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DESCRIÇÃO De�nição de �siologia humana, com abordagem de conceitos importantes no contexto de seu estudo, como célula, água corporal total e líquido extracelular, homeostasia e sistemas de controle homeostáticos. Divisão funcional do sistema nervoso, seus tipos de células e suas principais funções. PROPÓSITO Compreender os conceitos básicos, o objeto de estudo da Fisiologia Humana e a divisão anatômica e funcional do sistema nervoso é fundamental para que você possa avançar no estudo do funcionamento do corpo humano, o que será imprescindível para a sua atuação como pro�ssional da área de saúde. OBJETIVOS Módulo 1 De�nir o que é Fisiologia e Fisiologia humana, seus conceitos básicos e as relações existentes entre os diferentes sistemas orgânicos do corpo humano Módulo 2 Identi�car o signi�cado e a importância da homeostasia e de seus sistemas de controle Módulo 3 Reconhecer como o sistema nervoso se divide funcionalmente, quais são os dois tipos de células que o compõe, suas principais características e respectivas funções INTRODUÇÃO A Fisiologia humana é uma disciplina do núcleo básico da maioria das pro�ssões inseridas na área da Saúde. Uma boa compreensão da Fisiologia humana é pré-requisito para que você entenda várias outras cadeiras – Fisiopatologia, Farmacologia, Fisiologia do exercício – além de muitas disciplinas aplicadas de sua grade curricular. A�nal, todo pro�ssional de saúde deve saber como o corpo humano funciona em condição de repouso. Um bom funcionamento do corpo humano depende de uma complexa integração e regulação que envolve todas as células do corpo. Nesta disciplina, nós vamos estudar como esses fenômenos ocorrem. Para que tudo funcione bem e de forma integrada, todos os sistemas orgânicos atuam constantemente na intenção de manter o equilíbrio vinte quatro horas por dia. A partir de agora, temos como objetivo que você compreenda como isso pode ocorrer e quais são os sistemas de controle homeostáticos que executam esta complexa tarefa, que é manter o equilíbrio das funções �siológicas e do metabolismo. Fisiologicamente, o corpo humano é dividido em dez sistemas orgânicos e, dentre eles, o sistema nervoso é hierarquicamente superior, pois tem a capacidade de controlar os demais, com o sistema hormonal. Dessa forma, após a apresentação dos conceitos básicos da disciplina, vamos introduzir o estudo desses sistemas, através de uma abordagem sobre a organização funcional básica do sistema nervoso. MÓDULO 1 De�nir o que é Fisiologia e Fisiologia humana, seus conceitos básicos e as relações existentes entre os diferentes sistemas orgânicos do corpo humano FISIOLOGIA HUMANA A palavra �siologia tem sua origem na língua grega. O pre�xo “�sio” é equivalente a physis, que signi�ca natureza, função ou funcionamento; e o su�xo “logia”, que vem de logos, signi�ca palavra ou estudo. Essa prática parece ter surgido na Grécia há mais de 2500 anos com os pré-socráticos, os primeiros a estudar de maneira racionalizada e cientí�ca a natureza. No entanto, o termo “Fisiologia” foi criado bem depois, pelo médico francês Jean François Fernel (1497-1558), para descrever o “estudo das funções corporais”. Dessa forma, a Fisiologia é uma ciência que busca entender o funcionamento dos organismos vivos. Por aí já �ca bem claro a vasta área de conhecimento em que a ciência está diretamente envolvida, visto que engloba toda a variedade de vida que existe no planeta Terra, que vai de uma simples bactéria do reino Monera ao ser humano do reino Animalia, ou seja, todo e qualquer ser vivo conhecido está inserido no contexto do estudo da Fisiologia. Nesse âmbito, pode-se citar a Fisiologia bacteriana, a Fisiologia vegetal, a Fisiologia animal e muitas de suas subdivisões, como a Fisiologia humana, nosso foco nesta aula. A �siologia humana estuda o funcionamento do organismo humano e a sua capacidade de adaptação às diversas condições ambientais. E quais conhecimentos podemos obter com o estudo da Fisiologia humana? A partir do estudo e entendimento da Fisiologia humana, pode-se avançar, por exemplo, na compreensão de: Como funciona o organismo humano quando o indivíduo faz a utilização dos diferentes tipos de medicamentos com uma enorme diversidade de ações e interações, o que é explicado no estudo da Farmacologia. Como funciona o organismo humano quando o indivíduo se encontra doente, o que é explicado pela Fisiopatologia. Como funciona o organismo humano durante os diferentes tipos de exercício físico, como caminhar, correr, nadar, fazer musculação ou pilates, o que é explicado pela Fisiologia do exercício. Como funciona