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Guia Farmacoterapêutico Hospital Erasto Gaertner Curitiba LPCC 2011 Liga Paranaense de Combate ao Câncer GUIA FARMACOTERAPÊUTICO Guia Farmacoterapêutico 2011 2 L723g LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER Guia farmacoterapêutico: Hospital Erasto Gaertner/ Marcela Bechara Carneiro (org.) . – Curitiba: LPCC, 2011. 268p. : il.; 21 x 15 cm ISBN 978-85-64442-00-9 1. Hospital Erasto Gaertner – Farmacoterapêuticos - Guia 2. Hospital Erasto Gaertner – Farmacologia - Guia Catalogação na Fonte: Bibliotecária Tânia Maria Carvalho Frigo (CRB1069/92) CDD – 615 NLM – QV4 Guia Farmacoterapêutico 2011 3 Liga Paranaense de Combate ao Câncer Guia Farmacoterapêutico Hospital Erasto Gaertner Curitiba 2011 www.erastogaertner.com.br Guia Farmacoterapêutico 2011 4 LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER Presidente do Conselho Deliberativo Dr. Luis Antonio Negrão Dias Superintendente Dr. Flavio Daniel Saavedra Tomasich REDE FEMININA DE COMBATE AO CANCER Presidente Walkyria Gaertner Boz INSTITUTO DE BIOENGENHARIA Coordenador Dr. Giovanni Zenedin Targa HOSPITAL ERASTO GAERTNER Coordenadora Geral Dra. Claudiane Ligia Minari Coordenador da Divisão Técnica Dr. Leandro Carvalho Ribeiro Diretor Clínico Dr. Alceu Correia Coordenador Médico Dr. Carlos Afonso Maestri Coordenadora da Divisão Administrativa Maria Cristina Grolli Coordenadora da Divisão de Enfermagem Edenice de Oliveira Santana Guia Farmacoterapêutico 2011 5 Comissão de Farmácia e Terapêutica Presidente Dra. Rosane do Rocio Jonhson Membros Dr. Alceu Correia Dra. Carla Regina Worliczeck Martins Farm. Érika Keiko Sue Dr. Gerardo Cristino Gavarrete Valladares Dr. Jose Henrique Schettini Wasilewski Farm. Marcela Bechara Carneiro Enfª Márcia Bobak Dra. Simoni Ramos Shiomi Guia Farmacoterapêutico 2011 6 Equipe Técnica de Trabalho COORDENADOR Marcela Bechara Carneiro AUTORES Farm. Alice Buss Cruz Farm. Aline Regina Cruz de Souza Farm. Amanda Martinez Slomp Dra. Carla Regina Worliczeck Farm. Érika Keiko Sue Farm. Érika Akemi Tsujiguchi Farm. Fabianne Fontella Pasetto Dr. Giovanni Zenedin Targa Farm. Luciana Jarretta Loyola da Rocha Farm. Marcela Bechara Carneiro Farm. Mônica Cristina Cambrussi Farm. Renne Rodrigues Farm. Tatiane Akemi Jo Farm. Vania Mari Salvi Andrzejevski Farm. Vivian Caroline Espírito Santo Farm. Vivian Caroline Anastácio S. C. Ferreira COLABORADORES Farm. Cristian Brehmer Farm. Gilian Graziele Tomporoski Dr. Jose Henrique Schettini Wasilewski Farm. Luciana Farhat Hilst Farm. Patricia Rodrigues Gonçalves Farm. Ricardo Matos Cremonini Dra. Simoni Ramos Shiomi Farm. Tatiana Serro Farm. Virginia Dobkowski Franco dos Santos Guia Farmacoterapêutico 2011 7 Apresentação É com grande satisfação que dedico algumas palavras a este material, que veio para auxiliar ainda mais quem precisa – o paciente. Seguindo o ritmo de modernização adotado pelo Hospital Erasto Gaertner nos últimos anos, o setor de Farmácia foi responsável por diversas ações que trouxeram avanços no tratamento oncológico. Além das atribuições cotidianas, como prescrições médicas, fraciona- mento de unidades de medicamentos e disponibilização de materiais para cirurgias, a Farmácia trabalhou muito em um projeto de grande alcance. O Guia Farmacoterapêutico Hospital Erasto Gaertner 2011 é resultado deste empenho. Não apenas por catalogar informações sobre mais de 300 medica- mentos e reunir o conhecimento de muitos especialistas, como se tudo isso fosse pouco. Mas também por ser uma representação do compromisso com a missão da Instituição. Para combater o câncer com humanismo, ciência e afeto, é preciso ter pes- soas empenhadas nas diferentes áreas, trabalhando em conjunto por inovações. O tratamento depende tanto da atuação do corpo clínico, quanto da competência das equipes multidisciplinares envolvidas. Gostaria de destacar o cuidado que o corpo técnico tem para que todas as melhorias sejam implementadas e que isso se reflita diretamente no tratamento do paciente. Nesse processo, orientações rápidas e precisas relacionadas à aplicação e à manipulação de medicamentos são essenciais. Por isso, a criação deste Guia é mais um importante passo em nosso caminho de excelência. Está relacionada ainda às preocupações com qualidade, ensino e desenvolvimento sustentável – o que nos consolida como referência no sul do país. Desenvolvido pela Comissão de Farmácia e Terapêutica, o material será utilizado por profissionais da saúde do Erasto Gaertner e, certamente, será consul- tado por outras Instituições. Parabenizo os responsáveis pelo projeto, por chamar a atenção para o uso seguro de medicamentos e pela elaboração deste material de qualidade. Flavio Daniel Saavedra Tomasich Superintendente do Hospital Erasto Gaertner Guia Farmacoterapêutico 2011 8 Guia Farmacoterapêutico 2011 9 Prefácio O Hospital Erasto Gaertner é um centro de excelência na prevenção, diag- nóstico e tratamento do câncer. Em meio a muitas inovações, firma-se como refe- rencial para prática do uso seguro de medicamentos por meio da elaboração do Guia Farmacoterapêutico Hospital Erasto Gaertner 2011. A Comissão de Farmácia e Terapêutica lança este guia com o objetivo prin- cipal de facilitar a consulta aos medicamentos padronizados na instituição. Sua elaboração contou com a participação de 25 especialistas, com o desafiante obje- tivo de disponibilizar um guia que contemple todas as informações necessárias aos profissionais de saúde de forma prática. Neste guia estão listados mais de 300 medicamentos, todos com de- nominação genérica, trazendo informações de concentração, forma farmacêutica e classificação terapêutica. Conta ainda com um capítulo de saneantes, produtos manipulados pelo setor de farmacotécnica hospitalar e capítulo sobre nutrição pa- renteral que complementam as informações necessárias na assistência holística ao paciente, e tabelas para rápida consulta sobre estabilidade de medicamentos inje- táveis, administração de medicamentos por sondas nasogástricas e nasoenterais, compatibilidade de administração em Y, dentre outros. Além de trazer informações técnicas, o guia traz consigo elementos que propiciam o uso seguro e racional de medicamentos, como os capítulos de anti- infecciosos, farmacovigilância, antineoplásicos e medicamentos sujeitos a controle especial. Este guia é direcionado aos diversos profissionais do cuidado, mas sa- bendo que o real sentido de sua existência são os pacientes. Cuidar de pacientes oncológicos é um desafio diário e uma lição de vida, e ações como esta, que con- tribuem para a promoção de saúde e excelência no atendimento, fazem com que tenhamos certeza de que estamos no caminho certo. Com a certeza de que o Guia Farmacoterapêutico Hospital Erasto Gaertner 2011 alcança seus objetivos e cumpriu sua missão, auxiliando a equipe multiprofis- sional, agradecemos todos aqueles que se empenharam na realização deste pro- jeto. Claudiane Ligia Minari Coordenadora Geral Hospital Erasto Gaertner Guia Farmacoterapêutico 2011 10 Guia Farmacoterapêutico 2011 11 SUMÁRIO * Como usar este guia 15 1. Assistência Farmacêutica no Hospital Erasto Gaertner 16 2. Comissão de Farmácia e Terapêutica 24 3. Anti-infecciosos 32 4. Nutrição Parenteral Total 45 5. Farmacovigilância no Hospital Erasto Gaertner 50 6. Programa Paraná Sem Dor 55 7. Medicamentos Sujeitos a Controle Especial 57 8. Saneantes 65 9. Medicamentos padronizados 69 9.1 Medicamentos Padronizados por Nome Genérico 69 9.2 Medicamentos Padronizados por Classificação Terapêutica 114 10. Tabela de Estabilidade e Diluição de Fármacos Injetáveis 125 11. Orientações para Administração de Medicamentos por Sondas Nasogástricas e Nasoenterais 133 12. Tabela de Orientação de Fármacos administrados por via oral 137 13. Tabela deCompatibilidade de Fármacos Injetáveis para Administração em Dispositivos de Infusão em Y 157 14. Tabela de Interação Medicamentosa 159 15. Produtos Manipulados pelo Setor de Farmacotécnica Hospitalar 182 16. Quimioterápicos Antineoplásicos 186 17. Ficha Técnica dos Antineoplásicos 194 18. Referências 255 Guia Farmacoterapêutico 2011 12 Abreviaturas Ac Ácido AIDS Síndrome de Imunodeficiência Adquirida AINES Anti-inflamatórios Não Esteroidais ALT Alanina Aminotransferase Amp Ampola ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ASPEN Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e Enteral AST Aspartato Aminotransferase BCG Bacilo Calmette-Guérin Bis Bisnaga Cap Cápsula CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CEME Central de Medicamentos CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica CGP Cocos Gram Positivo Cl Cloreto CMIV Central de Misturas Intravenosas Comp Comprimido DCB Denominação Comum Brasileira DCI Denominação Comum Internacional dL Decilitro DNA Ácido Desoxirribonucléico Drg Drágea EGFR Receptor Epidermal do Fator de Crescimento Fr Frasco g Grama EMTN Equipe Multidisciplinar da Terapia Nutricional Env Envelope EPI Equipamento de Proteção Individual EVB Endovenoso em Bolus EVC Endovenoso Contínuo EVI Endovenoso Intermitente GI Gastrintestinal Guia Farmacoterapêutico 2011 13 h Hora HEG Hospital Erasto Gaertner HER-2 Receptor de Estrógeno Humano tipo 2 IA Intra-arterial IL Infiltração local IM Intramuscular IN Inalatório IP Intraperitoneal IT Intratecal ITU Infecção do Trato Urinário ITV Intravesical IV Intravenoso Kg Quilograma LMA Leucemia Mielóide Aguda Mcg Micrograma MEq Miliequivalente Mg Miligrama min Minuto mL Mililitro mOsm Miliosmol MRSA Staphylococcus aureus Resistente a Meticilina