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MÓDULO DE: CIDADANIA AMBIENTAL E PLANETÁRIA AUTORIA: DORALICE VEIGA ALVES JOSÉ CARLOS DOS SANTOS Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Módulo de: CIDADANIA AMBIENTAL E PLANETÁRIA Autoria: DORALICE VEIGA ALVES JOSÉ CARLOS DOS SANTOS Primeira edição: 2008 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Apresentação O módulo começa incentivando a investigação acerca do que compreendemos sobre o conceito “cidadania”. Na sequência aplica duas definições divergentes na compreensão do respectivo conceito. Adentra, brevemente, nos campos da ética e estética – vistas como categorias para se pensar a cidadania. Passando para a reflexão acerca dos desejos de cidadania mundial. Depois se encaminha para pensar a pobreza como consequência dos problemas ambientais (e vice-versa). No trânsito destina espaço de estudo para estimular o pensar sobre como combater os mais diversos tipos de pobreza – pelo caminho da cidadania. Por fim, destina-se ao estudo do panorama da pobreza e das questões ambientais nos recantos mais pobres do mundo – sempre lançando a questão: o que se pode fazer? Este módulo possui as seguintes características: Textos selecionados pelo viés da (a) fácil compreensão e (b) profundidade, que são dispostos para leitura em fragmentos e, na sequência, discorrem baterias de exercícios e dicas complementares. O material produzido não serve somente como estudo para o aluno da ESAB, mas foi pensado e desenvolvido para que sirva de apoio didático na prática cotidiana da Educação ambiental (por isto a opção por uma linguagem clara e simples em sua realização). O módulo incentiva a pesquisa e a compreensão do uso da internet como forma de conhecer e interagir em rede com instituições e espaços acadêmicos e cidadãos que abordam a questão ambiental. Visto também que o uso do computador e de textos da internet e das multimídias (e-livros, etc) é um componente que devemos incentivar visto a questão da preservação da natureza. Objetivo Incentivar a consciência para o despertar da cidadania ambiental e planetária. Ementa O que é cidadania; movimentos pela cidadania planetária; experiências nacionais de cidadania planetária. Sobre o Autor Doralice Veiga Alves: Mestre em Serviço Social (PUC-SP); Bacharel em Serviços Social (UFES). José Carlos dos Santos: Doutorando em Ciências da Religião (PUC-SP); Licenciado em filosofia (PUC-MG); Sócio-fundador da Associação Brasileira de Serviço Social Ecológico SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................................. 3 OBJETIVO .............................................................................................. 4 EMENTA ................................................................................................. 4 SOBRE O AUTOR .................................................................................. 4 SUMÁRIO ............................................................................................... 5 UNIDADE 1 ............................................................................................. 8 Imaginário pessoal acerca da Cidadania ............................................................. 8 UNIDADE 2 ...........................................................................................13 O que as pessoas falam sobre a cidadania ....................................................... 13 UNIDADE 3 ...........................................................................................15 Todo mundo deve ser cidadão? Devemos lutar para conquistar a cidadania?.. 15 UNIDADE 4 ...........................................................................................18 Conceito de Cidadania Planetária ..................................................................... 18 UNIDADE 5 ...........................................................................................23 Repensando o conceito de Cidadania Planetária .............................................. 23 UNIDADE 6 ...........................................................................................25 A Ética como impulso para as ações de cidadania ............................................ 25 UNIDADE 7 ...........................................................................................28 A Estética como impulso para as ações de cidadania ....................................... 28 UNIDADE 8 ...........................................................................................30 Os desejos de cidadania mundial- I ................................................................... 30 UNIDADE 9 ...........................................................................................33 Os desejos de cidadania mundial - II ................................................................. 33 UNIDADE 10 .........................................................................................34 O que é pobreza ................................................................................................ 34 UNIDADE 11 .........................................................................................36 As causas da Pobreza ....................................................................................... 36 UNIDADE 12 .........................................................................................40 A Pobreza gera problemas ambientais .............................................................. 40 UNIDADE 13 .........................................................................................43 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza econômica ....................... 43 UNIDADE 14 .........................................................................................47 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza econômica. ............................ 47 UNIDADE 15 .........................................................................................50 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza social................................ 50 UNIDADE 16 .........................................................................................54 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza social. .................................... 54 UNIDADE 17 .........................................................................................57 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza material. ........................... 57 UNIDADE 18 .........................................................................................63 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza material. ................................ 63 UNIDADE 19 .........................................................................................66 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza energética (ou espiritual). 66 UNIDADE 20 .........................................................................................69Estudo de caso: projetos de combate à pobreza energética (ou espiritual)....... 69 UNIDADE 21 .........................................................................................72 Parecer crítico das formas de combate à pobreza: tema para Fórum ............... 72 UNIDADE 22 .........................................................................................73 Como o meio ambiente afeta a pobreza. ........................................................... 73 UNIDADE 23 .........................................................................................77 Como o meio ambiente afeta a pobreza: questões para fixação. ...................... 77 UNIDADE 24 .........................................................................................79 Panorama sócio-ambiental da América Latina .................................................. 79 UNIDADE 25 .........................................................................................85 Exemplificando a Cidadania Planetária na América Latina ................................ 85 UNIDADE 26 .........................................................................................86 Panorama sócio-ambiental da África ................................................................. 86 UNIDADE 27 .........................................................................................92 Exemplificando a Cidadania Planetária na África .............................................. 92 UNIDADE 28 .........................................................................................93 Panorama socioambiental da Ásia .................................................................... 93 UNIDADE 29 .........................................................................................99 Exemplificando a Cidadania Planetária na Ásia. ............................................... 99 UNIDADE 30 .......................................................................................100 Exemplos de construção de ações cidadãs: tema para fórum. ........................ 