o organismo humano doente e fazendo exercício, o que é explicado pela Fisiologia do exercício clínico. Partindo do princípio que durante o exercício físico e a doença o organismo humano funciona de maneira completamente diferente quando comparado a uma condição de repouso e saudável, você já deve ter deduzido que, na Fisiologia humana, o estudo do funcionamento do organismo humano considera o indivíduo em estado de repouso e com boa saúde. Para que você compreenda melhor os conceitos básicos de Fisiologia, vamos continuar o nosso estudo partindo da menor unidade que compõe um organismo, a célula. Células humanas. UNIDADE BÁSICA DA VIDA – CÉLULA Agora que você já compreendeu o que é Fisiologia humana, é necessário lembrar que o organismo humano, cuja função será estudada aqui, é composto por aproximadamente 100 trilhões de células, sendo que um quarto dessas células são hemácias que têm por função fazer o transporte de oxigênio dos pulmões para todas as outras células do corpo. A célula é considerada a unidade básica da vida e a maioria delas tem a capacidade de se reproduzir e originar células de seu próprio tipo, mas também podem ser destruídas por agentes estranhos como vírus e bactérias. Algumas células têm um tempo de vida reduzido, durando apenas alguns dias ou meses, como as próprias hemácias citadas anteriormente, que possuem um ciclo de vida de aproximadamente quatro meses. Outros tipos de células têm uma durabilidade maior, podendo acompanhar o indivíduo durante toda a sua vida. Conheça a seguir a classi�cação dada às células em relação à durabilidade: Lábeis São as células que duram pouco tempo, como as hemácias. Estáveis São as células que duram meses ou anos, como os �broblastos, que podem ser encontrados no tecido conjuntivo. Permanentes São as células que duram a vida toda, como os neurônios e as �bras da musculatura estriada esquelética. Para que todas as células do organismo humano funcionem plenamente, é imprescindível que os parâmetros �siológicos sejam mantidos dentro de valores de normalidade. Em Fisiologia, esta condição está associada ao bom desempenho da função celular, ou seja, a manutenção deste estado quase estável é fundamental para um bom funcionamento das células, que são extremamente sensíveis às variações dos parâmetros �siológicos. Caso a manutenção desse estado quase estável dos parâmetros �siológicos não ocorra, as funções celulares serão afetadas e o indivíduo pode desenvolver alguma doença, que, de acordo com a sua progressão, pode chegar ao óbito. Um agrupamento de células formará os tecidos. No corpo humano, existem quatro tipos básicos de tecidos: epitelial, nervoso, muscular e conjuntivo. O agrupamento desses tecidos vai dar origem aos diferentes órgãos do corpo humano. Ao reunir um grupo de órgãos que realizam juntos determinadas funções, os �siologistas criaram dez sistemas orgânicos diferentes. São eles: Sistema nervoso Sistema hormonal Sistema cardiovascular Sistema respiratório Sistema digestório Sistema urinário Sistema reprodutivo Sistema músculo esquelético Sistema imunológico Sistema tegumentar A seguir, veremos os níveis de organização do corpo humano quanto aos quatro tipos de tecidos: Embora didaticamente o corpo humano possa ser dividido nesses sistemas orgânicos, é imprescindível que você o compreenda como algo unoe indissociável. Dessa forma, todos os sistemas orgânicos e, consequentemente, todos os órgãos, tecidos e células trabalham, simultaneamente e de forma integrada, o tempo todo, para manter um bom funcionamento do organismo humano. Como assim? Níveis de organização do corpo humano. Exemplo A ação conjunta do corpo humano e o controle da pressão arterial sistêmica Quando a pressão arterial sistêmica se eleva, o indivíduo aumenta a excreção de água pela urina. Nesse caso, o sistema cardiovascular e o sistema urinário atuaram conjuntamente para manter a pressão arterial dentro de valores considerados normais e, consequentemente, o indivíduo saudável. Quando o corpo não consegue equilibrar essa desordem orgânica, ocorre o mau funcionamento e, no caso acima, o indivíduo passa a desenvolver a hipertensão arterial sistêmica, que é uma doença cardiovascular que afeta aproximadamente 25 a 30% da população mundial. Um grande desa�o para você, neste momento, é compreender a interação dos sistemas orgânicos que faz com que o corpo humano seja único e indivisível. Didaticamente, é interessante estudar os sistemas orgânicos de maneira separada, como observamos nos livros-textos básicos de Fisiologia humana e nas grades curriculares dos cursos de graduação. Mas, em um estado mais avançado de conhecimento, as