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AULA 01 SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL E PRÁTICAS CAMBIAIS - FUNCIONAMENTO DO MERCADO INTERNACIONAL

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SISTEMA FINANCEIRO 
INTERNACIONAL E 
PRÁTICAS CAMBIAIS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Henri Siro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em praticamente todos os países com economias pujantes e 
desenvolvidas, os mercados financeiros também são robustos e muito 
atuantes. Países com maior desenvolvimento econômico acabam 
apresentando mercados financeiros com maiores volumes de negociação e 
com maior presença no dia a dia das pessoas e das empresas. O mercado 
financeiro é importante tanto do ponto de vista daqueles que demandam 
recursos, sendo capaz de aumentar o escoamento de dinheiro para aqueles 
envolvidos em atividades produtivas, quanto uma alternativa para os que 
possuem excedente de capital, sendo capaz de servir como uma ponte para 
alternativas de alocação de recursos, ampliando as possibilidades de poupança 
e favorecendo o aumento dos investimentos (Pereira, 2013, p. 29). É neste 
ambiente de fluxo financeiro entre agente superavitários e deficitários que se 
encaixa o cenário internacional do mercado financeiro. O mercado financeiro 
possui uma característica internacional muito evidente, e implica uma dinâmica 
de funcionamento que se relaciona, em muitos casos, com maior importância à 
situação mundial do que local. Eventos que ocorrem no outro lado do globo 
afetam as negociações dos ativos financeiros em todos os lugares do mundo. 
Notícias ligadas aos Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Japão e outros 
países repercutem nos noticiários com uma velocidade estrondosa, e 
imediatamente afetam as negociações no mercado financeiro do mundo inteiro. 
No entanto, a característica internacional do mercado financeiro não se 
restringe às informações que flutuam imediatamente pelos sistemas de 
informações, influenciando as tomadas de decisões por todo o mundo, mas 
também pela possibilidade de negociação que envolve compra e venda de 
ativos financeiros por meio das fronteiras de diferentes países. 
 O fluxo financeiro internacional, ou seja, que transita entre as fronteiras 
dos países, tanto de compra quanto de venda de ativos financeiros, sejam eles 
moedas, dívidas, ações, commodities, é constante e de um volume muito 
grande. A facilidade que o capital financeiro possui para flutuar de um país para 
o outro é uma característica marcante, e possui efeitos para praticamente todas 
as sociedades do mundo contemporâneo. Emissão de dívidas de empresas 
para fora do país, repasse dessas dívidas entre os investidores das mais 
diversas nacionalidades, agrupamento de dívidas com origens em diferentes 
países dentro de um único instrumento de alocação financeiro são apenas 
 
 
3 
algumas das possibilidades que se abrem pela característica internacionalizada 
do mercado financeiro. 
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI, 2016), no final do ano 
de 2015, o volume financeiro de títulos detidos interfronteiras, ou seja, em que 
os detentores dos títulos são de nacionalidade diversa ao do título que 
adquiriram, somava U$46,2 trilhões. O número por si só pode não ser muito 
elucidativo, mas, para termos uma noção melhor do que ele representa, 
utilizemos como comparação o PIB brasileiro, o qual, segundo o Banco Mundial 
(2016), totalizou no ano de 2015 o valor de U$1,7 trilhão. Ou seja, os títulos 
detidos interfronteiras somaram quase 30 vezes o valor do PIB Brasileiro, 
nesse mesmo ano. Não é pouca coisa. Aqui reside a importância de 
compreender como funcionam as negociações no mercado financeiro, 
considerando as características de flutuação financeira entre os diversos 
países. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Países integrados dentro do sistema econômico atual são interligados de 
diversas maneiras, e um importante meio que interliga esses países é o 
mercado financeiro. Quando acontece algum evento nos Estados Unidos, 
existem repercussões imediatas nos ativos financeiros no Brasil. O mercado 
financeiro, por sua vez, tem implicações diretas no dia a dia das pessoas. Mas 
como eventos nos EUA podem influenciar a vida das pessoas do Brasil, as 
quais não estão diretamente ligadas às negociações dos ativos financeiros? A 
resposta para essa pergunta se dá pelo fato de que os ativos financeiros 
afetam a todos dentro de uma economia, mesmo quando essas pessoas não 
estão envolvidas diretamente nas negociações no mercado financeiro. Um bom 
exemplo é o valor da moeda. Quanto vale a moeda brasileira em relação ao 
dólar? Essa resposta é dada todos os dias pelo mercado financeiro. Quando 
acontecem eventos fora do Brasil, os quais favorecem o aumento do preço do 
dólar americano, imediatamente o valor do dólar americano tende a se valorizar 
também em relação à moeda brasileira. Se o dólar americano (USD) aumenta 
seu valor em relação ao real (BRL), vamos supor um exemplo em que a moeda 
americana saia de R$3,20 USD/BRL para R$3,40 USD/BRL, os seus efeitos 
são sentidos na vida de todos os brasileiros. Como exemplo, podemos dizer 
que, com a alta do preço do dólar, todos os produtos importados passarão a 
 