MS Ministério da Saúde Mtx Metotrexato Na Sódio Nas Nasal NCC MERP. National Coordination Council for Medication Error Reporting and Pre- vention. NE Nutrição Enteral NPH Neutral Protamine Hagedorn NPT Nutrição Parenteral Total NR Notificação de Receita O2 Oxigênio Oft Oftálmico OMS Organização Mundial da Saúde OTO Otológico Guia Farmacoterapêutico 2011 14 PA Pressão Arterial PER Peridural pH Potencial Hidrogeniônico PICC Peripherally Inserted Central Catheter PVC Cloreto de Polivinila R Refrigerado RAM Reação Adversa a Medicamento RDC Resolução da Diretoria Colegiada RENAME Relação Nacional de Medicamentos Ret Retal RNA Ácido Ribonucléico SC Subcutâneo SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SF Solução Fisiológica SG Solução Glicosada SL Sublingual SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária Sol Solução SNC Sistema Nervoso Central SNG Sonda Nasogástrica SNE Sonda Nasoenteral SRIS Sindrome de Resposta Inflamatória Sistêmico Susp Suspensão TA Temperatura Ambiente TGI Trato Gastrintestinal TGO Transaminase Glutâmico-Oxalacética TGP Transaminase Glutâmico-Pirúvica UF Unidade Federativa UI Unidades Internacionais UT Uso Tópico Vag Vaginal VO Via Oral VPP Valor Preditivo Positivo VRE Enterococcus Resistente à Vancomicina Guia Farmacoterapêutico 2011 15 Como usar este Guia Nesta primeira edição, elaboramos um Guia Farmacoterapêutico repleto de informações e orientações à equipe de saúde que contribuirá com o uso seguro e racional do medicamento. Além de tabelas práticas para consulta e capítulos sobre temas específi- cos, é possível, no capítulo 9, verificar a relação de medicamentos padronizados no HEG. No item 9.1 os medicamentos estão organizados em ordem alfabética por nome genérico (segundo DCB e DCI). Alinhados ao nome do medicamento estão disponíveis as informações: dosagem ou concentração, forma farmacêutica, apre- sentação, via(s) de administração, código do material no sistema informatizado Tasy, classificação terapêutica, restrições (oncologia clínica, antimicrobianos de li- beração controlada pela CCIH, produtos sujeitos a controle especial). No item 9.2 você encontrará os medicamentos agrupados por classe tera- pêutica em ordem alfabética. Esperamos com este guia oferecer a todos os profissionais envolvidos di- reta ou indiretamente com o medicamento e com a terapêutica a informação cor- reta, no momento necessário e na quantidade adequada. Guia Farmacoterapêutico 2011 16 1. Assistência Farmacêutica no Hospital Erasto Gaertner A Assistência Farmacêutica (AF) é um conjunto de ações cujos principais objetivos são permitir o acesso do paciente ao medicamento e promover seu uso racional. Em um hospital, a assistência farmacêutica acontece desde a seleção de medica- mentos e programação de compras, o que garante a disponibilidade do medica- mento ao paciente, até a dispensação e avaliação de sua utilização. • Central de Logística (CELOG): onde são realizadas as seguintes ativi- dades: seleção de fornecedores, programação e aquisição de produtos, armazena- mento e distribuição. Este setor possui, em seu quadro funcional, um farmacêutico que participa ativa- mente destas atividades, o que garante a qualidade e segurança dos medicamentos e produtos para saúde dispensados às unidades assistenciais, à Central de Misturas Intravenosas e à Farmácia Hospitalar. • Setor de Farmácia Hospitalar: internamente, está dividido nas seguintes seções: Farmácia de Dispensação, Farmácia Ambulatorial, Farmácia Satélite do Cen- tro Cirúrgico e Seção de Farmacotécnica Hospitalar. - Farmácia de Dispensação é responsável por dispensar medicamentos e produtos para saúde para todos os setores de internamento do hospital conforme prescrição médica. Para isso, é adotado o sistema de distribuição individualizado (medicamentos separados por paciente) e por turno (manhã, tarde e noite). O sis- tema de distribuição individualizado permite, além de um melhor controle do es- toque, maior controle sobre o medicamento e seu uso racional. Todo o sistema de dispensação é informatizado (prescrição eletrônica e dispensação dos medicamen- tos por código de barras) o que permite a rastreabilidade dos medicamentos dis- pensados. Nesta seção são realizadas atividades de fracionamento e etiquetagem de medicamentos. Como exemplo de gerenciamento de riscos, os medicamentos potencialmente perigosos (MPP) são etiquetados com etiquetas de cor laranja e os medicamentos incompatíveis com PVC com etiquetas de cor verde. - Farmácia Ambulatorial, por sua vez, é uma unidade credenciada do Programa Paraná sem Dor, além de dispensar Hormonioterapia e antineoplásicos de uso domiciliar. Há um farmacêutico que presta todas as orientações sobre o medicamento, utilizando ferramentas, como a Tabela de Orientação ao Paciente (Apêndice I), para a compreensão terapêutica do paciente e adesão ao tratamen- to. Além disso, todos os antineoplásicos orais possuem uma ficha técnica escrita que é entregue ao paciente no momento da orientação farmacêutica (exemplo – Apêndice II) Guia Farmacoterapêutico 2011 17 - Farmácia Satélite do Centro Cirúrgico é equipada para atender as par- ticularidades e demandas do setor. Nessa seção são dispensados medicamentos, produtos para saúde, órteses, próteses e materiais especiais. - Farmacotécnica Hospitalar é responsável pela diluição de saneantes e germicidas, que são dispensados prontos para uso. Além disso, manipula produtos e desenvolve fórmulas magistrais a fim de atender as necessidades dos diversos setores e especialidades do HEG. O repasse de informações acerca de medicamentos é uma das formas de promover o uso racional do medicamento. Nesse sentido, a equipe de farmacêuti- cos está disponível para esclarecer dúvidas relacionadas a medicamentos e produ- tos para saúde. Todos os questionamentos são registrados em um documento elaborado para este fim (apêndice III). Através desses registros, é possível iden- tificar as principais dúvidas da equipe de saúde e quantificar quais são os medi- camentos e informações mais consultados direcionando ações para esclarecer os questionamentosmais frequentes, como treinamentos, etc. Outra maneira de otimizar a farmacoterapia é identificando os principais erros no processo do medicamento, que vai desde o fracionamento até admin- istração (apêndice IV). Os efeitos desses erros podem ser clinicamente insignifi- cantes, mas também podem ser fatais. Uma das formas de reduzir o risco de erros com medicamentos é identificando-os. Todos os erros encontrados na prescrição e dispensação de medicamentos e produtos para saúde são registrados em um docu- mento de fácil acesso e classificados de acordo com a sua gravidade (quase falha, erro sem dano, erro com dano, erro com morte). Neste documento o erro é relat- ado, seguido da descrição da ação realizada para tratá-lo ou evitar que este volte a ocorrer. Sempre que necessário, a equipe assistencial é contatada e envolvida para resolução da não conformidade. • Central de Misturas Intravenosas (CMIV): trabalha com a unitarização das doses de terapia antineoplásica (TA). Após análise das prescrições médicas, o farmacêutico emite uma ordem de produção para que, na sequência do processo, sejam manipuladas por farmacêuticos, especialistas na área, em cabine de segu- rança biológica classe II B2 e, posteriormente, sejam dispensadas às unidades de internação ou aos ambulatórios específicos. Todas as prescrições médicas são crite- riosamente avaliadas pelo farmacêutico, através da análise da TA e dos medicamen- tos adjuvantes ao tratamento, onde todos os aspectos galênicos da prescrição são considerados. Na ocorrência de não conformidade com o protocolo de tratamento ou com os critérios técnicos de uso dos medicamentos o farmacêutico contata a equipe médica para resolução do problema. O preparo atende aos requisitos de técnica asséptica e os farmacêuticos são validados anualmente para este preparo, ocorrendo treinamento e capacitação Guia Farmacoterapêutico 2011 18 para toda a equipe, sempre que necessário. O sistema informatizado realiza a tri- agem de prescrições contendo medicamentos utilizados na terapia antineoplásica, os quais são conferidos por farmacêuticos, gerando ordens de produção das doses unitárias. Com base nas informações da ordem de produção, a identificação das doses por paciente é automaticamente impressa após o término de cada dose ma- nipulada, evitando erros de transcrição, identificação incorreta e ilegibilidade. O Setor trabalha com o acompanhamento e discussão dos erros envol- vendo os medicamentos antineoplásicos, em conjunto com a equipe assistencial, na busca pela qualidade e segurança dos serviços oferecidos, usando como parâmetro principal o dano causado ao paciente, de acordo com a proposta do NCC MERP. O acompanhamento do uso e pós-uso destes medicamentos ocorre durante o desen- volvimento das atividades clínicas realizadas, em sua maioria, pelos residentes de Farmácia em Cancerologia, no segundo ano do curso. A partir de 2011 será realizada orientação farmacêutica para todos os pa- cientes Casos Novos e em mudança de protocolo de tratamento. Erros envolvendo uso de medicamento O Institute for Safe Medication Practices classifica os antineoplásicos como medicamentos potencialmente perigosos, recomendando a realização de controles específicos a fim de evitar a ocorrência de erros na sua utilização. A Central de Misturas Intravenosas já realiza o controle e acompanhamen- to dos erros relacionados às terapias antineoplásicas desde 1997. A partir de 2003 o controle foi