associações entre os sistemas serão possíveis e necessárias. Você que está iniciando o estudo da Fisiologia humana poderá estudar o sistema neuro-hormonal ou cardiorrespiratório, unindo, assim, dois sistemas. Até que, com um conhecimento mais aprofundado, você conseguirá pensar no funcionamento do corpo humano integrando todos os sistemas orgânicos e, consequentemente, todos os órgãos, tecidos e células. Isto facilitará o seu conhecimento nas aplicações em qualquer atividade pro�ssional na área de saúde. Água corporal total e líquido extracelular O corpo humano é composto por mais de 60% de líquido. A maior parte desse líquido, aproximadamente dois terços, encontra-se dentro das células e, por isso, é chamado de líquido intracelular. O líquido que �ca fora das células, cerca de um terço, é chamado de líquido extracelular. O líquido extracelular pode ser dividido em dois compartimentos: o líquido intersticial, que também pode ser chamado de �uido intersticial ou líquido intercelular, e o plasma. Essa divisão pode ser vista na �gura a seguir. O líquido intersticial é formado por 90% de água e apresenta aspecto claro e transparente. Ele é responsável por envolver as células, estando em contato direto com elas para fazer as trocas necessárias de nutrientes e oxigênio para o seu bom funcionamento. A manutenção de uma certa estabilidade no ambiente que cerca a célula é de vital importância para que ela permaneça viva. O plasma é a porção líquida do sangue e corresponde a aproximadamente 55% do seu volume total. No plasma sanguíneo, proteínas, sais minerais, vitaminas, gás carbônico e outras substâncias estão dissolvidas em água, que é mais de 90% da constituição plasmática e tem como função destacada garantir o transporte de substâncias pelo corpo humano. Chamamos de soro o plasma sem uma proteína denominada �brinogênio, que tem importante papel na coagulação do sangue. Podemos destacar algumas diferenças entre os constituintes presentes no líquido intracelular e no líquido extracelular. Vejamos: Compartimentos líquidos do corpo humano. Líquido extracelular Grande quantidade de sódio, cloreto, íons bicarbonato, oxigênio e os nutrientes celulares como glicose, ácidos graxos e aminoácidos. Líquido intracelular Grandes quantidades de potássio, fosfato e magnésio. Essa diferença de concentração de determinados íons dentro e fora da célula é mantida por transportes especializados através da membrana plasmática e é fundamental para o bom funcionamento da célula e, consequentemente, do organismo humano. Claude Bernard (1813-1878), o “pai da Fisiologia experimental”. O termo meio interno ainda é bastante utilizado na literatura para se referir ao líquido extracelular, apesar de ter sido criado há mais de um século pelo �siologista francês Claude Bernard (1813-1878), considerado o “pai da Fisiologia experimental”. Qual é o papel do líquido extracelular? Importante ressaltar que, para manutenção do equilíbrio �siológico, o líquido extracelular tem papel importantíssimo. É nele que os parâmetros �siológicos devem ser mantidos quase constantes, pois alterações nas concentrações dos componentes do líquido extracelular podem gerar respostas �siológicas indesejáveis. Exemplo O consumo excessivo de sódio na dieta pode levar ao aumento da concentração de sódio e gerar retenção hídrica e aumento da pressão arterial. O líquido extracelular é capaz de ser transportado para todas as partes do corpo humano, seja pela movimentação do sangue através dos vasos sanguíneos, seja pelo movimento entre os capilares e os espaços intercelulares. As paredes dos capilares são permeáveis à maior parte das moléculas presentes no plasma sanguíneo, exceto às grandes moléculas das proteínas plasmáticas, em função do tamanho. Dessa forma, existe um movimento contínuo de água e constituintes dissolvidos entre o plasma e o líquido intersticial e vice-versa em todo o corpo, fazendo com que exista uma grande similaridade em todo o conteúdo do líquido extracelular, seja plasma ou líquido intersticial. Através do líquido extracelular, o oxigênio e os nutrientes conseguem acessar as células. Nesse processo, o sistema respiratório deve captar o oxigênio do meio ambiente nas inspirações e fazê-lo chegar nos alvéolos para que possa ocorrer a hematose. O sangue, antes com alta concentração de gás carbônico, passa a ter altas concentrações de oxigênio. Através do bombeamento de sangue pelo coração, o oxigênio será transportado para as células do organismo. Nestas células, à medida em que o oxigênio é absorvido, o dióxido de carbono (CO ) é difundido ao líquido extracelular e, posteriormente, aos capilares para serem