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Heminegligência e reabilitação cognitiva: um relato de caso Heminegligence and cognitive rehabilitation: a case report Lidia Cardoso, Hebert Pereira Ferreira, Manuel Alvim Leite Lopes, Juliana Costa Carvalho e Michele Alves Costa Laboratório de Neuropsicologia, Cognição e Reabilitação Cognitiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM/UFRJ) (Cardoso L, Ferreira HP, Lopes MAL, Carvalho JC, Costa MA) Apoio: Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FAPERJ/CNPq). Resumo Reabilitação cognitiva (RC) é um conjunto de técnicas estruturadas para o treinamento de pacientes com lesão cerebral que apresentam seqüelas de memória, linguagem, atenção, funções executivas. A heminegligência, fenômeno em que não se percebe a metade esquerda do corpo e do campo visual, é comum em lesões de hemisfério direito e geralmente favorece mau prognóstico em pacientes hemiplégicos. O objetivo deste trabalho é apresentar relato de caso de um paciente heminegligente submetido a um programa de reabilitação cognitiva no Laboratório de Neuropsicologia, Cognição e Reabilitação Cognitiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM/UFRJ). Realizou-se treinamento cognitivo, com tarefas de lápis e papel e scanning visuoespacial, para o treinamento da atenção. O programa de treinamento resultou em aumento da percepção do campo visual e do hemicorpo negligenciado, favorecendo a reconstrução da imagem corporal e a reabilitação física. Concluiu-se pela importância da realização de estudos integrando reabilitação física, neuropsicologia e neurologia para ampliar a idéia de reabilitação funcional. Palavras-chave: heminegligência, reabilitação cognitiva. Abstract Cognitive rehabilitation (CR) is a set of structured techniques for the training of patients with brain lesion who show memory, language, attention or executive functions disabilities. Heminegligence, a phenomenon where a dysfunction induces neglecting of half visual field and body perception, is usual in left hemisphere damaged patients, thus worsening the prognosis of hemiplegic patients. We report a case of a patient with heminegligence treated with cognitive rehabilitation program at Neuropsychology, Cognition, and Rehabilitation Laboratory of FM/UFRJ. A cognitive training was implemented, in which a pencil-and-pen task and a visuospatial scanning were proposed for attention training. The training program yielded visual field and body perception augmentation, inducing a better body image reconstruction and physical rehabilitation. We concluded that studies integrating physical rehabilitation, neuropsychological, and neurological approaches, are of importance to the functional rehabilitation paradigm amplification. Key words: hemineglect, cognitive rehabilitation. Recebido 02-06-05 Aprovado 17-11-05 Relato de caso – Case report Correspondência para: Lidia Cardoso Laboratório de Neuropsicologia, Cognição e Reabilitação Cognitiva da FM/UFRJ – Av. Brigadeiro Trompowski, s/n – Ilha do Fundão – 21941-590 – Rio de Janeiro-RJ – e-mail: lidiacardoso@ajato.com.br Heminegligência e reabilitação cognitiva J Bras Psiquiatr 54(4): 340-344, 2005 341 A negligência pode ser avaliada por vários testes neurop- sicológicos, como os testes de cancelamento e de bissecção de linhas, as tarefas de desenho e cópia de modelos, a leitura de textos, a descrição de objetos e cenários, e por testes funcionais, como, por exemplo, avaliar a maneira de o paciente se vestir, se alimentar e andar ou navegar com cadeira de rodas. Os testes de cancelamento e de bissecção de linhas, as tarefas de desenho e a cópia de modelos são os chamados testes de lápis e papel, que, pela sua simples e rápida administração, são mais utilizados. A natureza diversificada da heminegligência faz com que a identificação, a avaliação e a seleção de uma estratégia de tratamen- to apropriada sejam tarefas complexas. O objetivo deste estudo é apresentar o uso de estratégias de reabilitação cognitiva (RC) em um paciente com lesão no hemisfério direito do cérebro que apresentava a síndrome da heminegligência. O paciente foi atendido no Laboratório de Neuropsicologia, Cognição e Reabilitação Cognitiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM/UFRJ), onde o emprego das técnicas de RC teve resultado satisfatório na reabilitação funcional do paciente. Reabilitação cognitiva Cognição é uma complexa coleção de funções mentais que incluem atenção, percepção, compreensão, aprendizagem, memória, resolução de problemas e raciocínio, entre outras, que permitem que o homem compreenda e se relacione