100 GLOSSÁRIO.......................................................................................105 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................106 UNIDADE 1 Imaginário pessoal acerca da Cidadania Objetivo: Despertar a mente para o estudo do conceito Cidadania. Seja muito bem-vindo ao estudo deste módulo que quer, sobretudo, ampliar a nossa compreensão sobre o que vem a ser cidadania. Cidadania é uma palavra que está na boca do povo. Qualquer um fala e a usa. Entretanto: o que é cidadania? E, sobretudo, devemos levantar neste nosso estudo a seguinte questão: o que é cidadania planetária? Garanto-lhe que o assunto é extremamente agradável e útil e sei que você muito dele se aproveitará em seu trabalho junto aos seus destinatários. Muito bom estudo é o que lhe desejo. Mas, antes de iniciarmos o conteúdo específico, apresentaremos o objetivo geral e uma breve exposição do que tanto abordará este módulo. O nosso objetivo geral é incentivar a consciência para o despertar da cidadania ambiental e planetária. O nosso módulo começa incentivando a investigação acerca do que compreendemos sobre o conceito “cidadania”. Na sequência aplica duas definições divergentes na compreensão do respectivo conceito. Adentra, brevemente, nos campos da ética e estética – vistas como categorias para se pensar a cidadania. Passando para a reflexão acerca dos desejos de cidadania mundial. Depois se encaminha para pensar a pobreza como consequência dos problemas ambientais (e vice-versa). No trânsito destina espaço de estudo para estimular o pensar sobre como combater os mais diversos tipos de pobreza – pelo caminho da cidadania. Por fim, destina-se ao estudo do panorama da pobreza e das questões ambientais nos recantos mais pobres do mundo – sempre lançando a questão: o que se pode fazer? Uma observação: Como todos os módulos pertencentes ao programa de Educação Ambiental Urbana, este possui as seguintes características: - Textos selecionados pelo viés da (a) fácil compreensão e (b) profundidade, que são dispostos para leitura em fragmentos e, na sequência, discorrem baterias de exercícios e dicas complementares. - O material produzido não serve somente como estudo para o aluno da ESAB, mas foi pensado e desenvolvido para que sirva de apoio didático na prática cotidiana da Educação ambiental (por isto a opção por uma linguagem clara e simples em sua realização). - O módulo incentiva a pesquisa e a compreensão do uso da internet como forma de conhecer e interagir em rede com instituições e espaços acadêmicos e cidadãos que abordam a questão ambiental. Visto também que o uso do computador e de textos da internet e das multimídias (e-livros, etc) é um componente que devemos incentivar visto a questão da preservação da natureza. Muita atenção! Agora, uma observação válida para a leitura de todos os textos selecionados neste nosso módulo: As referências bibliográficas das citações encontram-se na página virtual BIBLIOGRAFIA. As citações no corpo deste módulo vêm sinaladas por um asterisco (*) – solicito que você se dirija à página virtual para conferir, por unidades, o que foi lançado. Cite exemplos de como as pessoas exercem/ou não a sua cidadania nos espaços abaixo levantados. E procure dar uma justificativa para o que faz, no seu entendimento, que uma pessoa exercite/ou não no respectivo espaço a cidadania. CIDADANIA FAMILIAR Como se exercita Como se omite * * * * * * Questões: Existe esta cidadania? O que a caracteriza? Como ela funciona? Reprodução CIDADANIA RELIGIOSA Como se exercita Como se omite * * * * * * Questões: Existe esta cidadania? O que a caracteriza? Como ela funciona? CIDADANIA COMUNITÁRIA Como se exercita Como se omite * * * * * * Questões: Existe esta cidadania? O que a caracteriza? Como ela funciona? CIDADANIA POLÍTICA Como se exercita Como se omite * * * * * * Questões: Existe esta cidadania? O que a caracteriza? Como ela funciona? O que estes conceitos acima lhe fazem pensar? Por exemplo: existem diversos âmbitos para se pensar o conceito cidadania? Cidadania se refere somente à esfera social-política ou vai além dela? É possível não ser cidadão na família, na igreja... Como se estruturam as mais diversas facetas da cidadania? Qual adjetivo você aplicaria para ajudar a conceituar cidadania? Explique o uso deste. Obs.: Não se esqueça de que todas estas atividades servem como estudo para você e dinâmica a ser aplicada na comunidade, escola... UNIDADE 2 O que as pessoas falam sobre a cidadania Objetivo: Levantar opiniões sobre o que é cidadania. Em um Fórum On-line realizado pela “Aprende Brasil” discutindo “O que é Cidadania” os participantes foram apresentando suas opiniões. De modo geral, numa dinâmica ou em um trabalho de educação ambiental sempre comece a atividade perguntando aos seus destinatários como eles precisam pessoalmente o conceito que irão trabalhar. Neste módulo, por exemplo, iniciaremos por análises mais subjetivas para depois partir para estudos mais objetivos e complexos. Faça o mesmo quando for trabalhar as categorias de cidadania planetária na perspectiva da conscientização – para, depois estabelecer paralelos entre o que as pessoas entendem por cidadania e o que é cidadania nas mais variadas concepções. Re:o que é cidadania? - gostaria de saber o significado da palavra ... (dayse - 23/02/2001) Re:o que é cidadania? - Para mim cidadania é ser bom ... (ColégioCecap - 16/03/2001) Re:o que é cidadania? - Ser cidadão é ser alguém no Mundo ... (Bruno LOT - 16/03/2001) Re:o que é cidadania? - sem cidadania a cidade n cresce! (Taci - 28/06/2001) Re:o queé cidadania? - Ser cidadão é muito bom (Bruno LOT - 16/03/2001) Re:o que é cidadania? - Todos tem direito de ser cidadão (Bruno LOT 8ª - 16/03/2001) Re:o que é cidadania? - cidadania, é quando a pessoa exerce seus direitos... (GABRIELADE FARIAS FORTE - 19/04/2001) Cidadania - Toda pessoa tem seus direitos e deveres ... (Ricardo e Irineu - 03/07/2001) Re:CIDADANIA: uma questão de reconstruir a prática social - É de muito valor a sua exposição ... (Marcia Fernandes - 29/03/2001) Re:para que cidadania estamos a educar? - Pois é, a cidadania é uma prática ... (lucia gomes - 10/04/2001) UNIDADE 3 Todo mundo deve ser cidadão? Devemos lutar para conquistar a cidadania? Objetivo: Introduzir, por um viés específico, o conceito cidadania. Estudaremos nesta unidade um fragmento do texto intitulado “As armadilhas da Cidadania” de José Luís Vieira de Almeida (*) . O objetivo deste é apresentar um posicionamento sobre o que é ser cidadão para, posteriormente, comparar e discutir a questão com outro posicionamento teórico. Para melhor clarear o estudo vamos dividir o texto em blocos. Cada bloco conterá uma premissa argumentativa. No final você deverá fazer um apanhado das premissas escrevendo o que o autor nos traz de novidade na forma de encarar os velhos temas sobre “a conquista” e o “dever” da cidadania. Bom estudo. 1) De acordo com os seus principais formuladores, como por exemplo, John Locke (1632-1704), o exercício da cidadania decorre da relação entre o indivíduo e o Estado, por meio da correspondência entre direitos e deveres. Portanto, não há como tornar-se cidadão, pois esta é uma prerrogativa que nasce com o indivíduo e que lhe é outorgada pelo Estado. A cidadania é fundada na igualdade formal que institui o preceito de que todos os membros da sociedade são cidadãos desde que não haja a quebra da correspondência entre o direito e o dever por parte do indivíduo. 2) Por isso, não é possível ensinar os estudantes a serem cidadãos, como quer a maior parte dos professores brasileiros. No Brasil, a ideia de que todas as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos e, portanto, são cidadãos 1 foi assimilada pelo discurso dos professores e educadores em geral, sobretudo aqueles que trabalham em escolas públicas ou organizações não-governamentais, a partir da discussão que antecedeu à promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – no ano de 1990 e que se ampliou após a sua vigência. 3) Expressões como “conquista da cidadania”, “luta pela cidadania” e “resgate da cidadania”, que sustentam aquele discurso, não têm o menor sentido diante do conceito de cidadania. Como é possível, por exemplo, “conquistar a cidadania” se ela é um atributo do indivíduo? O mesmo ocorre com a ideia de “luta pela cidadania”. Se é preciso lutar por ela, então, o sonhado status de cidadão não está garantido. É ainda mais difícil explicar o resgate da cidadania, pois só é necessário “resgatar” algo que foi perdido. Quando é que as crianças e adolescentes brasileiros pobres já foram cidadãos? Exercício: O texto acima nos apresenta de modo muito claro alguns posicionamentos frente à formulação conceitual de Cidadania. Faça os exercícios de fixação abaixo se apoiando no texto acima: 1) Síntese do conceito formal de Cidadania dada por Locke: 2) Por que é impossível ensinar a ser cidadão? 3) Motivo que impossibilita a luta pela cidadania. BENEVIDES, Maria Victória de M. A Cidadania Ativa: referendo, plebiscito e iniciativa popular. 