encaminhados aos pulmões em sua maior parte pelas hemácias. Após a hematose, o CO é expelido ao meio ambiente na expiração. A imagem a seguir ilustra esse processo: 2 2 Troca gasosa alvéolo/capilar e capilar/celular. O líquido extracelular ou meio interno, então, tem papel fundamental no acesso de oxigênio e nutrientes para as células, bem como na remoção de dióxido de carbono e resíduos metabólicos através do funcionamento integrado entre o sistema respiratório e o sistema cardiovascular. Observe no infográ�co a seguir a organização da circulação sanguínea: javascript:void(0) A seguir, veremos como se dá o funcionamento de alguns dos sistemas humanos: Organização geral da circulação sanguínea. Clique nas barras para ver as informações. SISTEMA DIGESTÓRIO SISTEMA URINÁRIO SISTEMA ENDÓCRINO SISTEMA IMUNOLÓGICO SISTEMA TEGUMENTAR Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes sobre o assunto. 08:06 VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O ser humano é constituído principalmente de água, o que corresponde a uma proporção de aproximadamente 60% de seu corpo. Para o mecanismo homeostático, no entanto, o compartimento de água corporal que é determinante é o: Líquido intracelular.A) Citoplasma.B) Citosol.C) Líquido extracelular.D) e) Plasma.E) Responder 2. Um indivíduo saudável consegue manter a homeostasia durante a maior parte do tempo quando se encontra em repouso. Para as células, a manutenção da homeostasia é fundamental. Assinale a opção correta para justi�car essa a�rmação. Responder MÓDULO 2 Identi�car o signi�cado e a importância da homeostasia e de seus sistemas de controle HOMEOSTASIA As células são independentes umas das outras.A) As células são extremamente resistentes a variações homeostáticas apesar do seu tamanho. B) As células não resistem a grandes variações nos parâmetros �siológicos.C) As células necessitam de que seu líquido intracelular seja mantido constante.D) A homeostasiaé o alimento das células.E) Parâmetros �siológicos constituintes importantes do líquido extracelular. O termo homeostase foi criado pelo �siologista americano Walter Cannon em 1929. O pre�xo homeo indica semelhante, similar, parecido, e o termo estase signi�ca estático, o que indica que o organismo necessita de uma condição de relativa estabilidade para manter suas funções plenas. Observe que o termo não é homostase, com o pre�xo homo, que signi�ca igual, deixando claro que Cannon já reconhecia a existência de uma variação nos controles biológicos. Mesmo passado tanto tempo da criação do termo por Cannon, algumas pessoas ainda têm di�culdade de entender esse conceito. Não é raro vê-las se referindo erradamente a homeostase como “o equilíbrio do corpo humano”. No entanto, a de�nição correta do termo homeostase é a manutenção de condições quase constantes no líquido extracelular ou, melhor ainda, a manutenção de todos os parâmetros �siológicos quase constantes no líquido extracelular. Observe que não se fala em constância, em equilíbrio, e sim numa quase estabilidade que jamais é alcançada realmente. Pode-se até falar que o organismo busca um equilíbrio. No entanto, todos os parâmetros �siológicos estão em constante oscilação. Cada um tem suas características e valores próprios chamados de ponto de ajuste, que podem variar dentro de limites inferiores e superiores que são considerados normais (veja o quadro a seguir). Valor normal Limite inferior – limite superior unidade Oxigênio 40 35 – 45 mmHg Dióxido de carbono 40 35 – 45 mmHg Íon sódio 142 138 – 145 mmol/L Íon potássio 4,2 3,8 – 5,0 mmol/L Glicose 85 75 – 95 mg/dL Ácido-base 7,4 7,3 – 7,5 pH Temperatura 37,1 36,6 – 37,6 CO Observe que os parâmetros �siológicos são mantidos dentro dos seus valores de normalidade. Veja alguns exemplos: Clique nas informações a seguir. Temperatura corporal pH do sangue Glicemia Sistemas de controle homeostáticos Há dois tipos de sistemas de controle homeostáticos: retroalimentação negativa (feedback negativo)e retroalimentação positiva (feedback positivo). O que é a retroalimentação negativa? Ela pode ser conceituada da seguinte forma: é um mecanismo que ocorre quando o organismo provoca uma alteração em determinado parâmetro �siológico no sentido contrário do que estava ocorrendo. A maioria dos sistemas de controle homeostáticos atua por retroalimentação negativa (feedback negativo). Esse sistema de controle é facilmente explicado com alguns exemplos, como o que ocorre com a pressão arterial. Veja: Exemplo Quando a pressão arterial se torna elevada, existem sensores especí�cos que são ativados e enviam essa informação ao sistema nervoso central. Este, por sua vez, envia uma