 
4 
ser mais caros para os consumidores brasileiros. E a alta do preço dos 
produtos importados influenciará o consumo das famílias. As empresas 
nacionais se tornarão mais competitivas em relação às empresas 
internacionais, podendo ter acesso a um mercado consumidor maior. As 
empresas exportadoras passarão a ser mais estimuladas para realizar suas 
negociações com compradores de seus produtos fora do país. Todos esses 
efeitos porque um evento fora do Brasil afetou o valor da moeda do dólar 
americano, o qual se vê quase imediatamente influencia no valor do dólar 
americano em relação ao real (USD/BRL), e seus efeitos serão vistos na 
economia, na inflação, no consumo. Ou seja, no dia a dia das pessoas. 
O mercado financeiro, por sua característica internacional, importa e 
exporta os efeitos dos eventos com uma velocidade enorme, tornando a 
sociedade em que está inserido imersa de maneira mais imediata e profunda 
no contexto econômico global. Uma dinâmica internacional com efeitos práticos 
no dia a dia de todas as pessoas se instala por conta da característica 
internacionalizada das negociações financeiras e sua capacidade de impactar, 
economicamente, a vida de todos aqueles que vivem em países que abrigam o 
mercado financeiro como um dos sistemas de negociações vigentes, como um 
instrumento de criação de valor e otimização da alocação de recursos 
financeiros. 
 
TEMA 1 – BANCOS CENTRAIS 
Os bancos centrais possuem a responsabilidade de executar as 
principais decisões referentes à manutenção do poder de compra de uma 
moeda. Isso não é uma tarefa qualquer. Os bancos centrais possuem 
capacidade e fôlego financeiro para alterar o valor da moeda. Isso porque eles 
são os emissores do papel-moeda e possuem meios de controlar a circulação 
da moeda. O banco central de um país deve ser entendido como o banco mais 
poderoso entre os bancos daquela nação. 
Para garantir o poder de compra da moeda, executando a orientação do 
Conselho Monetário Nacional, o Banco Central realiza os seguintes objetivos 
(Banco Central, 2016): 
 Zelar pela adequada liquidez da economia. 
 Manter as reservas internacionais em nível adequado. 
 Estimular a formação de poupança. 
 
 
5 
 Zelar pela estabilidade e promover o permanente 
aperfeiçoamento do sistema financeiro. 
Para a realização dos objetivos citados, isso implica uma série de 
atribuições pertinentes para a atividade do Banco Central. Uma série dessas 
atribuições está ligada à fiscalização e ao controle das atividades das 
instituições financeiras. O Banco Central interfere nas concessões de crédito e 
no nível de juros que são praticadas pelos empréstimos das instituições 
financeiras. Os dois instrumentos mais populares de intervenção no custo dos 
empréstimos das instituições financeiras são a execução das políticas para a 
manutenção da taxa básica de juros, a Selic, e a determinação do créditocompulsório. Para controlar os juros de curto prazo, a Selic, existe uma 
interessante atuação de compra e venda de títulos públicos diretamente com 
as principais instituições financeiras, os chamados dealers. Esse processo é 
muito interessante, porque a taxa de juros não é determinada por força de lei, 
com efeitos de sanção normativa. A taxa de juros é determinada pela oferta e 
demanda de títulos públicos, a partir da negociação do Banco Central com as 
principais instituições financeiras, comprando ou vendendo títulos públicos. 
Como os títulos públicos são considerados livres de risco, o Banco Central 
realiza leilões de compra e venda de títulos públicos com as principais 
instituições financeiras, com a finalidade de, a partir da oferta e demanda 
desses títulos, manter a taxa de juros de acordo com aquela estipulada como 
meta para a taxa Selic (Berger, 2015, p. 45). 
Nos países ao redor do globo, os bancos centrais também são de 
extrema importância para a dinâmica dos mercados financeiros. Com a 
atribuição de emissão de moeda e a possibilidade de intervenção para a 
manutenção da estabilidade do sistema financeiro, os principais bancos 
centrais mundiais têm tido uma influência muito grande na economia atual, 
sobretudo depois da crise do subprime¸ ocorrida em 2008 nos Estados Unidos. 
Devido aos grandes prejuízos bancários desse período e à desestabilidade 
eminente do sistema financeiro, o banco central dos Estados Unidos, também 
chamado de Federal Reserve (FED), reduziu os juros de maneira dramática 
para 0,25% ao ano, e iniciou programas de impressão de moeda para compra 
de ativos financeiros. Esses programas são chamados de Quantitative Easing, 
ou afrouxo quantitativo, que não se trata mais do que um programa de 
impressão de moeda para compra de ativos financeiros. De 2008 até 2014, o 
 
