Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Semiologia do Esôfago Anatomia e Fisiologia ANATOMIA • O esôfago é o segmento do tubo digestivo que liga a faringe ao estômago, cruza toda a extensão do mediastino, entre a coluna vertebral e a traqueia e atravessa o diafragma, cuja principal função é a deglutição. CURVAS DO ESÔFAGO • O trajeto do esôfago possui 3 curvas. • A curvatura anteroposterior acompanha a curvatura da coluna vertebral torácica. • Na região inferior do pescoço e tórax superior, o órgão encurva-se para a esquerda, projetando-se atrás da borda da traqueia. Volta a alcançar a linha média no nível da 4a vértebra torácica, atrás do arco aórtico. • Na altura da 7a vértebra torácica, posteriormente ao pericárdio, encurva-se novamente para a esquerda e para frente, para cruzar o hiato diafragmático e continuar o seu curso até o estômago. CONSTRIÇÕES DO ESÔFAGO • São de origem funcional. • 1ª constrição “constrição faringoesofágica”: consiste no esfíncter do esôfago, localizado à frente da 5ªou 6ª vértebra cervical. • 2ª constrição “constrição broncoaórtica”: é produzida pelo arco da aorta, que passa sobre a face posterior esquerda do esôfago na região da 4ª vértebra torácica. • Constrição diafragmática: O segmento infra-hiatal do esôfago encontra-se frouxamente fixado ao diafragma pela membrana frenoesofágica e não corresponde a nenhum estreitamento, mas está sujeito a certa influência exercida pela contração muscular do diafragma. MUCOSA • Possui 3 camadas: o Epitélio: células estratificadas pavimentosas. o Lâmina própria da mucosa. o Muscular da mucosa. • Possui 2 tipos de glândulas: o Produtoras de muco: localizadas mais profundamente. o Glândulas cárdicas: são superficiais. MUSCULATURA • 2 túnicas: o Longitudinal externa. o Circylar interna: estende-se da faringe até o estomago. • As túnicas são separadas por uma bainha de tecido conjuntivo, contendo o plexo mioentérico de Auerbach e uma rede de vasos sanguíneos. • Composta por músculo liso. IRRIGAÇÃO ARTERIAL E DRENAGEM VENOSA • Possui 4 grupos arteriais: o Esôfago cervical: ramos das artérias tireoidianas inferiores e das artérias subclávias. o Metade do esôfago torácico: ramos das artérias brônquicas e por 4 a 5 artérias esofágicas que nascem da aorta descendente. o Esôfago torácico inferior: pequenos vasos, dispostos aos pares, oriundos da aorta. o Esôfago abdominal: artérias frênicas inferiores, direita e esquerda, gástrica esquerda e esplênica. • Possui 2 plexos venosos, que desaguam no sistema jugular: o Anterior. o Posterior. DRENAGEM LINFÁTICA • A drenagem é feita da mucosa para a submucosa. • Possui 7 grupos: cervicais profundos superiores; cervicais profundos inferiores; paratraqueais; (4) parabrônquicos; paraesofágicos; mediastinais posteriores e paracárdicos. INERVAÇÃO • Inervação extrínseca e intrínseca. o Intrínseca: compreende os sistemas simpático e parassimpático, que regulam a secreção glandular, o calibre dos vasos sanguíneos e a atividade dos músculos estriados e lisos. o Extrínseca: plexos nervosos intramurais. FISIOLOGIA • A função do esôfago é transportar o bolo alimentar da boca para o estômago e impedir o refluxo do conteúdo gástrico. • É provido de um esfíncter superior formado de fibras musculares estriadas, que é o próprio músculo cricofaríngeo, e de um esfíncter inferior, constituído de fibras musculares lisas. • Os dois esfíncteres permanecem contraídos, mantendo o esôfago com suas extremidades ocluídas, e só relaxam quando sob estímulo neurogênico, como ocorre no ato da deglutição. • A deglutição possui 3 fases: o Voluntária. o Faríngea. o Esofágica. • Ondas Peristálticas: o Primária: contração ordenada dos músculos da faringe se transmite ao segmento proximal do esôfago, composto de fibras estriadas. o Secundária: Quando a onda peristáltica primária é insuficiente para promover o completo esvaziamento do esôfago, a onda secundária impele o remanescente de seu conteúdo em direção ao estômago. Exame Clínico SINAIS E SINTOMAS • Principais: disfagia, odinofagia, afagia, fagofobia, pirose, dor esofágica e regurgitação. DISFAGIA • Dificuldade à deglutição. • É o sintoma mais importante, em decorrência da própria função do esôfago, de transporte do bolo alimentar. • Disfagia bucofaríngea, alta ou de transferência: ocorre nas duas primeiras fases da deglutição. • Disfagia esofágica, baia ou de transporte: ocorre na terceira fase da deglutição. ODINOFAGIA • Dor que surge com a ingestão de alimentos. • Caráter da dor: urente, em