com o mundo e seus elementos (Parente, 1996). A neuropsicologia pode ser definida como o estudo das relações entre cérebro e comportamento (Kolb e Whishaw, 2001). Sendo uma especialidade que se interessa pelo funcionamento cognitivo normal e patológico, aborda problemas como o estudo das diferentes etapas do desenvolvimento cognitivo normal e patológico e as seqüelas cognitivas decorrentes de uma lesão encefálica (de cau- sas variadas: acidente vascular, traumatismo craniencefálico, tumor, processos degenerativos como doença de Parkinson, intoxicação, meningoencefalite, etc.). Essas seqüelas podem se traduzir, do ponto de vista cogniti- vo-comportamental, por uma enorme variedade de quadros clínicos, como alteração do afeto, da personalidade e do comportamento, deficiência dos processos de atenção, da capacidade de raciocínio, da memória, do reconhecimento de objetos e de fisionomias familiares, do processamento da informação visual, da compreensão e/ou da expressão da linguagem oral e escrita, da capacidade de realização e/ou de reconhecimento de gestos simbólicos e/ou de utilização de objetos, etc. Cabem à neuropsicologia a realização do diagnóstico preciso do déficit cognitivo-comportamental, a correlação funcional anatomoclínica, a previsão da evolução do quadro clínico, assim como, nos casos indicados, a realização de uma RC. A reabilitação cognitiva é um programa de técnicas e recursos terapêuticos desenhados especificamente para o treinamento das funções cognitivas essenciais para a realização das atividades de vida diária: atenção, memória, funções executivas. Baseia-se em formula- ções teóricas e no método da neuropsicologia: avaliação clínica e de funções cognitivas preservadas e alteradas para traçar o programa individual de reabilitação (Sohlberg e Mateer, 2001). Estudos afirmam que lesão cerebral e déficit cognitivo não estão relacionados de modo linear e que características pessoais e Heminegligência A heminegligência tem sido definida como a falência em reportar, orientar-se em direção ou responder a estímulos gerados do lado contralateral à lesão cortical, sendo que esses fatores não são primariamente atribuídos a déficit sensorimotor. É uma síndrome comportamental comum em pacientes pós-lesão cortical (Plummer et al., 2003), sendo que, nesse caso, o comprometimento cognitivo afetado é basicamente de atenção (Swan, 2001), caracterizando uma complexa constelação de sintomas com diferentes manifestações (Bailey et al., 1999; Pierce et al., 2002). Existem diversos tipos de heminegligência que variam de acordo com a localização da lesão cerebral. Essa síndrome pode ser dividida em ausência de atenção (negligência sensorial), desordem de ação e intenção de movimento (negligência motora) e desordens de representação mental (Mesulam, 1999; Heilman et al., 1992). A negligência é mais comumente relatada em lesões que acometem o lobo parietal posterior, particularmente no hemisfério direito, embora possa estar associada com lesões no lobo frontal e no córtex do cíngulo, tálamo e núcleos da base. A idéiade que a hemi- negligência é mais comum após lesão no hemisfério direito tem sido demonstrada numa revisão sistemática (Bowen et al., 1999; Zocolotti et al., 1989). É geralmente um fenômeno transitório, podendo estar presente apenas no estágio agudo da lesão, com recuperação prevista entre quatro e seis semanas (Baileys et al., 1999-b). A recuperação espontânea ocorre principalmente nas lesões do hemisfério esquerdo. A recuperação instantânea pode ser conseqüência de uma isquemia transitória sem morte tecidual, ou pela reorganização do córtex adja- cente (Nudo, 1996). O que se verifica é que nem sempre esta síndrome tem um prognóstico favorável, já que vários relatos indicam que, em grande parte dos casos, ela pode ser observada alguns meses após a lesão (Hier et al., 1983). A presença da heminegligência é raramente observada após seis meses de lesão. Existem diferentes tipos de heminegligência que variam de acordo com a localização da lesão cerebral (Heilman KM, Watson RT, Valenstein E, 1993). Essa síndrome pode ser dividida em ausência de atenção (negligência sensorial), desordem de ação e intenção de movimento (negligência motora) e desordens de representação mental (Heilman KM, Watson RT, Valenstein E., op. cit.; Heilman KM, Valenstein E, Watson RT, 1994; Mesulam MM, 1994). A negligência sensorial é definida pela diminuição nas res- postas a um estímulo sensorial contralateral à lesão cortical, e pode ser classificada de acordo com a modalidade sensorial acometida (visual, auditiva e tátil) (Heilman KM, Watson RT, Valenstein E, 