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1 UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE Escola de Pós-Graduação MESTRADO EM CONTABILIDADE E AUDITORIA Finanças Corporativas Aplicadas FUSÕES E AQUISIÇÕES Mestranda: Docente: Carmen Sotta Anselmo MSc. Amândio Come Maputo, Julho de 2021 i Resumo Este trabalho insere-se no domínio de Finanças Corporativas Aplicadas, e o mesmo tem em vista a abordar sobre fusões e aquisições das empresas, visto que, as F&A são operações estratégicas usadas por empresas para fortalecer e manter a sua posição no mercado. Estas são vistas por muitos como uma forma relativamente rápida, flexível e eficiente de expandir para novos mercados, incorporar novas tecnologias e inovar. O trabalho pretende, duma forma geral, compreender o processo de fusão e aquisição, seus tipo e suas motivações trazendo exemplos concretos. Desta feita, o trabalho é de natureza bibliográfica, tendo como método de abordagem, dedutivo, e método de procedimento, monográfico, no que tange à técnica de pesquisa, foi utilizada a documentação indirecta, baseada em livros, artigos científicos. Mediante o estudo, conclui-se que as fusões e aquisições constituem mecanismos estratégicos adoptados por parte das empresas como meio de diversificação de produtos/serviços e obtenção de sinergias financeiras, pelo que a sua evolução e importância é cada mais notória tanto no mercado mundial como nacional. Palavras-chave: Fusão, Aquisição, Fusão e Aquisição. ii Lista de Figuras Figura 1: Exemplo Fusão de Empresas ...................................................................................... 3 Figura 2: Imagem ilustrativa de aquisição .................................................................................. 4 Figura 3: Ciclos de Fusões e Aquisições .................................................................................... 5 Figura 4: Representação Gráfica dos Custos Totais, Variáveis e Fixos ..................................... 9 iii Acrónimos F&A Fusões e Aquisições 1 Índice Resumo ........................................................................................................................................ i Lista de Figuras .......................................................................................................................... ii Acrónimos ................................................................................................................................. iii 1 Introdução............................................................................................................................ 1 2 Revisão da Literatura: Fusões e Aquisições ........................................................................ 2 2.1 Conceptualização ......................................................................................................... 2 2.1.1 Fusão ..................................................................................................................... 2 2.1.2 Aquisição .............................................................................................................. 3 2.2 Processo de Fusões e Aquisições nas Empresas .......................................................... 4 2.2.1 Histórico das Fusões e Aquisições ....................................................................... 4 2.2.2 Tipos de Fusões e Aquisições ............................................................................... 6 2.2.3 Motivações das Fusões e Aquisições.................................................................... 8 2.2.4 Vantagens e Desvantagens das Aquisições ........................................................ 11 2.2.5 Procedimento de Fusões e Aquisições ............................................................... 11 2.2.6 Mercado de Acções ............................................................................................ 14 3 Conclusão .......................................................................................................................... 