2 ed. São Paulo: Ática, 1996 FREIRE Paulo, Conscientização, teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3ª ed. São Paulo: Moraes, 1980. GADOTTI, Moacir, Cidadania Planetária. In: GUTIERREZ, Francisco; PRADO Cruz R. Ecopedagogia e cidadania planetária. São Paulo: Cortez, 1999. Atividades dissertativas Acesse sua sala de aula, no link “Atividade Dissertativa” e faça o exercício proposto. Bons Estudos! UNIDADE 4 Conceito de Cidadania Planetária Objetivo: Aqui cabem dois: - Tomar ciência da carta da terra. - Estudar o conceito de cidadania planetária. Abaixo você encontrará a Carta da Ecopedagogia (que é uma minuta de discussão do Movimento pela Ecopedagogia realizada no Primeiro Encontro Internacional organizado pelo Instituto Paulo Freire – com apoio do Conselho da Terra da Unesco). Leia com atenção e a partir do texto colha os motivos que dele podemos extrair sobre o conceito de cidadania planetária. Vamos ao texto: 1. Nossa Mãe Terra (...) requer de nós uma consciência e uma cidadania planetárias, isto é, o reconhecimento de que somos parte da Terra e de que podemos perecer com a sua destruição ou podemos viver com ela em harmonia, participando do seu devir. 2. A mudança do paradigma economicista é condição necessária para estabelecer um desenvolvimento com justiça e equidade. Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa ser economicamente factível, ecologicamente apropriado, socialmente justo, includente, culturalmente equitativo, respeitoso e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só social; deve ser também sócio-cósmico. 3. A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentatibilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta. 4. A ecopedagogia, (...) Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes. 5. A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa-se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia, pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica numa mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza. 6. A ecopedagogia não se dirige apenas aos educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. Ela está ligada ao projeto utópico de mudança nas relações humanas, sociais e ambientais, promovendo a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental com base no pensamento crítico e inovador, em seus modos formal, não formal e informal, tendo como propósito a formação de cidadãos com consciência local e planetária que valorizem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações. 7. As exigências da sociedade planetária devem ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das necessidades e interesses das pessoas. Educar para a cidadania planetária supõe o desenvolvimento de novas capacidades, tais como: sentir, intuir, vibrar emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; relacionar e interconectar-se, auto-organizar-se; informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global; buscar causas e prever consequências; criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões. Essas capacidades devem levar as pessoas a pensar e agir processualmente, em totalidade e transdisciplinarmente. 8. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitantedo planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio ambiente forma tanto quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. Na ânsia de dominar o mundo, elas correm o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, se a relação que nos liga a ele for apenas uma relação de uso. 9. Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas vidas cotidianamente. 10. A ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais - e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra. De cada tópico numérico da Carta da Ecopedagogia extraia uma característica que define em potência o conceito de Cidadão planetário., Dirija-se ao site do Mercado ético e assista ao vídeo “Fabio Feldmann: coerência e coragem na militância ambiental” e responda as questões que seguem. http://mercadoetico.terra.com.br/ vídeo: “Fabio Feldmann: coerência e coragem na militância ambiental” Reprodução - ORAÇÃO PELA PAZ www.earthdance2007.eclipseartgate.com 2.1 Justifique a partir do texto “Carta da Ecopedagogia” os motivos que fazem de Fábio Feldmann um cidadão planetário. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.2. Como a questão ambiental está ligada à proteção da vida humana – segundo os acenos do vídeo assistido? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 2.3. Colete alguns exemplos no vídeo que demonstram a ignorância da consciência brasileira no tocante às questões ambientais em seu viés social. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ UNIDADE 5 Repensando o conceito de Cidadania Planetária Objetivo: Apresentar uma crítica ao conceito de Cidadania Planetária. O texto intitulado “As armadilhas da Cidadania” de José Luís Vieira de Almeida (*) faz uma crítica ao conceito de cidadania levantado na unidade anterior. Leia o argumento para depois fazer um exercício comparativo-crítico com o estudado anteriormente. Vamos ao texto: Cabe-me informar aos leitores que, no Brasil, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, ligado ao Ministério do Planejamento do governo brasileiro, cerca de 1% da população mais rica detém uma renda equivalente à dos 50% mais pobres. Ainda, segundo o estudo, o país está na frente só de Serra Leoa no ranking da desigualdade social. Diante do exposto, a pergunta que me resta é: como é possível falar em cidadania no Brasil? Há, porém, alguns intelectuais brasileiros de renome como, por exemplo, Gadotti (1999), Romão (2000) e Benevides (1996) que defendem a possibilidade e até mesmo a necessidade da re-significação do conceito de cidadania. Para isso, recorrem à adjetivação e, assim, formulam outros conceitos, como por exemplo, os de “cidadania planetária” (Gadoti), “escola cidadã” (Romão) ou “cidadania ativa” (Benevides). O uso de adjetivos na formulação de conceitos ao contrário de qualificá-los termina por desqualificá-los, porque os conceitos não admitem qualidade. Assim, qualificar a cidadania como ativa ou planetária, no contexto da sociedade burguesa, é redundante, pois é pressuposto da cidadania ser, por exemplo, ativa ou planetária, afinal, ela é uma das formulações por meio das quais a ideologia burguesa se expande. Assim, esses adjetivos são atributos da própria cidadania e, desta forma, não podem distingui-la de outra cidadania. Nesses casos, o adjetivo, ao contrário de esclarecer, obscurece o sentido do conceito, estreitando a sua vinculação à ideologia burguesa. O mesmo processo ocorre com o conceito de “escola cidadã”. Na sociedade burguesa, um dos principais propósitos da escola é prover a cidadania. A defesa da adjetivação dos conceitos é, normalmente, fundada na distinção entre a concepção burguesa e o novo sentido a ser conferido a eles para distingui-los da primeira acepção com o fito de superá-la, o que permitiria, re-significar os conceitos. Porém, de acordo com Lefebvre (1983), conceitos como o de cidadania não podem ser re- significados, porque estão vinculados a uma ideologia, no caso, a ideologia burguesa e, portanto, necessariamente, a reproduzem. Em outras palavras, não pode haver cidadania que não seja burguesa. Assim, o único adjetivo que poderia ser associado à cidadania é o “burguesa”. Leia as unidades 3 e 5 respectivamente e confronte-as em seguida com a unidade 4. Elabore uma opinião fundamentada sobre os limites e a grandeza de ambos os posicionamentos formulando, por sua vez, o seu argumento. Bom trabalho. Lembre-se de que estes exercícios são importantes para o bom desempenho de sua vida acadêmica. GADOTTI, Moacir, Cidadania Planetária. In: GUTIERREZ, Francisco; PRADO Cruz R. Ecopedagogia e cidadania planetária. São Paulo: Cortez, 1999. UNIDADE 6 A Ética como impulso para as ações de cidadania Objetivo: Questionar o poder da ética na construção da cidadania. É muito comum dizermos que ações de cidadania são provocadas por motivações éticas. Neste sentido esta unidade quer fazer com que você avalie este postulado. E que chegue a uma conclusão – mesmo sendo temporária – sobre o respectivo postulado. Nós simplesmente lançaremos as questões e sugerimos que você pesquise e encontre respostas sobre elas. É claro que este tópico (nem o da próxima unidade) cairá em exercícios e avaliações. O objetivo é somente questionar, filosofar. Reprodução - FACTORES Y FUNDAMENTOS DE ÉTICA ... www.ugr.es O que é ética? Existe diferença entre ética e moral? O que faz algo ser ético ou moral? Quem é que oferece as normas para qualificar algo de ético ou moral? Por exemplo: se a Igreja for a responsável por oferecer as normas, estas normas não seriam mais universais umavez que o pensamento religioso é parcial e determinado culturalmente? O mesmo se pode dizer sobre a política, sobre as regras de uma determinada sociedade (a europeia, por exemplo). Muitos dizem que a cidadania é