punhalada, constritiva ou espasmódica. • Constitui sintoma predominante na monilíase do esôfago, na esofagite actínica, na esofagite herpética e nas ulcerações agudas produzidas por medicamentos. AFAGIA • Obstrução esofágica completa, que se deve a impactação do bolo alimentar. • Representa uma emergência médica. FAGOFOBIA • Medo de deglutir. • Ocorre em: casos de histeria, tétano, raiva e paralisia faríngea. • Desencadeado por medo de aspiração de alimentos ou comprimidos. PIROSE “AZIA” “QUEIMOR” “QUEIMAÇÃO” • principal sintoma do refluxo gastresofágico. • localização retroesternal, sendo percebida no nível do apêndice xifoide, podendo propagar-se para a região epigástrica, para ambos os lados do tórax ou em direção ascendente, até o nível do manúbrio esternal. • Ocorre, quase sempre, após as refeições e pode ser desencadeada por determinados alimentos ou pela posição de decúbito. • Acompanha-se, às vezes, de regurgitação de pequenas quantidades de líquido de sabor azedo ou amargo. • Causas comuns: relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago, a hérnia hiatal e a hipotonia do esfíncter inferior do esôfago. DOR • A dor “espontânea”, que ocorre sem o ato de deglutir pode ser causada por: mudanças do pH intraluminal, atividade motora anormal ou processos inflamatórios ou neoplásicos da parede esofágica. • O caráter da dor varia em função da doença-base. REGURGITAÇÃO • Volta do alimento ou de secreções contidas no esôfago ou estômago à cavidade bucal, sem náuseas e sem a participação dos músculos abdominais. • Pituíta: regurgitação de pequena quantidade de líquido pela manhã. • Suas causas são divididas em mecânicas e motoras: o Mecânicas: estenoses, neoplasias, divertículo faringoesofágico (divertículo de Zenker) e obstrução do lúmen esofágico por alimento (geralmente carne). o Distúrbios motores: megaesôfago chagásico, acalasia idiopática e espasmo difuso do esôfago. • O megaesôfago possui 2 tipos de regurgitação: o Ativa, dinâmica ou ortostática: surge durante ou imediatamente após as refeições. o Passiva, de decúbito ou clinostática: manifesta tardiamente, com o paciente deitado, à noite. ERUCTAÇÃO • Ocorre em consequência da ingestão de maior quantidade de ar durante as refeições, ou em situações de ansiedade. SOLUÇO OU SINGULTO • É um distúrbio da coordenação da respiração, que ocorre por um espasmo diafragmático no momento da inspiração com o concomitante fechamento glótico, acompanhado de ruído característico. • Não constitui sintoma próprio das doenças do esôfago e nem mesmo do sistema digestório. SIALOSE, SIALORREIRA OU PTIALISMO • Produção excessiva de secreção salivar. • Causas: esofagopatias obstrutivas de modo geral e, em particular, no megaesôfago chagásico. HEMATÊMESE “VÔMITO COM SANGUE” • Caracteriza a hemorragia digestiva alta, assim entendida aquela em que a sede do sangramento se localiza desde a boca até o ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). • Causa mais comum: varizes do esôfago, câncer do esôfago e ulceras esofágicas. EXAME FÍSICO • Em condições normais, o esôfago é inacessível ao exame físico direto. • O exame físico geral do paciente pode fornecer subsídios úteis ao diagnóstico das doenças do esôfago. • O estado nutricional está frequentemente comprometido nas doenças que cursamcom disfagia e regurgitação, como o megaesôfago e as estenoses cerradas do esôfago. • O câncer do esôfago acompanha-se de rápido e acentuado emagrecimento, desproporcional aos sintomas esofágicos. EXAME DO PESCOÇO, DA CAVIDADE BUCAL E DA FARINGE • Monilíase da mucosa bucofaríngea acompanha-se, frequentemente, de monilíase esofágica, que pode ser causa de odinofagia e dor retroesternal. • O pescoço deve ser examinado em busca de tireomegalia ou anormalidades da coluna vertebral. Doenças do Esôfago • Principais: doença do refluxo gastresofágico (DRGE), hérnia hiatal, esofagite de refluxo, câncer do esôfago, megaesôfago chagásico e acalasia idiopática; espasmo difuso, esclerose sistêmica progressiva, esofagite cáustica, divertículos, membranas e anéis e malformações congênitas. DOENÇA DO REFLUXO GASTRESOFÁGICO (DRGE), HÉRNIA HIATAL E ESOFAGITE DE REFLUXO DOENÇA DE REFLUXO GASTRESOFÁGICO • Ocorre quando o refluxo conteúdo gástrico para o esôfago traz sintomas ou complicações para o paciente. • Principais sintomas: pirose, dor torácica, disfagia, odinofagia, eructações e regurgitação. • A principal causa é o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago não associado à deglutição. • O