 
6 
FED realizou três programas de afrouxo quantitativo, os quais, segundo o New 
York Times (2014), resultaram em torno de U$4 trilhões de emissão de novos 
dólares. Desde então, o FED finalizou a impressão desses novos dólares, mas 
manteve as taxas de juros a praticamente 0% ao ano até que, em dezembro de 
2015, houve a primeira elevação de juros depois de 7 anos (G1, 2015). Ainda 
os juros se mantêm muito próximos de 0%, a níveis em torno de 0,25% e 0,5% 
ao ano, mas o movimento é de início de um período de aumento da restrição 
de dinheiro por parte da instituição. 
Na Zona do Euro, o banco central possui características muito 
peculiares. Em vez de o banco central estar ligado a um único país, ele é 
responsável pela emissão de uma moeda utilizada em diversos países. Isso faz 
com que não exista a possibilidade de os países dentro da Zona do Euro 
assumirem uma política monetária independente, o que torna o trabalho do 
Banco Central Europeu (BCE) algo muito particular. A Zona do Euro é 
caracterizada justamente pelo fato de os países que a integram não possuírem 
bancos centrais independentes e compartilharem uma política única de 
emissão de moeda. O Banco Central Europeu, portanto, responsabiliza-se por 
uma única política monetária que tem como intenção manter a estabilidade e o 
crescimento econômico dos diversos países da Zona do Euro. A crise que teve 
como representante principal a Grécia, no ano de 2010, colocou certa tensão 
na estabilidade do bloco. Muitos supunham que seria necessário a Grécia sair 
da Zona do Euro para que pudesse resolver seus problemas. A saída da 
Grécia da Zona do Euro seria representada pelo fato de a Grécia iniciar a 
emissão de sua própria moeda. Tal fato não ocorreu, mas foi o marco de um 
período de instabilidade que acabou tendo efeitos importantes para as políticas 
do Banco Central Europeu. A instabilidade que se iniciou com a crise da 
Grécia, foi intensificada pela ausência de crescimento econômico e pelos riscos 
de deflação que começaram a se apresentar para o bloco europeu. O Banco 
Central Europeu iniciou o próprio programa de Quantitative Easing (BBC, 2015) 
em 2015, com a intensão de comprar €60 bilhões ao mês em dívidas de países 
e empresas até o total de €1,1 trilhão. Em dezembro do mesmo ano, o BCE 
resolveu intensificar o programa de compra de ativos. Essa “enxurrada” de 
dinheiro de juros baixos e quantitative easing da conjuntura atual tem criado 
uma situação um pouco especial, que é a presença de juros negativos. Como 
 
 
7 
há muito dinheiro em circulação, investidores estão se sentindo à vontade para 
pagar a fim de emprestar dinheiro a países de baixo risco. 
O Banco Central do Japão (BOJ) também possui um programa de 
quantitative easing que tem sido bem atuante desde os anos de 2012. O BOJ 
tem comprado ativos no montante médio de U$733 bilhões ao ano. Na Figura 
1, é possível ver a taxa de juros japonesa que está caindo ano após ano, e a 
quantidade de ativos que o Banco Central do Japão possui na carteira. O 
aumento da quantidade de ativos do BOJ é consequência de suas políticas de 
quantitative easing. 
Figura 1 – taxa de juros dos títulos japoneses e o total de ativos do Banco Central do Japão 
 
Fonte: Bloomberg, 2016. 
 
Os bancos centrais são instituições realmente importantes para a 
dinâmica da economia e para o mercado financeiro da atualidade. As suas 
atribuições possuem capacidade de influenciar a disponibilidade financeira e 
apresentam grande impacto para o dia a dia de todos os indivíduos das nações 
em que essas instituições adquirem a competência de emissão de moeda, com 
vistas a preservar o poder de compra da moeda e o crescimento da economia. 
 
TEMA 2 – COMISSÕES DE VALORES MOBILIÁRIOS 
As comissões de valores mobiliários são as instituições responsáveis 
para fiscalizar e normatizar o funcionamento das instituições, especificamente 
ao mercado financeiro. São instituições muito importantes para a transparência 
e segurança do mercado financeiro. Enquanto a atuação dos bancos centrais 
está mais ligada à fiscalização das instituições financeiras com vistas ao 
 
 
8 
sistema financeiro, como a alavancagem das instituições bancárias e suas 
atuações no mercado de concessão de crédito, as comissões de valores 
mobiliários possuem maiores responsabilidades sobre a atuação das 
instituições financeiras e suas práticas no mercado financeiro, como o mercado 
de negociação na bolsa de valores e a negociação de valores mobiliários como 
um todo. 
No Brasil, a instituição que tem essas responsabilidades possui como 
nome o próprio termo Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a 
CVM (2016), o seu mandato legal tem as seguintes funções: a) 
desenvolvimento do mercado, o que significa estimular e promover o uso do 
mercado de capitais e a formação de poupança por meio dele; b) eficiência e 
funcionamento do mercado, o que significa fazer com que o mercado funcione 
de maneira regular, de maneira transparente e de forma equitativa; proteção 
dos investidores, o que significa atentar para estabelecer parâmetros a fim de 
evitar fraudes, emissões irregulares, coibir fraudes e situações que possam 
afetar artificialmente as condições de oferta e demanda; c) acesso à 
informação adequada, o que significa garantir que o público em geral tenha 
amplo acesso às informações necessárias para a negociação de valores 
mobiliários, sem privilégios por nenhum indivíduo ou agente financeiro em 
específico; d) fiscalização e punição, o que significa que a CVM tem poder de 
fiscalizar as atividades ligadas às negociações de valores mobiliários e tem a 
competência de impor penalidades, cobrar multas e adequações dos mais 
variados tipos, referente a esse mercado. 
Não é somente no Brasil que existe a figura desse tipo de comissão. As 
securities comission ou comissões de valores mobiliários são atuantes no 
mundo inteiro. Nos Estados Unidos, existe a presença da securities and 
Exchange comission (SEC). Segundo a SEC (2016), a sua função é promover 
a formação de capital de investimentos necessáriospara o crescimento 
econômico. Para garantir o aumento da importância do mercado de 
investimentos, a SEC está trabalhando continuamente na supervisão e na 
fiscalização das instituições financeiras e procurando tornar o ambiente do 
mercado financeiro e de capitais cada vez mais transparente e seguro. A SEC 
também possui competência de punição e fiscalização, e, nesse caso 
específico, isso toma proporções significativas. Essa comissão passou a 
investigar possíveis fraudes das instituições financeiras em relação às 
 
