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PAREDE CELULAR TECNOLOGIA DA MADEIRA - ENF 355 COMPOSIÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR: COMPOSIÇÃO QUÍMICA - ASPECTOS GERAIS Não há diferenças consideráveis entre a composição química elementar de madeiras de coníferas e folhosas, levando-se em conta a madeira de diversas espécies. CARBONO (C): 48-50% HIDROGÊNIO (H): 6% OXIGÊNIO (O): 44-45% NITROGÊNIO (N): 0,1-1% Composição química elementar em relação ao peso seco da madeira: Mesmo a composição elementar da madeira não diferenciando de forma considerável entre coníferas e folhosas, abaixo há uma composição química elementar mais detalhada dessas madeiras: Formada por substâncias macromoleculares características de todas as madeiras, a celulose, a hemicelulose e a lignina. São os constituintes primários da parede celular (principais). COMPOSIÇÃO QUÍMICA ESTRUTURAL: ESTRUTURA COMPOSICIONAL PRESENTE NA PAREDE CELULAR DE FIBRAS LIGNOCELULÓSICAS Holecelulose (polioses): celulose + hemiceluloses, compõem aproximadamente 75% da composição química elementar. Celulose: A celulose tem alto peso molecular, é um componente não fenólico e uniforme da madeira. É um polímero empilhado, em cristais e também com regiões amorfas. A celulose é o principal constituinte das biomassas vegetais, perfazendo aproximadamente a metade da massa seca de qualquer madeira. Trata-se de um polímero orgânico, linear e de grau de polimerização elevado, formado unicamente por monômeros de ß-D-glicose unidos entre si por ligações do tipo ß-1-4. A aproximação favorece a formação de ligações de hidrogênio entre os grupos hidroxílicos presentes na região equatorial dos monômeros de glicose, formando assim regiões cristalinas devido ao arranjo ordenado das cadeias glicosídicas. As regiões cristalinas dão maior estabilidade à molécula de celulose. UNIDADE REPETIDORA DA CELULOSE PAREDE CELULAR TECNOLOGIA DA MADEIRA - ENF 355 COMPOSIÇÃO QUÍMICA - ASPECTOS GERAIS Hemiceluloses: . As hemiceluloses têm baixo peso molecular em relação à celulose e à lignina, é amorfa, bidimensional e possui vários tipos de carboidratos. As hemiceluloses são polímeros ramificados com grau de polimerização baixo e que funcionam como um material de enchimento na qual a celulose está imersa. São os demais polissacarídeos estruturais presentes na madeira. Trata-se de um grupo heterogêneo de polioses. Por não formarem regiões cristalinas, as hemiceluloses tendem a serem mais susceptíveis que a celulose às degradações térmica, química e/ou enzimática. Além disso, nas hemiceluloses há maior disponibilidade de grupos hidroxílicos (OH) livres que formam sítios de adsorção de água, tornando a madeira mais higroscópica Ligninas: Tem alto peso molecular, é um componente fenólico, tridimensional, termoplástico e responsável pela resistência à compressão das madeiras. As ligninas pertencem a um grupo heterogêneo de macromoléculas tridimensionais, amorfas e ramificadas que têm o fenil-propano como a unidade básica e ligações do tipo éter (C-O-C) e carbono-carbono (C- C). É responsável pela rigidez da parede celular e consequente resistência mecânica. De maneira geral, as ligninas são os compostos mais estáveis presentes na estrutura da madeira. Elas ficam localizadas tanto na parede celular quanto na lamela média, onde agem como agente aglutinante nas fibras e entre fibras. Elas são os últimos componentes incorporados na parede durante o desenvolvimento das células vegetais. A composição química estrutural das madeiras é variável, principalmente no que diz respeito aos teores de hemiceluloses, principalmente as xilanas e mananas ("tipos de hemiceluloses"). As mananas estão em maior quantidade nas coníferas e as xilanas, em maior quantidade nas folhosas. A lignina não varia muito em teor (%) entre coníferas e folhosas, mas sim no tipo. A lignina guaiacila está mais presente nas coníferas e a siringila, nas folhosas. Há ainda maior variabilidade na composição química de madeiras tropicais. COMPOSIÇÃO QUÍMICA MÉDIA DE MADEIRAS DE CLIMA TEMPERADO MADEIRAS TROPICAIS DA AMÉRICA DO SUL – EUCALYPTUS X PINUS Como os macros componentes químicos da madeira se arranjam para formar a parede celular Os macrocomponentes se arranjam de forma ultraestrutural e várias camadas podem ser reconhecidas. A parede celular é composta pela celulose, hemicelulose e lignina, dispostas em diferentes