um impulso ético/moral. Existem pessoas que por condicionamento genético (vide as pesquisas da neurociência) não possuem os atributos de análise moral. E outras que devido a sua pesada condição social não se adequam à vivência dos valores éticos conforme formatados pela sociedade ocidental cristã - por exemplo. Então, a pergunta: sem ética é possível gerar impulsos de ação cidadã? Justifique seu ponto de vista. Como que uma educação baseada nos pressupostos da ética pode contribuir para o impulso de ações cidadãs? Justifique a sua resposta fornecendo exemplos do cotidiano. Sugiro que você leia de algum livro de filosofia (pode ser os dos mais conhecidos: “Convite à filosofia” ou “Filosofando”) os capítulos sobre filosofia Moral ou ética para melhor dialogar com estas perguntas. Você pode dinamizar estas questões em seu trabalho. Elas dão o que falar... UNIDADE 7 A Estética como impulso para as ações de cidadania Objetivo: Levantar possibilidade sobre o poder da estética na construção dos ideias e projetos de cidadania. Continuaremos com a mesma dinâmica da unidade anterior. Apenas desta vez enfocaremos a estética. Sugiro que você leia de algum livro de filosofia (pode ser os dos mais conhecidos: “Convite à filosofia” ou “Filosofando”) os capítulos sobre filosofia da arte ou ética para melhor dialogar com estas perguntas. Também sugiro, sobretudo, que leia algo sobre as relações entre ética e estética (pode ser material publicado na internet). Qual a relação existente entre estética e ética – conforme apontam as suas pesquisas? A estética é menos, ou mais, ou igual em grau de importância em relação à ética na organização de nossas vidas no plano individual e social? Exponha-se e justifique. Você certamente já sabe acerca destes argumentos: A beleza atrai. O belo cativa. O bem e o belo são semelhantes e se completam. E se afirmarmos o mesmo sobre o feio e o mal: a feiura atrai. O feio cativa. O mal e o feio são semelhantes e se completam? O que você teria a dizer sobre as implicações destes argumentos? É possível que o sentimento pela beleza gere responsabilidades e impulsos para ações cidadãs? Exponha o seu ponto de vista procurando se ater em argumentos consistentes e não em meros “achismos”. Você conhece pessoas que fazem atividades no plano das ações socioambientais motivadas por valores estéticos e não ético-religiosos de ajudar o próximo, etc? Como você as observa? Sugiro que você procure pessoas com o perfil da pergunta anterior e a questione sobre: - a forma de ela olhar o mundo (a estética); - o quanto esta forma a ajuda a se relacionar com a realidade; - qual a diferença e as proximidades de trabalhar por um mundo melhor e a de trabalhar por um mundo mais bonito? UNIDADE 8 Os desejos de cidadania mundial- I Objetivo: Resgatar personalidades que viveram o sentido de cidadania mundial. É muito importante que em seu trabalho de educação ambiental você resgate, junto com os seus, algumas personalidades - conhecidas mundialmente ou não - que viveram suas vidas numa perspectiva de cidadãos do mundo. A intenção desta unidade e da próxima é fazer você refletir sobre a importância dos cidadãos do mundo no plano pedagógico dos modelos (tão necessários para nós). Abaixo você encontrará uma abordagem acerca da necessidade que temos de cidadãos do mundo. Vamos ao texto (*) CIDADANIA MUNDIAL (...) força (...) militantes racistas, francamente em baixa nestes anos finais do milênio e (...) crescente legião de pessoas de boa vontade que concebem a visão de um mundo unido, onde cada cidadão possa exercitar o novo paradigma da cidadania mundial. O contraste entre essas duas forças é que a humanidade foi violentada por muito longo tempo por aceitar ou se omitir ante aqueles que pregavam os falaciosos dogmas de uma pretensa pureza racial. Os gritos e gemidos, os ossos alquebrados de seis milhões de judeus, há pouco mais de quatro décadas, os massacres na Namíbia, Sudão ou Soweto, não terão sido suficientes para comprovar a estupidez e a falácia de se imaginar uma raça superior? Teriam sido os carrascos nazistas mais inteligentes e poderiam ser considerados membros de uma raça superior por colocarem em marcha a solução final, massacrando milhões de seres inocentes, cuja única culpa era não pertencer ao mesmo credo e ter a mesma cor da pele? Ainda podemos ouvir os sons dos passos apressados de milhares de negros nas ruas de Memphis e de San Francisco, participando de manifestações públicas convocadas pelo líder negro Martin Luther King na busca dos direitos civis negados aos negros nos Estados Unidos. Mais extremado, temos a figura de Malcolm X em busca da dignidade humana: “Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos. Lutamos por… direitos humanos.” E podemos visualizar as ruas de Johannesburgo e de Soweto em festa com a realização das primeiras eleições majoritárias em clima de unidade racial, consagrando Nélson Mandela para a presidência da África do Sul. Uma luta tenaz e constante contra a discriminação e o preconceito racial e que já recebeu forte impulso internacional com a premiação de três líderes negros com o Prêmio Nobel da Paz: Albert Luthulli (1960), Martin Luther King (1964) e Desmond Tutu (1984), evidenciando que o racismo não é uma luta apenas das vítimas, mas antes, de todos os cidadãos de boa vontade, não importando a cor da pele ou sua ascendência étnica. Fonte: http://www.cidadaodomundo.org/?page_id=55 Reprodução - Martin Luther King ml. 1) Como o artigo acima nos oferece a ideia do que vem a ser uma cidadania planetária? 2) Por que geralmente quando citamos exemplos de degradações nos vêm a mente os casos terríveis dos negros americanos e dos judeus na Alemanha? Não seria o caso de lembrarmos a escravidão no Brasil (e de Zumbi); do massacre de Ruanda, dentre tantos outros? Por que nós nos apoiamos nestes sentidos do norte e não recordamos dos sentidos das lutas de cidadãos do mundo partidos do hemisfério sul? 3) O conceito Cidadania Mundial diverge muito da Cidadania Planetária? O primeiro estaria mais ligado às preocupações sociais deixando de lado as questões socioambientais? Faça um pequeno debate mental sobre o assunto. Reprodução - Malcolm X www.cinema.ptgate.pt UNIDADE 9 Os desejos de cidadania mundial - II Objetivo: Resgatar personalidades que viveram o sentido de cidadania mundial. ATIVIDADE OPTATIVA Pesquise a bibliografia de personalidades conhecidas internacionalmente como cidadãs do mundo: Ex.: - Gandhi. - João XXIII - Che Guevara 2) Responda as seguintes questões: - Qual a causa que eles defendiam? - Quanto que a defesa da causa fez mudanças planetárias? 3) Quando você for fazer esta atividade em seu trabalho procure dinamizar a apresentação no formato de Painel. UNIDADE 10 O que é pobreza Objetivo: Ampliar o conceito de pobreza. A pobreza será tema de discussão nas unidades que seguem. Isto se deve ao fato de que a pobreza é a responsável pelo avanço dos problemas ambientais. Todavia, é necessário ampliar a nossa visão sobre como definir e recortar o termo pobreza que pode possuir diversas formas de ser definida, visto que este tema é inerente à abordagem sobre o exercício da cidadania. Uma vez que a pobreza é tida como um dos empecilhos para o exercício da cidadania. Vamos ao texto (*): A pobreza pode ser entendida em vários sentidos, principalmente: - Carência material; tipicamente envolvendo as necessidades da vida cotidiana como alimentação,vestuário, alojamento e cuidados de saúde. Pobreza neste sentido pode ser entendida como a carência de bens e serviços essenciais. - Falta de recursos econômicos; nomeadamente a carência de rendimento ou riqueza (não necessariamente apenas em termos monetários). As medições do nível econômico são baseadas em níveis de suficiência de recursos ou em "rendimento relativo". A União Europeia, nomeadamente, identifica a pobreza em termos de "distância econômica" relativamente a 60% do rendimento mediano da sociedade. - Carência Social; como a exclusão social, a dependência e a incapacidade de participar na sociedade. Isto inclui a educação e a informação. As relações sociais são elementos chave para compreender a pobreza pelas organizações internacionais, as quais consideram o problema da pobreza para lá da economia. - Carência energética para mudar o que não pode ser mudado, o impossível está dentro de vossa mente, a superação dos paradigmas faz a ponte de um estado- baixo em estado-alto. Falta de autoestima, baixa espiritualidade. Quando você for trabalhar com questões de educação ambiental é bom que possa ajudar as pessoas a ampliarem o seu olhar sobre o que vem a ser pobreza. Por isto sugerimos os seguintes passos: 1) Divida o grupo em quatro grupos. 2) Dê para cada grupo a responsabilidade de ler uma definição das quatro acima dispostas. 