 
9 
negociações dos ativos financeiros que culminaram no problema da crise do 
subprime em 2008. A fim de chegar a acordos para parar as investigações, as 
instituições financeiras pagaram multas multibilionárias. Por exemplo, o 
Citigroup pagou U$7 bilhões, o JPMorgan pagou U$13 bilhões e o Bank of 
America pagou U$17 bilhões referente a multa para parar as investigações 
sobre as negociações daquele período. Para ter uma ideia desse montante, 
convertendo essas multas em reais em valores de outubro de 2016, as multas 
seriam equivalentes a R$22 bilhões, R$41 bilhões e R$54 bilhões, 
respectivamente. Para ter ideia do que representa esse valor, segundo o 
ADVFN (2016), o valor de mercado do Banco do Brasil, em outubro de 2016, 
era de R$58 bilhões. Ou seja, a multa paga somente pelo Bank of America 
devido à investigação da SEC totalizou praticamente o valor inteiro do Banco 
do Brasil. Isso demonstra a importância das agências de fiscalização como as 
comissões de valores mobiliários para a formação de um mercado financeiro 
que preze pelo cumprimento de regras e torne o mercado de capitais o mais 
transparente e seguro possível. 
As comissões de valores no mundo inteiro fazem um esforço 
colaborativo para compartilhar os padrões de fiscalização e segurança para o 
mercado financeiro. A organização internacional das comissões de valores 
mobiliários, ou Internation Organization of Securities Comissions (IOSCO), é 
quem promove a integração e a cooperação entre as comissões dos diversos 
países. Segundo a IOSCO (2016), 
os seus membros resolvem por 
 desenvolver, implementar e promover aderência a consistentes e reconhecidos 
padrões internacionais de regulação, fiscalização e atuação com finalidade de 
proteger investidores, manter mercados justos, eficientes e transparentes, e tratar 
de riscos sistêmicos; 
 reforçar a proteção a promover a confiança do investidor pela integridade do 
mercado de capitais, através do fortalecimento das trocas de informações e 
cooperação na aplicação de sanções contra má-conduta e na supervisão dos 
mercados e intermediários de mercado; e 
 trocar informações em ambos níveis regional e global com suas respectivas 
experiências com a finalidade de auxiliar o desenvolvimento dos mercados, 
reforço da infraestrutura de mercado e implementação de regulação apropriada. 
 
É possível perceber que as comissões de valores são fiscais do 
mercado financeiro e possuem grande importância para que seja um ambiente 
transparente, seguro e confiável. A finalidade das comissões de valores é 
transformar o ambiente de negociação do mercado financeiro no menos 
suscetível possível a riscos de operação, de modo a promover cada vez mais o 
 
 
10 
crescimento de mercado. Não é sem motivo que as negociações no mercado 
financeiro e de capitais adquirem volumes muito grandes e são acessíveis e 
abertos para todos. A grande abertura e quantidade de transações que 
ocorrem no mercado de capitais está ligada à segurança e à confiança que 
apresenta um ambiente de negociações seguro e maduro. Muito disso devido à 
atuação das comissões de valores mobiliários. 
 
TEMA 3 – BOLSAS DE VALORES 
Existe quem tenha a percepção geral de que o mercado de bolsa de 
valores é muito arriscado. Geralmente atribui a esse mercado ganhos e perdas 
excessivos e a existência de uma lógica de jogatina nos movimentos do 
mercado de bolsa de valores. Essa percepção acontece quando se associa o 
mercado de ações como sendo a única possibilidade que existe para aqueles 
que negociam na bolsa de valores. Antes de mais nada, é importante ressaltar 
que a bolsa de valores não se trata de um mercado, mas de um ambiente de 
negociações. A bolsa de valores é um “local”, onde é negociada uma 
diversidade enorme de ativos mobiliários. A bolsa de valores, portanto, por si 
só, não é o que apresenta risco aos investimentos. Ao contrário, a bolsa de 
valores só é amplamente difundida e utilizada porque promove uma redução 
dos riscos das negociações e permite maior transparência e segurança para a 
negociação dos títulos mobiliários. 
Apesar da existência dessa característica de altos e baixos diários nos 
ativos negociados em bolsa de valores, é importante pensar que a bolsa de 
valores se trata de um ambiente de negociação que procura promover as 
negociações da forma mais transparente, líquida e segura. Essa percepção de 
risco referente a bolsa de valores está ligada às oscilações dos ativos 
mobiliários negociados nesse ambiente. Uma das características da bolsa de 
valores é a de que ela reúne em um mesmo local os compradores e 
vendedores de um ativo, o que acarreta, além da transparência das 
negociações, um grande aumento da liquidez do ativo financeiro. Essa liquidez 
é caracterizada pelo fato de a cotação de um ativo na bolsa de valores se 
referir ao preço em que, de fato, os vendedores e compradores concordam em 
negociar determinado ativo. Muito diferente do mercado imobiliário, por 
exemplo. Há quem atribua um preço por seu próprio imóvel, mas não consegue 
ninguém para comprar o imóvel a esse preço. O proprietário demanda 
 