remodelado para permitir a análise de dano causado ao paciente, de acordo com as recomendações do NCC MERP (Fig. 1). Atualmente nosso processo registra e avalia os seguintes dados: Tipo de erro, Causas, Classificação do erro, Consequências, Providência tomada, Respon- sável pelo erro / Responsável pela identificação do erro, Relato sucinto do caso e Responsável pelo registro. Guia Farmacoterapêutico 2011 19 Figura 1. Diagrama de Classificação de Risco segundo NCC MERP, 2011. A partir de meados de 2010, realizamos reuniões periódicas com o Serviço de Pediatria e Oncologia Clínica (médicos, enfermeiros, farmacêuticos e eventuais convidados - gerência de tecnologia da informação, gerência de suprimentos, ger- ência de risco, etc) para realizarmos a análise crítica dos erros e adotar medidas corretivas e preventivas que nos permita desenvolver práticas seguras para o uso da terapia antineoplásica. UNIDADES DE TRABALHO -Central de Logística (CELOG) Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Ramais: 5064, 5155 -Farmácia de Dispensação Horário de funcionamento: 24 horas, todos os dias da semana. Ramais: 5172, 5171 e 5299 -Farmácia Ambulatorial Horário de Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h Ramal: 5173 Guia Farmacoterapêutico 2011 20 -Farmacotécnica Hospitalar Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira das 07h às 19h e sábado das 7h às 13h. Ramal: 5351 - Farmácia Satélite Centro Cirúrgico Horário de Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h às 21h e sábado das 7h às 13h. Demais dias e horários de acordo com a necessidade, com o suporte dos plantonistas da Farmácia de Dispensação. Ramal: 5209 -Central de Misturas Intravenosas (CMIV) Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h às 19h; sábado e domin- go, das 7h às 13h. Ramal: 5170 Apêndice I – Tabela de Orientação ao Paciente IDADE: ______________DATA ____/____/____ OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________________________________________________________________ Referência: Guia farmacoterapêutico do Hospital de Clínicas de São Paulo, 2005-‐2007. NUNCA REUTILIZE OS FRASCOS DE MEDICAMENTOS. FARMACÊUTICO:__________________________________________________ GUARDE OS FRASCOS E AS EMBALAGENS E TRAGA PARA O HOSPITAL PARA QUE SEJAM DESCARTADOS DE FORMA CORRETA. COLOQUE ESTA TABELA EM LUGAR VISÍVEL PARA FACILITAR SUA CONSULTA. ARMAZENE SEUS MEDICAMENTOS LONGE DO ALCANCE DAS CRIANÇAS, EM LOCAL VENTILADO E SECO. Setor de Farmacia Hospitalar -‐ Farmacia Ambulatorial Tabela de Orientação ao Paciente PACIENTE: ____________________________________________ PRONT.:______________ N Ú M ERO ATENÇÃO: ESTA TABELA VAI AJUDA-‐LO A CUMPRIR SEU TRATAMENTO: Seu medicamento certo, na hora certa e dose correta PERÍODO/HORÁRIO Q U AN TIDADE MEDICAMENTO TOME SEU MEDICAMENTO COM: GUARDE SEU MEDICAMENTO: Guia Farmacoterapêutico 2011 21 Apêndice II – Ficha de orientação ao Paciente Guia Farmacoterapêutico 2011 22 Apêndice III – Registro de consulta de informação sobre medicamentos e produtos para saúde Guia Farmacoterapêutico 2011 23 Apêndice IV – Registro de erros Guia Farmacoterapêutico 2011 24 2. Comissão de Farmácia e Terapêutica REGIMENTO INTERNO 1. Introdução As classes farmacológicas em uso no hospital devem ser constantemente revisadas, considerando a qualidade, as características dos produtos farmacêuticos e a adequação dos mesmos a cada necessidade clínica. Tal necessidade se dá devido a inúmeros fatores: a diversidade de substâncias ativas e produtos médico-hospitalares;a grande variedade de especialidades farmacêuti- cas com o mesmo princípio ativo; o grande número de associações medicamentosas que não oferecem nenhuma vantagem sobre a aplicação de cada princípio ativo de forma isolada; as inúmeras literaturas não científicas; o aumento da complexidade dos efeitos secundários dos fármacos atuais cada vez mais potentes e, em muitos casos, mais tóxicos; e a alta complexidade do mercado e indústria farmacêutica. Para avaliar os medicamentos utilizados no hospital, os profissionais envolvidos de- vem estudar o alcance e a eficácia de suas ações terapêuticas, assim como quais- quer efeitos que a administração do medicamento isolado ou associado a outro possam originar. 2. Legislação A padronização de medicamentos obedece aspectos técnicos e clínicos do hospital e critérios proposto pela CEME/MS, tendo a relação nacional de medicamentos es- senciais (RENAME) como instrumento básico, conforme portaria conjunta nº 01 de 16/08/1994. 3. Conceito A Comissão de Farmácia e Terapêutica é um órgão consultivo e de assessoria da equipe assistencial do hospital com finalidade de regulamentar a seleção de medi- camentos e materiais médico no receituário hospitalar e estudar aspectos farma- cológicos das drogas padronizadas e outros. Guia Farmacoterapêutico 2011 25 4. Objetivos 4.1 Padronização de medicamentos e materiais médico-hospitalares, consideran- do aspectos qualitativos e quantitativos, isto é, levando em conta custos, quanti- dades para armazenamento, dispensação e controle; 4.2 Garantir a segurança na prescrição e administração dos medicamentos, redu- zindo a incidência de reações adversas e toxicológicas; 4.3 Propiciar condições ou a disponibilidade de informações farmacológicas à equi- pe assistencial dos medicamentos padronizados no hospital; 4.4 Sensibilizar os profissionais de saúde, proporcionando condições para implan- tar um sistema de farmacovigilância. 5. Funções 5.1 Redigir as normas para inclusão e exclusão da relação de medicamentos e ma- teriais médicos padronizados; 5.2 Selecionar os medicamentos em conformidade com as características clínicas do hospital; 5.3 Elaborar e definir o guia farmacoterapêutico e as normas para seu uso na uni- dade de internação e serviços; 5.4 Estabelecer normas para registro ou monitorização de reações adversas que permitam adequar o guia as atividades clínicas do hospital; 5.5 Implementar junto com a CCIH a política de antibióticos e antissépticos do hospital; 5.6 Promover estudos de utilização de medicamentos visando corrigir distorções e adaptar critérios farmacológicos; 5.7 Promover atividades docentes e informação para contribuir com o uso racio- nal de medicamentos; 5.8 Manter intercâmbio técnico científico com outros hospitais e instituições. 6. Estrutura Organizacional: A Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) será constituída por um número de membros que permita reunir entre seus integrantes um conhecimento amplo en- volvendo toda a prática médico-farmacêutica, podendo convocar ou convidar ou- tros profissionais conforme a necessidade ou assunto a ser discutido. Guia Farmacoterapêutico 2011 26 7. Composição da Comissão: A comissão de farmácia e terapêutica terá a seguinte composição: • Um representante do departamento de medicina interna; • Um representante do departamento de cirurgia; • Um representante do departamento de pediatria; • Um representante da CCIH; • Um representante do departamento de farmácia; • Um representante do serviço de enfermagem; • Um representante do departamento de radioterapia; • Um representante do departamento de oncologia clínica. 8. Da Direção A comissão terá como direção a seguinte composição: • Presidente • Vice-Presidente • Secretário • Vice-secretário • Membros 9. Atribuições: 9.1 Do Presidente: 9.1.1 Convocar e presidir as reuniões de farmacoterapia; 9.1.2 Dirigir os trabalhos da comissão; 9.1.3 Representar a comissão perante a direção do hospital; 9.1.4 Subscrever documentos e resoluções da comissão; 9.1.5 Estabelecer a pauta para reuniões ordinárias e extraordinárias da comissão; 9.1.6 Distribuir tarefas aos membros da comissão; 9.1.7 Propor plano de metas para a gestão. 9.2 Do Vice-Presidente 9.2.1 Representar o Presidente em suas ausências; 9.2.2 Participar das atividades da comissão. 9.3 Do Secretário: Guia Farmacoterapêutico 2011 27 9.3.1 Registrar em atas as resoluções da comissão; 9.3.2 Receber e expedir a documentação da comissão; 9.3.3 Manter arquivo de documentação; 9.3.4 Apresentar relatório das atividades da comissão. 9.4 Do Vice-Secretário: 9.4.1 Representar o secretário em suas ausências; 9.4.2 Participar das atividades da comissão. 9.5 Dos membros da comissão: 9.5.1 Comparecer as reuniões convocadas; 9.5.2 Colaborar com os trabalhos em comissão quando designado ou solicitado pelo Presidente. 10. Das disposições gerais: 10.1 A Comissão de Farmácia e terapêutica é um órgão de assessoria da Coorde- nação Geral do HEG; 10.2 Os membros da comissão serão indicados pelos chefes dos departamentos e serão nomeados pelo Coordenador Geral; 10.3 A direção da comissão será eleita bianualmente, cujos diretores serão eleitos entre os membros da comissão de voto secreto, ou indicação direta por unanimi- dade dos membros; 10.4 O mandato dos membros da comissão será de 2 anos, podendo seus membros serem reconduzidos aos mesmos cargos; 10.5 O membro titular que faltar a 3 (três) reuniões consecutivas, sem justificativa, será automaticamente excluído da comissão, podendo neste caso ser substituído; 10.6 Em caso de vacância do cargo de qualquer membro diretor, cabe aos membros da comissão a eleição de novo membro, visando completar o quadro diretivo; 10.7 A reunião deverá reunir-se ordinariamente a cada 30 dias ou extraordinari- amente quando necessário, para desempenho de suas atribuições; 10.8 Para cada reunião realizada deverá ser lavrada ata, subscrita pelos presentes; 10.9 As decisões da comissão serão tomadas com a participação de um número mínimo de 4 membros, sendo necessário para a aprovação 50% +1 dos votos; 10.10 Os casos omissos serão resolvidos pela comissão ou pela direção do HEG em reunião convocada para este fim; Guia Farmacoterapêutico 2011 28 10.11 Será convidado um representante dos residentes médicos com direito a voz, mas sem direito a voto; 10.12 Os residentes de farmácia possuem obrigatoriedade de presença nas reu- niões da comissão e possuem direito a voz, mas sem direito a voto. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO HOSPITALARES : CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO • Níveis elevados de evidência de eficácia clínica; • Menor toxicidade relativa; • Maior comodidade posológica; • Custo tratamento/dia e custo da duração do tratamento menor; • Informações de biodisponibilidade e parâmetros farmacocinéticos; • Evitar a inclusão de associações fixas, exceto quando os ensaios clínicos justifi- carem o uso concomitante; • Priorizar formas farmacêuticas que proporcionem maior possibilidade de fra- cionamento e adequação a faixa etária; • Registro no Ministério da Saúde. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS E MATERIAIS MÉDICO HOSPITALARES : CRITÉRIOS PARA EXCLUSÃO • Produtos que estão sem consumo por um período igual ou superior a 6 meses; • Aparecimento de reações adversas a medicamentos (RAM) graves; • Retirada do mercado pelos laboratórios fabricantes. CRITÉRIOS PARA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS NÃO PADRONIZADOS • Pacientes com patologias raras; • Ausência de resposta terapêutica; • Intolerância aos efeitos colaterais; • Paciente em tratamento ambulatorial com o fármaco não padronizado e sua substituição terapêutica não é recomendável. FLUXO PARA SOLICITAÇÃO DE MEDICAMENTO NÃO PADRONIZADO 1) Médico/Enfermeiro preenche os campos do formulário próprio, disponível nas alas de internamento, no Posto de Enfermagem do ambulatório ou na Farmácia e encaminha ao Setor de Farmácia; Guia Farmacoterapêutico 2011 29 2) Setor de Farmácia preencheos campos necessários, registra a data e horário de recebimento e encaminha para o Presidente da CFT ou seu substituto para au- torização; 3) Se autorizado, o Setor de Farmácia encaminha para o parecer da Coordenação Geral; 4) Se for negado, o Setor de Farmácia comunica o profissional solicitante, no prazo máximo de até 24 horas do recebimento da solicitação; 5) Após a autorização da Coordenação, setor de Farmácia inicia o processo de compra conforme fluxo de compra de emergência, com um prazo máximo de 48 horas para a dispensação do medicamento, a partir do recebimento do formulário autorizado; 6) As solicitações de medicamento não padronizado serão arquivadas para reali- zação de estatísticas. Os Apêndices I e II trazem respectivamente Solicitação de Medicamento / Material Não Padrão e Solicitação de Padronização / Despadronização, utilizados pela CFT. Guia Farmacoterapêutico 2011 30 Apêndice I - Solicitação de Medicamento / Material Não Padrão Guia Farmacoterapêutico 2011 31 Apêndice II - Solicitação de Padronização / Despadronização. Guia Farmacoterapêutico 2011 32 3. Anti-infecciosos Introdução Doenças infecciosas são responsáveis por grande parcela da morbi-morta- lidade da humanidade ao longo de sua existência. No século XX ocorreu um expres- sivo aumento na expectativa de vida do homem, saltando de menos de 40 anos de vida em 1940, para mais de 65 anos de vida em 1990. Este salto deve-se, em partes, à descoberta de vários agentes anti-infecciosos e à evolução da medicina ocorridas no período. Por esta razão, somada ao fenômeno da medicalização da sociedade, os agentes anti-infecciosos são peças chave no tratamento e profilaxia de inúmeras patologias. Contudo, ao longo de sua utilização, evidenciou-se sucessivos casos de fa- lha terapêutica, causados pela utilização inadequada destes medicamentos e pelo aumento da disseminação de bactérias, fungos e vírus resistentes. Este panorama preocupante fez com que fossem tomadas medidas a fim de racionalizar a utilização destes agentes, medidas como a criação de legislações consolidando os programas de controle de infecção hospitalar, expansão dos programas vacinais, centralização de programas e criação de protocolos bem definidos para o tratamento de infecções virais. Este capítulo foi elaborado para auxiliar a prescrição dos anti-infecciosos. Ressalta-se que antes de utilizar um antimicrobiano tem-se que ter em mente a real necessidade, espectro de ação do fármaco e qual o impacto no perfil de sensibili- dade. Controle de Infecção Hospitalar- Histórico e Aspectos legais O Controle de Infecção Hospitalar iniciou-se formalmente com Florence Nigthingale no século XIX que, com suas ações relacionadas à infraestrutura hospi- talar e processos de higiene e limpeza, alinhados à assistência ao paciente, funda- mentaram as práticas da Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar. A partir do século XX, com os grandes avanços da Microbiologia, tornou-se possível o conhecimento sobre os mecanismos de transmissão dos agentes infec- ciosos e na sequência a descoberta dos antibióticos. Tão rápido quanto a sua des- coberta, identificaram-se os efeitos adversos, as falhas terapêuticas e a resistência bacteriana. Diante deste panorama, o interesse pela prevenção e controle das in- fecções hospitalares passou a merecer máxima atenção, seja pelas repercussões econômicas, seja como fator decisivo na qualidade da assistência. A organização do Controle de Infecção Hospitalar no país fundamentou-se no artigo 2º, item IV, Guia Farmacoterapêutico 2011 33 do Decreto nº 77.052 de 1977, que destaca que nenhum serviço de saúde pode funcionar se “... não dispõe de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e circunstantes”. O reconhecimento da culpabilidade como sendo das instituições hospita- lares e a definição do estado como fiscalizador ocorreu com a Portaria MS nº 196 de 1983 que foi revogada pela Portaria MS nº 930 de 1992, que trouxe a obriga- toriedade de constituir os serviços de Controle de Infecção Hospitalar e manter instituídos os programas de controle de infecção hospitalar de caráter normativo nos hospitais. A obrigatoriedade de manter Programa de Controle de Infecção Hos- pitalar e CCIH atuando foi confirmada pela Lei nº 9431 de 06 de janeiro de 1997. Em 1998, a Portaria 2616 revogou a Portaria MS nº 930/92 e estabeleceu as diretrizes e normas para prevenção e controle das infecções hospitalares, ainda vigente. A Portaria nº 2616/98 cita, dentre outros itens, a definição conjunta da Co- missão de Controle de Infecção Hospitalar e da Comissão de Farmácia e Terapêutica de uma política de utilização de antimicrobianos. A terapêutica antimicrobiana é uma grande preocupação da medicina, e os protocolos de antibioticoterapia e antibioticoprofilaxia (Apêndices I, II, III e IV), quando utilizados corretamente, revisados e atualizados sistematicamente, são im- portantes estratégias para o uso racional destes fármacos. Classificação Os agentes antimicrobianos padronizados no Hospital Erasto Gaertner estão lista- dos abaixo (quadro 1) de acordo com sua classificação terapêutica. Guia Farmacoterapêutico 2011 34 Quadro 1 – Relação dos agentes anti-infecciosos padronizados no Hospital Erasto Gaertner. Fluxograma de liberação de antibacterianos Com o objetivo de racionalizar a terapia antibacteriana, desde 2009 o Hospital Erasto Gaertner adota um protocolo de uso de agente antibacterianos e controla a utilização de alguns destes fármacos. Os anti-infecciosos padronizados que são de uso controlado pela CCIH são Cefepima (em doses acima de 4 g/ dia), Meropenem, Piperacilina/Tazobactam, Polimixina B e Vancomicina. Este controle se dá com o auxílio da farmácia de dispensação, que veri- fica a prescrição e identifica os anti-infecciosos de uso controlado no primeiro dia de tratamento. Conforme esquematizado no fluxograma 1, caso o agente prescrito não seja de uso controlado pela CCIH, o mesmo será dispensado conforme rotina da farmácia. Guia Farmacoterapêutico 2011 35 Fluxograma 1. Fluxograma de liberação de Antimicrobianos controlados pela CCIH. Se o anti-infeccioso for de uso controlado pela CCIH a justificativa médica, bem como o prontuário do paciente (evoluções, exames laboratoriais e histórico de utilização de medicamentos), serão avaliados por um farmacêutico. Se a indicação de uso estiver de acordo com o protocolo do hospital, o mesmo terá seu uso libe- rado e será dispensado conforme rotina. Em caso de não adequação ao protocolo, é realizado contato com o médico infectologista da CCIH, que avaliará o caso. Se houver liberação, o anti-infeccioso será liberado normalmente, do contrário, será realizado contato com o médico prescritor, informando-o da situação e repassando a indicação do infectologista. Farmacocinética dos agentes antibacterianos Entendendo conceitos De um modo simplificado, serão abordados alguns conceitos comumente empregados na análise e planejamento de terapias medicamentosas. • Farmacocinética: se refere ao caminho que o fármaco faz no organismo, desde sua administração até sua eliminação. Essas fases são: absorção, distribuição, redis- tribuição, biotransformação e excreção. • Farmacodinâmica: se refere aos efeitos fisiológicos pela ação do medicamento, seus mecanismos de ação e relação da concentração com o efeito. Sim Segue protocolo da CCIH Sim Não Necessita parecer do infectologista Liberado Não Liberado Prescrição médica Não Comunicado médico prescritor Antibacteriano controlado pela CCIH Dispensado pela farmácia Guia Farmacoterapêutico 2011 36 Agentes