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Contexto de Renovação 
do Serviço Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Mauricio Vlamir Ferreira
Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
5
• Introdução
• A Busca de uma Identidade Latinoamericana e a Erosão do Serviço 
Social Tradicional
• Pressupostos Históricos do Processo de Renovação do Serviço Social 
Brasileiro
• Revisão 
 · Contextualizar o movimento de reconceituação como um momento 
importante de aproximação do Serviço Social com as lutas sociais.
 · Explicar de que forma a repressão no Brasil e na América Latina atrapalhou 
o desenvolvimento natural do Serviço Social.
 · Identificar os processos de libertação e ruptura do Serviço Social com 
o conservadorismo.
 · Pontuar os avanços e conquistas do Serviço Social e dos Assistentes Sociais 
até os dias atuais.
Nesta unidade, explicaremos a história do serviço Social no Brasil, partindo da análise 
conjuntural do processo histórico social econômico e político brasileiro.
Você vai perceber que o processo de reconceituação do Serviço Social na América Latina 
contribuiu para a identificação da profissão com as expressões da questão social.
Vamos identificar o processo de repressão dos países da América Latina e de que forma 
a falta de liberdade prejudicou o avanço do Serviço Social, tanto na prática, como em seu 
desenvolvimento acadêmico. 
Assim, você poderá compreender que a intenção de ruptura foi um processo importante 
em um processo de construção intelectual que rompeu com o conservadorismo.
Também, nesta unidade, serão abordados os avanços e conquistas do Serviço Social, do 
projeto ético-político e das conquistas e direitos dos Assistentes Sociais.
Nesse processo de aprendizado, será muito importante a sua participação no fórum de 
discussão online e também na realização dos exercícios no ambiente virtual.
Lembramos a você sobre importância de realizar todas as atividades propostas dentro do 
prazo estabelecido. Dessa forma, você evitará que o conteúdo se acumule e que você tenha 
problemas ao final do semestre.
O Movimento de Reconceituação 
do Serviço Social na América Latina
6
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Contextualização
O período de repressão às liberdades democráticas e de opressão da classe trabalhadora 
fortaleceu a articulação do Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina.
A ausência de mudanças políticas e sociais faria crescer a insatisfação dos profissionais 
que se conscientizavam de suas limitações teóricas, instrumentais, e pela falta de participação 
política e a não identificação ideológica.
Assim, a semente do movimento de mudança social nos países latino-americanos germinaria 
em territórios vividos pela falta de liberdade, pelo sentimento de opressão e dominação.
A profissão estaria sob a imposição da doutrina de segurança nacional e pelo artificial 
desenvolvimento imposto pelo capital, fundamentado nas bases imperialistas de dominação, 
decorrente do pensamento conservador.
 Nesse período, o Serviço Social latino americano é movido pela prática. Nesse sentido, a 
reconceituação passa a ser o momento de criticidade de uma profissão desgastada e usurpada 
pelos governos autoritários do continente. 
A aposta da evolução do Serviço Social estaria no fortalecimento do trabalho coletivo da 
categoria, na discussão e na nova teorização da profissão.
A comunidade acadêmica nesse período sofreu a intervenção de agentes governamentais 
da repressão e os componentes curriculares dos cursos universitários sofreram alterações de 
modo que houve um grande regresso da formação profissional para uma lógica conservadora.
Também podemos considerar a falta de condições para o desenvolvimento universitário, no 
apoio financeiro para a inserção dos filhos de trabalhadores na comunidade acadêmica.
Mesmo que de forma tardia, o Serviço Social identificou-se em desenvolver uma estrutura 
de ação profissional que se identificasse com a realidade latino-americana.
7
Introdução
O Serviço Social é uma profissão que tem como foco a identificação dos aspectos 
conflitantes na sociedade.
As expressões da questão social, se inserem nas áreas da educação, família, criança e adolescente, 
saúde, trabalho, justiça segurança entre outras no sentido de planejar e inserir políticas públicas nas 
áreas onde atua.
Este trabalho acontece de forma individual com os usuários dos serviços públicos ou em empresas 
ou entidades não governamentais (ONGs), na lida direta ou através de gestões e planejamentos. 