15 Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 16 1 1 Introdução O presente trabalho aborda fusões e aquisições das empresas, leccionado na disciplina de Finanças Corporativas Aplicadas. Entretanto, nos dias actuais, as empresas precisam sobreviver num mercado cada vez mais competitivo. E, diante dos desafios ligados à elevada pressão da concorrência, torna-se imprescindível fomentar frequentemente o espírito de mudança, a inovação e a variação dos produtos e/ou serviços v de modo a agregar valor e obtenção de vantagem competitiva face aos concorrentes. Portanto, uma das estratégias de crescimento que fortalece as empresas é a fusão e aquisição, pois ocorre a união de marcas, aumento da carteira de clientes e do portfólio de produtos oferecidos. A fusão é uma operação societária que envolve duas ou mais empresas que juntam seus patrimónios para formar uma nova sociedade comercial, o que faz com que elas passem a não existir mais individualmente. Quando se divulga que duas marcas ou empresas irão se unir, tal notícia torna-se assunto para dias, semanas ou meses. É neste contexto, que em Moçambique antevê-se uma onda de operações de fusões e aquisições de empresas ou activos estratégicos e ainda alguns de casos reestruturações de empresas com vista a um posicionamento estratégico para a obtenção de vantagens competitivas no mercado em constantes transformações. Nas empresas, as Fusões e Aquisições são implementadas com a finalidade de actuar em novo mercado, alcançar equilíbrio financeiro e obter recursos complementares por meio da partilha de competências, experiência, informação e meios tecnológicos. Deste modo, o objetivo central do estudo é compreender o processo da fusão e aquisições nas empresas, especificamente pretende-se apresentar o contexto histórico das fusões e aquisições, apontar as vantagens e desvantagens dos processos e verificar quais as motivações que levam as empresas a optar pela Fusão e Aquisição. Considerando que o trabalho é de natureza bibliográfica, o método de abordagem é o dedutivo, enquanto o método de procedimento é o monográfico. Com relação à técnica de pesquisa, foi utilizada a documentação indirecta, baseada em, livros, artigos científicos, referentes a fusões e aquisições. 2 2 Revisão da Literatura: Fusões e Aquisições 2.1 Conceptualização Com vista a tornar o estudo mais perceptível, é de súmula importância a definição de conceitos chaves, que são eles: fusão e aquisição. 2.1.1 Fusão Segundo Wright, Kroll e Parnell (2000), a fusão é estratégia de crescimento em que uma empresa combina-se com outra, e a nova empresa é referida como empresa sucessora ou combinada. Bastardo e Gomes (1991) mencionam que a fusão consiste na absorção de uma sociedade por outra. A empresa absorvente também designada como adquirente, recebe um conjunto tanto de créditos, direitos sobre terceiros e bens ativos como de débitos, responsabilidades para com terceiros, da empresa absorvida definida igualmente como adquirida. Diante dos conceitos acima apresentado, percebe-se que a fusão é uma técnica de organizar as empresas, caracterizada pela junção de duas ou mais empresas em uma nova. Como o próprio nome já diz, as fusões têm o objectivo de fundir ou combinar as empresas. Portanto, na fusão, temos a extinção das pessoas jurídicas antes existentes, e a formação de uma nova sociedade, sendo que esta terá não só o capital, mas também a estrutura das empresas originárias. Para um entendimento simples do que é fusão segue um exemplo:Empresa A + Empresa B torna-se a Empresa C. Temos o caso concreto da Moçambique Celular (mCel) + Telecomunicações de Moçambique (TDM) tornou-se a Moçambique Telecom, SA (Tmcel). Portanto, a figura abaixo ilustra a fusão de duas empresas. 