3) Peça para que cada equipe arrume quatro exemplos para clarear os tipos de pobreza acima. O importante é que ao pensarmos no problema ambiental e dissermos que a pobreza é o seu motivador que logo pensemos nos quatro tipos de pobreza. Reprodução -... los mayores favelas de África. www.shofco.org UNIDADE 11 As causas da Pobreza Objetivo: Tomar ciência de algumas causas da pobreza. O fragmento do texto de Simon SCHWARTZAMAN (*) contribuirá com o nosso objetivo para esta unidade. Certamente este assunto é causa de, pelo menos, curiosidade para você. Bom estudo! As causas da pobreza "As causas da pobreza", dizia meu antigo professor de direito, "são duas: as voluntárias e as involuntárias". Para nós, estudantes de ciências sociais, as causas da pobreza não podiam ser individuais, mas estruturais: a exploração do trabalho pelo capital, o poder das elites que parasitavam o trabalho alheio e saqueavam os recursos públicos, e a alienação das pessoas, criada pelo sistema de exploração, que impedia que elas tivessem consciência de seus próprios problemas e necessidades. Quando a TV ainda engatinhava em Belo Horizonte, participei de um programa ao vivo com uma senhora da tradicional família mineira que organizava bailes beneficentes, e fiquei chocado quando percebi que não conseguiria convencer ao apresentador, e muito menos ao público, que o que ela fazia era cínico e nocivo, mantendo os pobres iludidos pelas migalhas que sobravam das festas da alta sociedade. Como ousava este garoto, de mineiridade incerta, duvidar do espírito caridoso da elegante dama? Falar com os pobres não adiantava muito. Visitando um barraco de favela, comentei com o morador sobre as péssimas condições em que ele vivia, tentando estimular sua consciência de classe. A resposta foi de indignação. Ele era pobre, sim, mas tinha orgulho de seu barraco limpo e arrumado. Que direito tinha eu de dizer que ele vivia uma vida miserável? A pobreza e a desigualdade são tão antigas quanto a humanidade, e sempre vieram acompanhadas de forte sentimentos morais. Menos ingênuo do que imaginávamos, o velho professor participava de uma corrente de pensamento que se tornou famosa na época de Thomas Malthus, na Inglaterra, mas que ainda hoje tem seus fortes adeptos: a de que uma parte, talvez a maior, dos problemas da pobreza, é culpa dos próprios pobres, que não têm determinação e força de vontade para trabalhar. Para Malthus, a causa principal da pobreza era a grande velocidade com que as pessoas se multiplicavam, em contraste com a pouca velocidade em que crescia a produção de alimentos. O problema se resolveria facilmente se os pobres controlassem seus impulsos sexuais e deixassem de ter tantos filhos. Minorar sua miséria só agravaria o problema, porque, alimentados, eles se reproduziriam mais ainda. A melhor solução seria educá-los, para que aprendessem a se comportar; ou então deixá-los à própria sorte, para que a natureza se encarregasse de restabelecer o equilíbrio natural das coisas. Uma outra versão desta associação entre pobreza e indignidade era dada pelo protestantismo, que via na riqueza material um sinal do reconhecimento, por Deus, das virtudes das pessoas, e na pobreza uma marca clara de sua condenação. A visão maltusiana da pobreza era extrema, e colidia com o valor da caridade, tão presente na tradição judaica, cristã e de outras religiões. Em todas as sociedades, sempre se reconheceu a virtude de ajudar aos pobres, ao mesmo tempo em que aceitava a inevitabilidade das diferenças sociais e da miséria humana. Michael Katz, um historiador norte-americano que trata do tema das ideologias da pobreza em seu país, observa que, "antes do século XIX teria sido absurdo imaginar a abolição da pobreza. Os recursos eram finitos, e a vida era dura. A maioria das pessoas nasciam, viviam e morriam na pobreza. As questões eram, então, quem, entre os necessitados, deveria receber ajuda? De que maneira a caridade deveria ser administrada?" Para responder a estas questões era necessário classificar as pessoas. Katz mostra como na Inglaterra, através das "poor laws" do século XIX(3), assim como nos Estados Unidos na mesma época, dois tipos de classificação foram tentadas. Havia, primeiro, um critério de proximidade - a prioridade deveria ser dada aos parentes, vizinhos e concidadãos, e não aos desconhecidos, estranhos ou estrangeiros. Esta classificação, em si, não tinha um sentido moral, e podia refletir, simplesmente, uma visão realista sobre os recursos finitos disponíveis e as necessidades infinitas dos pobres. Mas sabemos que, na prática, as distinções entre "nós" e "os outros" costumam vir carregadas de preconceitos - os "outros" são vistos não somente como distantes, mas também como desprovidos das qualidades que mais apreciamos, as nossas. A outra classificação distinguia claramente entre a pobreza involuntária - e por isto digna - dos órfãos, doentes e viúvas, da pobreza voluntária - e por isto indigna - das pessoas saudáveis que não queriam trabalhar para se manter. Katz fala da diferença que os autores americanos e ingleses da época estabeleciam entre "poverty" e "pauperism", cuja melhor tradução para o português talvez seja como "pobreza" e "mendicância". A pobreza era entendida como uma condição natural das pessoas, que, em situações especiais, ficavam desvalidas, e merecedoras de amparo; a mendicância, por outro lado, era uma deformação de caráter, e por isto indigna de apoio e ajuda. Existe, no entanto, outra maneira, também antiga, de tratar o problema. A ideia de que as causas da pobreza e os caminhos para sua solução não dependem da vontade ou do caráter dos indivíduos, mas das relações entre as pessoas, sempre esteve presente nas formas mais radicais do cristianismo, e, na época moderna, nos escritos e movimentos políticos socialistas e comunistas. Para uns, a solução dependia ainda de uma regeneração moral, não mais dos pobres, mas dos ricos, cujo egoísmo e acaricia deveriam ser transformados em verdadeira caridade e sentimento de justiça. Para os marxistas, esta crença no poder transformador das convicções e da força moral era o que caracterizava o "socialismo utópico", que deveria ceder lugar a um "socialismo científico", que entendesse a verdadeira natureza dos conflitos sociais, e os levasse à sua conclusão natural. A história da humanidade, dizia o Manifesto Comunista, era a história da luta de classes, e era através dela que os problemas da pobrezaencontrariam sua solução. "Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, lordes e servos, mestres e empregados, em uma palavra, opressores e oprimidos, sempre tiveram em oposição, em uma guerra sem fim, às vezes oculta, às vezes aberta, que levava seja a uma reconstituição revolucionária da sociedade como um todo, seja à ruína das classes em conflito." Com o capitalismo, as antigas classes estavam desaparecendo, restando apenas à burguesia e ao proletariado, que se confrontariam na luta final pelo fim da pobreza e da desigualdade social. Comparando esta unidade com a anterior – quais os tipos de pobreza enumerados neste texto? Cite o trecho e defina o tipo de pobreza do mesmo. Quais as teses sobre a pobreza levantadas como argumentos constitutivos para definir suas causas? Vá à página da ESAB e faça os exercícios correspondentes às unidades anteriores – somente aquelas que têm conteúdo expositivo. Bom trabalho UNIDADE 12 A Pobreza gera problemas ambientais Objetivo: Levantar uma breve discussão sobre a pobreza espiritual como geradora de problemas ecológicos. O fragmento do texto de Peter Parks (*) discutirá rapidamente o impacto da pobreza espiritual (falta de conscientização e energia para a mudança) sobre o meio ambiente. A discussão é a seguinte: o progresso é compatível com o meio ambiente? Uma vez que a noção de progresso é companheira quase sempre da pobreza. A ideia de desenvolvimento sustentável tenta achar vias para que a humanidade mantenha o progresso material em harmonia com a preservação da natureza A melhor solução para o lixo, porém, é reaproveitá-lo para fazer novos bens, reduzindo a sobrecarga dos depósitos. O reaproveitamento do lixo envolve o princípio dos "3 Rs": reduzir, reutilizar, reciclar. Isso significa: > reduzir a produção de resíduos, com a adoção de novos hábitos de compra; > reutilizar potes, vasilhames, caixas e outros objetos de uso cotidiano e o material neles contido; > reciclar o lixo descartado após o consumo, transformando-o em matéria-prima industrial para nova fabricação. Para que seja reciclado, o lixo deve ser descartado de forma seletiva e entregue em postos distribuídos pelas prefeituras (quando existem) ou por empresas em locais predefinidos, doados a entidades que recebem material desse tipo e na forma estabelecida pelos programas porta a porta. O Brasil é um dos países que mais reciclam o lixo, a exemplo das latinhas de alumínio (87% são recicladas). Apesar disso, segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), apenas 327 dos mais de 5 mil municípios brasileiros mantêm serviços de coleta seletiva, e apenas 11% dos resíduos urbanos produzidos no país são reciclados. Ainda há um longo caminho pela frente. Veja aqui o que pode e o que não pode ser reciclado, e quanto tempo os materiais levam para se degradar na natureza. Conta-se