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Isabella Rousso Teníase Filo: Plathyhelminthes Classe: Cestoda Ordem: Cyclophilida Família: Taeniidae Espécies: Taenia solium/ Taenia saginata Dentro da família Taeniidae, há características em comum: o corpo é em formato de fita, são hermafroditas, possuem ciclo heteroxênico (necessitam de um hospedeiro intermediário) e sem sistema digestório. Morfologia • Corpo achatado em forma de fita, dividido em três regiões: escólex (cabeça)(fixação do cestódeo à mucosa do intestino delgado), colo/pescoço (zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes) e estróbilo (formado por proglotes). Parasitologia Isabella Rousso - Proglotes: São unidades que à medida que vão se desenvolvendo e chegam ao auge de sua evolução, se destacam do corpo do verme, carreando com eles os ovos. São chamadas de proglotes grávidas e pode, ser visíveis nas fezes, vestimentas ou região perianal do hospedeiro, dando a possibilidade de um diagnóstico correto. Dentro desses ovos, há um embrião que se desenvolverá e dará origem a cisticercos. As proglotes se diferenciam entre as duas espécies de tênia. o As proglotes da Taenia saginata são eliminadas no intervalo entre as defecações (7 a 10 por dia). São mais longas e suas ramificações são dicotômicas, ou seja, de seu eixo principal partem dois eixos secundários. o As proglotes da Taenia solium saem do corpo do hospedeiro misturadas às fezes ou logo após a defecação (3 a 6 por dia) e podem passar despercebidas pois os anéis saem junto com as fezes. São mais curtas e suas ramificações são dendríticas, ou seja, do eixo principal sem ramificações são desorganizadas, em quantidades menores e diferentes em cada eixo. - Habitat o As formas adultas dos cestódeos vivem no tubo digestivo (intestino delgado) do hospedeiro definitivo. Elas necessitam viver no intestino porque não possuem aparelho digestivo, logo possuem grande dependência metabólica. o O parasita capta grande parte dos nutrientes dos alimentos ingeridos pelo hospedeiro, logo, o hospedeiro mesmo se alimentando bem, não possui uma boa nutrição ou ganho de peso. o As formas larvais vivem em tecidos diversos dos hospedeiros intermediários (porco/bovino) Isabella Rousso Tênias Tênia solium • É a única capaz de causar cisticercose em humanos. • 2-3 metros em média e pode chegar a 8-9. • Vivem em torno de 2-3 anos. • Hospedeiro natural: suínos • Pode usar hospedeiros intermediários de forma acidental: primatas, cães e humanos. • Possuem 4 ventosas de fixação com coroa de ganchos, podendo gerar sangue nas fezes • O paciente contaminado pode passar por um processo de auto infecção interna ou externa, em que os ovos permanecem no organismo dele, ou a partir de maus hábitos de higiene os ovos retorno via oral. Logo, ele pode ter tanto teníase quanto cisticercose. Tênia saginata • Pode chegar a 14 metros de comprimento • Possui a cabeça quadrangular • A cabeça possui 4 ventosas • Hospedeiro intermediário: bovino • Não possui coroa de ganchos • Tem um colo/pescoço mais longo Isabella Rousso Ciclo biológico De cada ovo eclode uma oncosfera que podem permanecer viáveis no solo por um ano. No estômago do porco ou do boi, a oncosfera vai ser ativada, resistindo ao suco gástrico graças a sua casca estriada. Chegando no intestino delgado, o suco intestinal fragmenta a casca dos ovos, liberando as oncosferas, que destroem o epitélio intestinal, chegando ao tecido conjuntivo subjacente e caem na corrente circulatória. Após caírem na corrente circulatória, se instalam na musculatura estriada, pele, diafragma do porco ou boi. Assim, originam-se o Cysticerus cellulosae ou Cysticerus bovis, que sobrevivem cerca de 2 anos, após isso elas calcificam. A ingestão de carne mal passada com cisticercos faz com que esses cisticercos se fixem ao intestino e deem origem a uma tênia adulta. Isabella Rousso Transmissibilidade: - Teníase: o hospedeiro definitivo (humanos) infecta-se ao ingerir carne suína/bovina crua ou mal cozida. Patogenia e Sintomatologia: É a alteração causada pela presença da forma adulta das tenias no intestino delgado do homem. Ações do parasito: o Ação tóxica alérgica: o parasito vai despejando toxinas no lúmen do intestino delgado diariamente, que podem levar à cólicas intestinais, aumento do peristaltismo e crises diarreicas, dificulta a absorção de nutrientes, cefaleias, náuseas