 
11 
determinado valor para o imóvel, mas está para vender faz 2 anos e não 
aparece nenhum comprador disposto a pagar o preço demandado. Seguindo 
esse exemplo, na bolsa de valores o valor do imóvel não seria aquele 
demandado pelo proprietário, mas o preço do último negócio do imóvel. Assim, 
quando um preço na bolsa de valores oscila, isso significa que compradores e 
vendedores estão negociando o ativo financeiro a diferentes preços dia a dia. E 
existe um potencial enorme de você poder comprar ou vender aquele ativo 
financeiro pelo preço que está sendo negociado na bolsa de valores. Essa 
característica é muito importante para o ambiente de bolsa. Porque é a liquidez 
do ativo financeiro, ou seja, a capacidade de comprá-lo e vendê-lo com 
facilidade, o que acaba por repercutir em uma grande oscilação do preço dos 
ativos. 
Geralmente se relaciona o mercado de bolsa de valores ao mercado de 
ações. No entanto, na bolsa de valores se negocia muito mais do que somente 
ações. A maioria dos negócios na bolsa de valores brasileiro, por exemplo, é 
no mercado de juros e moedas. Na bolsa também são negociadas commodities 
como milho, soja, café, boi gordo. Também são negociados na bolsa fundos, 
como ETF´s ou fundos imobiliários. Ou seja, é possível investir no mercado 
imobiliário comprando fundos imobiliários que possuem suas cotas negociadas 
na bolsa de valores. Atualmente, na bolsa de valores brasileira, a BM&F 
Bovespa, existem 133 diferentes fundos de investimentos imobiliários possíveis 
de serem adquiridos (BMF Bovespa, 2016). Isso demonstra a versatilidade com 
que as bolsas de valores podem ser utilizadas. 
A bolsa de valores, portanto, tem como objetivo promover a maior 
transparência possível nas negociações dos ativos mobiliários. Para isso, a 
bolsa oferece um canal de comunicação para os investidores, em que todos os 
participantes possuem as mesmas informações disponíveis. Além disso, a 
bolsa de valores oferece uma possibilidade de negociação, em que não existe 
privilégio de preço para alguns tipos de participantes. Isso significa que o preço 
do dólar para o pequeno investidor será, na bolsa de valores, o mesmo preço 
do dólar para o grande investidor. Isso ocorre porque os ativos mobiliários 
possuem um único local paranegociação do ativo. Esse “local” é o livro de 
ofertas, em que todas as ordens de compra e venda do ativo mobiliário 
disputam por preço no mesmo ambiente de negócio, de maneira transparente. 
 
 
12 
No tema 5 desta aula, vamos compreender melhor como se dá a disputa por 
preço dentro do livro de ofertas. 
As bolsas de valores, portanto, prezam pela transparência das 
negociações e suportam negociações de uma quantidade diversa de ativos 
financeiros. As principais bolsas de valores do mundo permitem aos 
investidores comprar e vender ativos pela internet. A facilidade de acesso ao 
ambiente de negociações é uma vantagem dos ativos financeiros que são 
listados na bolsa de valores. Não há barreiras de entrada para participantes 
nesse mercado, e a facilidade de acesso e de informações se dá, na grande 
parte das vezes, a partir de meios eletrônicos disponíveis pela internet. 
Além de oferecer um ambiente para negociação de ativos mobiliários, a 
bolsa oferece também o serviço de liquidação e custódia. Isso significa que a 
bolsa se responsabiliza pela transferência dos recursos financeiros entre 
compradores e vendedores dos ativos mobiliários. A responsabilidade da bolsa 
de valores em cobrar e pagar as negociações oferece garantia no recebimento 
e na disponibilidade dos ativos financeiros, tanto para os compradores quanto 
para os vendedores. Portanto, as negociações na bolsa de valores não correm 
risco de inadimplência, uma vez que a própria instituição se responsabiliza pela 
execução das transferências. 
A bolsa de valores brasileira é uma companhia privada com fins 
lucrativos e suas ações são negociadas na própria bolsa de valores. No que 
concerne às características da sua atividade, a BM&F Bovespa se define como 
uma companhia que administra mercados organizados de Títulos, Valores 
Mobiliários e Contratos Derivativos, além de prestar serviços de registro, 
compensação e liquidação, atuando, principalmente, como contraparte central 
garantidora da liquidação financeira das operações realizadas em seus 
ambientes (BMF Bovespa, 2016b). 
A definição acima deixa clara a importância em dar segurança às 
negociações de ativos financeiros, a partir da administração desse mercado 
organizado, com destaque em atuar como garantidora da liquidação, dando 
segurança para as negociações. 
Nos Estados Unidos, existem várias bolsas de valores. As mais 
conhecidas são a New York Stock Exchange (NYSE), na qual é negociada uma 
grande parte das principais ações das empresas americanas; a Nasdaq, onde 
são negociadas as companhias com caráter tecnológico e relativas à internet, 
 
 
13 
como Microsoft, Apple, Google, Amazon, Facebook, entre outros. Também 
existem as bolsas que negociam, principalmente, commodities, como soja e 
seus derivativos (os quais entenderemos melhor nas aulas 4 e 5), a exemplo 
da Chicago Mercantile Exchange (CME). 
As bolsas de valores são companhias responsáveis por oferecer um 
ambiente de negociação seguro para as transações financeiras de compra e 
venda de ativos mobiliários. Por conta da ampla presença de investidores no 
mesmo local, os ativos apresentam um volume enorme de negociações, o que 
acarreta que os ativos listados nas bolsas apresentem flutuações diárias. É 
importante lembrar que o preço que as bolsas alegam estar cada um dos ativos 
se refere ao valor em que ocorreram as últimas negociações daquele ativo 
financeiro, portanto costuma ser uma região de preço com grande segurança 
de encontrar compradores ou vendedores para o ativo mobiliário em questão. 
 