que o líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida dos colonizadores britânicos, teria respondido: "A Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar a prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?" A sabedoria de Gandhi já indicava, há mais de 50 anos, que algo tinha de mudar. O estilo de vida das nações ricas e a economia mundial deveriam ser reestruturados para levar em conta a preservação do meio ambiente, condição básica para uma boa qualidade de vida. Hoje se sabe que, se o atual ritmo de exploração dos recursos do planeta continuar, não haverá no futuro fontes de água ou de energia, reservas de ar puro nem terras para a agricultura em quantidade suficiente para a preservação da vida. Com metade da humanidade vivendo abaixo da linha de pobreza, já se consomem 25% a mais do que a Terra consegue renovar. O perigo não atinge apenas as nações pobres. Se a economia global continuar se apoiando sobre o uso de combustíveis fósseis, o equilíbrio climático do planeta inteiro será afetado, como advertiram os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Conceito Demorou bastante para que a humanidade constatasse que estava caminhando para um abismo. Desde a Revolução Industrial, há mais de dois séculos, entendia- se que desenvolvimento e crescimento econômico eram a mesma coisa e que dependiam do consumo crescente de recursos naturais. Os países desenvolvidos - como os da Europa Ocidental, os Estados Unidos, o Canadá e o Japão - destruíram suas florestas, cresceram e prosperaram. Hoje, embora possuam só um quinto da população do planeta, detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial. Verificou-se uma realidade óbvia, mas cruel: não há possibilidade de que a fartura, os benefícios e o conforto trazidos por esse modelo de crescimento econômico estejam ao alcance dos países que demoraram para se industrializar. Na prática, isso significa que os países ricos devem buscar fontes de energia menos poluentes e reduzir a produção de lixo e reciclá-lo, além de praticar um consumo consciente, ou seja, repensar quais bens são necessários para uma vida confortável. UNIDADE 13 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza econômica Objetivo: Contemplar formas de combate à pobreza. Esta unidade e as que virão apresentarão algumas iniciativas de combate à pobreza. Lembre-se: combater a pobreza é sinônimo de ver o avanço da dignidade dos cidadãos. O que sugiro é o seguinte: leia os textos e a partir deles (assim creio) você terá tempo para pensar e elaborar uma crítica sobre as formas apresentadas de combate a pobreza isto ocorrerá na unidade 16) – texto que deverá ser lançado no site da Escola Superior Aberta na página Fórum para divulgar ideias e fazer com que técnicas pedagógicas sejam divulgadas. Portanto, a sua tarefa nestas unidades (até a 15) será a de ler! O texto (*) abaixo tratará de um projeto governamental de combate a pobreza material. Vamos ao texto: PROGRAMA ECONOMIA SOLIDÁRIA EM DESENVOLVIMENTO INTRODUÇÃO A Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES - foi criada no Ministério do Trabalho e Emprego - MTE - em junho de 2003 e ao longo do ano desenvolveu ações de estruturação interna, de interlocução com a sociedade civil com os diversos setores do próprio MTE e com outros órgãos governamentais. 2004 foi o primeiro ano em que a SENAES contou com orçamento próprio. Neste contexto teve como desafio a implementação do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento e a institucionalização dos procedimentos de execução de suas políticas e dos recursos orçamentários disponíveis. Foi um ano de experimentação, onde a partir das demandas apresentadas pela sociedade civil e pelas políticas do Governo Federal, a SENAES ampliou a esfera de suas ações e experimentou diferentes instrumentos para o desenvolvimento de sua política e realização de seus objetivos. A experiência de 2004 nos permite, a partir de 2005, amadurecer algumas políticas, definir prioridades e consolidar instrumentos que levem ao fortalecimento da economia solidária no Brasil. A elaboração do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento e a definição de suas ações e prioridades para 2005 e 2006 expressam a plataforma do Fórum Brasileiro de Economia Solidária e o diálogo com a sociedade civil, a inserção da Secretaria no Ministério do Trabalho e Emprego e a articulação com as demais políticas de geração de trabalho e renda, de combate à pobreza e de inclusão social do Governo Federal e de outros entes federativos. (...) A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO O Programa Economia Solidária em Desenvolvimento tem como objetivo promover o fortalecimento e a divulgação da economiasolidária, mediante políticas integradas, visando à geração de trabalho e renda, a inclusão social e a promoção do desenvolvimento justo e solidário. Assim, está relacionado com os objetivos da política setorial do Ministério do Trabalho e Emprego, ou seja, “crescimento com geração de trabalho, emprego e renda, ambientalmente sustentável e redutor das desigualdades sociais”, ao desenvolver políticas de fomento e estímulo às atividades econômicas orientadas e organizadas pela autogestão. A Economia Solidária tem-se mostrado um importante instrumento de combate à pobreza e geradora de inclusão social, tendo-se constituído em política transversal no interior do Governo Federal. As mudanças estruturais, de ordem econômica e social, ocorridas no mundo, nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional da relação de trabalho capitalista. O aumento da informalidade e a precarização dos contratos de trabalho afirmaram-se como tendência em uma conjuntura de desemprego em massa. São milhões de trabalhadores que se sujeitam a abdicar de seus direitos sociais para garantir a sobrevivência. De outro lado, o aprofundamento dessa crise abriu espaço para o surgimento e avanço de outras formas de organização do trabalho, consequência, em grande parte, da necessidade dos trabalhadores encontrarem alternativas de geração de renda. Na Economia Solidária encontramos milhares de trabalhadores organizados de forma coletiva, gerindo seu próprio trabalho e lutando pela sua emancipação. São iniciativas de Organizações Não Governamentais voltadas para projetos produtivos coletivos, cooperativas populares, redes de produção–consumo–comercialização; instituições financeiras voltadas para empreendimentos populares solidários, empresas recuperadas por trabalhadores, organizados em autogestão, cooperativas de agricultura familiar, cooperativas de prestação de serviços, dentre outras. Esta nova realidade do mundo do trabalho contribui, de forma significativa, para o surgimento de novos sujeitos sociais e para a construção de novos espaços institucionais. Neste contexto, o Ministério do Trabalho e Emprego assume, para além das iniciativas de emprego e de proteção dos trabalhadores assalariados, o desafio de implementar políticas que incluam as demais formas de organização do mundo do trabalho e proporcionem a extensão dos direitos ao conjunto dos trabalhadores. Políticas de geração de renda para a inclusão daqueles menos favorecidos na sociedade, a fim de que exerçam a cidadania com dignidade, têm, obrigatoriamente, que levar em consideração, em níveis iguais de importância, tanto o emprego quanto a relação de trabalho que não patrão-empregado. É propósito da SENAES, em consonância com a missão do Ministério do Trabalho e Emprego, combater a desigualdade e a exclusão social mediante a operacionalização do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento. Para cumprir seu objetivo o Programa busca ainda integrar e articular diversas políticas que vem sendo desenvolvidas pelo Governo Federal, além de criar instrumentos para potencializá-las. Exemplificando ressaltamos: com o Ministério do Desenvolvimento Social, articulando-se com os Programas Fome Zero, Bolsa- Família e com a Política Nacional de Assistência Social; com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial e da Secretaria de Agricultura Familiar; com as Secretarias Especiais de Pesca e Aqüicultura e de Promoção da Igualdade Racial, entre outros. Para operacionalizar estas ações e como estratégias de implantação de suas Políticas, a SENAES/MTE trabalha em parceria com a Fundação Banco do Brasil, com a qual firmou convênio para desenvolver o Programa Trabalho e Cidadania. Através deste Programa a SENAES tem realizado parcerias com entidades da sociedade civil ligadas à Economia Solidária e que auxiliam na implantação da política. Além disso, a SENAES firma parcerias diretas com entidades da economia solidária e Governos Estaduais e Municipais para implantar e operacionalizar suas ações. UNIDADE 14 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza econômica. Objetivo: Rastrear e observar criticamente os pontos positivos e negativos de projetos de combate à pobreza econômica no seu município ou estado. Roteiro de Pesquisa. 