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2 tarefa dissertativa

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John Hobbes e Thomas Locke entendem que o homem vem de um estado de natureza, que o Estado se forma a partir de um contrato e deve servir ao homem, porém são notáveis as várias diferenças nas teorias desses dois contratualistas. 
Hobbes não acredita em uma natureza boa do homem, pelo contrário, ele é egoísta e egocêntrico não sentindo nenhum prazer na convivência com os seus demais. Hobbes afirma, aliás, que existem três causas que provocam discórdia entre os homens: competição, desconfiança e glória. A liberdade irrestrita do homem no estado de natureza gera guerras, conflitos e instabilidades, onde qualquer sinal de ameaça já cria uma disputa pela vida, chamada de “Guerra de todos contra todos”. Por outro lado, Locke acredita que o homem não vive em um estado de guerra, ao contrário: em um estado de harmonia e concórdia, onde cada um tem total liberdade, desde que isso não atrapalhe o outro a fazer o mesmo, só se tornando cruel no momento em que há a violação dos seus bens.
O contrato social também possui visões diferentes, para Hobbes os homens não aguentavam mais essa guerra a todo instante e então entram em acordo para firmar um pacto visando garantir segurança e paz, abrindo mão de direitos e liberdade para entregar a uma única pessoa que se encarregaria de terminar com essa guerra. Trata-se de um contrato de submissão. Locke acredita que o homem não pode renunciar a todos seus direitos, porém alguns deles podem ser transferidos ao Estado para superar inconvenientes como violação de propriedade (vida, liberdade, bens). Trata-se de um pacto de consentimento para preservar direitos já existentes.
Locke ainda propõe que o retorno ao estado de natureza se dá através do surgimento de um estado tirânico que coloca a preservação da propriedade privada em risco. Hobbes por sua vez acredita ser inconcebível um retorno ao estado de natureza, já que, o súdito não tem o direito a se rebelar contra o governante, apesar de não descartar a possibilidade de isto acontecer, pois governante não tem culpa de ter tais poderes, ele apenas os recebeu e não deve satisfação a ninguém. Diferentemente de Hobbes, para Locke os cidadãos devem cobrar o governante quando tais direitos não forem concedidos. Outro ponto na tese de John Locke é que ele defende um tipo de governo em que a vontade da maioria deve prevalecer e deve assegurar os direitos fundamentais do homem. Por outro lado o homem tem como dever trabalhar para que assim possa ter seus direitos. o Estado defendido por Locke é divisível (o poder está em mãos diferentes – executivo, legislativo e judiciário), revogável (o Estado deve estar a serviço dos cidadãos e se abusar do poder pode ser retirado pelos cidadãos) e democrático (devia representar o interesse dos cidadãos, além do fato de Locke reconhecer o princípio da maioria). Até hoje lidamos com essas prerrogativas enquanto cidadãos.
Outro exemplo que podemos citar da aplicabilidade das ideias liberais de Locke, válidas até os dias de hoje, são com relação as relações de trabalho, usadas para se defender o liberalismo e neoliberismo. Locke afirmava que o homem por nascer dotado de inteligência poderia usar sua racionalidade para transformar a natureza através do trabalho e o Estado além de garantir a propriedade, também deveria garantir a liberdade dos cidadãos e as liberdades fundamentais dos homens, principalmente no que se refere a livre-iniciativa dos empreendedores. 
"[...] A tríade que fundamenta o pensamento de Locke (razão – trabalho – propriedade) é imprescindível para a solidez ideológica do pensamento liberal que conforma nossa sociedade, pois que se assenta sobre a seguinte compreensão: 1º) - a propriedade é um direito natural; pois esta tríade (razão – trabalho - propriedade) é realizada no estado de natureza, ou seja, condição em que vivem os homens antes do Estado e,  2º) – O indivíduo é responsável exclusivo pelo seu êxito ou fracasso social, pois se todos são dotados de inteligência (e portanto, de capacidade de trabalho, que é o meio de adquirir legitimamente propriedade), aqueles que têm mais propriedades é porque usaram mais e melhor do seu potencial de inteligência, através do trabalho.
Mas, mais importante ainda é que estas idéias fundadas sobre a responsabilidade individual e o direito natural à propriedade permitem aos liberais legitimarem as relações de trabalho que perfazem a sociedade capitalista. Ou seja, na tríade desenvolvida por Locke, a relação: + inteligente + trabalhador + proprietário, traz implicitamente a propriedade do produto do trabalho pelo trabalhador. Diferentemente, a sociedade capitalista funda suas relações de trabalho sobre a “apropriação privada do trabalho social” (Marx; 1984). Quer dizer, o trabalhador que vende a sua força de trabalho não é proprietário do produto do seu trabalho; há uma ruptura com relação ao fundamento de Locke, pois na realidade das relações de trabalho da sociedade capitalista, o fato do trabalhador ser exigido mais no seu esforço intelectual e/ou físico, não significa que ele aumente o número de propriedades, embora tenha produzido mais mercadorias. Estas não são de sua propriedade, mas do patrão que o empregou e que lhe paga um determinado (normalmente irrisório) salário." (SILVEIRA, Alair. Caderno de Teoria Política. Cuiabá: SINTEP, 2000. p.9-11)

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