Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL E PRÁTICAS CAMBIAIS AULA 1 Prof. Henri Siro 2 CONVERSA INICIAL Em praticamente todos os países com economias pujantes e desenvolvidas, os mercados financeiros também são robustos e muito atuantes. Países com maior desenvolvimento econômico acabam apresentando mercados financeiros com maiores volumes de negociação e com maior presença no dia a dia das pessoas e das empresas. O mercado financeiro é importante tanto do ponto de vista daqueles que demandam recursos, sendo capaz de aumentar o escoamento de dinheiro para aqueles envolvidos em atividades produtivas, quanto uma alternativa para os que possuem excedente de capital, sendo capaz de servir como uma ponte para alternativas de alocação de recursos, ampliando as possibilidades de poupança e favorecendo o aumento dos investimentos (Pereira, 2013, p. 29). É neste ambiente de fluxo financeiro entre agente superavitários e deficitários que se encaixa o cenário internacional do mercado financeiro. O mercado financeiro possui uma característica internacional muito evidente, e implica uma dinâmica de funcionamento que se relaciona, em muitos casos, com maior importância à situação mundial do que local. Eventos que ocorrem no outro lado do globo afetam as negociações dos ativos financeiros em todos os lugares do mundo. Notícias ligadas aos Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Japão e outros países repercutem nos noticiários com uma velocidade estrondosa, e imediatamente afetam as negociações no mercado financeiro do mundo inteiro. No entanto, a característica internacional do mercado financeiro não se restringe às informações que flutuam imediatamente pelos sistemas de informações, influenciando as tomadas de decisões por todo o mundo, mas também pela possibilidade de negociação que envolve compra e venda de ativos financeiros por meio das fronteiras de diferentes países. O fluxo financeiro internacional, ou seja, que transita entre as fronteiras dos países, tanto de compra quanto de venda de ativos financeiros, sejam eles moedas, dívidas, ações, commodities, é constante e de um volume muito grande. A facilidade que o capital financeiro possui para flutuar de um país para o outro é uma característica marcante, e possui efeitos para praticamente todas as sociedades do mundo contemporâneo. Emissão de dívidas de empresas para fora do país, repasse dessas dívidas entre os investidores das mais diversas nacionalidades, agrupamento de dívidas com origens em diferentes países dentro de um único instrumento de alocação financeiro são apenas 3 algumas das possibilidades que se abrem pela característica internacionalizada do mercado financeiro. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI, 2016), no final do ano de 2015, o volume financeiro de títulos detidos interfronteiras, ou seja, em que os detentores dos títulos são de nacionalidade diversa ao do título que adquiriram, somava U$46,2 trilhões. O número por si só pode não ser muito elucidativo, mas, para termos uma noção melhor do que ele representa, utilizemos como comparação o PIB brasileiro, o qual, segundo o Banco Mundial (2016), totalizou no ano de 2015 o valor de U$1,7 trilhão. Ou seja, os títulos detidos interfronteiras somaram quase 30 vezes o valor do PIB Brasileiro, nesse mesmo ano. Não é pouca coisa. Aqui reside a importância de compreender como funcionam as negociações no mercado financeiro, considerando as características de flutuação financeira entre os diversos países. CONTEXTUALIZANDO Países integrados dentro do sistema econômico atual são interligados de diversas maneiras, e um importante meio que interliga esses países é o mercado financeiro. Quando acontece algum evento nos Estados Unidos, existem repercussões imediatas nos ativos financeiros no Brasil. O mercado financeiro, por sua vez, tem implicações diretas no dia a dia das pessoas. Mas como eventos nos EUA podem influenciar a vida das pessoas do Brasil, as quais não estão diretamente ligadas às negociações dos ativos financeiros? A resposta para essa pergunta se dá pelo fato de que os ativos financeiros afetam a todos dentro de uma economia, mesmo quando essas pessoas não estão envolvidas diretamente nas negociações no mercado financeiro. Um bom exemplo é o valor da moeda. Quanto vale a moeda brasileira em relação ao dólar? Essa resposta é dada todos os dias pelo mercado financeiro. Quando acontecem eventos fora do Brasil, os quais favorecem o aumento do preço do dólar americano, imediatamente o valor do dólar americano tende a se valorizar também em relação à moeda brasileira. Se o dólar americano (USD) aumenta seu valor em relação ao real (BRL), vamos supor um exemplo em que a moeda americana saia de R$3,20 USD/BRL para R$3,40 USD/BRL, os seus efeitos são sentidos na vida de todos os brasileiros. Como exemplo, podemos dizer que, com a alta do preço do dólar, todos os produtos importados passarão a 4 ser mais caros para os consumidores brasileiros. E a alta do preço dos produtos importados influenciará o consumo das famílias. As empresas nacionais se tornarão mais competitivas em relação às empresas internacionais, podendo ter acesso a um mercado consumidor maior. As empresas exportadoras passarão a ser mais estimuladas para realizar suas negociações com compradores de seus produtos fora do país. Todos esses efeitos porque um evento fora do Brasil afetou o valor da moeda do dólar americano, o qual se vê quase imediatamente influencia no valor do dólar americano em relação ao real (USD/BRL), e seus efeitos serão vistos na economia, na inflação, no consumo. Ou seja, no dia a dia das pessoas. O mercado financeiro, por sua característica internacional, importa