3 Figura 1: Exemplo Fusão de Empresas Adaptada pela Autora (2021) 2.1.2 Aquisição O termo aquisição, segundo Orsi (2003), é um termo utilizado para designar qualquer operação de compra em parte ou de todos os activos de uma outra empresa. Caracteriza-se pela obtenção de uma empresa por outra empresa, com o intuito de conservar, operar ou incorporar, neste último caso ocorrendo a extinção da adquirida. Fabretti (2005, p. 178) apresenta o conceito explicando que “A aquisição de uma empresa dá- se quando o comprador adquire todas as ações ou quotas de capital da adquirida, assumindo, assim, seu controle total”. De acordo com Silva (2015), a aquisição diz respeito à obtenção de forma total ou parcial do capital de uma certa empresa. Rasmussen (1989) salienta ainda que a aquisição não é um evento isolado mas sim parte integral do processo de expansão e crescimento de um grupo económico. Portanto, percebe-se aqui que a aquisição acontece quando uma empresa compra uma outra. Nesse caso, isso significa necessariamente que uma das empresas permanece, mas não significa que a outra acabará. Ela pode ou não ficar, mas sob nova direcção. Exemplo concreto do Banco Único, onde transformou-se em Nedbank Moçambique. 4 Figura 2: Imagem ilustrativa de aquisição Fonte: https://www.capitalinvest-group.com/pt/fusoes-e-aquisicoes-de-empresas 2.2 Processo de Fusões e Aquisições nas Empresas O termo fusões e aquisições derivou do termo em inglês (Mergers and acquisitions), que são processos de negociações entre organizações ou pessoas físicas (cotistas) que visam transferir cotas sociais de uma empresa para outra empresa ou para outra pessoa física. As fusões e aquisições (F&A) nas empresas são processos muito importantes no crescimento empresarial, possibilitando alcançar mercados cada vez maiores. Não obstante, é uma forma de empresas alcançarem novos públicos, facto que pode gerar um aumento considerável no lucro da empresa. 2.2.1 Histórico das Fusões e Aquisições O antecedente histórico sobre F&A remonta ao final do século XVIII. Segundo Ferreira (2002) a análise da evolução dos movimentos de combinações de empresas detém o melhor ponto de referência nos Estados Unidos de América (EUA). Ferreira (2002) demostra que diversos estudos realizados em relação ao mercado dos E.U.A. e às operações de F&A permitem concluir a existência de ciclos ou vagas. No mesmo diapasão, Camara, Guerra e Rodrigues (2013) indicam que a generalidade dos estudos identifica seis ciclos na ocorrência de F&A, conforme a figura abaixo: 5 Figura 3: Ciclos de Fusões e Aquisições Fonte: Camara, Guerra e Rodrigues (2013) Segundo Camara, Guerra e Rodrigues (2013), as fases do ciclo de fusões e aquisições funcionaram da seguinte forma: 1º Ciclo (1897-1904): Embora estas combinações englobassem quase todas as actividades, as indústrias alvo foram principalmente: alimentar, petrolífera, metalúrgica, de equipamentos de transporte e de produtos químicos. Este ciclo terminou em 1904 devido à recessão económica justificada pela crise no mercado de acções e encerramento de diversos bancos. 2º Ciclo (1916-1929): Esta fase coincidiu com o boom americano dos anos vinte caracterizado pelo crescimento rápido da economia e da actividade produtiva e com menor intensidade deu origem à criação de grandes empresas com integrações verticais. 3º Ciclo (1965-1969): As empresas de maior dimensão e com elevados fluxos de tesouraria aplicavam estrategicamente as disponibilidades para efectuar aquisições em vez de pagamento de dividendos, de modo a estimular o crescimento económico e a criação de valor. 4º Ciclo (1985-1989): Este período apresentou características distintas do anterior devido à maior dimensão das empresas adquiridas, ao pagamento em dinheiro e não por troca de acções, à utilização de aquisições de forma hostil e o recurso a níveis elevados de capital alheio, ou seja meios financeiros. 5º Ciclo (1992-2000): Com maior intensidade, esta fase foi particularmente sentida nos sectores farmacêuticos, bancário e eléctrico tanto nos EUA como na Europa. 6 6º Ciclo (2003-2008): esta foi a fase de fundos de investimento e aquisições com dívida. 