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Marianna L. Deprá SEMIOLOGIA DO ESÔFAGO Anatomia do esôfago • Comprimento: cerca de 27cm; • Conduto músculo membranoso, destinado a conduzir o alimento da faringe ao estômago (principal função: motora); • Tempo de transito: 5 a 9 segundos; • 3 regiões anatômicas: superior/cervica, média/torácica e diafragmática/abdominal (o hiato); • Possui 3 impressões anatômicas: arco aórtico, brônquio principal esquerdo e diafragma; • Anatomia microscópica: mucosa, submucosa, muscular, adventícia e serosa; • O esfíncter superior tem musculatura estriada, recebe comando voluntário; • O esfíncter é formado por vários músculos lisos, inclusive o diafragma; • Inervação: plexo submucoso, plexo mioentérico e nervo vago —> contração, bolo alimentar desce, relaxamento, contração …. • Constrição cricofaríngea coincide com o esfíncter superior; • Refluxo gastroesofágico: Quando o diafragma se afasta ou tem qualquer contração que não permite o fechamento completo do esfíncter esofágico inferior, também quando a pressão é muito baixa (p.ex. obesidade que afasta a musculatura), relaxamento transitório do esfíncter inferior (o esôfago fica se abrindo sem o estímulo sem o estímulo do bolo alimentar) ; • Esfíncter superior: neoplasia de laringe dificulta passagem, problemas neurológicos, esclerose lateral miotrófrica, miopatias etc; Fisiologia ESFÍNCTER SUPERIOR • Se mantém contraído para impedir que o ar na respiração vá para o trato digestório; • O relaxamento ocorre pela deglutição; • 3 a 4 cm de extensão (musculatura estriada). Marianna L. Deprá CORPO DO ESÔFAGO • Segmento proximal (músculo estriado) e segmento distal (músculo liso); • Constituído de músculo que se contrai em resposta à deglutição; • Ondas peristálticas primárias: iniciam na laringe com a deglutição; • Ondas peristálticas secundárias: vão ocorrer na presença do bolo alimentar e tem a função de clareamento esofágico (empurrar o bolo em direção ao estômago); • Ondas peristálticas terciárias: (patológicas) ocorre em pessoas idosas, ocorre em pessoas portadoras de acalasia; ESFÍNCTER INFERIOR • Contraído em repouso devido a propriedades miogênicas e relaxado na deglutição; • A linha Z determina o final do esôfago e início do estômago. Anamnese e exame físico * Anamnese faz diagnóstico em 80% dos casos e o exame físico não é muito informativo. PRINCIPAIS SINTOMAS • Disfagia (dificuldade do alimento descer); • Odinofagia (dor que ocorre no ato da deglutição. pode ter causas infeciocas, medicamentosas, radiativas. Pode ser associada a sialose - eliminação da saliva em forma de baba); • Globus (sensação de “bolo na garganta”, não tem relação com presença de alimento, ocorre no intervalo das refeições) ; • Pirose (queimor retroesternal); • Regurgitação; • Dor retroesternal; • Hematêmese (vômito com sangue). Disfagia • Dificuldade da deglutição; CLASSIFICAÇÃO • orofaríngea ou de transferência; • esofagiana ou de transporte; ANAMNESE • Sente dificuldade do alimento descer? • Onde sente que o alimento para? • Mostre com seu dedo onde o alimento para. • Tem tosse? • O alimento retorna para a boca? • A dificuldade começou para apenas alimentos sólidos ou apenas líquidos? E atualmente, é para sólidos ou líquidos? —> geralmente vemos que o paciente apresenta primeiro dificuldade para deglutir sólidos e depois evolui para líquidos. *A tosse pode representar broncoaspiração do alimento que regurgitou; Marianna L. Deprá TEMPO DE EVOLUÇÃO • Início abrupto: corpo estranho; • Início agudo: neoplasia; • Início insidioso: megaesôfago, estenose péptica (causado pela DRGE não tratada, também pode ser causado por neoplasia); CARACTERÍSTICAS • Intermitente —> distúrbio de motilidade; • Lentamente progressivo —> megaesôfago (; • Rapidamente progressiva —> neoplasia; • Se para sólidos —> lesão estrutural; • Se para sólidos e líquidos —> distúrbio de motilidade (ex. acalasia ou megaesôfago). SINAIS DE ALARME • Perda de peso —> neoplasia; • Sangramento —> neoplasia, DRGE complicado. SINTOMAS ASSOCIADOS • Pirose, dor torácica, regurgitação —> DRGE e distúrbios