e exporta os efeitos dos eventos com uma velocidade enorme, tornando a sociedade em que está inserido imersa de maneira mais imediata e profunda no contexto econômico global. Uma dinâmica internacional com efeitos práticos no dia a dia de todas as pessoas se instala por conta da característica internacionalizada das negociações financeiras e sua capacidade de impactar, economicamente, a vida de todos aqueles que vivem em países que abrigam o mercado financeiro como um dos sistemas de negociações vigentes, como um instrumento de criação de valor e otimização da alocação de recursos financeiros. TEMA 1 – BANCOS CENTRAIS Os bancos centrais possuem a responsabilidade de executar as principais decisões referentes à manutenção do poder de compra de uma moeda. Isso não é uma tarefa qualquer. Os bancos centrais possuem capacidade e fôlego financeiro para alterar o valor da moeda. Isso porque eles são os emissores do papel-moeda e possuem meios de controlar a circulação da moeda. O banco central de um país deve ser entendido como o banco mais poderoso entre os bancos daquela nação. Para garantir o poder de compra da moeda, executando a orientação do Conselho Monetário Nacional, o Banco Central realiza os seguintes objetivos (Banco Central, 2016): Zelar pela adequada liquidez da economia. Manter as reservas internacionais em nível adequado. Estimular a formação de poupança. 5 Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro. Para a realização dos objetivos citados, isso implica uma série de atribuições pertinentes para a atividade do Banco Central. Uma série dessas atribuições está ligada à fiscalização e ao controle das atividades das instituições financeiras. O Banco Central interfere nas concessões de crédito e no nível de juros que são praticadas pelos empréstimos das instituições financeiras. Os dois instrumentos mais populares de intervenção no custo dos empréstimos das instituições financeiras são a execução das políticas para a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, e a determinação do créditocompulsório. Para controlar os juros de curto prazo, a Selic, existe uma interessante atuação de compra e venda de títulos públicos diretamente com as principais instituições financeiras, os chamados dealers. Esse processo é muito interessante, porque a taxa de juros não é determinada por força de lei, com efeitos de sanção normativa. A taxa de juros é determinada pela oferta e demanda de títulos públicos, a partir da negociação do Banco Central com as principais instituições financeiras, comprando ou vendendo títulos públicos. Como os títulos públicos são considerados livres de risco, o Banco Central realiza leilões de compra e venda de títulos públicos com as principais instituições financeiras, com a finalidade de, a partir da oferta e demanda desses títulos, manter a taxa de juros de acordo com aquela estipulada como meta para a taxa Selic (Berger, 2015, p. 45). Nos países ao redor do globo, os bancos centrais também são de extrema importância para a dinâmica dos mercados financeiros. Com a atribuição de emissão de moeda e a possibilidade de intervenção para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro, os principais bancos centrais mundiais têm tido uma influência muito grande na economia atual, sobretudo depois da crise do subprime¸ ocorrida em 2008 nos Estados Unidos. Devido aos grandes prejuízos bancários desse período e à desestabilidade eminente do sistema financeiro, o banco central dos Estados Unidos, também chamado de Federal Reserve (FED), reduziu os juros de maneira dramática para 0,25% ao ano, e iniciou programas de impressão de moeda para compra de ativos financeiros. Esses programas são chamados de Quantitative Easing, ou afrouxo quantitativo, que não se trata mais do que um programa de impressão de moeda para compra de ativos financeiros. De 2008 até 2014, o 6 FED realizou três programas de afrouxo quantitativo, os quais, segundo o New York Times (2014), resultaram em torno de U$4 trilhões de emissão de novos dólares. Desde então, o FED finalizou a impressão desses novos dólares, mas manteve as taxas de juros a praticamente 0% ao ano até que, em dezembro de 2015, houve a primeira elevação de juros depois de 7 anos (G1, 2015). Ainda os juros se mantêm muito próximos de 0%, a níveis em torno de 0,25% e 0,5% ao ano, mas o movimento é de início de um período de aumento da restrição de dinheiro por parte da instituição. Na Zona do Euro, o banco central possui características muito peculiares. Em vez de o banco central estar ligado a um único país, ele é responsável pela emissão de uma moeda utilizada em diversos países. Isso faz com que não exista a possibilidade de os países dentro da Zona do Euro assumirem uma política monetária independente, o que torna o trabalho do Banco Central Europeu (BCE) algo muito particular. A Zona do Euro é caracterizada justamente pelo fato de os países que a integram não possuírem bancos centrais independentes e compartilharem uma política única de emissão de moeda. O Banco Central Europeu, portanto, responsabiliza-se por uma única política monetária que tem como intenção manter a estabilidade e o crescimento econômico dos diversos países da Zona do Euro. A crise que teve como representante principal a Grécia, no ano de 2010, colocou certa tensão na estabilidade do bloco. Muitos supunham que seria necessário a Grécia sair da Zona do Euro para que pudesse resolver seus problemas. A saída da Grécia da Zona do Euro seria representada pelo fato de a Grécia iniciar a emissão de sua própria moeda. Tal fato não ocorreu, mas foi o marco de um período de instabilidade que acabou tendo efeitos importantes para as políticas