2.2.2 Tipos de Fusões e Aquisições Independentemente do motivo que levou a uma F&A e do ramo das empresas envolvidas, essas operações são classificadas de formas diferentes; algumas das razões para essas operações podem ser maior participação de mercado, maior área geográfica de actuação, crescimento, maior competitividade, diversificação do leque de produtos, valorização da empresa, boa oferta, enfim, questões de mercado, não vislumbrando outros aspectos que influenciam nos resultados. Segundo Brealey, Myers e Marcus (1995), as formas mais importantes que o processo de fusão e aquisição pode assumir são três: a fusão horizontal, a fusão vertical e a fusão de conglomerados. a) Horizontal Quando a fusão ocorre entre empresas que possuem o mesmo foco de actuação. Visando basicamente o aumento de participação de mercado. Segundo Weston et al. (1990), a fusão horizontal resulta em uma alta concentração de empresas em vários sectores da economia, em que era possível a realização de economias de escala. Assim, em uma fusão horizontal, as empresas que se fundem operam no mesmo tipo de negócio, sendo competidoras uma da outra. A fusão, nesse caso, geralmente visa buscar uma redução de custos e um aumento da eficiência operacional através da obtenção de economias de escala. Esse tipo de fusão costuma ser regulado pelo governo porque reduz a competição em uma dada indústria, podendo levar à criação de um monopólio ou cartel (Matias, Barreto e Gorgati, 1996). A titulo de exemplo, Em 2016, a Ambev, uma megacorporação brasileira conhecida pela produção de bebidas como cervejas, refrigerantes e sumos, anunciou a compra da fabricante de sucos Do Bem, que também produz chás embalados e barras de cereal, que se tornou Ambev e Do Bem. 7 Fusão da Exxon com a Mobil, duas empresas da indústria de petróleo, que tornou ExxonMobil Instituto Superior da Administração Pública (ISAP) com o Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), ambos actuando na área académica, que se tornou Universidade Joaquim Chissano (UJC). b) Vertical Como o próprio nome designa, refere-se a uma fusão ocorrida entre empresas que se encontram em estágios distintos no processo produtivo. Busca ganho de competitividade; Segundo Weston et al. (1990), a fusão vertical ocorre especialmente nos sectores alimentício, químico e de mineração, e pode ser para trás e para frente, dependendo do estágio do processo em que a empresa se encontra. Assim, a fusão de uma empresa montadora de automóveis com um fornecedor de autopeças é uma fusão vertical, e o principal objectivo é diminuir custos de transação externos ou procurar realizar economias através de operações integradas, como planeamento de estoques, da produção e de transporte. Um exemplo foi a fusão vertical que envolveu a America Online e a Time Warner, em 2000. Agindo em dois pontos na cadeia de distribuição (televisão e internet) eles aumentaram seus ganhos consideravelmente. A joint venture (acordo entre empresas por um objetivo comercial comum) entre Santander Brasil e Hyundai, para a criação do Banco Hyundai Capital Brasil e uma corretora de seguros. c) Conglomerado Envolve a aquisição de participação em empresas com foco de actividades completamente diferentes, objectivando a diversificação das actividades; Os conglomerados podem ser financeiros ou administrativos. Um conglomerado financeiroé aquele que financia as demais empresas, controlando-as e assumindo os riscos financeiros das diversas actividades. Esse tipo de conglomerado conduz geralmente a uma melhor alocação de recursos financeiros dentro da empresa, diminuindo riscos de falência. 8 O conglomerado administrativo incorpora as características do conglomerado financeiro, acrescendo a elas o provimento de serviços administrativos e de experiência administrativa, conduzindo, dessa forma, as decisões operacionais das demais empresas (Matias, Barreto e Gorgati, 1996). Um exemplo é quando uma empresa de tênis se junta com uma que fabrica energéticos. Os dois são envolvidos por uma ideia em comum, mas possuem produtos totalmente diferentes. No caso concreto a Fusão entre Louis Vuitton e Moet & Chandon. 