1) Lendo atentamente as unidades anteriores acerca das definições dos tipos de pobreza e, após ter estudado a pobreza econômica como um tipo de pobreza específica desenvolva uma pesquisa crítica seguindo os passos abaixo. 2) Pesquise em seu município (preferencialmente) ou Estado (também pode ser no país) um projeto social (que pode ou não vir da conjuntura política governamental/ como também de ONGs etc.) que tenha as características de um projeto de combate à pobreza (assim como sinaliza a unidade 09 e exemplificada na unidade 12). Reprodução - ... políticas de combate à pobreza e ... www.centrodametropole.org.br 3) Após ter escolhido faça o seguinte quadro de leitura comparativa: Nome do Projeto de combate à pobreza material Leia o material publicado pelo próprio projeto e nesta coluna anote: - o objetivo do projeto. - a quem se destina o projeto - os parceiros do projeto. - se o projeto é uma iniciativa da organização (governo, Ong...) que acontece de modo vertical, isto é: feito sem consulta ou envolvimento dos destinatários; ou se o projeto foi planejado de modo horizontal: com envolvimento e planejamento junto com os destinatários. - Pesquise como o projeto foi desenvolvimento. - Pesquise sobre o processo de avaliação do projeto por parte dos realizadores (se a avaliação foi permanente; as dificuldades encontradas; o resultado obtido; os motivos do resultado; os pontos positivos e negativos do projeto). Na sequência procure textos de organizações (ou mesmo entreviste pessoas) que criticam o projeto. Observe como eles estabelecem a sua crítica ao projeto seguindo o roteiro disponível no quadro ao lado. * Sugiro que você leia artigos que falem sobre a importância da cooperação entre os participantes e organizadores de projetos tocando nos assuntos: autonomia e desenvolvimento pessoal/comunitário. Estas leituras facilitarão a sua compreensão e conexão com os assuntos que serão levantados. Faça um paralelo comparativo entre os dois blocos e apresente um parecer seu sobre a viabilidade ou não das observações. Argumente como o projeto de combate à pobreza econômica em questão é/ou poderia ser um fator de gestão ambiental – no sentido de sua contribuição para as questões socioambientais. Uma observação: este roteiro é um auxílio para o seu trabalho. Ele não cai em avaliação. Serve como sugestão para que você faça o exercício proposto antes de aplicar junto aos seus. No entanto, sobretudo, ele tem o caráter de ser material de apoio para a sua atividade de educador ambiental. Você pode completar os dados ou simplesmente xerocar e distribuir aos seus esta unidade. Reprodução - O combate à pobreza e a conservação ... bemcomum.wordpress.com UNIDADE 15 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza social Objetivo: Contemplar formas de combate à pobreza. Uma forma muito conhecida de combate à pobreza social é o empreendedorismo. Na sequência iremos expor uns quadros comparativos sobre a dimensão cidadã do empreendedorismo e o quanto ele contribui para o enfraquecimento da pobreza social e energética (ou espiritual). Os quadros comparativos foram elaborados por Edson Marques Oliveira (*). QUADRO 1: CONCEITOS DIVERSOS SOBRE EMPREENDEDORISMO SOCIAL, VISÃO NACIONAL AUTOR CONCEITO LEITE (2003) - “O empreendedor social é uma das espécies do gênero dos empreendedores”; - “São empreendedores com uma missão social, que é sempre central e explicita;” ASHOKA; MCKINSEY (2001) “Os empreendedoressociais possuem características distintas dos empreendedores de negócios. Eles criam valores sociais através da inovação da força de recursos financeiros em prol do desenvolvimento social, econômico e comunitário. Alguns dos fundamentos básicos do empreendedorismo social estão diretamente ligados ao empreendedor social, destaca-se a sinceridade, paixão pelo que faz, clareza, confiança pessoal, valores centralizados, boa vontade de planejamento, sonhar e uma habilidade para o improviso.” MELO NETO; FROES (2002) “Quando falamos de empreendedorismo social, estamos buscando um novo paradigma. O objetivo não é mais o negócio do negócio [...] trata-se, sim, do negócio do social, que tem na sociedade civil o seu principal foco de atuação e na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado a sua estratégia [...] Quando falamos de empreendedorismo social, estamos buscando um novo paradigma. O objetivo não é mais o negócio do negócio [...] trata-se, sim, do negócio do social, que tem na sociedade civil o seu principal foco de atuação e na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado a sua estratégia.” RAO, (2002) “Empreendedores sociais, indivíduos que desejam colocar suas experiências organizacionais e empresariais mais para ajudar os outros do que para ganhar dinheiro.” ROUERE; PÁDUA (2002) “Constituem a contribuição efetiva de empreendedores sociais inovadores, cujo protagonismo na área social produz desenvolvimento sustentável, qualidade de vida e mudança de paradigma de atuação em benefício de comunidades menos privilegiadas.” Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de OLIVEIRA, 2004, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 52 QUADRO 2: DIFERENÇA ENTRE EMPREENDEDORISMO EMPRESARIAL E EMPREENDEDORISMO SOCIAL Empreendedorismo empresarial Empreendedorismo social 1. É individual 1. É coletivo 2. Produz bens e serviços 2. Produz bens e serviços a comunidade 3. Tem o foco no mercado 3. Tem o foco na busca de soluções para os problemas sociais 4. Sua medida de desempenho é o lucro 4. Sua medida de desempenho é o impacto social 5. Visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio 5. Visa respeitar pessoas da situação de risco social e promovê-las Fonte: elaborado pelo autor a partir de MELO NETO e FROES, 2002, p. 11 QUADRO – 3: CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL, RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPREENDEDORISMO PRIVADO. Empreendedorismo privado Responsabilidade Social Empresarial Empreendedorismo social É individual Individual com possíveis parcerias É coletivo e integrado Produz bens e serviços para o mercado Produz bens e serviços para si e para a comunidade Produz bens e serviços para a comunidade, local e global Tem foco no mercado Tem o foco no mercado e atende a comunidade conforme sua missão Tem o foco na busca de soluções para os problemas sociais e necessidades da Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 53 comunidade Sua medida de desempenho é o lucro Sua medida de desempenho é o retorno aos envolvidos no processo Stakeholders Sua medida de desempenho é o impacto e a transformação social Visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio Visa agregar valor estratégico ao negócio e atender expectativas do mercado e da percepção da sociedade/consumidores Visa resgatar pessoas da situação de risco social e promovê-las, gerar capital social, inclusão e emancipação social Fonte: Elaborado e adaptado pelo autor a partir de MELO NETO E FROES, 2002 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 54 UNIDADE 16 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza social. Objetivo: Rastrear e observar criticamente os pontos positivos e negativos de projetos de combate à pobreza econômica no seu município ou estado. Para esta unidade vamos sugerir a realização de uma pesquisa (o material foi pensado para você usar em seu trabalho de intervenção). Para tanto lançamos o seguinte roteiro de pesquisa. 1) Lendo atentamente as unidades anteriores acerca das definições dos tipos de pobreza e, após ter estudado a pobreza econômica como um tipo de pobreza específica desenvolva uma pesquisa crítica seguindo os passos abaixo. 2) Pesquise em seu município (preferencialmente) ou Estado (também pode ser no país) um projeto social (que pode ou não vir da conjuntura política governamental/ como também de ONGs etc.) que tenha as características de um projeto de combate à pobreza (assim como sinaliza a unidade 09 e exemplificada na unidade 14). Reprodução - Investigación urbana, social y ... estudiosmetropolitanos.xoc.uam.mx Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 55 3) Após ter escolhido faça o seguinte quadro de leitura comparativa: Nome do Projeto de combate à pobreza social Leia o material publicado pelo próprio projeto e nesta coluna anote: - o objetivo do projeto. - a quem se destina o projeto - os parceiros do projeto. - se o projeto é uma iniciativa da organização (governo, Ong...) que acontece de modo vertical, isto é: feito sem consulta ou envolvimento dos destinatários; ou se o projeto foi planejado de modo horizontal: com envolvimento e planejamento junto com os destinatários. - Pesquise como o projeto foi desenvolvimento. - Pesquise sobre o processo de avaliação do projeto por parte dos realizadores (se a avaliação foi permanente; as dificuldades encontradas; o resultado obtido; os motivos do resultado; os pontos positivos e negativos do projeto). Na sequência procure textos de organizações (ou mesmo entreviste pessoas) que criticam o projeto. Observe como eles estabelecem a sua crítica ao projeto seguindo o roteiro disponível no quadro ao lado. * Sugiro que você leia artigos que falem sobre a importância da cooperação dos participantes e organizadores de projetos tocando nos assuntos: autonomia e desenvolvimento pessoal/comunitário. Estas leituras facilitarão a sua compreensão e conexão com os assuntos que serão levantados. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 56 1) Faça um paralelo comparativo entre os dois blocos e apresente um parecer seu sobre a viabilidade ou não das observações. 2) Argumente como o projeto de combate à pobreza econômica em questão é/ou poderia ser um fator de gestão ambiental – no sentido de sua contribuição para as questões socioambientais. 3) Uma observação: este roteiro é um auxílio para o seu trabalho. Ele não cai em avaliação. Serve como sugestão para que você faça o exercício proposto antes de aplicar junto aos seus. No entanto, sobretudo, ele tem o caráter de ser material de apoio para a sua atividade de educador ambiental. Um dado muito importante: adapte o material. Tire o texto, as palavras, unidades, etc. Reprodução - ONU: Pobreza extrema mundial ... jpn.icicom.up.pt Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 57 UNIDADE 17 Ação de cidadania Planetária: Combater a pobreza material. Objetivo: Contemplar formas de combate à pobreza. Na busca de exemplificar ações de caráter de combate à pobreza material apresentamos, em meio a todas as críticas ou elogios, o projeto governamental brasileiro Bolsa Família (presente no governo Lula e nos anteriores – sob outros nomes). O material aqui exposto é o de divulgação do Ministério do desenvolvimento Social. O artigo de divulgação percorre os seguintes itens explicativos sobre o Bolsa Família: O que é; Critérios de Inclusão; Critérios de Seleção; Benefícios e Condicionalidades e, por fim, Principais Resultados. O texto é de Aline Aguiar (*). O que é? (com a modificação última datada em17/12/2006) O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120,00) e extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 60,00), de acordo com a Lei 10.836, de 09 de janeiro de 2004 e o Decreto nº 5.749, de 11 de abril de 2006. O PBF integra o FOME ZERO, que visa assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome. O Programa pauta-se na articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 58 - promoção do alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; - reforço ao exercício de direitos sociais básicos nas áreas de Saúde e Educação, por meio do cumprimento das condicionalidades, o que contribui para que as famílias consigam romper o ciclo da pobreza entre gerações; - coordenação de programas complementares, que têm por objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários do Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. São exemplos de programas complementares: programas de geração de trabalho e renda, de alfabetização de adultos, de fornecimento de registro civil e demais documentos. O Bolsa Família prevê a unificação dos Programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e Cartão Alimentação. São os chamados “programas remanescentes”. Critérios de Inclusão (Última modificação 12/04/2007 - 14:48 ) Podem fazer parte do Programa Bolsa Família: - famílias com renda de até R$ 60,00 (sessenta reais) por pessoa; - famílias com renda de R$ 60,01 (sessenta reais e um centavo) a R$ 120,00 (cento e vinte reais) por pessoa, com crianças de 0 a 15 anos. A renda da família é calculada a partir da soma do dinheiro que todas as pessoas da casa ganham por mês (como salários e aposentadorias). Esse valor deve ser dividido pelo número de pessoas que vivem na casa, obtendo assim a renda per capita da família. (Nessa conta não entram os benefícios de outros programas como Peti e Agente Jovem). O responsável pela operacionalização do Programa é o município. Se a família se encaixa numa das faixas de renda definidas pelo Programa, deve procurar o setor responsável pelo Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 59 Programa Bolsa Família no município, munido de documentos pessoais (título de eleitor ou CPF), para se cadastrar no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico. Famílias que se encontram na faixa de renda de até meio salário mínimo - R$ 190,00 per capita - também podem se cadastrar, pois existem outros programas sociais, tanto em âmbito federal, quanto estadual e municipal, destinados a essa faixa de renda. Critérios de Seleção ( Última modificação 17/12/2006 - 16:13 ) O Programa Bolsa Família seleciona as famílias a partir das informações inseridas pelo município no Cadastro Único dos Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico. O CadÚnico é um instrumento de coleta de dados que tem como objetivo identificar todas as famílias em situação de pobreza existentes no País. Cada município tem um número estimado de famílias pobres considerado como a meta de atendimento do Programa naquele território específico. Essa estimativa é calculada com base numa metodologia desenvolvida com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e tem como referência os dados do Censo de 2000 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2004, ambos do IBGE. O cadastramento não implica a entrada imediata dessas famílias no Programa e, consequentemente, o recebimento do benefício. A partir das informações inseridas no CadÚnico, por meio de sistema (software) desenvolvido para esse fim, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão incluídas no Programa a cada mês. O critério central é a renda per capita da família e são incluídas, primeiro, as famílias com a menor renda. Benefícios e Condicionalidades Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 60 (Última modificação 30/07/2007 - 09:37) Benefícios Os valores pagos pelo Programa Bolsa Família variam de R$18,00 (dezoito reais) a R$112,00 (cento e doze reais), de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças, gestantes e nutrizes. No caso de famílias que migraram de programas remanescentes o valor do benefício pode ser maior, tendo como base o valor recebido anteriormente. Os benefícios financeiros estão classificados em dois tipos, de acordo com a composição familiar: - básico: no valor de R$ 58,00, concedido às famílias com renda mensal de até R$ 60,00 por pessoa, independentemente da composição familiar; - variável: no valor de R$ 18,00, para cada criança ou adolescente de até 15 anos, no limite financeiro de até R$ 54,00, equivalente a três filhos por família. Existe ainda o Benefício Variável de Caráter Extraordinário (BVCE) que é concedido às famílias dos Programas Remanescentes (Programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio-gás), cuja migração para o PBF implique perdas financeiras à família. Nestes casos, o valor concedido é calculado caso a caso e possui prazo de prescrição, além do qual deixa de ser pago, nos termos da Portaria MDS/ GM no 737, de 15/12/2004. O quadro abaixo mostra os valores de benefícios que as famílias integrantes do Programa podem receber: Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 61 Critério de Elegibilidade Ocorrência de crianças / adolescentes 0-15 anos, gestantes e nutrizes Quantidade e Tipo de Benefícios Valores do Benefício (R$) Situação das Famílias Renda Mensal per capita Situação de Pobreza De R$ 60,01 a R$ 120,00 1 Membro (1) Variável 18,00 2 Membros (2) Variável 36,00 3 ou + Membros (3) Variável 54,00 Situação de Extrema Pobreza Até R$ 60,00 Sem ocorrência Básico 58,00 1 Membro Básico + (1) Variável 76,00 2 Membros Básico + (2) Variável 94,00 3 ou + Membros Básico + (3) Variável 112,00 Condicionalidades Ao entrar no PBF, a família se compromete a cumprir as condicionalidades do Programa nas áreas de saúde e educação, que são: manter as crianças e adolescentes em idade escolar frequentando a escola e cumprir os cuidados básicos em saúde, ou seja, o calendário de vacinação, para as crianças entre 0 e 6 anos, e a agenda pré e pós-natal para as gestantes e mães em amamentação. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 62 Principais resultados ( Última modificação 05/12/2006 - 13:04 ) O Programa Bolsa Família atende 11,1 milhões de famílias residentes em todos os municípios brasileiros. Vários estudos mostram que o Programa, apesar de recente, já apresenta resultados importantes: O PBF está bem focalizado, ou seja, efetivamente chega às famílias que dele necessitam e que atendem aos critérios da lei; O Programa contribui de forma significativa para a redução da extrema pobreza e da desigualdade; O Programa contribui para a melhoria da situação alimentar e nutricional das famílias beneficiárias. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 63 UNIDADE 18 Estudo de caso: projetos de combate à pobreza material. Objetivo: Rastrear e observar criticamente os pontos positivos e negativos de projetos de combate à pobreza econômica no seu município ou estado. Roteiro de Pesquisa. 1) Lendo atentamente as
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