1993). A negligência sensorial também é denominada por outros autores negligência espacial (Bisiach E, Perani D, Vallar G, Berti A, 1986; Halligan PW, Marshall JC, 1991), que pode ser dividida em peripessoal e extrapessoal. A primeira se caracteriza pela negligência do espaço próximo contralateral à lesão cortical; um exemplo é quando o paciente come apenas metade da refeição que está no prato. A negligência espacial extrapessoal se caracteriza quando o paciente negligencia o espaço circundante, contralateral à lesão cortical; um exemplo é quando o paciente colide com obstáculos localizados no hemicampo negligente (Mennemeier M, Wertman E, Heilman KM, 1992; Zoccolotti P, Judica A, 1991). A negligência motora é definida como a falência em gerar movimento em resposta a um estímulo (Plummer P, Morris ME, Dunai J, 2003), sendo que essa falência não é decorrente de um déficit primariamente motor nem de uma diminuição de força. Cardoso L et al. 342 J Bras Psiquiatr 54(4): 340-344, 2005 estilos de vida freqüentemente interagem com os efeitos do desempe- nho dos indivíduos nas tarefas cotidianas (Stuss et al., 1999; Dawson, 1999). Apesar do reconhecimento de que esses fatores psicossociais podem afetar a recuperação, poucos programas combinam reabilitação cognitiva com treinamento e suporte social. Os potenciais benefícios desse tipo de abordagem estão indicados no trabalho de Winocur e Moscovitch (1999), um estudo longitudinal das funções cognitivas em idosos em que os autores encontram fortes correlações entre medidas de bem-estar psicológico (ex.: atividades satisfatórias, autocontrole e otimismo) e desempenho em avaliações neuropsicológicas padroni- zadas. Wilson (1999) diz que, no futuro, buscaremos uma combinação de neurofármacos e neurorreabilitação que possa ser eficaz para a recuperação dessas funções. Relato de caso Foi realizado um estudo de caso, método que, por definição, possibilita um estudo aprofundado do caso clínico de escolha a partir de extensa revisão de literatura. O paciente deste estudo tinha, na ocasião do início do tratamento, 45 anos. Foi encaminhado pelo ambulatório do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) para avaliação neuropsicológica, pois apresentava importan- te comprometimento da atenção, segundo relato do médico assistente. Estava em acompanhamento nesse serviço há seis meses, após sofrer um acidente vascular isquêmico, tendo sido constatado em exame de imagem (tomografia computadorizada) um comprometimento do lobo parietal (Figura 1). O tratamento do paciente em nosso laboratório teve início 12 meses após o acidente vascular, quando não se espera mais a ocorrência de uma recuperação espontânea. O paciente foi inicialmente submetido a uma avaliação neurop- sicológica que teve como objetivo verificar o nível de comprometimento cognitivo, especificamente nas áreas de pensamento abstrato, atenção e memória. A avaliação neuropsicológica é um instrumento bastante valioso para a estratégia de reabilitação de pacientes com lesões cere- brais, uma vez que possibilita, junto com uma boa avaliação clínica, a identificação das esferas cognitivas comprometidas na lesão cerebral e também das funções preservadas, o que é essencial para a elaboração de um bom plano de trabalho e de um prognóstico. Os testes utilizados para a avaliação da heminegligência foram a bateria de Mesulam e Weintraub, a bissecção de linha (Schenkenberg et al., 1980), o teste do relógio (Critchley, 1966) e a cópia de desenhos (Battersby et al., 1956), como preconiza a literatura específica. São testes formulados especialmente para a avaliação desta síndrome, com especificidade e validade comprovadas (Lezak, 1983). Na primeira avaliação o paciente mostrava-se classicamente com a síndrome: negligenciava todo o hemicamapo e hemicorpo esquerdos. Quando solicitado a descrever a sala onde estava, fazia-o apenas daquilo que via do lado direito de seu campo visual. Nos testes de cópia de desenho, esse fenômeno se repetia, bem como nas demais provas. O paciente só discriminava os estímulos apresentados no lado direito do papel (Figuras 2 e 3). Os testes foram aplicados no início do tratamento, três e seis meses após. Esse intervalo de tempo é necessário para que se possam avaliar os efeitos da terapêutica empreendida na reabilitação do pacien- te. Além da função diagnóstica desses testes, eles próprios consistem num instrumento de reabilitação das funções cognitivas, uma vez que permitem a exploração de áreas específicas do funcionamento do paciente, fazendo com que ele as exercite (Sohlberg e Mateer, 2001). Figura 1. Tomografia computadorizada