2.2.3 Motivações das Fusões e Aquisições Devido as várias diversidades de constatações sobre o tema em apreço, achou-se prudente perceber quais os motivos que levam as empresas a pretenderem fundir-se ou adquirir outra. Neste sentido, as motivações gerais assentes na concretização de F&A são a diversificação de actividades, o aumento de poder de mercado, as economias de escala a aquisição de know- how e recursos complementares, a maior dimensão estrutural, a obtenção de sinergias financeiras e benefícios para os accionistas e investidores: a) Diversificação e Quota de Mercado Para Suen e Kimura (1997), a diversificação provoca uma diminuição de exposição ao risco. Samuels e Wilkes (1996) acrescentam ainda que a maior participação de mercado aumenta a eficiência da empresa resultante da expansão interna, e que várias junções de empresas reduzem o risco do grupo e a volatilidade das receitas; Na mesma perspetiva, Silva (2015) elucida que as concentrações de empresas constituem o modo mais rápido em termos de crescimento, e por conseguinte a dimensão gera oportunidades de diminuição a nível dos custos unitários permitindo a obtenção de resultados superiores e mais eficientes. b) Economias de Escala Segundo Sousa e Gomes (2010) os custos de uma empresa são determinados pelos valores despendidos com os factores produtivos. Os factores produtivos são todos os bens e serviços (trabalho, terra e capital) necessários no processo de produção que dão origem a: 9 Custos Fixos (CF) – Inputs que a empresa suporta independentemente das quantidades produzidas tais como a investigação, as máquinas e os seguros. O seu valor é constante e existe apenas no horizonte de curto prazo; Custos Variáveis (CV) – Inputs que a empresa suporta e que dependem directamente das quantidades produzidas pela empresa tais como as matérias primas, as remunerações e os combustíveis. O seu valor é sempre crescente; Custos Totais Variáveis (CT) – Constitui a totalidade dos custos suportados pela empresa resultando do somatório dos custos fixos com os custos variáveis. O seu valor é sempre crescente; Custo Total Médio (CMe) – Representa o custo total de cada unidade produzida (Q). Figura 4: Representação Gráfica dos Custos Totais, Variáveis e Fixos Fonte: Sousa e Gomes (2010) Segundo Mata (2007) as economias de escala ocorrem quanto o custo total médio de produção reduz com o aumento da quantidade total produzida, provocado pela expansão da capacidade de produção da empresa. Na mesma linha de pensamento, AIP (2013) afirma que as economias de escala organizam a actividade produtiva das empresas com vista à maximização da utilização dos factores produtivos envolvidos, à redução dos custos de produção e ao incremento dos bens e serviços comercializados. Mata (2007) acrescenta ainda que as economias de escala resultam dos seguintes factores: disseminação de custos de estrutura, adopção de tecnologias mais eficientes, economias no 10 aprovisionamento e marketing e aumento da produtividade pela divisão e especialização do trabalho. c) Aquisição de Know-How Segundo Silva (2015) a realização de F&A permite o acesso a recursos e competências importantes pertencentes a uma outra empresa, de forma a se recrutar e manter o melhor quadro de pessoal e possibilitar a troca de experiências e know-how. d) Recursos Complementares As empresas envolvidas num processo de F&A conseguem obter aquilo que a outra possui em termos de competência, experiência, produto, marketing. E esta obtenção por algo que não se detêm é conseguida a um custo mais reduzido do que cada empresa actuando isoladamente. Logo nesta perspectiva proporcionada por Silva (2015), as empresas geram mais valor juntas do que separadamente. e) Dimensão Num processo de F&A, as empresas envolvidas passam a deter dimensão suficiente para serem competitivos a nível global e capazes de enfrentar outras empresas com capacidade financeira e experiência supranacional (Silva, 2015). f) Sinergias Financeiras Numa determinada F&A, os ganhos financeiros são possíveis de se obter através do uso de capacidade de endividamento e fundos excedentários (Ross, Westerfield e Jaffe, 1995). g) Vantagens para os Acionistas e Investidores As F&A proporcionam maior retorno aos accionistas e investidores por meio da valorização da empresa-alvo de compra ou das empresas participantes na fusão, no mercado de capitais (Bastardo e Gomes, 1991). Em suma, importa ressalvar que há várias razões para se fazer uma fusão e aquisição entre empresas, e as estratégias a serem adoptadas para o processo dependem do motivo que gerou o negócio. Algumas das razões para essas operações podem ser: maior participação de 11 mercado, crescimento orgânico (expansão de um negócio obtida pelo aumento da sua produção e vendas), competitividade, ganho na carteira de clientes, diversificação do leque de produtos e valorização da empresa. 