e vômitos. o Hemorragias: produzidas pela Taenia solium, devido a sua coroa de ganchos. o Destruição de epitélios: ambas as tênias se fixam na parede do intestino, no epitélio intestinal. Ao se fixarem, a peristalse tenta empurra-las e elas acabam se soltando parcialmente e causando esse transtorno. o Inflamação. o Competição nutricional. Sintomas: o Tonturas, pela ação tóxica. o Náuseas e vômitos, pela ação tóxica. o Apetite excessivo, pela competição nutricional. o Alargamento do abdômen e dores abdominais, devido à presença física do parasito, pela ação mecânica e pela toxicidade. o Perda de peso, pela competição nutricional. Epidemiologia Fatores que influenciam a ocorrência: o Hábitos alimentares: alimentação com carne, a forma com que se come a carne. o Deficiência ou ausência de serviços de inspeção de carne. o Condições precárias de higiene das propriedades rurais: se o indivíduo defeca direto no solo, ou se as proglotes caem diretamente no solo. o Criação extensiva de animais: contaminação com fezes humanas ou proglotes nas pastagens. Isabella Rousso o Água e alimentos destinados à alimentação humana contaminados com dejetos humanas, como verduras, frutas e legumes, onde estejam presentes os ovos das tênias. o Disseminação de ovos de Taenia Solium por moscas e baratas; elas tiram do esgoto os ovos e levam para próximo dos animais. o Acidentes de laboratório; quando o sujeito, eventualmente, entra em contato com os ovos da T. solium. Diagnósticos Clínico: através da sintomatologia e anamnese. Laboratorial/parasitológico: pesquisa de proglotes e mais raramente de ovos nas fezes. Ø As proglotes dão o perfil de que tênia o indivíduo tem. Tratamento o Niclosamida: medicamento insolúvel na água e não absorvível pelo intestino. Praticamente não apresenta efeitos colaterais. É necessário tomar apenas líquidos, desde a véspera, e 2 gramas de niclosamida de uma só vez em jejum (crianças tomam de 1 a 2 gramas), mastigando bem os comprimidos. A taxa de cura fica em torno de 90% dependendo do grau de micronização do produto. o Praziquantel: muito efetivo no tratamento de teníases mas por ser absorvível pelo intestino, é contraindicado nos casos de cisticercose, que podem ter seu caso agravado. Por essa razão, é recomendado para a T. saginata, na dose de 5 a 10mg/kg de peso corporal. 96% de eficácia. o Mebendazol: também usado somente contra a T. saginata, na dose de 200mg, duas vezes ao dia, por 4 dias. o Sementes de abóbora: de 200 a 400g, sob a forma de decocto ou trituradas com mel, constituem um tratamento tenifugo, recomendado para crianças. Além de matar o verme, promove a liberação desse verme do organismo do indivíduo. Obs: só a eliminação ou destruição da cabeça/escólex assegura a cura. Portanto, se ela não for encontrada nas evacuações, é necessário aguardar cerca de quatro meses para ver se as proglotes não reaparecem, exigindo novo tratamento. Isabella Rousso Cisticercose Transmissão: - Cisticercose humana: é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. Solium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase. o Auto infecção externa: Quando o indivíduo tem a tênia no intestino, os ovos são eliminados do seu organismo e por maus hábitos de higiene, esses ovos voltampara o indivíduo. o Auto infecção interna: vômitos ou movimentos retroperistálticos fazem com que os ovos retornem ao estômago. É uma condição muito grave pois os ovos da T. Solium no estômago fazem com que a oncosfera se ative e que entenda que está no organismo do hospedeiro intermediário, formando vários cisticercos. o Heteroinfecção: quando se ingere ovos vindos de outra pessoa contaminando objetos, água ou alimentos. Patogenia e Sintomatologia: - É a alteração causada pela presença da forma larvária da(s) tênia(s) nos tecidos dos hospedeiros intermediários naturais. Ø A cisticercose humana é provocada pelas larvas (cisticercos) da T. solium, que parasitam o homem como hospedeiro intermediário natural. Ø Em todo hospedeiro acidental, a doença é mais grave. Ø Enquanto os cisticercos estão vivos, há tratamento medicamentoso. Quando eles morrem, a duas condutas possíveis: ou um procedimento cirúrgico para remoção ou o indivíduo vai conviver com eles caso não haja sintomas, se tiver sintomas, o indivíduo terá que fazer um tratamento paliativo, usam dos medicamentos relacionados àqueles sintomas. Patogenia: as