do Banco Central Europeu. A instabilidade que se iniciou com a crise da Grécia, foi intensificada pela ausência de crescimento econômico e pelos riscos de deflação que começaram a se apresentar para o bloco europeu. O Banco Central Europeu iniciou o próprio programa de Quantitative Easing (BBC, 2015) em 2015, com a intensão de comprar €60 bilhões ao mês em dívidas de países e empresas até o total de €1,1 trilhão. Em dezembro do mesmo ano, o BCE resolveu intensificar o programa de compra de ativos. Essa “enxurrada” de dinheiro de juros baixos e quantitative easing da conjuntura atual tem criado uma situação um pouco especial, que é a presença de juros negativos. Como 7 há muito dinheiro em circulação, investidores estão se sentindo à vontade para pagar a fim de emprestar dinheiro a países de baixo risco. O Banco Central do Japão (BOJ) também possui um programa de quantitative easing que tem sido bem atuante desde os anos de 2012. O BOJ tem comprado ativos no montante médio de U$733 bilhões ao ano. Na Figura 1, é possível ver a taxa de juros japonesa que está caindo ano após ano, e a quantidade de ativos que o Banco Central do Japão possui na carteira. O aumento da quantidade de ativos do BOJ é consequência de suas políticas de quantitative easing. Figura 1 – taxa de juros dos títulos japoneses e o total de ativos do Banco Central do Japão Fonte: Bloomberg, 2016. Os bancos centrais são instituições realmente importantes para a dinâmica da economia e para o mercado financeiro da atualidade. As suas atribuições possuem capacidade de influenciar a disponibilidade financeira e apresentam grande impacto para o dia a dia de todos os indivíduos das nações em que essas instituições adquirem a competência de emissão de moeda, com vistas a preservar o poder de compra da moeda e o crescimento da economia. TEMA 2 – COMISSÕES DE VALORES MOBILIÁRIOS As comissões de valores mobiliários são as instituições responsáveis para fiscalizar e normatizar o funcionamento das instituições, especificamente ao mercado financeiro. São instituições muito importantes para a transparência e segurança do mercado financeiro. Enquanto a atuação dos bancos centrais está mais ligada à fiscalização das instituições financeiras com vistas ao 8 sistema financeiro, como a alavancagem das instituições bancárias e suas atuações no mercado de concessão de crédito, as comissões de valores mobiliários possuem maiores responsabilidades sobre a atuação das instituições financeiras e suas práticas no mercado financeiro, como o mercado de negociação na bolsa de valores e a negociação de valores mobiliários como um todo. No Brasil, a instituição que tem essas responsabilidades possui como nome o próprio termo Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a CVM (2016), o seu mandato legal tem as seguintes funções: a) desenvolvimento do mercado, o que significa estimular e promover o uso do mercado de capitais e a formação de poupança por meio dele; b) eficiência e funcionamento do mercado, o que significa fazer com que o mercado funcione de maneira regular, de maneira transparente e de forma equitativa; proteção dos investidores, o que significa atentar para estabelecer parâmetros a fim de evitar fraudes, emissões irregulares, coibir fraudes e situações que possam afetar artificialmente as condições de oferta e demanda; c) acesso à informação adequada, o que significa garantir que o público em geral tenha amplo acesso às informações necessárias para a negociação de valores mobiliários, sem privilégios por nenhum indivíduo ou agente financeiro em específico; d) fiscalização e punição, o que significa que a CVM tem poder de fiscalizar as atividades ligadas às negociações de valores mobiliários e tem a competência de impor penalidades, cobrar multas e adequações dos mais variados tipos, referente a esse mercado. Não é somente no Brasil que existe a figura desse tipo de comissão. As securities comission ou comissões de valores mobiliários são atuantes no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, existe a presença da securities and Exchange comission (SEC). Segundo a SEC (2016), a sua função é promover a formação de capital de investimentos necessáriospara o crescimento econômico. Para garantir o aumento da importância do mercado de investimentos, a SEC está trabalhando continuamente na supervisão e na fiscalização das instituições financeiras e procurando tornar o ambiente do mercado financeiro e de capitais cada vez mais transparente e seguro. A SEC também possui competência de punição e fiscalização, e, nesse caso específico, isso toma proporções significativas. Essa comissão passou a investigar possíveis fraudes das instituições financeiras em relação às 9 negociações dos ativos financeiros que culminaram no problema da crise do subprime em 2008. A fim de chegar a acordos para parar as investigações, as instituições financeiras pagaram multas multibilionárias. Por exemplo, o Citigroup pagou U$7 bilhões, o JPMorgan pagou U$13 bilhões e o Bank of America pagou U$17 bilhões referente a multa para parar as investigações sobre as negociações daquele período. Para ter uma ideia desse montante, convertendo essas multas em reais em valores de outubro de 2016, as multas seriam equivalentes a R$22 bilhões, R$41 bilhões e R$54 bilhões, respectivamente. Para ter ideia do que representa esse valor, segundo o ADVFN (2016), o valor de mercado do Banco do Brasil, em outubro de 2016, era de R$58 bilhões. Ou seja, a multa paga somente pelo Bank of America devido à investigação da SEC totalizou praticamente o valor inteiro do Banco do Brasil. Isso demonstra a importância das agências de fiscalização como as comissões de valores mobiliários