2.2.4 Vantagens e Desvantagens das Aquisições Segundo Lodi (2000), as fusões e aquisições são bem-vindas para a população e para os clientes desde que não reduzam a competição em mercados locais e a eficiência operacional gerada seja transferida ao usuário final em preço e qualidade. Como a operação de F&A une empresas do mesmo ramo ou mesma cadeia produtiva, o cliente final pode acabar sofrendo os impactos da operação, como aumento dos preços, repasse dos altos custos da operação, diminuição da qualidade por falta de concorrência ou ainda oferta de produtos diminuída. Portanto, existe ainda outros factores que influenciam esse processo e podem acarrectar vantagens e desvantagens na opção por uma operação de F&A, que podem ser sentidas internamente nos processos dentro da organização, como conflito de culturas, integração, liderança inadequada, estabelecimento de metas, comunicação, diminuição de custos, e também externamente como rejeição do mercado, diminuição ou aumento do valor da empresa (percebido também pelo valor das acções e sua procura), aumento ou perda de mercado. 2.2.5 Procedimento de Fusões e Aquisições É de extrema a importância que os movimentos de F&A assumam como factor de desenvolvimento e competitividade das empresas., com a globalização dos mercados foram abolidas muitas limitações e barreiras que impossibilitavam estas estratégias no passado. No entanto, as F&A devem ser minuciosamente planeadas e analisadas, respeitando os diversos procedimentos e normas a ser seguidos de acordo com as necessidades de cada empresa. Portanto, segundo Dias et al., (2011, p. 48) “os processos de fusão e aquisição exigem uma intervenção profunda da mudança organizacional, sendo no entanto, necessário que a mesma seja executada de forma continua, planeada e controlada, ou seja, deve ser equilibrada com ciclos sucessivos de congelamento dos comportamentos desejáveis”. 12 De acordo com Pereira (2007) um dos maiores problemas associados as operações de F&A esta associado ao planeamento da estratégia pelos órgãos de gestão. Neste sentido, Pereira (2007, p. 37) afirma que: Antes doinício de qualquer desenvolvimento de novos negócios, a corporação deve passar por uma etapa de preparação, que envolve, normalmente, a definição dos objetivos e estratégias, além da formação de equipas responsáveis e da criação de uma estrutura mínima que possibilite o desenvolvimento do processo. Estudar novas oportunidades de negócios e desenvolver simulações económico-financeiras, analises de sensibilidade e identificação de opções reais, para, a partir dai, poder avaliar se e viável prosseguir, tendo em vista que o processo geralmente demanda maiores recursos e tempo dos principais executivos. O autor acima explica que, existe uma metodologia que deve estar na base das operações de F&A. Esta metodologia envolve o diagnóstico estratégico, a prospeção, a due delligence 1 , a negociação e a integração pós fusão. Estas cinco etapas devem estar totalmente integradas de forma a garantir o sucesso da operação. A primeira fase consiste em entender o posicionamento da empresa e da sua concorrência. De acordo com Tanure et al. (2007) as operações de concentração empresarial, devem começar com o desenvolvimento da estratégia e a selecção da empresa alvo, assim avalia-se através do relatório estratégico os benefícios que poderão advir da F&A. Seguidamente a esta análise deve ser desenvolvida uma prospeção onde são definidos os motivos da F&A com base em critérios e objectivos acordados entre ambas as partes. O desenvolvimento de novos negócios deve sempre passar por esta etapa de preparação onde são definidos os objectivos e estratégias a implementar ao longo do processo. Devem também, ser desenvolvidas equipas especializadas em diversas áreas de forma a criar uma estrutura mínima que possibilite o desenvolvimento do processo. Quando mediante as outras opções disponíveis no mercado a estratégia de F&A seja a que configura um melhor retorno, os gestores devem avançar para a fase de due deligence. Nesta etapa do processo deve ser analisada a viabilidade da operação. Investir numa forte due deligence facilita o resto do processo e aumenta a probabilidade da operação criar valor. Esta etapa consiste na investigação e auditoria das informações disponibilizadas pelas empresas tendo variações claras conforme a natureza do negócio e o tamanho da empresa. 