Esta realidade atual, encontra no embasamento no Movimento de Reconceituação do Serviço 
Social, diante do avanço da teórico e metodológico a compreensão das relações sociais. 
Para tanto, é importante estarmos atentos aos processos de transformação do Serviço Social e 
sua premissa de acompanhar a evolução social e histórica da sociedade.
Devemos destacar que o Serviço Social não deve retomar sua característica conservadora, 
burocrática e funcionalista do passado, estando, desta forma, cada vez mais integrado com seu 
presente para pensar na evolução das relações sociais, por um futuro com menos injustiças.
Ao final da década de 1950 e início da década de 1960 vivia-se a crise capitalismo acumulativo, 
onde sua internacionalização fortaleceu a iniciativa privada e o capital externo em detrimento a 
indústria nacional. 
Assim o projeto de justiça social, e de suas dimensões políticas, era na época pautada de forma 
secundária com a perda da sua importância na pauta política, e na ação do governo deste período. 
A identificação do Serviço Social com as classes dominantes afastava sua permeabilidade diante 
das comunidades menos favorecidas.
Porém o Serviço Social neste período obtém o reconhecimento da Organização das Nações 
Unidas (ONU) e outros órgão internacionais na e divulgação e sistematização pela atuação do 
Desenvolvimento de Comunidade (DC).
Com este reconhecimento, através da contribuição para a integração da população aos planos 
nacionais e regionais de desenvolvimento, o Serviço Social passa a ter um relativo destaque perante 
os órgãos governamentais no início da década de 1960.
Diante dessa realidade, boa parte dos profissionais do Serviço Social se inseriu junto às ideias 
da igreja católica progressista, organizada no Movimento de Educação de Base (MEB), núcleo 
idealizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Neste período inicial da década de 1960 e anterior ao golpe militar de 1964, o Serviço 
Social atuava na área da educação, com a assimilação dos conceitos de Paulo Freire, 
apoiando a organização sindical da classe trabalhadora e também nas comunidades rurais 
na luta pela reforma agrária.
8
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Com a ditadura militar, o Serviço Social assumiu uma postura de neutralidade de ação, e de 
acordo com a nova realidade, o retorno do conservadorismo influenciou a ação da profissão 
até o início dos anos 1970.
Com uma característica fascista, a ditadura militar impôs a quebra do diálogo da sociedade 
civil com o governo por 21 anos.
Quando o Movimento de Reconceituação é abordado não é possível a comparação ou a 
semelhança com o Serviço Social atual.
Da mesma forma não há a possibilidade de se elaborar uma mesma linha de momento 
histórico para todos os países da América Latina. 
A construção de um Serviço Social durante a Reconceituação não se deu num mesmo período 
e os acontecimentos sociais e políticos nos países latino-americanos também contribuíram 
para que o avanço da profissão se desse em momentos diferentes. 
Como referência contextual é possível datar a década de 1970, pelos acontecimentos de 
domínios das ditaduras militares que impossibilitaram uma troca efetiva de experiências do 
Serviço Social entre os países latino-americanos.
Apenas grupos pertencentes à Associação Latino-Americana de Escolas de TrabalhoSocial (ALAETS) e ao Centro de Estudos Latino-Americano de Trabalho Social (CELATS), 
conseguiram efetuar a troca de conhecimento, sem a condição de criar encontros de maior 
participação da categoria na dimensão internacional.
Ideologicamente na América Latina, os trabalhadores do Serviço Social passariam a enxergar 
na Teologia de Libertação, fundamentada na opção pelos pobres, condições filosóficas 
oferecidas pela Igreja Católica progressista a partir do Concílio Vaticano II. 
O Concílio Vaticano II foi u
ma sequência 
de eventos e conferênc
ias realizadas 
pela igreja católica entre 
1962 e 1965. 
Esta reunião da Igreja Cat
ólica pode ser 
considerada o evento ma
is estratégico 
e importante para a c
onstrução do 
catolicismo como o con
hecemos nos 
dias atuais. 
Além do Papa João XXIII, for
am convocados 
todos os bispos da Igreja Ca
tólica mundial 
para discutir e votar as
 decisões que 
tinham como objetivo agreg
ar novos fiéis e 
identificar o novo papel da
 Igreja católica 
no contexto do século XX.