antibacterianos em geral podem ser classificados como tempo- dependente ou dose-dependente, de acordo com o parâmetro cinético mais im- portante para sua ação farmacológica. A eficácia in vivo possui uma estreita relação com a farmacocinética (FC), farmacodinâmica (FD) econcentração do antimicrobi- ano, que são avaliados por estudos de correlação FC/FD. Para isso se utiliza princi- palmente três parâmetros que são expressos por meio de razões, são eles: Tempo/ Concentração Inibitória Mínima (CIM) (T/CIM), Concentração Máxima/CIM (Cmáx./ CIM) e Área Sobre a Curva/CIM (ASC/CIM) (Graf. 1). Tempo-Dependente Dentre os parâmetros FC, um dos mais importantes para as penicilinas, ce- falosporinas, carbapenêmicos, macrolídeos e glicopeptídeos (tabela 2) é a relação entre o tempo que a concentração no sítio de infecção permanece acima do CIM entre as administrações do antimicrobiano, denominado T/CIM. Necessita-se que a concentração do antibacteriano permaneça acima da CIM durante o maior período de tempo possível. Para um tratamento adequado indica-se que a relação T/CIM seja de no mínimo 60-70%, 50% e 40% para cefalosporinas, penicilinas e carbap- enêmicos, respectivamente. Graf. 1 – Curva de administração de antibacteriano endovenoso e seus parâmetros farmacocinéticos. Guia Farmacoterapêutico 2011 37 Antibacterianos Tempo Dependente Amoxicilina Ampicilina Azitromicina Cefalexina Cefazolina Cefepime Cefoxitina Ceftriaxona Meropenem Oxacilina Piperacilina/ Tazobactam Vancomicina Antibacterianos Dose Dependente Amicacina Ciprofloxacino Levofloxacino Norfloxacino Para estes medicamentos, o intervalo de administração e a velocidade de infusão são intrinsecamente responsáveis pelo sucesso te- rapêutico. Administrações em intervalos acima dos estabelecidos ou em concentração do me- dicamento abaixo da CIM das bactérias no local de infecção (seja por dificuldade de permeabi- lidade ou por dose sub-terapêutica) aumentam as chances de falha terapêutica e propiciam a possibilidade de seleção de bactérias resis- tentes. Intervalos prolongados entre as admi- nistrações possuem um mecanismo simples, uma vez que o paciente irá eliminar a dose an- terior, e a próxima dose não será administrada no momento correto, ocorrendo a diminuição da concentração em todo o organismo, que consequentemente, poderá ficar abaixo da CIM da bactéria causadora da infecção. A ocorrên- cia de concentração do antibacteriano no local de infecção abaixo da CIM das bac- térias pode possuir diversas causas, como: tempo de infusão muito elevado sem que a concentração infundida seja corrigida, sítios anatômicos de difícil permeabi- lidade, presença de líquidos cavitários ou corpos estranhos, pH no local da infecção e presença de microbiota secretora de enzimas inativadoras. Por outro lado, a administração de doses altas em intervalos pequenos pode aumentar a incidência de efeitos adversos, pois ocorre a elevação da Cmáx./ CIM e aumento da depuração do fármaco e, como consequência, sua concentração cai mais rapidamente, comprometendo a terapia. Além destes fatores, o estado nutricional, concentração plasmática de al- bumina, Clearance renal, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, presença de líquidos cavitários longe do local de infecção, inchaço, local da infecção e interações com outros medicamentos ou com o estado patológico do paciente possuem significa- tiva influência no sucesso terapêutico. Dose-Dependentes Existem medicamentos, como os aminoglicosídeos e quinolonas (tabela 2), que possuem sua ação independente do T/CIM, mas exibem estreita relação com Cmáx./CIM, sendo o tratamento mais efetivo quando a concentração máxima alcança quatro vezes o valor da CIM, o que se deve, geralmente, ao mecanismo de Tabela 2 – Listagem dos antimicrobianos, tempo e dose dependentes padronizados Guia Farmacoterapêutico 2011 38 ação, que se efetua por meio de ligações covalentes. Contudo, mesmo não sendo medicamentos tempo-dependente, é importante frisar que se houver atraso na ad- ministração da dose seguinte, bactérias que não sofreram ação do medicamento na dose anterior podem continuar a se multiplicar, atrasando a melhora clínica e aumentando o tempo de internação. Considerações sobre a terapia Muitos são os fatores que interferem na terapia antibacteriana, e a grande maioria destes fatores não podem ser controlados. Justamente por isso, deve-se empenhar ao máximo em controlar da maneira mais efetiva os fatores referentes a forma, duração e período de administração destes medicamentos. Infecções, em especial quadros de sepse, constituem uma das emergências mais comuns que acometem pacientes internados, em especial imunossuprimidos e com doenças crônicas, exatamente o perfil encontrado em um hospital oncológico. Resistência bacteriana A maioria dos antibacterianos é derivada de produtos secundários ao me- tabolismo de fungos e bactérias, sendo seus produtores resistentes a seus próprios metabólitos. Por sua vez, o solo é o habitat de muitas espécies bacterianas, que vivem associadas a actinomicetos, bacilos e bolores e, consequentemente, elas so- frem ação destas substâncias, sendo há 3 milhões de anos induzidas a desenvolver diversos mecanismos de resistência. O guia farmacoterapêutico não tem por objetivo descrever todos os mecanismos de resistência e seus agentes, mas tem o compromisso de orientar, educar e infor- mar aos profissionais do cuidado (saúde) do dever de zelar pela minimização da seleção e disseminação de cepas bacterianas resistentes, pois apenas em conjunto conseguiremos conter o aumento da resistência microbiana. Guia Farmacoterapêutico 2011 39 Ap ên di ce I – Pr ot oc ol o de Te ra pi a An tim ic ro bi an a Em pí ric a To po gr af ia An tim ic ro bi an os D os ag em Ap re se nt aç ão An tim ic ro bi an os D os ag em Ap re se nt aç ão In tra -a bd om in ai s 1ª o pç ão 15 m g/ kg /d ia + 1, 5g /d ia E V A m ic ac in a + M et ro ni da zo l R es pi ra tó ria E V V A P T ar di a 2ª o pç ão C ef tri ax on a + M et ro ni da zo l 1 g 1 2/ 12 h 1, 5 g/ di a E V E V E V E V E V E V 15 m g/ kg /d ia + 60 0 m g de 6 /6 h or as 1g d e 12 /1 2 ho ra s P ip er ac ili na / Ta zo ba ct am M er op en em N ão S ép tic o C ef tri ax on a 1g d e 12 /1 2 ho ra s C ip ro flo xa ci na 4 00 m g E V o u 50 0 m g V O d e 12 /1 2h 4, 5 g 8/ 8 h 1 g 8/ 8 h E V C om un itá ria In fe cç ão d e Pe le e Fe rid a op er at ór ia 1ª o pç ão Se ps e e In fe cç õe s re la ci on ad as à ca te te r 1ª o pç ão Se ps e A m ic ac in a + C lin da m ic in a E V 2ª o pç ão 1 g 1 2/ 12 h 1, 5 g/ di a V an co m ic in a A ss oc ia da o u nã o à 1ª op çã o C ef tri ax on a + M et ro ni da zo l 2g d e 12 /1 2 ho ra s + 15 m g/ kg /d ia 1ª o pç ão 2 g 12 /1 2h + 15 m g/ kg /d ia d os e ún ic a E V E V 50 0 m g/ di a 1ª o pç ão M er op en em + V an co m ic in a 1 g 8 /8 h + 1g d e 12 /1 2h 1ª o pç ão 1ª o pç ão P ip er ac ili na / Ta zo ba ct am 4, 5 g 8 /8 h E V E V + E V o u V O 2 g / d ia + 5 00 m g/ di a E V o u V O C ef tri ax on a + A zi tro m ic in a 2ª o pç ão 2ª o pç ão C ef ep im e + A m ic ac in a N eu tro peni a Fe br il 2ª o pç ão E V 1ª o pç ão 1ª o pç ão O bs er va çã o: S e nã o ho uv er re sp os ta e m 4 8 ho ra s e le uc op en ia g ra ve ( < 10 00 c el s/ m m 3 ): su sp en de r P ip er ac ili na / T az ob ac ta m e in ic ia r M er op en em 0 1g E V de 0 8/ 08 h Tr at o U rin ár io V A P P re co ce (< 5 d ia s) C om un itá ria P ne um on ia n ão a ss oc ia da à V en til aç ão M ec ân ic a H os pi ta la r 1ª o pç ão Le vo flo xa ci na C ef ep im e + A m ic ac in a Guia Farmacoterapêutico 2011 40 Ap ên di ce I – Pr ot oc ol o de Te ra pi a An tim ic ro bi an a Em pí ric a (c on tin ua çã o) Guia Farmacoterapêutico 2011 41 Ap ên di ce II – P ro to co lo d e Te ra pi a An tif ún gi ca E m pí ric a Guia Farmacoterapêutico 2011 42 Ap ên di ce II I – P ro to co lo d e Pr ofi la xi a Ci rú rg ic a Guia Farmacoterapêutico 2011 43 Ap ên di ce II I – P ro to co lo d e Pr ofi la xi a Ci rú rg ic a (C on tin ua çã o) Guia Farmacoterapêutico 2011 44 Apêndice IV - Doses Recomendadas para Antibacterianos de Amplo Espectro de Uso Hospitalar (adulto com peso e função renal normal) Guia Farmacoterapêutico 2011 45 4. Nutrição Parenteral Total Conceito A nutrição parenteral é uma solução estéril de nutrientes, infundida por via endovenosa por meio de um cateter venoso central ou periférico. Esse método de nutrição tem por objetivo fornecer os elementos necessários para atender a demanda nutricional de pacientes que possuem a via gastrintestinal impossibili- tada de ser utilizada em razão de causas anatômicas, infecciosas ou metabólicas e também como parte do tratamento em certas doenças que necessitem de repouso intestinal e/ou pancreático. O Brasil, desde 1998, dispõe de uma legislação específica (Portaria nº 272/ MS/SNVS de 1998) que regulamenta e define a terapia nutricional parenteral como: “solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipí- dios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração endovenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou ma- nutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas”. Indicações de Nutrição Parenteral As indicações mais frequentes de nutrição parenteral em oncologia são: a) Pré-operatório: a nutrição parenteral pode ser utilizada em pacientes desnutri- dos para melhora do quadro nutricional onde a via enteral ou oral não possa ser utilizada ou fornece uma quantidade inferior a 60% das necessidades nutricionais diárias. Nesta situação deve ser utilizada por cinco a sete dias