TEMA 4 – ÍNDICES REFERENCIAIS 
É muito comum a utilização de taxas referenciais para fixar contratos. 
Por exemplo, os títulos bancários chamados CDB’s, que são aplicações 
financeiras muito comuns que os bancos oferecem a seus clientes, costumam 
remunerar aos investidores um percentual do CDI. Nesse caso, o CDI atua 
como uma taxa referencial. Se o CDI for maior, o investimento remunerará 
melhor o investidor, enquanto o CDI for mais baixo, remunerará em menores 
percentuais ao investidor. As taxas referenciais são muito utilizadas por serem 
um meio de fixar uma remuneração condizente com os parâmetros do negócio 
que se está realizando, sem que a taxa seja arbitrada de forma aleatória ou de 
forma tendenciosa. As taxas referenciais são muito importantes por serem um 
meio de estipular uma referência neutra para os contratos financeiros. 
Por esse motivo, os mercados financeiros e de capitais utilizam muito as 
taxas referenciais como meios de indexar as remunerações dos seus contratos, 
bem como o mercado financeiro, por ser um ambiente de grande volume de 
negociação, torna-se um instrumento eficiente para originar taxas referenciais. 
O CDI, aqui no Brasil, por exemplo, é uma taxa média de empréstimo entre os 
bancos. Isso significa que os bancos usam uma taxa referencial de seus títulos 
de remuneração, o qual tem origem nas próprias negociações que os bancos 
realizam entre si. Isso exemplifica bem a utilização e a origem das taxas 
referenciais no mercado financeiro. 
 
 
14 
Enquanto as taxas referenciais seguem uma metodologia rigorosa, 
podendo ser utilizadas com certa segurança para a fixação de remuneração de 
pagamentos e recebimentos, a escolha da taxa adequada para os contratos se 
torna um aspecto central para que os recebimentos e pagamentos façam 
sentido dentro da intenção e da natureza do contrato. Não é diferente para as 
negociações no mercado financeiro. No sistema financeiro internacional, existe 
uma grande quantidade de taxas referenciais que podem ser utilizadas como 
instrumentos de indexação de títulos mobiliários e de fundos de investimentos. 
No Brasil, uma taxa muito utilizada é o Certificado de Depósito 
Interbancário (CDI), em que o custo médio de empréstimo diário entre os 
bancos forma essa taxa referencial. O equivalente ao CDI mais utilizado no 
mercado internacional é a taxa Libor, que mensura a taxa média paga pelos 
bancos para conseguir empréstimos em uma determinada moeda, dentro do 
mercado interbancário de Londres. Enquanto CDI se trata de uma taxa diária, 
ou seja, empréstimos com duração de um dia, a taxa Libor é anunciada com 
sete vencimentos diferentes e em cinco diferentes moedas (ICE, 2016). Quem 
divulga as taxas e os vencimentos é a Intercontinental Exchange (ICE), uma 
companhia responsável pela liquidação de pagamentos e recebimentos de uma 
série de bolsas de valores e intermediações financeiras. Para cada moeda, a 
ICE conta com a contribuição de onze a dezessete diferentes instituições 
financeiras para formação dessa taxa de referência. 
Na Figura 2, é possível observar o histórico das taxas Libor de um mês, 
três meses, seis meses e doze meses dos empréstimos interbancários em 
dólar americano. Marcados em região mais escura estão os períodos de 
recessão da economia americana. É possível perceber como foi forte a queda 
dos juros durante a crise do subprime em 2008, e demonstra também o 
processo de elevação dos custos de empréstimos no final do ano de 2015, com 
o processo de normalização das taxas de juros por parte do FED (banco 
central dos Estados Unidos), quando iniciou o aumento das taxas dos títulos 
públicos americanos de curto de 0,25% para 0,5% ao ano. 
Figura 2 – taxas Libor em dólar de 1, 3, 6 e 12 meses. 
 
 
15 
 
Fonte: Macrotrends, 2016. 
 
Além da taxa Libor, as taxas dos títulos públicos são importantes 
indicadores de referência. Por serem os títulos do país responsáveis pela 
emissão dos dólares americanos, os títulos públicos dos Estados Unidos se 
tornam uma base referencial do custo dos empréstimos livres de risco. 
Existem taxas de referência não somente para as aplicações e 
investimentos em renda fixa, mas para uma diversidade de tipos de transações. 
Os índices das bolsas de valores, por exemplo, podem ser utilizados como 
taxas referenciais. No Brasil, o Ibovespa é o principal índicepara representar a 
oscilação do mercado acionário. Além do Ibovespa, existem outros índices, 
como o índice das cinquenta ações mais negociadas (IbrX 50), ou o índice de 
ações menores, as chamadas small caps (SMLL), ou ainda o índice que 
representa o comportamento das ações do setor elétrico (IEE). Cada qual tem 
suas características específicas e pode ser usado de acordo com propósitos 
diferentes. 
No mercado internacional, existem índices que mensuram o 
comportamento médio de diversos grupos de países. O Morgan Stanley Capital 
International (MSCI) é uma companhia que apresenta uma série de índices de 
referência, e funciona como um bom exemplo da abrangência e diversidade 
desses índices de referência. Existem índices que representam o 
comportamento das ações dos mercados emergentes, existem índices que 
mensuram o comportamento dos mercados de países desenvolvidos, existem 
índices que mensuram o comportamento dos mercados do mundo inteiro 
(MSCI, 2016). 
 