informação a órgãos especí�cos que desencadeiam uma série de reações que culminam com a diminuição da pressão arterial. A situação oposta também ocorre. Quando a pressão arterial sofre uma diminuição, outros sensores reconhecem essa alteração e um processo de elevação é desencadeado. Tudo isso para manter a homeostasia e o bom funcionamento do corpo humano. Observe que o parâmetro �siológico (no exemplo, a pressão arterial) é direcionado para o sentido contrário do que estava ocorrendo, ou seja, os efeitos são negativos em relação ao estímulo inicial. Dessa forma, os diferentes tipos de parâmetros �siológicos são mantidos quase constantes nos indivíduos saudáveis na maioria das vezes. O que é a retroalimentação positiva? A retroalimentação positiva (feedback positivo), por sua vez, ocorre em situações bem especí�cas. Se este tipo de resposta ocorresse na maioria das vezes, poderia gerar uma instabilidade no organismo cada vez maior, o que culminaria na morte do indivíduo. Na retroalimentação positiva, o organismo provoca uma alteração em um determinado parâmetro �siológico no mesmo sentido do que estava ocorrendo. Por exemplo: imaginem a temperatura corporal sofrendo retroalimentação positiva se ela já estivesse elevada. Ela iria aumentar mais ainda e piorar a situação até que o indivíduo fosse a óbito. O mesmo raciocínio vale para o caso da diminuição da temperatura corporal. Vamos ver um outro exemplo de retroalimentação positiva? Exemplo Na coagulação sanguínea, uma variedade de enzimas é ativada após o rompimento de um vaso e começam a atuar sobre outras enzimas que se encontravam inativas no sangue próximo ao local de rompimento, causando mais coagulação sanguínea. Essa sequência de fatores continua até que o vaso esteja com o seu rompimento fechado e o sangramento tenha sido interrompido. Vamos a outra situação clássica de retroalimentação positiva �siológica? Exemplo No parto natural, à medida que o bebê começa a sair e pressionar o colo uterino, esse estiramento aumenta a secreção de um hormônio denominado ocitocina e, em função disso, aumentam as contrações locais. Quando o bebê sai um pouco mais, o colo uterino sofre uma nova distensão, fazendo com que tenha mais secreção de ocitocina e aumentem as contrações. Até que o bebê saia completamente, esse ciclo se repete por várias vezes. A despolarização da membrana também é um outro exemplo em que a abertura dos canais rápidos de sódio estimula a abertura de mais canais rápidos de sódio numa velocidade muito alta. Nesses casos, a retroalimentação positiva será útil e �siológica. Mas, são casos especí�cos em que esse sistema é utilizado. O PROCESSO DE RETROALIMENTAÇÃO Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes sobre os processos de retroalimentação negativa e positiva. 06:05 Sendo assim, a homeostasia é mantida basicamente por retroalimentação negativa, exceto em casos bem especí�cos em que a retroalimentação positiva ou o ciclo circadiano participam do controle em determinados parâmetros �siológicos. Os ajustes do controle circadiano Alguns parâmetros �siológicos também têm um controle circadiano, que se ajusta de acordo com o momento do dia, em um período de 24 horas, sob o qual se baseia o relógio biológico humano (fator endógeno). Mas fatores exógenos ou ambientais também afetam o ciclo circadiano. A temperatura corporal, por exemplo, diminui naturalmente durante a madrugada quando o metabolismo se encontra bem baixo e volta a aumentar naturalmente no início do dia. Esse ciclo se repete diariamente e alguns parâmetros �siológicos são afetados diretamente por ele. Um exemplo em que isto ocorre se dá pela quantidade de cortisol, que, no início do dia, é maior em comparação ao período da noite. A produção de hormônio do crescimento, que aumenta muito nas duas primeiras horas de sono, é mais um exemplo de parâmetros �siológicos controlados circadianamente. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. No momento de o bebê nascer acontece um aumento contínuo da contração da musculatura uterina em razão da secreção de um neurohormônio chamado ocitocina. Quanto mais contrações uterinas, mais ocitocina é produzida e secretada e mais contrações uterinas acontecem, o que permite, assim, a saída do bebê. Qual sistema de controle homeostático ocorre durante o parto natural? Responder Retroalimentação negativa.A) Controle circadiano.B) Sistema nervoso simpático.C) Retroalimentação positiva.D) Sistema nervoso parassimpático.E) 2. A concentração de cortisol se altera durante as horas do dia, apresentando seu pico pelas primeiras horas da manhã. Logo ao despertar, seus níveis vão declinando