para a formação de um mercado financeiro que preze pelo cumprimento de regras e torne o mercado de capitais o mais transparente e seguro possível. As comissões de valores no mundo inteiro fazem um esforço colaborativo para compartilhar os padrões de fiscalização e segurança para o mercado financeiro. A organização internacional das comissões de valores mobiliários, ou Internation Organization of Securities Comissions (IOSCO), é quem promove a integração e a cooperação entre as comissões dos diversos países. Segundo a IOSCO (2016), os seus membros resolvem por desenvolver, implementar e promover aderência a consistentes e reconhecidos padrões internacionais de regulação, fiscalização e atuação com finalidade de proteger investidores, manter mercados justos, eficientes e transparentes, e tratar de riscos sistêmicos; reforçar a proteção a promover a confiança do investidor pela integridade do mercado de capitais, através do fortalecimento das trocas de informações e cooperação na aplicação de sanções contra má-conduta e na supervisão dos mercados e intermediários de mercado; e trocar informações em ambos níveis regional e global com suas respectivas experiências com a finalidade de auxiliar o desenvolvimento dos mercados, reforço da infraestrutura de mercado e implementação de regulação apropriada. É possível perceber que as comissões de valores são fiscais do mercado financeiro e possuem grande importância para que seja um ambiente transparente, seguro e confiável. A finalidade das comissões de valores é transformar o ambiente de negociação do mercado financeiro no menos suscetível possível a riscos de operação, de modo a promover cada vez mais o 10 crescimento de mercado. Não é sem motivo que as negociações no mercado financeiro e de capitais adquirem volumes muito grandes e são acessíveis e abertos para todos. A grande abertura e quantidade de transações que ocorrem no mercado de capitais está ligada à segurança e à confiança que apresenta um ambiente de negociações seguro e maduro. Muito disso devido à atuação das comissões de valores mobiliários. TEMA 3 – BOLSAS DE VALORES Existe quem tenha a percepção geral de que o mercado de bolsa de valores é muito arriscado. Geralmente atribui a esse mercado ganhos e perdas excessivos e a existência de uma lógica de jogatina nos movimentos do mercado de bolsa de valores. Essa percepção acontece quando se associa o mercado de ações como sendo a única possibilidade que existe para aqueles que negociam na bolsa de valores. Antes de mais nada, é importante ressaltar que a bolsa de valores não se trata de um mercado, mas de um ambiente de negociações. A bolsa de valores é um “local”, onde é negociada uma diversidade enorme de ativos mobiliários. A bolsa de valores, portanto, por si só, não é o que apresenta risco aos investimentos. Ao contrário, a bolsa de valores só é amplamente difundida e utilizada porque promove uma redução dos riscos das negociações e permite maior transparência e segurança para a negociação dos títulos mobiliários. Apesar da existência dessa característica de altos e baixos diários nos ativos negociados em bolsa de valores, é importante pensar que a bolsa de valores se trata de um ambiente de negociação que procura promover as negociações da forma mais transparente, líquida e segura. Essa percepção de risco referente a bolsa de valores está ligada às oscilações dos ativos mobiliários negociados nesse ambiente. Uma das características da bolsa de valores é a de que ela reúne em um mesmo local os compradores e vendedores de um ativo, o que acarreta, além da transparência das negociações, um grande aumento da liquidez do ativo financeiro. Essa liquidez é caracterizada pelo fato de a cotação de um ativo na bolsa de valores se referir ao preço em que, de fato, os vendedores e compradores concordam em negociar determinado ativo. Muito diferente do mercado imobiliário, por exemplo. Há quem atribua um preço por seu próprio imóvel, mas não consegue ninguém para comprar o imóvel a esse preço. O proprietário demanda 11 determinado valor para o imóvel, mas está para vender faz 2 anos e não aparece nenhum comprador disposto a pagar o preço demandado. Seguindo esse exemplo, na bolsa de valores o valor do imóvel não seria aquele demandado pelo proprietário, mas o preço do último negócio do imóvel. Assim, quando um preço na bolsa de valores oscila, isso significa que compradores e vendedores estão negociando o ativo financeiro a diferentes preços dia a dia. E existe um potencial enorme de você poder comprar ou vender aquele ativo financeiro pelo preço que está sendo negociado na bolsa de valores. Essa característica é muito importante para o ambiente de bolsa. Porque é a liquidez do ativo financeiro, ou seja, a capacidade de comprá-lo e vendê-lo com facilidade, o que acaba por repercutir em uma grande oscilação do preço dos ativos. Geralmente se relaciona o mercado de bolsa de valores ao mercado de ações. No entanto, na bolsa de valores se negocia muito mais do que somente ações. A maioria dos negócios na bolsa de valores brasileiro, por exemplo, é no mercado de juros e moedas. Na bolsa também são negociadas commodities como milho, soja, café, boi gordo. Também são negociados na bolsa fundos, como ETF´s ou fundos imobiliários. Ou seja, é possível investir no mercado imobiliário comprando fundos imobiliários que possuem suas cotas negociadas na bolsa de valores. Atualmente, na bolsa de valores brasileira, a BM&F Bovespa, existem 133 diferentes fundos de investimentos imobiliários possíveis de serem adquiridos (BMF Bovespa, 2016). Isso demonstra a versatilidade com que as bolsas de valores podem ser utilizadas. A bolsa de valores, portanto, tem como objetivo promover a maior transparência possível nas negociações dos ativos mobiliários. Para isso, a bolsa oferece um canal de comunicação para os investidores, em que todos os participantes possuem as mesmas informações disponíveis. Além disso, a bolsa de valores oferece uma possibilidade de negociação, em que não existe privilégio de preço para alguns tipos de participantes. Isso significa que o preço do dólar para o pequeno investidor será, na bolsa de valores, o mesmo preço do dólar para o grande investidor. Isso ocorre porque os ativos mobiliários possuem um único local paranegociação do ativo. Esse “local” é o livro de ofertas, em que todas as ordens de compra e venda do ativo mobiliário disputam por preço no mesmo ambiente de negócio, de maneira transparente. 