Dentro dessa lógica de avanço 
no campo progressista católico, 
a América Latina encontrou um 
grande apoio de sua comunidade, 
uma vez que que a imensa maioria 
de sua população era católica. 
A identificação da população 
mais excluída do modo capitalista 
de dominação pela aproximação do 
trabalho social da igreja progressista 
aproximou o Serviço Social para 
a compreensão da importância 
da participação popular e pelas 
reivindicações sociais do movimento de 
luta das classes menos favorecidas.
9
Soma-se a este fator a identificação na análise teórica e metodológica do marxismo pela 
comunidade acadêmica, criou-se um movimento de rompimento do tradicionalismo conservador 
do Serviço Social nestes países.
Para uma maior compreensão sobre aspectos socioculturais da América Latina, recomendamos 
que você assista ao vídeo “Diários de Motocicleta”. 
O vídeo apresenta uma série de momentos da viagem do jovem Ernesto Che Guevara e seu 
companheiro de viagem pela América do Sul, passando por diversas localidades até atingir 
o seu local de estágio de medicina. O link deste filme pode ser encontrado no material 
complementar para atividades de aprofundamento.
A Busca de uma Identidade Latinoamericana e a Erosão do Serviço 
Social Tradicional
O período de repressão as liberdades democráticas, e de opressão da classe trabalhadora 
fortaleceu a articulação do Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina.
A ausência de mudanças políticas e sociais faria crescer a insatisfação dos profissionais 
que se conscientizavam de suas limitações teóricas, instrumentais, e pela falta de participação 
política e pela não identificação ideológica.
Assim a semente do movimento de mudança social nos países latino-americanos germinaria, 
em territórios vividos pela falta de liberdade, pelo sentimento de opressão e dominação.
A profissão estaria sob a imposição da doutrina de segurança nacional e pelo artificial 
desenvolvimento imposto pelo capital, fundamentado nas bases imperialistas de dominação, 
decorrente e do pensamento conservador.
Neste período, o Serviço Social latinoamericano é movido através de sua prática. 
A reconceituação passa a ser o momento de criticidade de uma profissão desgastada e 
usurpada pelos governos autoritários do continente. 
A aposta da evolução do Serviço Social estaria no fortalecimento do trabalho coletivo da 
categoria, na discussão e na nova teorização da profissão.
No contraponto, o Estado utilizaria a política social como uma estratégia para minimizar 
as consequências do capitalismo monopolista marcado pela grande exploração da força do 
trabalho e pela forte concentração de renda.
Podemos destacar que uma tentativa de pontuar o movimento de reconceituação na América 
Latina foi a efetivação do I Seminário Regional Latinoamericano de Serviço Social, realizado 
em 1965 na cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul.
10
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Neste encontro, países como Argentina, Chile e Uruguai, além do Brasil tiveram grande 
destaque nos apontamentos e questionamentos dos profissionais do Serviço Social.
A boa articulação dos profissionais do Serviço Social nas décadas de 1960 e início dos 
anos 1970 que se dava através de projetos de conhecimento e sofreu um distanciamento e um 
período hermético devido às ditaduras latino-americanas.
Em um momento importante para a troca de conhecimentos, com o aprofundamento e 
endurecimento dos regimes ditatoriais latino-americanos, a profissão passaria a se desenvolver 
distintamente em cada país da América Latina.
A comunidade acadêmica neste período sofreu a intervenção de agentes governamentais 
da repressão e os componentes curriculares dos cursos universitários sofreram alterações de 
modo que houve um grande regresso da formação profissional para uma lógica conservadora.
Também podemos considerar que neste período a falta de condições para o desenvolvimento 
universitário, tanto no apoio financeiro para a inserção dos filhos de trabalhadores na 
comunidade acadêmica.
Neste período, o desenvolvimento de pesquisas além do incentivo a complementação da 
universidade, evitou a ampliação da pós-graduação, e impediu a ampliação de novos quadros 
intelectuais e profissionais especializados no Serviço Social.
Durante este período muitos professores universitários perderam seus direitos de docência, 
vários foram presos e torturados e assassinados, e alguns conseguiram sair do país, retomando 
a profissão, ou então trabalhando em outra qualificação da mão de obra local.
