disseminar essas bactérias, principalmente quando se trata de contaminação de grandes rebanhos ou mesmo canis pelo contato com as secreções e descargas uterinas da fêmea infectada. Por fim, as fêmeas podem ainda eliminar a bactéria no leite. 3 Brucella spp. 4 Patologia Predileção por fêmeas maduras sexualmente e órgãos reprodutivos de machos Penetração – Sistema imune Linfonodos Linfadenopatia transitória Circulação – Bacteremia Replicação Útero de animais prenhes Testículo, epidídimo, próstata Morte embrionária ou fetal e aborto A bactéria é fagocitada pelos macrófagos e por outras células que compõe o sistema imune e é transportada para os linfonodos onde gera linfanedopatia transitória. A partir disso, a bactéria atinge a circulação sanguínea ocasionando um quadro de bacteremia e se replica nos leucócitos, no fígado, nos linfonodos. No que diz respeito aos órgãos reprodutivos, a predileção é por fêmeas maduras sexualmente e por órgão reprodutivos dos machos. Afetam o útero de cadelas prenhes e o testículo, epidídimo e a próstata dos machos. No caso das fêmeas, a bactéria ‘’coloniza’’ as células epiteliais da placenta causando morte embrionária ou fetal e aborto. O eritrol presente no útero gravídico atrai a Brucella – é estimulante pro seu crescimento. 4 Brucella spp. 5 Brucella abortus Diminuição da fertilidade Fig.1. Placentite com exsudato de coloração amarelo acastanhado com fibrina e áreas de necrose (Búfala 18) Fig.2. Congestão, hemorragia e exsudato purulento nos placentomas (Búfala 18). Fig.3. Congestão, hemorragia e exsudato purulento no placentoma (Búfala 18). Tumor formado na placenta retida após o aborto Fig.4. Útero com necrose nos placentomas, exsudato fibrinopurulento e restos placentários (Búfala 20). O QUE MAIS PODE OCORRER Placentite-histocitária (ou neutrofílica) com bactérias intracitoplasmática em trofoblastos Endometrite difusa Edema fetal Bronquite e/ou broncopneumonia com vasculite necrótica Pleurite fibrinosa Granulomas em linfonodos, fígado e baço 5 Brucella abortus 6 1: bovino, feto abortado (brucella abortus) com pleurite fibrinosa difusa e acentuada 2: bovino, placentite fibrinonecrótica em caso de infecção por brucella abortus 6 Brucella ovis Vesiculite seminal (carneiro) 7 1: ovino, vesiculite seminal em um carneiro infectado com brucella ovis, assimetria e aumento de volume das glândulas vesuculares 2: ovino, vesiculite seminal em um carneiro infectado com brucella ovis 3: carneiro, aumento de volume unilateral (lado direito da cauda do epidídimo em consequência de epididimite crônica causada por brucella ovis) O QUE MAIS PODE OCORRER: Aborto esporádico com placentite necrótica Mumificação e autólise do feto 7 Brucella canis 8 1: feto abortado, importante fonte de infecção de B canis 2: cão, epididimite por brucella canis com hemorragia multifocal e pequenos abcessos na cauda do epidídimo O QUE MAIS PODE OCORRER: Placentite na femea Necrose focal nas vilosidades coriônicas Fetos com pneumonia Endocardite e hepatite no feto Aborto após 30-50 dias de gestação (terço final da gestação) acompanhado de retenção de placenta e corrimento vaginal 8 Brucella suis 9 1: cachaço, aumento de volume testicular. O aumento de volume testicular se deve a inflamação piogranulomatosa ativa crônica. A brucella se dissemina aos macrófagos via tráfego leucocitário passando dos tecidos linfoides para os testículos. 2: orquite granulomatosa difusa do epidídimo O QUE MAIS PODE ACHAR: Achados patológica nas fêmeas: endometrite supurativa, granulomas focais e nódulos linfoides hiperplásicos no endométrio Na microscopia: as glândulas endometriais se tornam estendidas com neutrófilos e o epitélio luminal está parcialmente descamado. 9 Campylobacter fetus 10 Campylobacter fetus Campylobacter fetus veneralis Campylobacter fetus fetus/ Campylobacter jejuni Bactérias Gram-negativas Bovinos e ovinos Ovinos Bactérias que causam a campilobacteriose, é uma doença de caráter zoonótico 10 Campylobacter fetus 11 Transmissão: Essencialmente venérea Cópula A transmissão é essencialmente venérea, sendo que aproximadamente 100% das fêmeas se contaminam após a cópula com um touro infectado. Pode ocorrer também através de Materiais não limpos e Inseminação com sêmen contaminado. 11 Campylobacter fetus 12 Patologia Parasita intracelular obrigatório do trato reprodutivo Criptas de mucosas penianas e prepucial Porção distal da uretra Vagina, útero, cérvix e tubas uterinas O patógeno possui preferência pelas Criptas de mucosas penianas e prepucial, Porção distal da uretra, Vagina, útero, cérvix e tubas uterinas Em relação à sua fisiopatologia, ocorre a colonização do trato genital da fêmea pelo agente que é depositado na vagina durate a cópula, o qual atravessa a cérvix e alcança o útero. A inflamação causada no útero irá inibir a implantação embrionária ou causar a morte do embrião já implantado. 12 Campylobacter fetus 13 Patologia Campylobacter fetus veneralis Infertilidade temporária Útero – Endometrite e Salpingite Lesões placentárias Morte embrionária precoce Bovinos e Ovinos Lesões fetais inespecíficas Aborto em qualquer fase Morte embrionária Quando a doença atinge o útero pode desencadear endometrite e salpingite. Lesões placentárias semelhantes à brucelose, mas menos intensas. inespecíͅcas: efusões sanguinolentas no subcutâneo e cavidades corporais podendo conter pequena quantidadede fibrina. 