diagnóstico de DRGE se faz inicialmente com uma anamnese detalhada, com identificação dos sintomas, sua intensidade, duração e frequência. • Observar os fatores desencadeantes e de alívio e o impacto dos sintomas na qualidade de vida dos pacientes. • Considerar a idade e a presença ou ausência de manifestações de alarme, que incluem: disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva, náuseas ou vômitos e história familiar de câncer. ESOFAGITE DE REFLUXO • Ocorre quando o refluxo excessivo promove necrose de camadas superficiais da mucosa esofágica, causando erosão e úlcera. • A gravidade da esofagite é relacionada com duração, tempo de exposição ácida e pH do conteúdo gástrico refluído. • A esofagite de refluxo pode apresentar-se em diferentes fases evolutivas, estadiadas em quatro graduações: esofagite edematosa, esofagite erosiva, esofagite ulcerada e esofagite complicada. HÉRNIA HIATAL • Denomina-se hérnia hiatal a passagem de parte do estômago para o tórax, por meio do hiato diafragmático. • A hérnia por deslizamento é o único tipo importante como causa do refluxo gastresofágico. CÂNCER DO ESÔFAGO • Tem grande letalidade, principalmente para o sexo masculino. • Principais neoplasias malignas esofágicas: carcinoma espinocelular e adenocarcinoma. o Carcinoma espinocelular (CEC): tipo mais comum, ocorrendo em 90% dos casos. Mais frequente em homens a partir dos 50 anos, acometendo mais os terços médio e inferior do esôfago. o Adenocarcinoma: surge na parte distal do esôfago, na presença de refluxo gástrico e metaplasia gástrica do epitélio (esôfago de Barrett). • Principal sintoma: disfagia para sólidos. • Sintomas para se atentar: leve odinofagia, desconforto retroesternal, sensação de corpo estranho no esôfago proximal, dor epigástrica, anorexia, náuseas, perda sanguínea e emagrecimento sem causa aparente. • Prevenção: realização periódica da esofagoscopia nos indivíduos considerados de alto risco. • Método de diagnóstico: esofagoscopia, complementada pela biopsia e citologia. MEGAESÔFAGO CHAGÁSICO E ACALASIA IDIOPÁTICA • Acalasia é uma doença motora do esôfago, caracterizada por relaxamento parcial ou ausente do esfíncter inferior do esôfago (EIE) e contrações não peristálticas no corpo esofágico. o Principal causa: doenças de Chagas, • O exame físico dos pacientes com acalasia quase sempre não demonstra alterações, não existindo sinais específicos que sugiram o diagnóstico. • Sintoma predominante: disfagia. • Na acalasia, ocorre disfagia esofágica, devido à dificuldade da condução do alimento após a deglutição. • Tanto a acalasia idiopática como a esofagopatia chagásica podem apresentar-se em diferentes aspectos morfológicos, desde os tipos anectásicos, com alterações mínimas do peristaltismo, até os dolicomegaesôfagos, com grande dilatação e alongamento do órgão. ESPASMO ESOFÁGICO DIFUSO (EED) • É um distúrbio motor do esôfago, que ocorre mais comumente a partir dos 50 anos de idade, de incidência maior no sexo feminino. Pode ser assintomático. • A fisiopatologia decorre de alteração da regulação do óxido nítrico, levando a um espessamento da mucosa esofágica, secundário a hiperplasia das fibras musculares. • Principais sintomas: disfagia e dor torácica. o Disfagia é intermitente, não progressiva, manifestando-se principalmente com alimentos sólidos, bebidas geladas ou gasosas, e em situações de estresse emocional. • As deglutições são seguidas de contrações de alta pressão, de morfologia e duração variáveis, que tanto podem ser peristálticas como incoordenadas, não propulsivas. ESCLEROSE SISTÊMICA PROGRESSIVA (ESP) • É uma doença de etiologia desconhecida que afeta o sistema conjuntivo, comprometendo a pele e órgãos internos. O esôfago é o órgão do tubo digestório mais comprometido. • Principais sintomas: pirose, disfagia, perda de peso, dor retroesternal e regurgitação. • A doença de refluxo pode levar a complicações pulmonares por microaspiração. • A biopsia é obrigatória. ESOGAGITE CAÚSTICA • Álcalis e ácidos fortes, quando ingeridas com fins suicidas, produzem lesões de intensidade variável na região bucofaringolaríngea e no esôfago, podendo alcançar o estômago e as porções iniciais do duodeno. • A extensão e a intensidade das lesões definem o quadro clínico dos pacientes. • Na fase aguda, os sintomas são exuberantes com disfagia e odinofagia intensas, dor retroesternal urente, hipersalivação, hálito fétido, regurgitação sanguinolenta, além de febre, desidratação e sintomas respiratórios.
Compartilhar