12 No tema 5 desta aula, vamos compreender melhor como se dá a disputa por preço dentro do livro de ofertas. As bolsas de valores, portanto, prezam pela transparência das negociações e suportam negociações de uma quantidade diversa de ativos financeiros. As principais bolsas de valores do mundo permitem aos investidores comprar e vender ativos pela internet. A facilidade de acesso ao ambiente de negociações é uma vantagem dos ativos financeiros que são listados na bolsa de valores. Não há barreiras de entrada para participantes nesse mercado, e a facilidade de acesso e de informações se dá, na grande parte das vezes, a partir de meios eletrônicos disponíveis pela internet. Além de oferecer um ambiente para negociação de ativos mobiliários, a bolsa oferece também o serviço de liquidação e custódia. Isso significa que a bolsa se responsabiliza pela transferência dos recursos financeiros entre compradores e vendedores dos ativos mobiliários. A responsabilidade da bolsa de valores em cobrar e pagar as negociações oferece garantia no recebimento e na disponibilidade dos ativos financeiros, tanto para os compradores quanto para os vendedores. Portanto, as negociações na bolsa de valores não correm risco de inadimplência, uma vez que a própria instituição se responsabiliza pela execução das transferências. A bolsa de valores brasileira é uma companhia privada com fins lucrativos e suas ações são negociadas na própria bolsa de valores. No que concerne às características da sua atividade, a BM&F Bovespa se define como uma companhia que administra mercados organizados de Títulos, Valores Mobiliários e Contratos Derivativos, além de prestar serviços de registro, compensação e liquidação, atuando, principalmente, como contraparte central garantidora da liquidação financeira das operações realizadas em seus ambientes (BMF Bovespa, 2016b). A definição acima deixa clara a importância em dar segurança às negociações de ativos financeiros, a partir da administração desse mercado organizado, com destaque em atuar como garantidora da liquidação, dando segurança para as negociações. Nos Estados Unidos, existem várias bolsas de valores. As mais conhecidas são a New York Stock Exchange (NYSE), na qual é negociada uma grande parte das principais ações das empresas americanas; a Nasdaq, onde são negociadas as companhias com caráter tecnológico e relativas à internet, 13 como Microsoft, Apple, Google, Amazon, Facebook, entre outros. Também existem as bolsas que negociam, principalmente, commodities, como soja e seus derivativos (os quais entenderemos melhor nas aulas 4 e 5), a exemplo da Chicago Mercantile Exchange (CME). As bolsas de valores são companhias responsáveis por oferecer um ambiente de negociação seguro para as transações financeiras de compra e venda de ativos mobiliários. Por conta da ampla presença de investidores no mesmo local, os ativos apresentam um volume enorme de negociações, o que acarreta que os ativos listados nas bolsas apresentem flutuações diárias. É importante lembrar que o preço que as bolsas alegam estar cada um dos ativos se refere ao valor em que ocorreram as últimas negociações daquele ativo financeiro, portanto costuma ser uma região de preço com grande segurança de encontrar compradores ou vendedores para o ativo mobiliário em questão. TEMA 4 – ÍNDICES REFERENCIAIS É muito comum a utilização de taxas referenciais para fixar contratos. Por exemplo, os títulos bancários chamados CDB’s, que são aplicações financeiras muito comuns que os bancos oferecem a seus clientes, costumam remunerar aos investidores um percentual do CDI. Nesse caso, o CDI atua como uma taxa referencial. Se o CDI for maior, o investimento remunerará melhor o investidor, enquanto o CDI for mais baixo, remunerará em menores percentuais ao investidor. As taxas referenciais são muito utilizadas por serem um meio de fixar uma remuneração condizente com os parâmetros do negócio que se está realizando, sem que a taxa seja arbitrada de forma aleatória ou de forma tendenciosa. As taxas referenciais são muito importantes por serem um meio de estipular uma referência neutra para os contratos financeiros. Por esse motivo, os mercados financeiros e de capitais utilizam muito as taxas referenciais como meios de indexar as remunerações dos seus contratos, bem como o mercado financeiro, por ser um ambiente de grande volume de negociação, torna-se um instrumento eficiente para originar taxas referenciais. O CDI, aqui no Brasil, por exemplo, é uma taxa média de empréstimo entre os bancos. Isso significa que os bancos usam uma taxa referencial de seus títulos de remuneração, o qual tem origem nas próprias negociações que os bancos realizam entre si. Isso exemplifica bem a utilização e a origem das taxas referenciais no mercado financeiro. 