1 due deligence também conhecida como auditoria legal e contabilística 13 Após a due deligence ocorre a negociação, etapa que, na maioria das vezes pode ser longa e desgastante, sendo essencial que os profissionais envolvidos no processo sejam determinados e perseverantes. Nesta fase e elaborado um plano “pré-fechamento” da F&A (Piza, 2010). A negociação deve ser transparente e objectiva de forma a fornecer o suporte necessário a redução dos riscos e sucesso da operação. Caso estas negociações sejam bem-sucedidas a transação prossegue para formalização, partindo, assim para a ultima etapa – a integração – onde ocorrem as mudanças organizacionais e de liderança devendo ficar assegurado que os melhores talentos são retidos pela empresa. A correcta integração das entidades e de grande importância para que se garanta o sucesso da operação. De acordo com Harding e Rovit (2005) a integração deve começar a ser planeada no primeiro dia de due delligence, o que determina que, mesmo compreendendo fases distintas no processo, estão inter-relacionadas. A equipa que promove a integração pós F&A deve ter órgãos de gestão das duas empresas, assim como pessoas com credibilidade nas suas respectivas equipas. Esta fase de integração e muitas vezes negligenciada pelos compradores pondo em causa o sucesso do empreendimento. Segundo Fernandes (2007, p. 42) “a maior parte dos compradores não pensa na fase de integração da empresa e comporta-se como tubarões no frenesi de se alimentar: uma vez apanhada a presa, perdem o interesse em come-la”. Contudo, os profissionais responsáveis pelos recursos humanos tem um papel estratégico fundamental nesta fase. Devem gerir, juntamente com as demais áreas relacionadas, as questões estratégicas organizacionais, culturais e de gestão de pessoas, a fim de obter um maior impacto da sua acção para o êxito do processo como um todo. Importa aqui ressalvar que, não existe um modelo definido de como as F&A devem ser feitas, apenas boas práticas que vem dos escritórios de consultorias para transmitir segurança na transação para todas as partes e respeitar as exigências legais. O processo começa assim que uma das empresas sinaliza interesse em realizar a operação e as negociações ocorrem de acordo com os interesses dos dois lados. 14 2.2.6 Mercado de Acções Segundo Veiga (1996) o mercado de acções visa ampliar a liquidez dos negócios, reduzindo um dos aspectos do risco do investidor e garantir, no caso específico, as Sociedades Anônimas de capital aberto, maior respaldo e credibilidade junto aos investidores, quando buscam novos recursos para ampliar seu capital social. Tanure e Cançado (2005), defendem que o mercado de acções pode ser dividido em duas etapas: o mercado primário, no qual a própria empresa emite acções ou debêntures que são ofertadas através de uma instituição financeira; e o mercado secundário, no qual as acções são comercializadas entre investidores através das bolsas de valores. De acordo com Assaf Neto (2008) a função do mercado secundário de acções é dar liquidez as acções em poder do investidor e a certeza de realização de transações em condições normalizadas, seguras e transparentes. As acções são títulos representativos do capital social de uma empresa constituída na forma de sociedade anônima. É dita aberta por ter seus títulos negociados em Bolsa de Valores e, portanto, sujeita a uma série de exigências quanto ao fornecimento de informações junto ao público. As acções podem ser Ordinárias, com direito a voto, ou Preferenciais, com direito de preferência sobre os dividendos a serem distribuídos e outros, sendo que, todas são nominativas, ou seja, Ordinária Nominativa e Preferencial Nominativa. O