antes da cirurgia de grande porte e por igual número após. b) Fístula gastrintestinal: utilizada quando existe uma impossibilidade de posi- cionamento do cateter entérico distalmente à fístula ou na ausência de uma sonda enteral, fístulas de natureza desconhecida, fístulas de alto débito, fístula de baixo débito em jejuno. c) Íleo prolongado: ausência temporária dos movimentos contráteis da parede in- testinal prejudicando a absorção e evolução da dieta oral/enteral. d) Síndrome do Intestino Curto: gera a impossibilidade de absorção dos nutrientes por via oral ou enteral por um período indeterminado e varia de acordo com a área e a quantidade de intestino delgado ressecado, além da presença de cólon intacto ou não. A terapia nutricional deve ser indicada o mais precoce possível indepen- dente da presença ou não de desnutrição prévia. e) Distúrbios gastrintestinais e obstruções mecânicas do trato gastrintestinal: vômi- Guia Farmacoterapêutico 2011 46 tos crônicos, mucosite severa induzida por quimioterapia ou transplante de medula óssea, doença intestinal infecciosa, suboclusão intestinal em paciente realizando tratamento quimioterápico. Nestas situações, tem-se defendido a idéia de exclusão dos alimentos da luz intestinal na fase aguda da doença num objetivo de remissão das intercorrências até que o tratamento oncológico resulte em melhora. Contraindicações A nutrição parenteral está contraindicada em situações de sobrecarga de volume, em situações de falência hemodinâmica e em graves alterações metabóli- cas e bioquímicas com repercussão funcional orgânica. As situações mais comuns são: a) Instabilidade hemodinâmica b) Fase aguda do trauma c) Edema agudo de pulmão d) Infarto agudo do miocárdio e) Anúria sem diálise f) Distúrbios metabólicos No entanto, algumas situações clínico-laboratoriais requerem cautela no uso da nutrição parenteral, de acordo com a Sociedade Americana de Nutrição Pa- renteral e Enteral (ASPEN, 2007), são: a) Glicemia maior que 300 mg/dL b) Osmolaridade sérica maior que 350 mOsm/Kg c) Potássio menor que 3 mEq/L d) Cloro maior que 115 ou menor que 85 mEq/L e) Fósforo menor que 2 mg/dL f) Acidose metabólica g) Nitrogênio ureico sanguíneo maior que 100 mg/dL Vias de Acesso em Nutrição Parenteral A nutrição parenteral pode ser administrada por acesso venoso central ou periférico e a escolha da via dependerá da duração planejada da terapia. Acesso Venoso Periférico – Nutrição Parenteral Periférica O acesso venoso periférico se refere à localização da ponta do cateter em uma veia superficial de grosso calibre, comumente as veias das extremidades superiores na mão ou antebraço. Recomendada para nutrição por períodos cur- Guia Farmacoterapêutico 2011 47 tos (inferiores a 15 dias) ou como alimentação complementar. Essa via de alimen- tação apresenta como vantagens a punção venosa superficial rápida, segura e sem necessidade de cuidados especializados; controle glicêmico mais fácil, menores índices de complicações inerentes ao acesso venoso central e ao seu manuseio; além de menor custo. Em geral, a quantidade de calorias administrada fica em tor- no de 1000 a 1.500 Kcal ao dia. A complicação mais frequente é a tromboflebite. A nutrição parenteral periférica não permite o uso de soluções hiperosmolares Acesso Venoso Central – Nutrição Parenteral Central O acesso venoso central refere-se a localização da ponta do cateter em uma veia de alto fluxo sanguíneo interligada a veia cava superior ou ao átrio direito, ou seja, a infusão parenteral chega diretamente ao coração. É indicado por perío- dos longos (>14 dias), permite a administração de soluções hiperosmolares sem que haja o risco de flebite ou trombose e possibilita a administração de todos os nutrientes necessários para uma nutrição completa e balanceada. As desvantagens desse tipo de acesso estão associadas, principalmente, a ocorrência de sepses rela- cionada ao cateter. Locais de Implantação do cateter venoso central A Nutrição parenteral central deve ser administrada em áreas de alto fluxo do sistema venoso central. O acesso a veia cava superior pode ser realizado através da punção das seguintes veias: subclávia, jugular interna e femoral. a) Canulação da veia subclávia: o cateter instalado na veia subclávia permite um fácil manuseio do mesmo e de cuidados de enfermagem, oferecendo um menor risco de complicações infecciosas relacionadas ao cateter. b) Canulação da veia jugular interna: o cateter na veia jugular interna é de fácil realização pelo médico e suas complicações são pouco frequentes, no entanto traz como desvantagem a maior chance de infecção do mesmo devido a localização próxima a traqueostomia e secreções orofaríngeas. c) Canulação da veia femoral: a punção da veia femoral apresenta maior chance de infecção, portanto deve ser a última a ser tentada. d) Cateteres venosos centrais de inserção periférica, conhecidos como PICC (Pe- ripherally Inserted CentralCatheter): podem ser uma opção de nutrição parenteral se o acesso venoso central não for possível, e a nutrição for necessária por mais de duas semanas. Guia Farmacoterapêutico 2011 48 Componentes e Cálculo da Nutrição Parenteral As soluções de nutrição parenteral são formulações que contêm fontes calóricas destinadas ao fornecimento de energia para o organismo como os car- boidratos e os lipídios, fontes de nitrogênio como as proteínas, eletrólitos, elemen- tos-traços, vitaminas e água. Tais composições de cada um de seus componentes são prescritos com objetivos específicos, como a situação clínica do paciente, diag- nóstico, presença de comorbidades que interfiram na nutrição parenteral, uso de medicamentos, balanço hidreletrolítico e estado ácido-básico. Sistema de Nutrição Parenteral Já se encontra bem difundida a utilização de soluções padrões industriali- zadas e prontas para uso. As soluções prontas para uso apresentam como principais vantagens a diminuição significativa do tempo entre a prescrição médica e infusão da nutrição parenteral e diminuição de desperdícios de solução por problemas téc- nicos relacionados a velocidade de infusão. Sua principal desvantagem é ter uma formulação padrão que não permite alteração, sendo esta a principal vantagem do uso da soluções manipuladas, cujo uso hoje fica restrito a pacientes pediátricos e situações bem específicas da prática clínica. Complicações e Monitoração da Nutrição Parenteral A nutrição parenteral não está isenta de complicações. As principais com- plicações são: a) Complicações técnicas relacionadas ao cateter – podem estar relacionadas à in- serção do cateter como o pneumotórax, embolia pulmonar, lesão do ducto toráci- co, localização inadequada do cateter e lesão arterial, ou podem ser infecciosas, sendo esta a principal causa de morbimortalidade em pacientes que necessitam de nutrição parenteral, podendo até mesmo comprometer a indicação desse método. As causas mais comuns das complicações infecciosas estão relacionadas com a falta de cuidados na punção do acesso venoso e ausência de cuidados adequados de higienização do local de inserção do cateter. b) Complicações infecciosas relacionadas à contaminação da formulação – são pou- co frequentes e ocorrem como consequência de uma ou mais falhas relacionadas com a qualidade dos componentes aditivados. c) Complicações metabólicas – estão relacionadas com o tipo e quantidade dos ma- cronutrientes e micronutrientes que constituem a solução. Citam-se as principais: hiperglicemia, hipercapnia, hipertrigliceridemia, imunossupressão. A síndrome do Guia Farmacoterapêutico 2011 49 roubo celular ou da realimentação é caracterizada por um desequilíbrio dos fluidos e eletrólitos, falência cardíaca e falência respiratória. Ocorre em pacientes desnu- tridos graves ou em jejum prolongado, submetidos à terapia nutricional não ba- lanceada ou excessiva, em fase de anabolismo celular. d) Complicações gastrintestinais – como a atrofia da mucosa gastrintestinal, gastrite e úlcera péptica. Fórmulas Padronizadas na Instituição Temos padronizado na instituição as Nutrições Parenterais industrializadas descritas abaixo: Código TASY Formulação 75033 NPT central com lipídio 2000 mL 75032 NPT central com lipídio 1000 mL 75034 NPT central sem lipídio 2000 mL 75035 NPT central sem lipídio 1000 mL Quando o paciente está em uso da NPT, há também padronizado o polivi- tamínico (código 72060) para complemento de suas necessidades nutricionais. Caso o paciente necessite de formulações especiais, a instituição possui contrato com empresa terceirizada especializada na manipulação de NPT´s, a fim de atender necessidades específicas. Previamente à prescrição da NPT, é necessário entrar em contato com o setor de Farmácia Hospitalar (Ramais: 5172 ou 5299) e / ou solicitar avaliação da EMTN (Equipe Multidisciplinar da Terapia Nutricional) para os devidos encaminha- mentos. Guia Farmacoterapêutico 2011 50 5. Farmacovigilância no Hospital Erasto Gaertner O Hospital Erasto Gaertner (HEG) desde 2002 faz parte da Rede Sentinela da ANVISA, como Hospital colaborador. A Rede de Hospitais Sentinelas conta com mais de cem hospitais, dis- tribuídos em todos os estados brasileiros. A maioria é hospital de grande e médio porte, que realizam procedimentos médicos variados e desenvolvem programas de residência médica. Cada hospital designa um gerente de risco, profissional res- ponsável por articular a assistência às áreas de farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância e vigilância de saneantes. A Rede Sentinela identifica, em produtos sob vigilância, problemas