14 Enquanto as taxas referenciais seguem uma metodologia rigorosa, podendo ser utilizadas com certa segurança para a fixação de remuneração de pagamentos e recebimentos, a escolha da taxa adequada para os contratos se torna um aspecto central para que os recebimentos e pagamentos façam sentido dentro da intenção e da natureza do contrato. Não é diferente para as negociações no mercado financeiro. No sistema financeiro internacional, existe uma grande quantidade de taxas referenciais que podem ser utilizadas como instrumentos de indexação de títulos mobiliários e de fundos de investimentos. No Brasil, uma taxa muito utilizada é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), em que o custo médio de empréstimo diário entre os bancos forma essa taxa referencial. O equivalente ao CDI mais utilizado no mercado internacional é a taxa Libor, que mensura a taxa média paga pelos bancos para conseguir empréstimos em uma determinada moeda, dentro do mercado interbancário de Londres. Enquanto CDI se trata de uma taxa diária, ou seja, empréstimos com duração de um dia, a taxa Libor é anunciada com sete vencimentos diferentes e em cinco diferentes moedas (ICE, 2016). Quem divulga as taxas e os vencimentos é a Intercontinental Exchange (ICE), uma companhia responsável pela liquidação de pagamentos e recebimentos de uma série de bolsas de valores e intermediações financeiras. Para cada moeda, a ICE conta com a contribuição de onze a dezessete diferentes instituições financeiras para formação dessa taxa de referência. Na Figura 2, é possível observar o histórico das taxas Libor de um mês, três meses, seis meses e doze meses dos empréstimos interbancários em dólar americano. Marcados em região mais escura estão os períodos de recessão da economia americana. É possível perceber como foi forte a queda dos juros durante a crise do subprime em 2008, e demonstra também o processo de elevação dos custos de empréstimos no final do ano de 2015, com o processo de normalização das taxas de juros por parte do FED (banco central dos Estados Unidos), quando iniciou o aumento das taxas dos títulos públicos americanos de curto de 0,25% para 0,5% ao ano. Figura 2 – taxas Libor em dólar de 1, 3, 6 e 12 meses. 15 Fonte: Macrotrends, 2016. Além da taxa Libor, as taxas dos títulos públicos são importantes indicadores de referência. Por serem os títulos do país responsáveis pela emissão dos dólares americanos, os títulos públicos dos Estados Unidos se tornam uma base referencial do custo dos empréstimos livres de risco. Existem taxas de referência não somente para as aplicações e investimentos em renda fixa, mas para uma diversidade de tipos de transações. Os índices das bolsas de valores, por exemplo, podem ser utilizados como taxas referenciais. No Brasil, o Ibovespa é o principal índicepara representar a oscilação do mercado acionário. Além do Ibovespa, existem outros índices, como o índice das cinquenta ações mais negociadas (IbrX 50), ou o índice de ações menores, as chamadas small caps (SMLL), ou ainda o índice que representa o comportamento das ações do setor elétrico (IEE). Cada qual tem suas características específicas e pode ser usado de acordo com propósitos diferentes. No mercado internacional, existem índices que mensuram o comportamento médio de diversos grupos de países. O Morgan Stanley Capital International (MSCI) é uma companhia que apresenta uma série de índices de referência, e funciona como um bom exemplo da abrangência e diversidade desses índices de referência. Existem índices que representam o comportamento das ações dos mercados emergentes, existem índices que mensuram o comportamento dos mercados de países desenvolvidos, existem índices que mensuram o comportamento dos mercados do mundo inteiro (MSCI, 2016). 16 Os índices referenciais são importantes instrumentos de vinculação de remuneração de contratos, e também são amplamente utilizados pelo mercado financeiro como um meio de estabelecer parâmetros de referência. Os indicadores costumam seguir metodologias rígidas e constantes, de modo a serem utilizados com segurança de sua imparcialidade. No entanto, a escolha do índice de referência se torna o aspecto central para estabelecer um critério de comparação condizente ao tipo de negócios e riscos aos quais as negociações estão expostas. TEMA 5 – OFERTA VS DEMANDA E A ARBITRAGEM O mercado financeiro está organizado para privilegiar a oferta e a demanda para a determinação dos preços. Quanto maior for a facilidade de participação para negociação dos ativos financeiros e maior for a igualdade das informações entre todos, maior é a possibilidade de os preços dos ativos financeiros serem determinados a partir das forças de oferta e demanda. Segundo a lógica de mercado, é o apetite dos compradores e dos vendedores que deveria determinar o preço dos ativos financeiros. Portanto, existe uma preocupação de que as negociações no mercado financeiro sejam de tal forma que nenhum participante apresente poder suficiente para distorcer os preços de maneira significativa, ou de controlar as negociações de forma unilateral. O mercado financeiro, por assim dizer, preza pela força do mercado, e não pelas particulares de um ou outro investidor. As bolsas de valores são importantes instrumentos de transparência e podem auxiliar muito para que o preço seja dado a partir da lógica da oferta e demanda, em vez de algum outro princípio. A oferta e a demanda para determinação dos preços dos ativos financeiros são mais eficientes quando há presença da competição. O estímulo para a competição entre os compradores, para a compra do ativo, e entre os vendedores, para a venda do ativo, sugere que o preço de negociação daquele ativo se dá, de fato, de acordo com as leis do mercado de oferta e demanda. É essa competição pela compra e pela venda que