lesões mais graves estão relacionadas a morte da larva, ao processo inflamatório e a calcificação. Sintomas: dependendo da localização e da quantidade de cisticercos. Há três categorias de cisticercose: a neurocisticercose (relacionada ao sistema nervoso central ou periférico), a oftalmocisticercose (relacionada aos globos oculares), e a cisticercose disseminada (há cisticercos presentes na pele, na musculatura estriada esquelética, e eventualmente no músculo cardíaco). Dentre essas modalidades, as Isabella Rousso que costuma favorecer o diagnóstico são a neurocisticercose e a oftalmocisticercose. No caso da disseminada, se a apenas a derme afetada ou a musculatura estriada esquelética, O sujeito não terá sintomas apreciáveis para diagnóstico, que costuma ser negligenciado, e ele viverá bem com esses cisticercos. Neurocisticercose - A localização mais frequente dos cisticercos é na leptomeninge e no córtex cerebral. - As características mais marcantes são: o Dores de cabeça com vômitos: (obs: o indivíduo com cisticercose começa a ter vômitos e consequentemente a retro- peristalse, o que faz com que o quadro se agrave pois ele vai ingerir cada vez mais cisticercos). o Ataques epileptiformes. o Delírios e alucinações. o Prostração. Outros tipos de cisticercose: • Formas convulsivas: se apresentam em metade dos casos de neurocisticercose e aparecem em adultos sem antecedentes pessoais ou familiares. Podem surgir paralisias, parecias e afasias. • Formas hipertensivas e pseudo-tumorais: hipertensão intracraniana e sintomas neuropsíquicos. O cisticerco exerce sob seu hospedeiro uma ação mecânica compressiva, uma vez que ele vai estar se desenvolvendo em meio aos tecidos, comprimindo-os e produzindo as lesões; além disso, exerce uma ação inflamatória; quando ele morre, gera também uma ação tóxica, que desencadeia uma série de processos. - Cefaleia intensa, constante e com paroxismos (agravamento) aos esforços físicos; - Vômitos em jato; - Edema da papila, causando diminuição da visão e atrofia do nervo óptico; - Ataques epilépticos e convulsões; - Apatia, indiferença, diminuição da atenção, estado de torpor ou agitação ocasional. Isabella Rousso • Formas psíquicas: as perturbações mentais dominam o quadro ou são as únicas presentes como sintomas. Elas não se distinguem das apresentadas em outras psicoses, como a esquizofrenia, a mania, a melancolia, as síndromes delirantes etc, o que pode levar à uma confusão de diagnósticos. • Oftalmocisticercose: a localização na câmara anterior do globo coular logo chama a atenção do paciente; mas, na posterior, os sintomas são discretos, indolores, e só percebidos ao interferirem com a visão central ou periférica. As formas mais graves comprometem a visão por descolarem a retina ou por opacificarem os meios transparentes, e também pode haver dor devido à irite. As localizações orbitárias são assintomáticas ou produzem exoftalmia, desvio do globo ocular ou miosite com ptose. • Cisticercose disseminada: a presença dos cisticercos no tecido subcutâneo e na musculatura esquelética não causa incomodo ou produzem apenas mialgias, fadiga muscular e câimbras. Contudo, são as localizações no sistema nervoso e nos olhos que caracterizam a forma disseminada da cisticercose. No coração, podem haver palpitações, ruídos anormais e dispneia. Localização dos cisticercos: Isabella Rousso o Só depois de 1 a 3 dias tendo ocorrido a infecção os ovos eclodem, as oncosfera invadem a mucosa intestinal e ganham a circulação, indo para os tecidos. o Na radiografia acima, numerosos cisticercos projetam-se sobre a imagem do esqueleto, muitos deles localizados na pele e nos músculos. É possível visualizar apenas os cisticercos calcificados, o que traz um grande problema para o diagnóstico, uma vez que só é possível tratar a cisticercose de forma medicamentosa se houver a identificação do cisticerco vivo. o As localizações mais frequentes, quando há raros parasitos, são: - Olhos e anexos: cerca de 46% dos cisticercos estão localizados nessas regiões. - Das localizações oculares, 60% ocorrem na retina ou no vítreo. - Sistema nervoso: cerca de 41% dos cisticercos. - Pele e tecido subcutâneo: cerca de 6,3% dos cisticercos. - Músculos: cerca de 3,5% dos cisticercos. - Outros órgãos: cerca de 3,2% dos cisticercos. Diagnóstico da cisticercose: Exames laboratoriais: • Exame de fezes: procura-se as