que comprometam a qualidade e a segurança do seu uso. Envia às autoridades sanitárias os relatos desses problemas sob a forma de notifi- cação e, assim, contribui com as ações regulatórias da ANVISA. Os hospitais usam a força da rede para notificar queixas técnicas e reações adversas a fim de ajudar na regulação destes produtos no mercado. Segundo a OMS, farmacovigilância é a ciência relativa à detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a medicamentos, inclusive queixas técnicas, erros de medicação, uso off label e interações medicamentosas. A farmacovigilância é o trabalho de acompanhamento do desempenho dos medicamentos que já estão no mercado. As suas ações são realizadas de forma compartilhada pelas vigilâncias sanitárias dos estados, municípios e pela ANVISA. No âmbito da Farmacovigilância, os hospitais sentinelas representam uma estratégia adicional para integrar a monitoração de medicamentos à prática clínica. O envolvimento dos profissionais de saúde com os princípios da farmacovigilância tem grande impacto na qualidade da assistência, tanto nos aspectos relacionados à prescrição, influindo diretamente na prática médica, quanto na dispensação e no uso de medicamentos. • O que são Eventos Adversos? São entendidos como quaisquer efeitos não desejados em humanos, decorrente do uso de produtos sob vigilância sanitária. Estes eventos podem ou não contribuir para a morte, doença ou lesão séria do paciente. • O que são Queixas Técnicas? São entendidas como qualquer notificação de suspeita de alteração / irregularidade de um produto / empresa relacionada a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à saúde individual e coletiva. Guia Farmacoterapêutico 2011 51 • Como Participar? Qualquer colaborador pode enviar notificações a respeito de queixas técnicas ou eventos adversos ocasionados por uso de medicamentos, contribuindo para a rede de farmacovigilância existente no HEG. Para enviar a notificação é simples, basta preencher o formulário presente na in- tranet “formulário de notificação de risco” e enviar juntamente o frasco do medi- camento para a farmácia, seguindo o fluxo de gerenciamento de risco (apêndices I, II e III). Estas informações serão avaliadas pela comissão de gerenciamento de risco, e tanto a ANVISA quanto o fabricante dos medicamentos serão notificados. O HEG fica no aguardo do retorno das informações a respeito das notificações pe- los respectivos órgãos e na sequência leva os dados a respeito das notificações para debate na comissão de gerenciamento de risco e na comissão de farmácia e terapêutica (CFT), a fim de avaliar a manutenção da padronização do produto no hospital. • O que notificar? Podem ser notificados medicamentos que apresentem as seguintes quei- xas técnicas: * Cor alterada * Cheiro alterado * Vazamentos * Viscosidade diferente * Rótulos com problemas * Embalagens parecidas, que possam confundir o profissional de saúde * Conteúdo inadequado * Presença de corpo estranho, etc. Podem ser notificados também outros riscos relacionados a medicamen- tos como: ** Erros de medicação, que são ocasionados por falha assistencial e que pode acar- retar no uso inapropriado de medicamentos, podendo ou não ocasionar danos aos pacientes. Podem ocorrer em qualqueretapa da utilização do medicamento desde a prescrição até a administração. São alguns exemplos: escolha incorreta de via de administração, de dose, de hora, de velocidade de infusão, prescrição incorreta, posologia inadequada, etc. ** Reação Adversa Medicamentosa, sendo qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma droga observada com doses terapêuticas costumeiras em seres humanos para fins de tratamento, profilaxia ou diagnóstico. Alguns exemplos Guia Farmacoterapêutico 2011 52 de reação adversa medicamentosa são: prurido, urticária, febre, vômito, reação anafilática, entre outras. ** Inefetividade terapêutica, ou seja, é quando o medicamento não apresenta o efeito desejado. ** Uso off label, que é quando o medicamento é utilizado para fins que não estão descritos em sua bula. Participe efetivamente da comissão de gerenciamento de riscos, enviando notificações a respeito de farmacovigilância para a farmácia. Com a sua notificação a comissão de farmácia e terapêutica terá mais segurança para reavaliar a lista de padronização dos medicamentos fornecidos aos pacientes no HEG. A segurança do HEG está em nossas mãos! Apêndice I – Fluxograma de Gerenciamento de Risco Guia Farmacoterapêutico 2011 53 Apêndice II – Formulário de Notificação de Risco Guia Farmacoterapêutico 2011 54 Apêndice III – Formulário de Notificação ao Fornecedor Guia Farmacoterapêutico 2011 55 6. Programa Paraná Sem Dor Em outubro de 2001 teve início o Programa Paraná Sem Dor de Câncer, uma parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde, a Clínica de Dor e o Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. O programa foi criado para melhorar o atendimento e controle da dor dos pacientes oncológi- cos, que são acometidos com dor relacionada à doença em mais de 50% dos casos. A partir de 2002 a Farmácia Ambulatorial do Hospital Erasto Gaertner pas- sou a ser uma unidade dispensadora dos medicamentos do programa, facilitando, desta forma, o acesso dos pacientes da instituição aos medicamentos utilizados no tratamento da dor. O governo do Estado do Paraná fornece 14 medicamentos em 22 apresen- tações, conforme relação abaixo: Guia Farmacoterapêutico 2011 56 A inclusão de pacientes do HEG no Programa Paraná sem Dor é realizada por meio de cadastro efetuado na Farmácia Ambulatorial da instituição. Atualmente, o Hospital Erasto Gaertner possui 1115 pacientes cadastra- dos no programa, e estes retiram mensalmente os medicamentos na Farmácia Am- bulatorial. A dispensação de medicamentos é realizada apenas mediante prescrição médica, e para no máximo 30 dias de tratamento. Guia Farmacoterapêutico 2011 57 7. Medicamentos Sujeitos a Controle Especial (PORT. 344/98/MS e RDC 44/2010) É imprescindível aos profissionais da área de saúde, tanto prescritores quanto dispensadores, assim como os demais profissionais envolvidos na pres- crição, o conhecimento e o cumprimento das legislações. Isso vale principalmente em relação aos Medicamentos Sujeitos a Controle Especial, dos quais fazem parte os psicofármacos, anti-retrovirais, retinóides de uso sistêmico, imunossupressores, anabolizantes entre outros, cujas classificações são apresentadas por listas contidas na Portaria 344/98 e suas atualizações. Recentemente os antibióticos foram incluídos no rol dos medicamentos controlados (RDC 44/2010) e desde 28 de novembro de 2010 é obrigatória a reten- ção das receitas desses medicamentos pelas farmácias e drogarias. Para os pacientes internados em estabelecimentos hospitalares, oficiais ou particulares, a legislação não exige Notificação de Receita, porém a dispensação se fará mediante receita ou outro documento equivalente (prescrição diária de medicamento), subscrita em papel privativo do estabelecimento. Neste capítulo estão relacionados os Medicamentos Sujeitos a Controle Especial padronizados no Hospital Erasto Gaertner. LISTA A1 – Substâncias Entorpecentes (Sujeitas a Notificação de Receita “A”) Alfentanila Metadona Petidina Fentanila Morfina Remifentanila LISTA A2 – Substâncias Entorpecentes de Uso Permitido Somente em Concen- trações Especiais (Sujeitas a Notificação de Receita “A”) Codeína* Tramadol* *A Codeína e o Tramadol, na concentração padronizada no HEG, (30 e 50mg re- spectivamente) ficam sujeitos a prescrição em Receita de Controle Especial, em 2 (duas) vias. Guia Farmacoterapêutico 2011 58 LISTA B1 – Substâncias Psicotrópicas (Sujeitas a Notificação de Receita “B”) Bromazepam Diazepam Midazolam Clonazepam Fenobarbital* Tiopental * Fenobarbital apesar de fazer parte da lista B1, não necessita de Notificação de Receita “B” e fica sujeito a prescrição de Receita de Controle Especial, em duas vias. LISTA C1 – Outras Substâncias Sujeitas a Controle Especial (Sujeitas a Receita de Controle Especial em duas vias) Amitriptilina Clorpromazina Haloperidol Risperidona Biperideno Etomidato Halotano Sevoflurano Carbamazepina Fenitoína Isoflurano Tetracaína* Cetamina Flumazenil Naloxona Ciclopentolato Gabapentina Propofol *Tetracaína, ficam sujeitos: (a) a venda SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA, quando tratar de preparações farmacêuticas de uso tópico odontológico, não associadas a qualquer outro princípio ativo; (b) venda COM PRESCRIÇÃO MÉDICA SEM RETENÇÃO DE RECEITA, quando tratar- se de preparações farmacêuticas de uso tópico otorrinolaringológicos, especifica- mente colutórios e soluções utilizadas no tratamento de otite externa; (c) venda sob prescrição médica COM RETENÇÃO DE RECEITA, quando tratar-se de preparações farmacêuticas de uso tópico oftalmológico. LISTA C2 – Medicamentos Retinóides de Uso Sistêmico (Sujeitas a Notificação de Receita Especial acompanhada do Termo de Consentimento Pós-Informação, em duas vias) Isotretinoína (Ácido 13-Cis-Retinóico) Tretinoína (Ácido All-trans-Retinóico) Guia Farmacoterapêutico 2011 59 ANTIMICROBIANOS (Sujeitas a Receita de Controle Especial em duas vias) Receita terá validade de 10 dias a partir da data de sua emissão Amicacina Cefoxitina Metronidazol Polimixina B Amoxicilina Ceftriaxona Mupirocina Sulfametoxazol Ampicilina Ciprofloxacina Neomicina Tazobactam Azitromicina Clindamicina Nistatina Tobramicina Cefalexina Cloranfenicol Norfloxacina Trimetoprima Cefazolina Levofloxacina Oxacilina Vancomicina Cefepime Meropenem Piperacilina