Figura 2. Star cancellation (Mesulam & Waintraub, 1985) Figura 3. Cópia de desenhos (Battersby et al., 1956) Heminegligência e reabilitação cognitiva J Bras Psiquiatr 54(4): 340-344, 2005 343 O programa de reabilitação cognitiva baseou-se no trabalho de Pizzamiglio et al. (1992), que consiste em quatro procedimentos específicos: scanning visuoespacial; treinamento de leitura e cópia; cópia de linhas a partir de um ponto específico e descrição de figuras. O treinamento resume-se na estimulação da atenção espacial do paciente, com pistas visuais e auditivas que solicitem ao paciente a exploração e a utilização de seu campo visual e hemicorpo esquerdos. Em estudos publicados acerca da reabilitação da atenção espacial verifica-se que a reabilitação dessa esfera cognitiva pode ter resultados satisfatórios, sobretudo se for aplicado um programa de treinamento que leve em consideração não apenas atividades de lápis e papel, mas que possam ser generalizadas para as atividades de vida diária do paciente. Os métodos preconizados em diferentes publicações (Weinberg et al.,1997; Gouvier et al., 1987; Pizzamiglio et al., 1992) demonstram que o treinamento da atenção sustentada, o scanning visual e a ativação do membro negligenciado são estratégias que têm bons resultados na reabilitação do paciente. Cada etapa do treinamento adotado no laboratório era de- talhadamente explicada ao paciente e a seus familiares para que as estratégias utilizadas pudessem ser reportadas às suas atividades de vida diária. Após 20 sessões de treinamento, foram realizados novostestes neuropsicológicos e entrevista com o paciente e seus familiares acerca de seu desempenho nas atividades do dia-a-dia. Constatou-se que o paciente era capaz de explorar o espaço antes negligenciado tanto na esfera peripessoal quanto extrapessoal (Figura 4). Discussão Nossos resultados parecem indicar que o paciente efe- tivamente se beneficiou do treinamento realizado, uma vez que apresentou não apenas melhora nas avaliações neuropsicoló- gicas, mas também nas atividades de vida diária. Segundo seu relato e de familiares, ele pôde retomar atividades domiciliares sem auxílio e adquiriu maior independência, uma vez que, ao término do tratamento, ele estava apto a sair de casa sozinho para ir ao banco, ao centro de reabilitação, etc. Uma das críticas feitas aos treinamentos cognitivos diz respeito à sua validade ecológica, ou seja, muitos tratamentos para a heminegligência seriam específicos para as tarefas treinadas, e não haveria generalização dessa melhoria para as atividades de vida diária (Bailey, op. cit.). Nesse caso específico e em outros relatados na literatura (Bailey M, Riddoch J, Crome P, 2002), os resultados apontam uma melhora efetiva da capacidade exploratória do paciente que se verifica não apenas nos testes. Uma das limitações do nosso trabalho foi não termos utilizado uma escala de funcionalidade para comparação antes e depois da intervenção para que tivéssemos uma medida mais objetiva da recuperação funcional do paciente. Conclusão Os resultados do programa empreendido foram bastante satisfatórios para o nosso paciente e seus familiares, visto que ele conseguiu maior independência funcional, compatível com sua seqüela física (hemiplegia), mas sem impedimento cognitivo. Ele apresentou melhora significativa na comparação dos resultados dos testes neuropsicológicos e obteve maior independência nas atividades da vida diária. Em virtude dos resultados obtidos, concluímos que é vantajosa a associação de reabilitação física com utilização de estratégias cognitivas. Assim, como características gerais de um programa de reabilitação cognitiva, podemos afirmar que ele deve se iniciar não apenas com uma avaliação do déficit apresentado pelo paciente, mas também com a elaboração da intervenção a ser feita. Seus objetivos devem ser, primordialmente, fornecer informações sobres as áreas com lesão e as preservadas para que o programa de reabilitação seja planejado em função das capacidades cognitivas do paciente. Figura 4. Star cancellation (Mesulam & Waintraub, 1985) Referências Bailey MJ, Riddoch MJ. Hemineglect. Part 1. The nature of hemineglect and its clinical assessment in stroke patients: an overview. Physical Therapy Review, 4: 67-75, 1999. Bailey M, Riddoch J, Crome P. Treatment of visual neglect in elderly patients with stroke: a single subject series using a scanning and cueing strategy. Physical therapy, 82: 728-97, 2002. Battersby WS, Bender MB, Pollack M, Kahn RL. Unilateral spatial agnosia in patients with cortical lesions. 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