progressivamente ao longo do dia, �cando bastante baixos durante a noite. Qual sistema de controle homeostático está ocorrendo nesse caso? Responder MÓDULO 3 Reconhecer como o sistema nervoso se divide funcionalmente, quais são os dois tipos de células que o compõem, suas principais características e respectivas funções DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO Conhecer as bases anatômicas e �siológicas do sistema nervoso é fundamental para o pro�ssional da área da saúde. Atualmente, os pro�ssionais que pesquisam sobre o sistema nervoso passaram a ser chamados de neurocientistas. O termo neurociênciapassou a ser muito utilizado, e nem sempre corretamente. Portanto, se faz necessário que exista um entendimento sobre o que realmente signi�ca neurociência. No entanto, na verdade, não existe uma neurociência, mas as neurociências, pois existem cinco grandes disciplinas neurocientí�cas completamente interligadas: Retroalimentação negativa.A) Controle circadiano.B) Sistema nervoso simpático.C) Retroalimentação positiva.D) Sistema nervoso parassimpático.E) Neurociência molecular Neurociência celular Neurociência sistêmica Neurociência comportamental Neurociência cognitiva Dessa forma, o termo neurociências �ca melhor empregado no plural, e o estudo da �siologia do sistema nervoso, que será o assunto discutido a seguir, está inserido no estudo da neurociência sistêmica. Atenção O conhecimento sobre o funcionamento do sistema nervoso é imprescindível para um pro�ssional da área da saúde, visto que o sistema nervoso e o sistema hormonal são capazes de controlar e regular os demais sistemas orgânicos e, consequentemente, as funções corporais. Hierarquicamente, esses dois sistemas são superiores aos demais e, inclusive, num estado de conhecimento mais avançado, não é raro que sejam estudados de maneira associada, sendo então, nomeados de sistema neuro- hormonal. Dessa forma, estudar o sistema nervoso não é importante apenas para quem pretende preservar ou restaurar a função do sistema nervoso pura e simplesmente como uma visão mais reducionista poderia imaginar, mas para quem quer entender o funcionamento do corpo humano sob qualquer perspectiva e pretende trabalhar diretamente com o organismo humano, seja na Biomedicina, nas Ciências Biológicas, na Educação Física, na Estética e Cosmética, na Enfermagem, na Farmácia, na Fisioterapia, na Medicina, na Nutrição, na Radiologia ou em qualquer outra área da saúde que trabalhe diretamente com seres humanos. Como funciona o sistema nervoso? O sistema nervoso recebe ininterruptamente uma in�nidade de estímulos nervosos (informações) provenientes de todas as partes do interior do corpo humano e do meio ambiente. Essas informações são continuamente captadas por receptores sensoriais e conduzidas ao sistema nervoso central (SNC) por vias aferentes. O SNC interpreta tais informações e, caso seja necessário, determina a(s) resposta(s) que será(ão) adequada(s) para cada informação que foi captada. Caberá às suas vias eferentes conduzirem aos efetores (músculos e glândulas) a informação determinada pelo SNC para uma resposta adequada ao estímulo que foi captado. Por exemplo, o nariz é um órgão sensorial que permite que o indivíduo possa identi�car as mais diferentes substâncias odorantes. Na nossa pele, temos receptores sensoriais que sinalizam quando algum objeto externo toca a superfície corporal e, através de receptores espalhados por todo o corpo humano, interna ou externamente, os estímulos são detectados e direcionados ao SNC (via aferente). Além disso, o encéfalo pode armazenar informações, produzir pensamentos e determinar respostas adequadas aos diferentes estímulos que ali chegam. Para que você possa entender como o sistema nervoso se divide funcionalmente, é necessário relembrar como ele foi dividido anatomicamente. Por incrível que possa parecer, ainda existem alguns equívocos sobre essa divisão que não podem passar despercebidos por olhares mais críticos. O critério utilizado pelos anatomistas para dividir o sistema nervoso em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP) foi a presença de caixas ósseas, no caso, o crânio e a coluna vertebral. Todas as estruturas que se encontram dentro das caixas ósseas são consideradas como parte do SNC e todas as estruturas que se encontram fora das caixas ósseas fazem parte do SNP (veja a �gura a seguir). Dentro das caixas ósseas, encontram-se o encéfalo, a medula espinal e uma parte dos neurônios aferentes (sensitivos) e eferentes (motores). Fora das caixas ósseas, encontram-se uma parte (maior parte) dos neurônios aferentes e eferentes e os gânglios. Estruturas do