 
16 
Os índices referenciais são importantes instrumentos de vinculação de 
remuneração de contratos, e também são amplamente utilizados pelo mercado 
financeiro como um meio de estabelecer parâmetros de referência. Os 
indicadores costumam seguir metodologias rígidas e constantes, de modo a 
serem utilizados com segurança de sua imparcialidade. No entanto, a escolha 
do índice de referência se torna o aspecto central para estabelecer um critério 
de comparação condizente ao tipo de negócios e riscos aos quais as 
negociações estão expostas. 
 
TEMA 5 – OFERTA VS DEMANDA E A ARBITRAGEM 
O mercado financeiro está organizado para privilegiar a oferta e a 
demanda para a determinação dos preços. Quanto maior for a facilidade de 
participação para negociação dos ativos financeiros e maior for a igualdade das 
informações entre todos, maior é a possibilidade de os preços dos ativos 
financeiros serem determinados a partir das forças de oferta e demanda. 
Segundo a lógica de mercado, é o apetite dos compradores e dos vendedores 
que deveria determinar o preço dos ativos financeiros. Portanto, existe uma 
preocupação de que as negociações no mercado financeiro sejam de tal forma 
que nenhum participante apresente poder suficiente para distorcer os preços 
de maneira significativa, ou de controlar as negociações de forma unilateral. O 
mercado financeiro, por assim dizer, preza pela força do mercado, e não pelas 
particulares de um ou outro investidor. 
As bolsas de valores são importantes instrumentos de transparência e 
podem auxiliar muito para que o preço seja dado a partir da lógica da oferta e 
demanda, em vez de algum outro princípio. A oferta e a demanda para 
determinação dos preços dos ativos financeiros são mais eficientes quando há 
presença da competição. O estímulo para a competição entre os compradores, 
para a compra do ativo, e entre os vendedores, para a venda do ativo, sugere 
que o preço de negociação daquele ativo se dá, de fato, de acordo com as leis 
do mercado de oferta e demanda. É essa competição pela compra e pela 
venda que faz com que os ativos financeiros alterem de preço. Ao aumentar ou 
diminuir a disposição de compra e de venda para os ativos financeiros, também 
são alterados os preços de negociação desses ativos. Portanto, tem de ficar 
claro que são os próprios negociantes que modificam o preço dos valores dos 
 
 
17 
ativos financeiros, como o valor da moeda, do próprio juros, das ações, das 
commodities, entre outros, ao realizarem suas negociações. 
Um bom meio para observar a força da oferta e da demanda para a 
determinação dos preços dos ativos financeiros é o livro de ofertas. Também 
chamado de book, esse é o local onde são colocadas as ordens de compra e 
venda referentes a determinado ativo financeiro. Nesse caso, todas as ordens 
se concentram em um único local, e os participantes competem pela compra e 
pela venda do ativo, a partir do preço e da ordem de chegada. Na Figura 3, é 
possível observar um momento do livro de ofertas para a compra das ações do 
Itaú. Os compradores que oferecem um preço maior pelo ativo possuem 
preferência para comprá-lo em relação àqueles que oferecem um preço menor. 
Isso significa que os compradores que oferecem um preço mais alto estão “à 
frente” na fila da compra. No caso dos vendedores, é o inverso. Os vendedores 
que procuram vender o ativo por um preço mais barato, estão “à frente” em 
relação aos vendedores que oferecem suas ações a um preço mais caro. O 
preço de um ativo é dado quando ocorre um encontro de preço entre a oferta 
do comprador e do vendedor. Ou seja, o preço de um ativo é exatamente 
aquele em que ocorreu uma negociação. Na Figura 3, por exemplo, se 
acontecer de um participante vender as suas ações para o comprador ao valor 
de R$34,89, o valor da ação será exatamente esse mesmo valor. Se, em 
qualquer momento depois, um comprador se dispor a pagar R$34,92 pela 
ação, imediatamente o preço do ativo irá mudar para esse último preço. 
Figura 3 – Livro de oferta das ações do Itaú 
 
Fonte: software CMA. 
 
O preço de um ativo sobe muito quando os compradores começam a 
aumentar o preço de oferta de compra, porque não há vendedores suficientes 
 