de motilidade. * regurgitação não chega no estômago, ele volta do esôfago mesmo. DISFAGIA OROFARÍNGEA • Causas mecânicas: processos inflamatórios de boca e faringe (p.ex. amigdalite), compressões extrínsecas (bócio, adenomegalias), divertículo de zenker (doença congênita característica pela flacidez da parede do esôfago que causa uma bolsa) - se o alimento cai no divertículo, ele vai sentir sensação de sufocamento, anel esofagianas superior; • Causas mipáticas: distrofia muscular, polimiosite, dermatomiosite, miastenia gravis; • Causas neurológicas: AVE, parkinson, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica. DISFAGIA ESOFAGIANA *Megaesôfago: ele vai dilatando, destruindo e afinando a camada muscular —> o esfíncter inferior não abre pois não tem contração no esôfago (causada por doença de chagas); • Causas obstrutivas: neoplasia, estenoses (péptica, cáustica), compressões, anel esofagiano inferior; • Causas motoras: megaesôfago, acalasia, diabetes, esclerose lateral amiotrófica, doença de parkinson, distrofia muscular, esclerodermia/lúpus, espasmo difuso de esôfago. Marianna L. Deprá Pirose • Dor em queimação na região retroesternal; • Muitos pacientes confundem com azia, porém esta se localiza no epigástrio; • Quase sempre manifesta DRGE - de conteúdo acido ou não acido; • Ocorre geralmente após a refeição e pode ser desencadeado por alimentos como frituras, bebidas gaseificadas, achocolatados e posição de decúbito; Regurgitação • Retorno e/ou sensação de retorno do alimento ou secreções à cavidade bucal; • Pode acontecer em posição de decúbito, ortostase ou ambos; • Não é precedida de náuseas; • Risco de broncoaspiração; • Pode estar relacionado com: DRGE, megaesôfago, neoplasia de esôfago, impactação alimentar - presbiesôfago (idosos - musculatura do esófago ficou fraca), fisiológico do recém nascido; ANAMNESE • Sente o alimento voltar? • Deitado, em pé ou em ambas as posições? • Que tipo de alimento causa sintoma? Dor torácica retroesternal • tipo constrictiva; • pode ter irradiação para regiões laterais do tórax e da garganta; • semelhante à angina; • geralmente acomete pacientes sem fator de risco para doença coronariana; • resulta da distensão e/ou contração não coordenada das paredes do esôfago (espasmo intenso simulando infarto); • pode estar associada à disfagia; • estima-se que 50% dos casos sejam decorrentes de DRGE (pode ser uma tentativa do esôfago de mandar o alimento de volta para o estômago através de uma contração intensa que vai causar dor); • ocorre no espasmo esofagiano difuso e nas fases iniciais do megaesôfago por acalasia idiopática; • diferencia da dor torácica cardíaca pela ausencia dos sinais de alteração hemodinâmica: sudorese, extremidades frias, hipotensão, tonturas etc; Hematêmese • vômito com sangue; • causa mais comum: ruptura de varizes do esofago (paciente com cirrose hepática, esquistossomose desenvolvem varizes); • outras causas: esofagite erosiva (DRGE), neoplasias; • diagnóstico diferencial: síndrome de mallory-weiss (laceração do esôfago após vômitos repetidos). Marianna L. Deprá Exame físico • Não há dado especifico, vamos buscar sinais indiretos de repercussão da patologia: - perda de peso —> não consegue se alimentar adequadamente; - mucosas descoradas —> anemia (megaesofago, neoplasia) pois vai estar desnutrido; - alterações de pele —> p.ex. esclerodermia (doença autoimune do colágeno que compromete o esófago perdendo a motilidade) endurece a pele; - hipertrofia bilateral de parótidas —> característico da desnutrição; - alteração da voz —> refluxo, neoplasia; - ausculta respiratoria —> creptos em situações de broncoaspiração. Principais exames diagnósticos 1. Radiografia do tórax PA/perfil —> quando suspeitar de broncoaspiração, corpo estranho; 2. Esofagograma e estudoradiológico do esôfago —> (bário) quando suspeitar de megaesôfago; 3. Endoscopia digestiva alta —> viu que tem uma lesão, vai ver como está a mucosa; 4. Manometria esofágica —> medir contração do esôfago; 5. pHmetria 24h —> quando suspeitar de DRGE ácida; 6. Impedâncio pHmetria —> mede refluxo