preço de uma acção em bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e demanda) que reflictam as condições estruturais e comportamentais da economia do país e específicas da empresa e de seu sector económico. Normalmente, as acções traduzem as expectativas dos agentes económicos em relação às perspectivas do país e, por consequência, aos destinos das empresas abertas. Segundo Fortuna (2001), os principais indicadores directos que influenciam os investidores na decisão de aquisição ou venda de uma acção são: Beta com o índice da bolsa (movimento da acção em relação ao movimento do índice); Preço da acção no mercado; Lucro por acção; Índice preço/lucro; Índice preço/valor patrimonial da acção; Índice dividendo/preço de mercado da acção; Índice dividendo/lucro; Índice preço/fluxo de caixa operacional. 15 3 Conclusão Após o desenvolvimento do trabalho, conclui-se que nos processos de aquisição os accionistas deixam de pertencer a nova empresa integrada, através da venda de capital ou venda dos seus activos. No processo de fusão, os accionistas permanecem na nova sociedade constituída, recebendo as respetivas partes de capital, em função do valor atribuído durante as negociações a cada uma das partes, ou através da sua incorporação na empresa incorporante. Verificou ainda que existem três principais tipos de F&A: horizontal, vertical e conglomerado. As F&A horizontais ocorrem entre empresas que operam e concorrem no mesmo ramo de actividade, apresentando-se como concorrentes no mercado. Constatou-se ainda, que a principal motivação para estas, passa pelo alcance de uma maior eficiência operativa, através de factores comuns de produção, realizando economias de escala. As F&A verticais ocorrem entre empresas que actuam em diferentes fases da cadeia de produção e distribuiçãode um produto e/ou serviço no interior da mesma industria, tendo como principal motivação o aumento do controlo de todo o processo produtivo. Quanto aos conglomerados verificou-se que correspondem ao agrupamento de empresas cujos produtos e/ou serviços são diferentes e que operam em mercados não relacionados configurando uma estratégia de diversificação donde não resulta qualquer tipo de concentração de mercado. De seguida, analisou-se as motivações que levam os gestores a considerar que duas empresas possam valer mais juntas, e consequentemente criar mais valor, do que separadas. Neste ponto deu-se especial destaque a realização sinergias. E também através da vontade de adquirir dimensões de líderes, entrar em novos mercados, e aumentar o seu poder que surgem este tipo de operação. Posteriormente, analisou-se os procedimentos para uma operação de F&A, onde destacou-se a importância de uma correta estruturação de todo o processo desde o início. Dividiu-se o processo de F&A em cinco etapas: (i) o diagnóstico estratégico, onde são definidas as empresas alvo e são avaliados quais os benefícios da fusão; (ii) a prospeção onde são definidos os motivos da F&A, com base em critérios e objectivos acordados entre as partes; (iii) a avaliação de empresas; (iv) a negociação e a (v) integração pós-F&A. Por último, abordou-se sobre mercado de acções, onde constatou-se que as acções são títulos representativos do capital social de uma empresa constituída na forma de sociedade anônima. É dita aberta por ter seus títulos negociados em Bolsa de Valores e, portanto, sujeita a uma série de exigências quanto ao fornecimento de informações junto ao público. 16 Referências Bibliográficas AIP. (2013). Estudo de Benchmarking: Fusões e Aquisições em Portugal. Lisboa. Assaf Neto, A. (2008). Mercado Financeiro. 8ª ed., São Paulo, editora Atlas. Bastardo, C., & Gomes, A. R. (1991). Fusões e Aquisições (M&A): Uma abordagem de avaliação de empresas (3ª ed.). Lisboa: Texto Editora. Brealey, R. A.; Myers, S. C.; Marcus, A. J. (1995). Princípios de Finanças Empresariais. São Paulo: Atlas. Camara, P. B., Guerra, P. B., & Rodrigues, J. V. (2013). Humanator XXI: Recursos Humanos e Sucesso Empresarial (6ª ed.). Alfragide: Publicações Dom Quixote. Dias, D.; Lopes, A.; Parreira, P. (2011). 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