 
18 
para baixar os preços e suprir os compradores interessados na compra do 
ativo. Portanto, para comprar o ativo, só aumentando o valor da oferta de 
compra. Os compradores, competindo entre si para a compra do ativo, acabam 
elevando o valor do ativo financeiro. É o mesmo caso para os momentos de 
quedas acentuadas. Os vendedores reduzem o preço de venda, pela falta de 
compradores para absorver toda a oferta de venda do ativo. 
Essa característica da compra e venda para a determinação do preço 
dos ativos acarreta em uma característica importante para as negociações 
internacionais: a arbitragem. A arbitragem se refere à possibilidade de os 
agentes financeiros se aproveitarem de distorções de preços momentâneas 
para obter lucros sem riscos. Por exemplo, se as ações da Petrobras estiverem 
mais caras no Brasil do que nos Estados Unidos, os agentes financeiros podem 
vender as ações no Brasil e comprá-las nos Estados Unidos. Assim, eles 
obtêm ganhos sem riscos. Nesse caso, eles manteriam as mesmas ações da 
Petrobras, no entanto, por tê-las vendido um pouco mais caro no Brasil do que 
pagaram para comprá-las nos Estados Unidos, obtiveram uma diferença 
financeira que pode ser considerada um ganho sem risco. 
As operações de arbitragem são possíveis porque os operadores que 
estão vigiando os preços nos mercados financeiros podem atuar em diversos 
locais ao mesmo tempo. Quando os envolvidos nessas operações observam 
preços diferentes da Petrobras no Brasil e nos Estados Unidos, atuam contra a 
distorção dos preços. Se os preços no Brasil estão mais caros, eles venderão 
os ativos no Brasil. A maior presença de vendedores acaba forçando o preço 
para baixo. Enquanto que os preços menores nos Estados Unidos 
desencadeiam ordens de compra por conta de quem está realizando as 
arbitragens, de modo que os preços nesse local acabam sendo pressionados 
para cima. O resultado é que os preços que estavam mais altos no Brasil 
acabam sendo pressionados para baixo, e os preços que estavam mais baixos 
nos Estados Unidos acabam sendo pressionados para cima. Desse modo, em 
pouco tempo os preços em ambos os países acabam ficando equivalentes, de 
modo a não permitir mais a operação de arbitragem, ou seja, ganhos sem 
riscos. 
As ordens de compra e venda no mercado financeiro acabam sendo os 
determinantes da formação de preço dos ativos financeiros. Isso significa que é 
a lei da oferta e da demanda que acaba prevalecendo no ambiente das 
 
 
19 
negociações financeiras. O fato de ser a realização das negociações o que 
orienta os preços dos ativos, ou seja, a presença de compradores e 
vendedores, permite que os agentes que monitoram as negociações realizem a 
arbitragemde preços diferentes em locais diferentes. Isso significa comprar ou 
vender o mesmo ativo, negociando nos diferentes locais a preços diferentes, e 
ganhar a diferença de preços sem correr riscos. Em ambientes em que impera 
a lei da oferta e da demanda, o resultado da arbitragem é a de que os preços 
internacionais convergem para estarem equilibrados, independentemente do 
local onde são negociados os ativos financeiros, eles tendem a ser 
equivalentes ao redor do globo. Se ocorrem distorções de preços, elas são 
rápidas e passageiras, devido à atuação de investidores que se aproveitam 
dessas diferenças de preços. 
 
TROCANDO IDEIAS 
Os reguladores e as principais instituições no mercado financeiro são 
importantes para que esse mercado seja considerado um mercado seguro, 
possibilitando o maior fluxo de transações possíveis. Isso permite a melhora na 
alocação de capital. Os Bancos Centrais, com a preocupação de manter os 
mercados financeiros funcionando, depois dos problemas da crise de 2008, 
estiveram em uma posição central, com a redução dos juros e a impressão de 
dinheiro. Dê uma olhada sobre o quantitative easing, é muito interessante. Aqui 
a sugestão de um link sobre o tema: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Quantitative_easing#cite_note-1>. 
 
NA PRÁTICA 
A internacionalização do mercado financeiro faz com que os eventos 
locais tenham consequências mundiais. A crise de 2008 do subprime, cujo 
epicentro foram os Estados Unidos, teve efeito colateral no mundo inteiro. Por 
que isso acontece? Os ativos financeiros são negociados entre os países. Os 
títulos de dívida originados nos EUA foram repassados diversas vezes entre os 
investidores, de modo que uma série de bancos em diversos países possuíam 
os ativos financeiros das dívidas originadas para empréstimos subprime nos 
Estados Unidos. Ao mesmo tempo que a internacionalização do mercado 
financeiro pode permitir que os recursos sejam transacionados entre países, e 
 
 
20 
permite uma melhor alocação dos investimentos, também podemos verificar 
que, consequentemente, existe uma interdependência muito maior. Além da 
negociação dos ativos financeiros, as notícias, que viajam imediatamente por 
meios digitais para todos os cantos do mundo, permitem que os eventos locais 
afetem, na hora, todos os locais em que ocorrem as negociações. Os 
especuladores e investidores profissionais estão atentos ao que ocorre no 
mundo todo, a todos os momentos, e, se algo que pode afetar os negócios 
acontece em algum lugar do planeta, então os investidores e especuladores 
realizam suas movimentações com a finalidade de antecipar as consequências 
desse evento, de modo que os efeitos são sentidos imediatamente no mercado 
financeiro. A internacionalização, portanto, tem várias facetas e consequências. 
E para você, a internacionalização é boa ou ruim? 
 
FINALIZANDO 
O mercado financeiro internacional possui a presença de reguladores e 
de mecanismos de funcionamento que o tornam um mercado seguro e, 
portanto, altamente acessível. Também possui meios de liquidação e 
transações facilitados, que permitem que se negociem ativos interfronteiras 
com grandes volumes e velocidades. O mercado financeiro internacional é um 
meio de negociação em que as compras e vendas acontecem de forma 
competitiva. Na grande maioria das vezes, as compras e vendas dos ativos 
ocorrem por meio da competição entre os compradores e os vendedores, para 
que prevaleça um preço determinado pela oferta e demanda dos negociadores. 
Como meio de estabelecer referências para as negociações e apresentar 
informações que podem ajudar as negociações, os índices de referências são 
formas padronizadas de calcular, ao longo do tempo, os níveis de 
remuneração/pagamento dos contratos financeiros, e indicadores para 
acompanhamento da performance das economias dos mais diversos países e 
dos ativos financeiros. 
 
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