A precarização da classe docente a falta da estabilidade dos professores e a ausência da 
dedicação exclusiva, contribuíram negativamente, e colocaram o curso de Serviço Social com 
uma gritante defasagem teórica.
A falta da produção intelectual antenada aos avanços científicos e aos tempos de mudança 
no mundo, ocasionou em uma produção de conteúdo insípida para o final da década de 1970, 
contribuindo para o atraso do Serviço Social e da sua criticidade intelectual nos países vítimas 
da ditadura militar.
A perspectiva neoliberal, junto à agudização da crise do petróleo, formam fatores que 
também contribuíram para a luta social por uma sociedade menos injusta, uma vez que os 
países latino-americanos perderiam o trem do estado de bem-estar social.
Dadas as condições do avanço do monopólio, da ausência da democracia e do imperialismo 
capitalista neoliberal, o Serviço Social na América Latina, buscará o encontro com sua identidade 
contemporânea nos momentos de retorno democrático e no avanço das lutas sociais, porém 
com novos desafios no combate a precarização do trabalho profissional e na conquista de novos 
avanços tanto para a profissão, quanto para a população atendida por seus profissionais.
11
Pressupostos Históricos do Processo de Renovação do Serviço 
Social Brasileiro
Diante da necessidade de se reavaliar dentro de um período antidemocrático no Brasil, a 
perspectiva modernizadora tem seu início, quando os rumos do Serviço Social são discutidos 
no I Seminário de Teorização da profissão, conhecido também como “Encontro de Araxá” na 
cidade de Araxá, localizada no estado de Minas Gerais em 1967. 
Porém apesar da necessidade de se reposicionar ideologicamente, o Serviço Social 
neste período confirmou seu caráter de alinhamento com o posicionamento ideológico do 
regime militar.
Durante esta fase, a tecnocracia e a burocracia do sistema vigente colocava a imposição da 
política social governista, sem a existência de saber os problemas reais da população.
O desconhecimento da realidade para o profissional do Serviço Social, acabava por 
criar uma situação hermética, ou seja, limitava a sua condição de ação e desenvolvimento 
intelectual e prático, enfraquecendo a luta da categoria por transformações importantes que 
não aconteceriam no fim da década de 1960.
As mudanças na sociedade brasileira neste período de regime militaracabam 
provocando um novo movimento que levaria o Serviço Social a assumir uma prática 
com tendências modernizadoras. 
Este novo movimento objetivava a mudança na postura da prática do Serviço Social, e este 
período foi marcado como momento inicial do Movimento de Reconceituação do Serviço 
Social no Brasil.
O resultado da perspectiva modernizadora seria a impossibilidade de uma compreensão 
mais aprofundada das origens das expressões da questão social.
Para tanto, o conservadorismo, a manutenção da tradicionalidade, fazia-se impor sobre 
a formação dos novos profissionais da área social. Neste sentido o profissional, negando a 
autonomia e a capacidade crítica do profissional, sendo este por muitas vezes, um trabalhador 
na área da psicologia social.
No segundo encontro realizado na cidade de Teresópolis no estado do Rio de Janeiro 
em 1970, a renovação do Serviço Social analisou as ligações entre a superficialidade do 
empirismo da prática social e a sua relação com o método de ação.
Sobressaiam desta maneira, os aspectos operacionais e os seus resultados, com a teorização 
de novas técnicas de intervenção no sentido da afirmação da profissão como uma ciência 
moderna e técnica.
Porém o Serviço Social insistia na superficialidade e ignorava a necessidade da ação da 
intervenção objetiva sobre a realidade social.
A profissão reafirmava desta forma, o conservadorismo da profissão, ou como ficou 
conhecido este momento, seria a reatualização do conservadorismo.
12
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Os desgastes dos governos militares com a população após a crise mundial do petróleo em 
1973 se aprofundaram.
A crise fez o ressurgir os movimentos populares, como o movimento contra a carestia, além 
disso mobilizou os trabalhadores para a reorganização de sua classe.
A pressão popular pela anistia e pela redemocratização do país, fez com que a categoria 
de profissionais do Serviço Social se repensasse e se reorganizasse com os avanços teórico-
metodológicos que iam de encontro a nova ordem social no fim da década de 1970.