sistema nervoso central (vermelho) e do sistema nervoso periférico (azul). Funcionalmente, o sistema nervoso é dividido em dois: Sistema nervoso somático Esse sistema relaciona o ser humano ao meio ambiente (seu exterior) e é voluntário e consciente. Portanto, seus efetores serão sempre o músculo estriado esquelético. Sistema nervoso visceral Esse sistema relaciona o ser humano ao seu interior, e é involuntário e inconsciente. Portanto, seus efetores poderão ser os músculos lisos ou o músculo estriado cardíaco ou as glândulas. Os dois sistemas possuem as seguintes estruturas: Receptores São encarregados de captar os estímulos (no meio ambiente ou no interior do corpo humano, sistema nervoso somático e visceral, respectivamente). Via aferente Conduz os estímulos captados em direção ao SNC. SNC Interpreta os estímulos e analisa se há necessidade de uma resposta para algum ajuste. Via eferente Conduz um estímulo nervoso proveniente do SNC para uma resposta julgada necessária. Efetor Responsável por produzir a resposta determinada pelo SNC. Veja uma comparação entre as duas partes do sistema nervoso autônomo: Atenção A via eferente do sistema nervoso visceral se chama sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso autônomo é ativado principalmente por centros localizados na medula espinal, no tronco encefálico, no hipotálamo e em parte do córtex cerebral. É responsável pelo controle da frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, temperatura corporal, motilidade gastrintestinal, assim como outras atividades viscerais para manutenção da homeostase. Essa parte do sistema nervoso é subdividida em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. Função simpática É mediada, em sua maioria, pela ação de uma substância denominada norepinefrina, que atua nas seguintes funções: aumento da frequência cardíaca, dilatação da pupila, dilatação dos brônquios, constrição dos vasos sanguíneos, aumento da sudorese, inibição dos movimentos peristálticos do trato gastrointestinal e aumento da renina. Função parassimpática É mediada por um neurotransmissor denominado acetilcolina e sua ação repercute da seguinte forma: redução da frequência cardíaca, aumento da secreção de glândulas do olho, aumento da peristalse, aumento da secreção salivar e de glândulas pancreáticas e constrição dos brônquios. A atividade autonômica tem papel preponderante na função �siológica dos seres humanos. Doenças crônicas como a insu�ciência cardíaca, hipertensão arterial, diabetes, entre outras estão associadas ao comprometimento da atividade do sistema nervoso autônomo. Tipos de células do sistema nervoso e suas principais funções Como é composto o sistema nervoso? O sistema nervoso é composto por dois tipos de células, os neurônios e as neuroglias ou células da glia. Para cada neurônio, existe, aproximadamente, uma neuroglia, contrariando o que sempre foi reproduzido por estudiosos e diversos livros textos que a�rmavam (equivocadamente) que, para cada neurônio, existem 10 neuroglias. Outro equívoco é a de que existem 100 bilhões de neurônios. Na verdade, estima-se que o sistema nervoso possua aproximadamente 86 bilhões de neurônios e 85 bilhões de neuroglias conforme estudo publicado pelo grupo de pesquisadores comandado pelo professor Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (LENT et al., 2012). Classicamente, sempre se considerou o neurônio como a unidade morfofuncional mais importante do sistema nervoso, e as neuroglias com um papel secundário, sendo apenas células de “suporte”. No entanto, a importância dessas “células de suporte” aumentou muito ao se entender que as neuroglias também trabalham com sinais, apesar de serem sinais diferentes. São sinais químicos que orientam o crescimento e a migração dos neurônios durante o desenvolvimento, de conexão entre os neurônios na vida adulta, de proteção e reconhecimentode disfunções, entre outros. Sendo assim, ao serem capazes de interferir na comunicação entre os neurônios, podem até alterar a transmissão dessas informações. Os neurônios são células especializadas na condução de estímulos nervosos, ou seja, informações (ver �gura a seguir). Um neurônio pode ter três partes: Clique nas barras para ver as informações. DENDRITOS CORPO CELULAR (SOMA OU PERICÁRIO) AXÔNIO Neurônio típico com dendritos, corpo celular e axônio. Na �gura a seguir, estão ilustradas as conexões entre neurônios, as sinapses. Conexões entre neurônios. OS IMPULSOS NERVOSOS Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes no processo de transmissão dos impulsos nervosos desde o dendrito até a sinapse. 