13 Campylobacter fetus 14 Patologia Campylobacter fetus fetus Hepatite necrosante no feto Broncopneumonia Áreas multifocais esbranquiçadas Ovinos Aborto em qualquer fase Em relação às lesões, pode ocorrer aborto em qualquer fase, hepatite necrosante no feto, áreas multifocais esbranquiçadas e broncopneumonia no feto. Além disso, na fêmea pode ocorrer placentite corialantoide intercotiledonária edematoso e friável, além de ser possível encontrar cotilédones amarelos. Na microscopia, é possível encontrar lesões de uma placentite aguda neutrofílica e necrótica similar à brucella ovis. 14 Toxoplasma gondii 15 Toxoplasma gondii Protozoário coccídio Caprinos e ovinos Bactérias que causam a toxoplasmose, é uma doença de caráter zoonótico 15 Toxoplasma gondii 16 Forma de infecção Infecção Ingestão de oocistos esporulados Forma congênita A ingestão dos oocistos esporulados ocorre a partir da água/alimento contaminados; forma congênita - animais prenhes expostos a doença 16 Toxoplasma gondii 17 Patologia Invasão de diversos órgãos e tecidos Ciclo extra-intestinal Esporozoítos – Penetração na parede intestinal Disseminação – Via hematógena Formação de cistos* Vasos linfáticos e sistema porta Necrose em órgãos vitais Infecção congênita Aborto, reabsorção fetal, natimortalidade ou mortalidade perinatal Nos hospedeiros intermediários, como suínos e caprinos, ocorre o ciclo extra-intestinal- diferentemente daquele que ocorre nos HD que são os gatos. Os esporozoítos são liberados dos oocistos esporulados ingeridos e penetram na parede intestinal do animal, e assim ocorrendo a disseminação por via hematógena, e assim podem atingir outros locais do organismo. Durante esse processo, pode haver a formação de cistos, como uma forma de resposta imune do hospedeiro. Devido a alta proliferação pela via hematógena, o protozoário pode atingir os vasos linfáticos e o sistema porta, e assim chegar a diversos outros órgãos, como figado, cerebro, útero ... A principal alteração observada é a necrose dos órgãos. Além disso, pode haver também a infecção congênita, que se dá por via transplacentária, decorrente de uma infecção primária da mãe. 17 Toxoplasma gondii 18 Achados patológicos Toxoplasma gondii Focos de necrose – zoítos intralesionais Lesões no SNC – focos de necrose no feto Caprinos e Ovinos (HI) Nódulos esbranquiçados nas vilosidades coriônicas As lesões podem atingir o Miocárdio, pulmão e encéfalo do feto, podendo ocorrer nódulos esbranquiçados nas vilosidades coriônicas, focos de necrose – zoitos intralesionais e lesões no SNC – de necrose no feto. Figura: placentite ovina causada por protozoários, toxoplasmose, abortamento, placenta, carneiro. Os cotilédones apresentam centenas de focos brancos de necrose, uma lesão característica do abortamento induzido pelo toxoplasma gondii em ovelhas e cabras. OUTROS ACHADOS: Pode haver edema do corialantoide intercotiledonário. As lesões iniciais consistem em necrose de células mesenquimais e edema das vilosidades fetais com infiltração de células mononucleares associada a hiperplasia e necrose de coagulação focal. 18 Salmonella sp. 19 Salmonella sp. Salmonella entérica Salmonella typhimurium Salmonella abortus ovis Salmonella abortus equi Bactérias Gram-negativas Ruminantes Salmonella spp é um grupo de bactérias gram-negativas e anaeróbios, vivem nas mucosas do ceco, íleo e cólon e nos linfonodos mesentéricos dos animais infectados. Typhimurium: camundongos, humanos e bovinos Entérica: geral 19 Salmonella sp. 20 Forma de transmissão Ingestão de água e alimentos contaminados Falta de higiene do ambiente Fômites Fezes contaminadas Transmissão ocorre no momento do coito pela vaca para o touro ou vice-versa. Materiais não limpos também podem causar infecção. Inseminação com sêmen contaminado também pode ser fonte de transmissão. 20 Salmonella spp. 21 Patologia Vivem no íleo, ceco e cólon Linfonodos mesentéricos Vesícula biliar Influência do estresse São capazes de viver nas mucosas do íleo,ceco e cólon dos animais, bem como nos linfonodos meséntericos dos animais infectados. Na vesícula biliar a infecção é latente Fisiopatologia: os agentes se multiplicam no intestino, atravessando a mucosa e chegando à circulação, podendo chegar a vários órgãos inclusive o útero gravídico, causando aborto. 21 Salmonella sp. 22 Achados patológicos Forma entérica/septicêmica aguda Aborto – esporádico ou epidêmico. Terço final Placentite Necrose e putrefação fetal Hepatite supurada multifocal O aborto nos ruminantes é causado pela intensa multiplicação da bactéria no organismo na placenta. Figura: lesões friáveis e ulceradas estendendo-se entre serosa e mucosa intestinal. A mucosa apresenta-se enrugada, espessa, hiperêmica e discretamente granular. Podem ser observadas também áreas circunscritas recobertas de fibrina e com halo hiperêmico. As lesões mais prevalentes são hiperemia, equimoses e petéquias difusamente distribuídas. OUTROS ACHADOS: Mineralização do trofoblasto cotiledonário com grumos bacterianos em abundância, associada à infiltração neutrofílica. Crescimento bacteriano em capilares das vilosidades coriônicas. Lesões fetais são pouco frequentes, podendo suceder acúmulo discreto de neutrófilos nos brônquios e hepatite supurada multifocal. 22
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