regiões/camadas. ARRANJO ULTRAESTRUTURAL DA PAREDE CELULAR PAREDE CELULAR TECNOLOGIA DA MADEIRA - ENF 355 COMPOSIÇÃO QUÍMICA - ASPECTOS GERAIS As camadas da parede celular podem ser divididas em lamela média, parede primária, parede secundária (composta pelas camadas S1, S2 e S3) e camada verrugosa. A camada S3 é a menos espessa na parede secundária e o ângulo microfibrilar é maior, variando de 50 a 90°. A camada verrugosa é uma membrana delgada e amorfa composta por celulose. LM = LAMELA MÉDIA; PR = PAREDE PRIMÁRIA; S1 = CAMADA 1 DA PAREDE SECUNDÁRIA; S2 = CAMADA 2 DA PAREDE SECUNDÁRIA; S3 = CAMADA 3 DA PAREDE SECUNDÁRIA; V = CAMADA VERRUGOSA. A lamela média une as fibras, como uma argamassa. Ela não é estruturada/organizada e não tem angulação. É composta por lignina e pectinas. A parede primária também não é estruturada/organizada, as fibras estão dispostas aleatoriamente. É composta por celulose, hemiceluloses, pectinas e proteínas. A parede secundária é composta por celulose, hemicelulose e lignina. A camada S1 tem uma espessura intermediária em relação à camada S2 e S3 e o ângulo microfibrilar varia de 50 a 70°. A camada S2 é a mais espessa dentre as 3 camadas que compõem a parede secundária, ela possui menor ângulo microfibrilar (10 a 30°) e maior resistência mecânica. TOPOQUÍMICA DOS CONSTITUINTES DA PAREDE CELULAR EXTRATIVOS NA MADEIRA Os extrativos são materiais de reserva (ácidos graxos, gorduras, ceras, amidos, açúcares). As graxas constituem as fontes de energia das células da madeira. Os extrativos também têm a função de proteção à ataques biológicos, de organismos xilófagos (terpenoides, ácidos resínicos e substâncias fenólicas) e também atuam como hormônios vegetais (tepenoides). Os íons metálicos fazem parte das enzimas, necessárias para a catalisação na biossíntese de diferentes componentes. Extrativos de folhosas: Se encontram no cerne, chamados extrativos de cerne, que são os polifenois. Também se encontram nas células de parênquima como material de reserva, que estão localizados nas células de parênquima do raio que estão conectadas aos vasos. Também existem extrativos nas células do parênquima chamados tiloses e sua composição é dada por: gorduras (líquidas em temperatura ambiente) ceras (sólidas em temperatura ambiente) e/ou esteroides. PAREDE CELULAR TECNOLOGIA DA MADEIRA - ENF 355 COMPOSIÇÃO QUÍMICA - ASPECTOS GERAIS Extrativos de coníferas: São os canais de resina, formado por células epiteliais secretam extrativos para o interior da cavidade. Também existem as oleoresinas, formadas 50% por diterpenos, 20-30% por monoterpenos, terpenóides e ésteres de ácidos graxos. Nas coníferas também se encontra polifenois no cerne (extrativos de cerne) e extrativos nas células do parênquima, associados aos raios da madeira em grande parte (95%), também na forma de ésteres de ácidos graxos (ceras e gorduras) e esteroides. Os componentes minerais predominantes nas madeiras são Ca, K e Mg, mas também encontramos Mg, Cu, Fe, Mn, Na, Al. Existem mais minerais na casca do que na madeira. Na madeira, encontram-se predominantemente localizados na parede primária, lamela média e em células do parênquima. Os metais estão presentes na forma de vários sais incluindo oxalatos, fosfatos, silicatos, cloretos, carbonatos. As enzimas têm afinidade com metais e alguns deles estão ligados a grupos de ácidos carboxílicos da substância casca. São prejudiciais no processo de produção da celulose pois causam incrustações, corrosão, perda de branqueabilidade e impacto na qualidade do efluente gerado, influenciando o rendimento, a sustentabilidade e o custos do processo. DÚVIDA SOBRE A CRISTALINIDADE DA CELULOSE:A cristalinidade da celulose é influenciada pelo número de ligações de hidrogênio. Quanto mais ligações de H, maior o grau de organização da molécula e, consequentemente, maior será a sua cristalinidade. São regiões de grande estabilidade das moléculas de celulose devido ao grande número de ligações de hidrogênio inter e intra-molecular e da formação de uma cadeia linear. Quanto maior a cristalinidade, menor será a reatividade da celulose (por isso ela é insolúvel à maioria dos solventes orgânicos comuns) e esses valores de cristalinidade dependem do método de medição e da origem da celulose. As regiões cristalinas são altamente organizadas, emparelhadas e uniformes.
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