faz com que os ativos financeiros alterem de preço. Ao aumentar ou diminuir a disposição de compra e de venda para os ativos financeiros, também são alterados os preços de negociação desses ativos. Portanto, tem de ficar claro que são os próprios negociantes que modificam o preço dos valores dos 17 ativos financeiros, como o valor da moeda, do próprio juros, das ações, das commodities, entre outros, ao realizarem suas negociações. Um bom meio para observar a força da oferta e da demanda para a determinação dos preços dos ativos financeiros é o livro de ofertas. Também chamado de book, esse é o local onde são colocadas as ordens de compra e venda referentes a determinado ativo financeiro. Nesse caso, todas as ordens se concentram em um único local, e os participantes competem pela compra e pela venda do ativo, a partir do preço e da ordem de chegada. Na Figura 3, é possível observar um momento do livro de ofertas para a compra das ações do Itaú. Os compradores que oferecem um preço maior pelo ativo possuem preferência para comprá-lo em relação àqueles que oferecem um preço menor. Isso significa que os compradores que oferecem um preço mais alto estão “à frente” na fila da compra. No caso dos vendedores, é o inverso. Os vendedores que procuram vender o ativo por um preço mais barato, estão “à frente” em relação aos vendedores que oferecem suas ações a um preço mais caro. O preço de um ativo é dado quando ocorre um encontro de preço entre a oferta do comprador e do vendedor. Ou seja, o preço de um ativo é exatamente aquele em que ocorreu uma negociação. Na Figura 3, por exemplo, se acontecer de um participante vender as suas ações para o comprador ao valor de R$34,89, o valor da ação será exatamente esse mesmo valor. Se, em qualquer momento depois, um comprador se dispor a pagar R$34,92 pela ação, imediatamente o preço do ativo irá mudar para esse último preço. Figura 3 – Livro de oferta das ações do Itaú Fonte: software CMA. O preço de um ativo sobe muito quando os compradores começam a aumentar o preço de oferta de compra, porque não há vendedores suficientes 18 para baixar os preços e suprir os compradores interessados na compra do ativo. Portanto, para comprar o ativo, só aumentando o valor da oferta de compra. Os compradores, competindo entre si para a compra do ativo, acabam elevando o valor do ativo financeiro. É o mesmo caso para os momentos de quedas acentuadas. Os vendedores reduzem o preço de venda, pela falta de compradores para absorver toda a oferta de venda do ativo. Essa característica da compra e venda para a determinação do preço dos ativos acarreta em uma característica importante para as negociações internacionais: a arbitragem. A arbitragem se refere à possibilidade de os agentes financeiros se aproveitarem de distorções de preços momentâneas para obter lucros sem riscos. Por exemplo, se as ações da Petrobras estiverem mais caras no Brasil do que nos Estados Unidos, os agentes financeiros podem vender as ações no Brasil e comprá-las nos Estados Unidos. Assim, eles obtêm ganhos sem riscos. Nesse caso, eles manteriam as mesmas ações da Petrobras, no entanto, por tê-las vendido um pouco mais caro no Brasil do que pagaram para comprá-las nos Estados Unidos, obtiveram uma diferença financeira que pode ser considerada um ganho sem risco. As operações de arbitragem são possíveis porque os operadores que estão vigiando os preços nos mercados financeiros podem atuar em diversos locais ao mesmo tempo. Quando os envolvidos nessas operações observam preços diferentes da Petrobras no Brasil e nos Estados Unidos, atuam contra a distorção dos preços. Se os preços no Brasil estão mais caros, eles venderão os ativos no Brasil. A maior presença de vendedores acaba forçando o preço para baixo. Enquanto que os preços menores nos Estados Unidos desencadeiam ordens de compra por conta de quem está realizando as arbitragens, de modo que os preços nesse local acabam sendo pressionados para cima. O resultado é que os preços que estavam mais altos no Brasil acabam sendo pressionados para baixo, e os preços que estavam mais baixos nos Estados Unidos acabam sendo pressionados para cima. Desse modo, em pouco tempo os preços em ambos os países acabam ficando equivalentes, de modo a não permitir mais a operação de arbitragem, ou seja, ganhos sem riscos. As ordens de compra e venda no mercado financeiro acabam sendo os determinantes da formação de preço dos ativos financeiros. Isso significa que é a lei da oferta e da demanda que acaba prevalecendo no ambiente das 19 negociações financeiras. O fato de ser a realização das negociações o que orienta os preços dos ativos, ou seja, a presença de compradores e vendedores, permite que os agentes que monitoram as negociações realizem a arbitragemde preços diferentes em locais diferentes. Isso significa comprar ou vender o mesmo ativo, negociando nos diferentes locais a preços diferentes, e ganhar a diferença de preços sem correr riscos. Em ambientes em que impera a lei da oferta e da demanda, o resultado da arbitragem é a de que os preços internacionais convergem para estarem equilibrados, independentemente do local onde são negociados os ativos financeiros, eles tendem a ser equivalentes ao redor do globo. Se ocorrem distorções de preços, elas são rápidas e passageiras, devido à atuação de investidores que se aproveitam dessas diferenças de preços. TROCANDO IDEIAS Os reguladores e as principais instituições no mercado financeiro são importantes para que esse mercado seja considerado um mercado seguro, possibilitando o maior fluxo de transações possíveis. Isso permite a melhora na alocação de capital. Os Bancos Centrais, com a preocupação de manter os