06:23 Os neurônios encontrados nos seres humanos podem ser classi�cados de acordo com sua estrutura: Multipolares São os mais comuns no sistema nervoso central, sendo encontrados no encéfalo e na medula espinal. Eles contêm múltiplos dendritos, podendo chegar a ter milhares, com uma grande capacidade de receber estímulos. Bipolares São encontrados em órgãos sensoriais, principalmente na retina e no epitélio olfatório, possuem apenas um dendrito e um axônio de cada lado do corpo celular. Pseudounipolares Encontrados principalmente nos gânglios espinais, são todos aferentes. Os pseudounipolares não apresentam dendritos, mas um axônio que se subdivide em um ramo dirigido à periferia em direção a um receptor sensorial e um outro ramo que se dirige ao SNC. A informação sensorial proveniente da periferia é enviada diretamente para a medula espinal, sem passar pelo corpo celular. A seguir, veremos os componentes e funções de cada uma delas: Do ponto de vista funcional, os neurônios podem ser classi�cados em: Aferentes ou sensitivos Conduzem os estímulos a partir dos receptores em direção do SNC. Interneurônios São 99% dos neurônios e estão todos localizados no SNC conectando dois neurônios. Eferentes ou motores Conduzem os estímulos a partir do SNC em direção aos efetores. As neuroglias ou células da glia podem ser divididas em micróglias e macróglias (�gura a seguir). O termo glia é proveniente da palavra grega que signi�ca cola. Portanto, neuroglia seria a cola neural. Isso porque antigamente se achava que as neuroglias tinham apenas a função de agregação e sustentação dos neurônios, o que continua sendo correto, embora já se saiba que elas desempenham outras funções de grande importância. Neuroglias ou células da glia. Clique nas barras para ver as informações. MICRÓGLIAS MACRÓGLIAS VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. Os astrócitos são células da neuróglia e são as que possuem as maiores dimensões. Receberam esse nome por lembrarem estrelas. Dentre as suas funções, pode-se destacar: Responder Nutrição neuronal e produção de mielina.A) Produção de mielina e remoção de íons em excesso.B) Formação da barreira hematoencefálica e nutrição neuronal.C) Formação da barreira hematoencefálica e produção de hormônios.D) Fagocitose de substâncias estranhas ao SNC e nutrição neuronal.E) 2. As micróglias são um tipo de célula do sistema nervoso central que, dentre outros papéis, têm função de: Responder CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao �nal deste conteúdo, você aprendeu o que é Fisiologia humana, seu objeto de estudo, como todas as células do corpo humano trabalham para manter a homeostasia e, consequentemente, o indivíduo saudável, e de que forma o sistema nervoso se divide funcionalmente. No entanto, sempre é bom lembrar que a ciência é extremamente dinâmica e que novos estudos e pesquisas são realizados continuamente. Em função disso, essas informações podem ser alteradas. Sendo assim, é necessário que você busque atualização constante através de cursos, congressos e simpósios da área, leitura de artigos atualizados e livros. En�m, nunca pare de estudar. Produção de mielina que envolve os axônios do SNC.A) Produção de mielina que envolve os axônios do SNP.B) Imunidade do sistema nervoso central.C) Nutrição neuronal.D) Transmissão de impulsos nervosos do SNC ao SNP.E) PODCAST 0:00 13:21 REFERÊNCIAS AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. BEAR, M.F.; CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BERNE, Robert M. & LEVY, Matthew, N. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. HALL, J. E. Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociências. 2. ed. Atheneu, 2010. LENT, R. et al. How many neurons do you have? Some dogmas of quantitative neuroscience under revision. In: European Journal of Neuroscience. 35(1): 1-9, 2012. Consultado em meio eletrônico em: 22 out. 2020. SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2017. EXPLORE+ Leia o artigo A formulação do conceito de homeostase por Walter Cannon, de Ivana Brito e Amilton Haddad, publicado em 2017. Leia o artigo Resposta ao estresse: I. Homeostase e teoria da alostase, que detalha todas as discussões dos cientistas sobre o conceito de homeostasia, de Maria Bernardete Cordeiro de Sousa, Hélderes Peregrino Silva e Nicole Leite Galvão-Coelho, publicado em 2015. CONTEUDISTA Ercole da Cruz Rubini https://estacio.webaula.com.br/cursos/temas/introducao_ao_estudo_da_fisiologia_humana_e_organizacao_funcional_do_sistema_nervoso/index.html Currículo Lattes Ao clicar nesse botão, uma nova aba se abrirá com o material preparado para impressão. 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