ácido ou alcalino; 7. cápsula bravo —> tipo de pHmetria não utilizado pois o custo é muito alto, implante de cápsula no esófago; 8. cintilografia com tecnécio —> mãe esvaziamento esofágico; 9. videoflutograma —> mede esvaziamento do esofago; 10. outros neoplasia megaesôfago em grau avançado: duplo contorno cardíaco esofagograma: esofago dilatado, retenção do contraste indicando que o alimento não está descendo. Na imagem da direita percebe- se o sinal que mostra uma parte afinalada (hipertensão do esfíncter pois não está tendo contração do esôfago). Marianna L. Deprá Endoscopia digestiva alta • Avalia a mucosa; • Propicia a realização de biópsias; • Pode ser usada como terapêutica - erradicação de varizes, dilatações da cárdia, introdução de próteses esofágicas (em disfagia relacionada com neoplasia); • A endoscopia não diz que tem refluxo, ela diz que tem esofagite erosiva e a clínica do paciente vai indicar se é pro conta do refluxo ou não; normal megaesôfago espasmo esofagianas difuso n e o p l a s i a e s o f á g i c a chamada de imagem de subtração (causa estenose) estenose péptica linha Z mucosa normal a mucosa rosada é a normal e a vermelha é uma metaplasia feita com o objetivo de tolerar a presença do ácido. É chamada de esôfago de barrett e é uma complicação do refluxo muito propícia a virar uma neoplasia. Transformacao do epiptelio estratificado em epitelio cilíndrico, com celulas caliciformes (metaplasia intestinal) Marianna L. Deprá Manometria esofágica • Avalia a motilidade do esôfago; • mede a pressão dos esfíncter superior e inferior e a contratilidade do corpo do esófago; • Indicações: disturbios de motilidade, acalásia, esclerodermia, disfagia dor torácica, estase difusa, avaliação pre operatória do refluxo, localização do esfíncter esofágico inferior para posicionamento da sonda para pHmetria; • padrão ouro para acalasia pois vai mostrar que o esfíncter inferior está hipertônico e não ha contração da musculatura; esofagite eosinófila - proveniente de processos alérgicos (asma, rente), causa dor torácica e tem sensação de regurgitação, podem cursar com estenose espasmo difuso - causa dor no paciente por conta da alteração motora, paciente não consegue deglutir, pode broncoaspirado sem movimento - acontece em esclerodermia Marianna L. Deprá pHmetria de 24 horas • Mede o refluxo ácido (pH<de 4); • Informa sobre refluxo ortostática e em decúbito; • fica 24 horas com o cateter e anotando a hora que come; • correlaciona sintomas de refluxo; • tudo abaixo da linha vermelha indica refluxo; • a parte amarela é o periodo deitado; • a parte rosa é o horário da refeição; • a linha pontilhada foi o momento que teve sintoma (para ver se o sintoma teve relação com o refluxo). Fisiopatologia da DRGE e mecanismos de defesa • O refluxo pode ser fisiológico (todos nós temos uma média de 50 episodios por dia; • Doença do refluxo: sintomas de pirose e regurgitação 2 a 3 vezes por semana; - Forma erosiva (com lesão no esôfago - esofagite, o refluxo fica mais tempo no esófago causando lesão); - Forma não erosiva (sem lesão em 70% dos casos - significa que o refluxo é clareado rapidamente); • Sintomas atípicos: pigarro, odinofagia, rouquidão, dor de garganta, tosse crônica, asma, alteração de sono; • complicações: úlceras (5%), estenoses (8-20%). Esofagite erosiva grau C + hérnia de hiato • Sintomas: pirose, regurgitação; • pode cursar com disfagia ou sintomas atipicos; c a s o d e m e g a e s ô f a g o / a c a l a s i a : E E I hipertônico, e contracao simultanea Marianna L. Deprá Câncer de esôfago • Há dois subtipos principais: carcinoma de celulas escamosas (95% dos casos) e adenocarcinoma (- segmento distal5% dos casos); • mais frequente no sexo masculino; • aumento da incidencia com a idade; • sintomas mais frequentes: disfagia para sólidos; • outros sintomas: anorexia, dor, regurgitação; • fatores de risco: alcoolismo, tabagismo, lesões prévias no esófago (megaesôfago, esofagites caustica, péptica, barrett); • diagnostico: endoscopia+biópsia. SEMIOLOGIA DO ESÔFAGO
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