mercados financeiros funcionando, depois dos problemas da crise de 2008, estiveram em uma posição central, com a redução dos juros e a impressão de dinheiro. Dê uma olhada sobre o quantitative easing, é muito interessante. Aqui a sugestão de um link sobre o tema: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Quantitative_easing#cite_note-1>. NA PRÁTICA A internacionalização do mercado financeiro faz com que os eventos locais tenham consequências mundiais. A crise de 2008 do subprime, cujo epicentro foram os Estados Unidos, teve efeito colateral no mundo inteiro. Por que isso acontece? Os ativos financeiros são negociados entre os países. Os títulos de dívida originados nos EUA foram repassados diversas vezes entre os investidores, de modo que uma série de bancos em diversos países possuíam os ativos financeiros das dívidas originadas para empréstimos subprime nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que a internacionalização do mercado financeiro pode permitir que os recursos sejam transacionados entre países, e 20 permite uma melhor alocação dos investimentos, também podemos verificar que, consequentemente, existe uma interdependência muito maior. Além da negociação dos ativos financeiros, as notícias, que viajam imediatamente por meios digitais para todos os cantos do mundo, permitem que os eventos locais afetem, na hora, todos os locais em que ocorrem as negociações. Os especuladores e investidores profissionais estão atentos ao que ocorre no mundo todo, a todos os momentos, e, se algo que pode afetar os negócios acontece em algum lugar do planeta, então os investidores e especuladores realizam suas movimentações com a finalidade de antecipar as consequências desse evento, de modo que os efeitos são sentidos imediatamente no mercado financeiro. A internacionalização, portanto, tem várias facetas e consequências. E para você, a internacionalização é boa ou ruim? FINALIZANDO O mercado financeiro internacional possui a presença de reguladores e de mecanismos de funcionamento que o tornam um mercado seguro e, portanto, altamente acessível. Também possui meios de liquidação e transações facilitados, que permitem que se negociem ativos interfronteiras com grandes volumes e velocidades. O mercado financeiro internacional é um meio de negociação em que as compras e vendas acontecem de forma competitiva. Na grande maioria das vezes, as compras e vendas dos ativos ocorrem por meio da competição entre os compradores e os vendedores, para que prevaleça um preço determinado pela oferta e demanda dos negociadores. Como meio de estabelecer referências para as negociações e apresentar informações que podem ajudar as negociações, os índices de referências são formas padronizadas de calcular, ao longo do tempo, os níveis de remuneração/pagamento dos contratos financeiros, e indicadores para acompanhamento da performance das economias dos mais diversos países e dos ativos financeiros. REFERÊNCIAS ADVFN, 2016. Disponível em: <http://br.advfn.com/bolsa-de- valores/bovespa/banco-do-brasil-BBAS3/cotacao>. Acesso em: 23 out. 2016. 21 BANCO CENTRAL, 2016. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/Pre/composicao/bacen.asp>. Acesso em: 20 out. 2016. BANCO MUNDIAL, 2016. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.CD?locations=BR>. Acesso em: 1 out. 2016. BBC, 2015. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150122_afrouxamento_quan titativo_lgb>. Acesso em: 23 out. 2016. BERGER, P. L. Mercado de Renda Fixa no Brasil: ênfase em títulos públicos. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2015. BLOOMBERG, 2016. Disponível em: <http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-04-06/japan-is-fast- approaching-the-quantitative-limits-of-quantitative-easing>. Acesso em: 23 out. 2016. BMFBOVESPA, 2016. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e- derivativos/renda-variavel/fundos-de-investimentos/fii/fiis-listados/>. Acesso em: 23 out. 2016. BMFBOVESPA, 2016b. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/institucional/sobre-a-bm-fbovespa/quem- somos/>. Acesso em: 23 out. 2016. CVM, 2016. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/mandatole gal.html>. Acesso em: 23 out. 2016. FMI, 2016. Disponível em: <http://www.imf.org/en/Data>. Acesso em: 1 out. 2016. 22 G1, 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/12/bc- dos-eua-eleva-juros-pela-primeira-vez-em-quase-uma-decada.html>. Acesso em: 23 out. 2016. GUARDIAN, 2014. Disponível em: <https://www.theguardian.com/business/2014/aug/21/bank-of-america-record- settlement-mortgages>. Acesso em: 12 out. 2016. GUARDIAN, 2014b. Disponível em: <https://www.theguardian.com/business/2014/jul/14/citigroup-settle-subprime- mortgage-investigation>. Acesso em: 12 out. 2016. ICE, 2016. Disponível em: <https://www.theice.com/iba/libor>. Acesso em: 24 out. 2016. IOSCO, 2016. Disponível em: <http://www.iosco.org/about/?subsection=about_iosco>. Acesso em: 23 out. 2016. MACROTRENDS, 2016. Disponível em: <http://www.macrotrends.net/1433/historical-libor-rates-chart>. Acesso em: 24 out. 2016. MSCI, 2016. Disponível em: <https://www.msci.com/market-cap-weighted- indexes>. Acesso em: 24 out. 2016. NEW YORK TIMES, 2014. Disponível em: <http://www.nytimes.com/2014/10/30/upshot/the-fed-has-not-stopped-trying-to- stimulate-the-economy.html?rref=upshot&abt=0002&abg=1&_r=0>. Acesso em: 1 out. 2016. PEREIRA, C. L. Mercado de Capitais. Curitiba: Intersaberes, 2013. REUTERS, 2013. Disponível em: <http://www.reuters.com/article/us-jpmorgan- settlement-idUSBRE9AI0OA20131120>. Acesso em: 12 out. 2016. 23 SEC, 2016. Disponível em: <https://www.sec.gov/about/whatwedo.shtml>. Acesso em: 23 out. 2016.
Compartilhar