Tipos de Receituário Notificação de Receita É o documento que, acompanhado da receita médica, autoriza a dispensação destes medicamentos. A Notificação de Receita só poderá conter 1 (um) medicamento. Art35/Port344/98: A Notificação não substitui receita. Notificação de Receita “A” – De cor amarela, com validade para 30 dias, podendo conter no máximo a quantidade de 5 ampolas ou 30 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas de apresentação. Guia Farmacoterapêutico 2011 60 Notificação de Receita “B” – De cor azul, com validade para 30 dias, podendo conter no máximo a quantidade de 5 ampolas ou 60 dias de tratamento para outras for- mas farmacêuticas de apresentação; Notificação de Receita “B2” – De cor azul, com validade para 30 dias, podendo con- ter no máximo a quantidade 30 dias de tratamento; Guia Farmacoterapêutico 2011 61 Notificação de Receita de Talidomida – De cor branca, com validade para 15 dias, podendo conter a quantidade correspondente a, no máximo, 30 dias de tratamen- to. Notificação de Receita Especial (retinóides sistêmicos) – De cor branca, com vali- dade para 30 dias, devendo ser preenchida em duas vias, podendo conter a quanti- dade correspondente a, no máximo, 30 dias de tratamento. Guia Farmacoterapêutico 2011 62 Receita de Controle Especial Receita comum, preenchida em duas vias, com validade para 30 dias, podendo con- ter até 3 substâncias, sendo a quantidade de, no máximo, 5 ampolas ou 60 dias de tratamento para outras formas farmacêuticas de apresentação. As receitas de anti- retrovirais podem conter até 5 substâncias e quantidades correspondentesa, no máximo, 30 dias de tratamento. As receitas de medicamentos antiparkinsonianos e anticonvulsivantes podem conter a quantidade correspondente a, no máximo, 180 dias de tratamento. ATENÇÃO: As receitas de antimicrobianos terão validade de 10 dias a contar da data de sua emissão e poderá conter apenas 1 antimicrobiano por receita, que não poderá ser reutilizada para compras posteriores. Guia Farmacoterapêutico 2011 63 Guia Farmacoterapêutico 2011 64 Orientação para Prescrição e Dispensação Receita: Prescrição escrita de medicamento, contendo orientação de uso para o paciente, efetuada por profissional legalmente habilitado. *Notificação de Receita: Documento padronizado destinado à Notificação da pres- crição de substâncias/medicamentos sujeitos a controle especial. **As Notificações de receita B e receitas da Lista C2 tem validade somente dentro da Unidade Federativa; as demais tem validade em todo território nacional, de- vendo ser apresentado a Vigilância Sanitária para visto em 72 horas. Obs.: De acordo com a legislação vigente, a dispensação permitida de medicamen- tos injetáveis sujeitos a controle especial é de no máximo 05 ampolas, porém, em casos especiais, quantidades superiores devem ser justificadas pelo médico prescri- tor por escrito. *** Internamente, para notificações de receita A e notificações de receita B, são disponibilizados aos prescritores , receituário interno na cor rosa , aceito somente pelo Setor de Farmácia Hospitalar do Hospital Erasto Gaertner . Guia Farmacoterapêutico 2011 65 8. Saneantes DEFINIÇÕES • Anti-séptico: Agente que inibe ou destrói micro-organismos em tecidos, inclusive na pele, cavidade oral e ferimentos. • Desodorizante: Formulações que têm na sua composição substâncias microbioes- táticas, capazes de controlar os odores desagradáveis do metabolismo dos micro- organismos. Não apresentam efeito letal sobre micro-organismos, mas inibem o seu crescimento e multiplicação. • Esporicida: Agente que destrói esporos de fungos e bactérias quando utilizados em concentração suficiente e por um tempo de contato específico, sendo esperada a ação sobre todas as formas vegetativas. • Esterilizantes: Formulações líquidas ou em fase de vapor que têm na sua com- posição substâncias microbicidas e apresentam efeito letal para todos os micro- organismos, esporulados ou não esporulados. • Saneantes: Substâncias ou preparações destinadas a higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tratamento da água, compreendendo: a) inseticidas - destinados ao combate, prevenção e controle dos insetos e pragas; b) raticidas - destinados ao combate a ratos, camundongos e outros roedores, con- tendo substâncias ativas, isoladas ou em associação, que não ofereçam risco à vida ou à saúde humana, quando aplicados em conformidade com as recomendações contidas em sua apresentação; c) desinfetantes - destinados a destruir, indiscriminada ou seletivamente, micro- organismos infecciosos como fungos, vírus e bactérias, mas não necessariamente seus esporos; quando aplicados em objetos inanimados ou ambientes, como por exemplo detergentes de uso geral, industriais, hospitalares para superfícies fixas e hospitalares para artigos semi-críticos, ou seja, para equipamentos e acessórios médicos e hospitalares que entram em contato com mucosas; d) detergentes - destinados a dissolver gorduras e à higiene de recipientes e vasil- has, destinados principalmente ao uso doméstico. Guia Farmacoterapêutico 2011 66 PRINCIPAIS AGENTES SANEANTES Álcoois Etanol; Isopropanol Assepsia; Desinfecção Aldeídos Glutaraldeído; Formaldeído Desinfecção; Esterilização Anilidas Triclocarban Assepsia Biguanidas Clorexidina Assepsia; Desinfecção Bis-fenóis Triclosan; Hexaclorofeno Assepsia; Desodorizante Diamidinas Propamidina; Dibromopropamidi- na Assepsia Agentes liberadores de halogênio Derivados de cloro (hipoclorito); Derivados de iodo Desinfecção; Assepsia; Limpeza Halofenóis Cloroxilenol Assepsia Metais pesados Derivados de prata; Derivados de mercúrio Assepsia; Desinfecção Peróxidos Peróxido de hidrogênio (água oxi- genada); Ozônio; Ácido peracético Desinfecção; Esterili- zação, Assepsia Fenóis e Cresóis Fenol; Cresol, Cloroxilenol Desinfecção Quaternários de amônio Cetrimida; Cloreto de benzalcônio Desinfecção; Assepsia; Limpeza Gases Óxido de etileno; Formaldeído; Peróxido de hidrogênio Esterilização; Desinfecção Observação: A eficiência do desinfetante depende da atividade intrínseca do agente, concentração, tempo de contato, natureza da superfície a ser aplicada, diluente utili- zado, quantidade e tipo de micro-organismos presentes. PRECAUÇÕES E RECOMENDAÇÕES - O procedimento de limpeza e o uso inadequado de produtos desinfetantes, assim como o controle ineficiente das infecções, podem causar resistência microbiana. - Além disso, o manuseio e uso dos produtos de limpeza exigem cuidados, pois po- dem causar danos à saúde, tais como: • queimaduras • problemas respiratórios • irritações • graves intoxicações Guia Farmacoterapêutico 2011 67 - É sempre recomendado guardar produtos saneantes bem longe de bebidas, ali- mentos, medicamentos e cosméticos. - Os produtos saneantes devem ser mantidos sempre fora do alcance de crianças. - As embalagens vazias dos produtos saneantes não devem ser reutilizadas, pois pode haver resíduos do produto. Jogue fora as embalagens vazias de acordo com instruções de descarte. - Somente misture um produto saneante com outro produto qualquer se esta indi- cação constar no rótulo, pois a mistura indevida pode causar reações perigosas ou vapores tóxicos. - Utensílios domésticos (copos, xícaras, colheres) não podem ser utilizados como medida para produtos saneantes. O preparo e fracionamento dos produtos devem ser realizados apenas por pessoa treinada e com instrumentos adequados. - Mantenha os produtos saneantes protegidos do sol, chuva e umidade, mantendo- os longe do calor e do fogo, pois alguns são inflamáveis. O QUE FAZER NO CASO DE ACIDENTES COM PRODUTOS SANEANTES? 1. Sempre trate primeiro da pessoa acidentada 2. Siga as orientações de socorro que estão no rótulo do produto e entre em con- tato imediatamente com pessoa qualificada do SESMT 3. Adote as seguintes medidas gerais de primeiros-socorros de acordo com a situ- ação: • Se a pessoa bebeu ou comeu o produto: não provoque vômito, procure imediata- mente o SESMT. Nunca dê nada para a pessoa beber ou comer se ela estiver incons- ciente. • Se o produto entrou em contato com os olhos (caiu ou respingou), lave-os ime- diatamente com muita água limpa, mantendo os olhos bem abertos e em caso de dor, irritação, ardência ou lacrimação, procure imediatamente ajuda médica e con- tate o SESMT. • Se o produto entrou em contato com a pele (caiu ou respingou), lave imediata- mente a parte do corpo atingida, com muita água limpa, tire as roupas contamina- das pelo produto e em caso de irritação, dor ou queimadura procure ajuda médica e contate o SESMT. • Se a pessoa inalou em excesso o produto, abra as janelas para arejar o ambiente ou leve-a para um local aberto. Se houver sinais de intoxicação (mal-estar, tontura, dificuldades para respirar, tosse), procure ajuda médica e contate o SESMT. Sempre que possível, é importante levar o rótulo do produto ao médico, porque isto orienta e melhora o atendimento ao paciente. Guia Farmacoterapêutico 2011 68 RELAÇÃO DOS PRODUTOS PADRONIZADOS Código Tasy Descrição 79102 Ácido Peracético 0,2% galão 5000 ml ou borrifador 250 ml 36110 Água Oxigenada 10 V frasco 100 mL 228 Água Oxigenada 10 V frasco 1000 mL 33283 Álcool 70 % frasco 1000 mL ou frasco 250 ml 58010 Clorexidina alcoólica 0,5% frasco 100 mL 58011 Clorexidina degermante 4% frasco 100 ml 77862 Desinfetante concentrado frasco 1000 mL 29382 Desinfetante aromatizante ambiental diluído galão 5000 ml 34206 Detergente multienzimático concentrado frasco 1000 mL 27595 Detergente multiuso
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