proglotes, assim como na técnica utilizada para as teníases em geral. Identificando uma proglote de Taenia solium, já leva a uma suspeita maior de que esse indivíduo, por autoinfecção interna ou externa possa estar desenvolvendo uma neurocisticercose. • Exame de líquor: é o mais informativo, visto que muitas vezes a pressão está aumentada nesse líquido cefalorraquidiano, e o exame citológico mostra aumento de proteínas, hipercitose moderada (5-50 células/mm3), com predomínio de linfócitos, mas é a eosinofilia no líquor que tem alto significado diagnóstico; além disso, a reação de fixação do complemento é positiva para cisticercose e as reações para sífilis são negativas. OBS: a eosinofilia sanguínea está muito relacionada com parasitos, principalmente com os helmintos. • Testes imunológicos: - Técnica de ELISA, que mostra a sensibilidade próxima de 80%. - A imunoeletroforese, recomendada por não apresentar resultados falsos positivos, mas apenas 54 a 87% dos positivos. - A imunofluorescência indireta, tida por altamente específica, mas faltando-lhe a sensibilidade. Isabella Rousso - A sorologia tem como limitação maior a presença de anticorpos que nem sempre indica uma infecção atual, assim como não localiza os parasitos e pode dar reações cruzadas com outras cestoidíases. • Exames radiológicos: a demonstração radiológica da cisticercose é feita pelo encontro dos nódulos calcificados, com aspecto mais ou menos característico, ou seja, quando os cisticercos estão mortos. A calcificação só se processa após a morte do parasito e não em todos os casos. As calcificações intracranianas ocorrem apenas em 15 a 35% dos pacientes, sendo, então, mais frequentes nos músculos. - A tomografia computadorizada fornece dados importantes para a localização das lesões no sistema nervoso central, tanto com parasitas vivos quanto com parasitos mortos. A ─ Paciente com cisticercos vivos, três dos quais situados nos lobos frontais (áreas circulares claras e com escólex bem visível). Por apresentar hipertensãointracraniana, foi- lhe implantada uma válvula de derivação intraventricular-peritoneal, visível na região póstero-lateral da cabeça (lado esquerdo). B ─ Caso com vários cisticercos vivos (áreas circulares claras) e outros calcificados (manchas negras) C ─ Cérebro com um grande número de cisticercos calcificados Isabella Rousso Tratamento da cisticercose: • A neurocirurgia pode ser feita quando um número pequeno de parasitos e localização favorável para a intervenção. o Na cisticercose ocular, a cirurgia não oferece dificuldades quando a parasito se encontra na câmara anterior do olho, ou em situação subconjutival ou subcutânea. No caso da câmara posterior, o caso já é mais grave, tendo risco de comprometer a visão. • A quimioterapia é feita com praziquantel (contraindicado na oftalmocisticercose), juntamente com corticoides dexametasona (para reduzir o processo inflamatório) ou com albendazol. - Esses medicamentos penetram rapidamente no líquor e lentamente nos cisticercos. • A tolerância ao tratamento é boa em 80% dos casos. Nos demais, aparecem sintomas atribuídos à reação dos aos produtos dos cisticercos mortos • O tratamento para cisticercose, seja ela de sistema nervoso ou oftalmológica, deve ser feito com o paciente internado, porque esses medicamentos podem desencadear casos de hipertensão aguda intracraniana por edema cerebral, exigindo cuidados de urgência. • Pacientes assintomáticos ou com cisticercos mortos não devem ser tratados. Profilaxia: • A profilaxia da cisticercose humana é essencialmente a da prevenção e do controle dos casos de teníase por T. solium. - Os portadores de infecção por T. solium e todos os casos suspeitos devem ter seu diagnóstico e tratamento assegurado o mais cedo possível. • A educação sanitária deve alertar as pessoas para o perigo de consumir carne crua ou mal cozida, assim como a carne que não passou pelo controle sanitário. Além disso, deve-se ensinar às pessoas como reconhecer a eliminação de proglotes, a não levarem a mão à boca sem lavá-la previamente, lavá-la após o uso do sanitário, a higienizarem bem as frutas, verduras e legumes. • Lembrar que as mãos sujas dos portadores de teníase e certas práticas sexuais podem levar à ingestão de ovos de T. solium e causar cisticercose no portador da teníase ou em seus próximos.
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