Apesar de na prática o conservadorismo manter as rédeas do Serviço Social, o intenso 
processo de discussões dos encontros de Araxá e de Teresópolis.
A partir de então, haveria a procura por um novo posicionamento que criasse uma 
identificação dos Assistentes Sociais.
A classe trabalhadora marcou os parâmetros fundamentais para a formação dos 
Assistente Sociais.
Os documentos registrados nesses encontros, dariam início ao processo posterior de 
questionamento e a intenção de ruptura da profissão.
Com a chegada da década de 1970, as transformações políticas e econômicas no mundo, 
motivam a comunidade acadêmica do Serviço Social a conhecer novas possibilidades de análise 
e na busca por novos caminhos para a profissão.
O Serviço Social começa assim, uma fase de contestação pelos profissionais, ao 
identificarem a perspectiva marxista, com um conceito das instituições identificadas 
ideologicamente com o Estado.
A partir da necessidade da construção de uma nova lógica de ação profissional de uma 
nova forma de análise da transformação da sociedade brasileira, a partir da segunda metade 
da década de 1970, o Serviço Social identifica tardiamente a insatisfação da população frente 
as desigualdades sociais.
No fim dos anos 1970, a opressão da classe trabalhadora e a exploração da população 
pelas oligarquias, latifundiárias e a burguesia nacional, acabam por levar a classe média a uma 
série de dificuldades de se estabelecer.
Com a chegada dos anos 1980, durante os processos de reinstitucionalização democrática 
de diversos países – fundamentalmente no cone sul latinoamericano –, a profissão e as 
universidades, em geral, reiniciam seu caminho histórico de reestruturação, com uma 
defasagem de mais de 15 anos.
Com este quadro, pode-se afirmar que a estratégia assumida por muitos países hispano-
americanos para se reestruturar profissionalmente.
13
Em geral, este período foi o do retorno ao passado: foram reinstituídos os docentes e 
autoridades, anteriores às ditaduras, reimplantados os currículos antigos (dos anos 60, na 
melhor das hipóteses) e reintroduzida a bibliografia de referência dos inícios da reconceituação, 
como “textos atuais”.
A política de baixos salários, e o aumento do custo de vida da população acarretaram na 
ampliação da miséria em grande parte da população brasileira com um momento inflacionário 
de grande impacto na sociedade brasileira, no início dos anos 1980, retratando assim a falência 
sócio-econômica do processo de ditadura militar.
O Estado passaria a administrar a miséria social, evitando o aprofundamento da questão 
social, em favor das políticas conduzidas pelo no sentido de manusear o setor popular 
convivente da miséria.
O Serviço Social então era entendido como uma profissão estratégica para evitar a 
organização e resistência e a capacidade de organização da população.
O rompimento dos Assistentes Sociais com esta premissa, portanto foi fundamental para 
a reorganização e a contemporaneidade do Serviço Social, onde os profissionais deixaram a 
postura passiva de executores para construir conjuntamente os novos parâmetros da profissão.
Assim, quanto maior a possibilidade de liberdade de reorganização política e social da 
população, maior seria a combatividade.
A força da imposição ideológica da categoria tinha como consequência, um Serviço Social 
que lutasse pelo fortalecimento da sociedade brasileira de uma maneira geral, com uma postura 
independente do governo militar vigente.
Mesmo que de forma tardia, o Serviço Social se identificou em desenvolver uma estrutura 
de ação profissional que se identificasse com a realidade latino-americana.
A afirmação da profissão ao decorrer das décadas de 1970 e 1980 além de garantir sua 
efetividade, construiu uma sequência de posicionamentos e um grande teor crítico ao se 
repensar e reconstruir a profissão. 
Fica claro que a participação da população na contestação e luta pela redemocratização, 
além da mobilização da classe trabalhadora foram importantes para a virada ideológica do 
Serviço Social, pois a profissão passou de neutra, para uma ação da compreensão da existência 
de um sistema histórico de condições desiguais dominado pela classe dominante, que privilegia 
o acúmulo da riqueza e a ampliação da exploração perante os trabalhadores, fator esse que 
amplia a miséria no Brasil e na América Latina.
A partir de 1973, o conflito do capital financeiro, através da ofensiva neoliberal, que impediu 
o crescimento e o desenvolvimento dos países latino-americanos, e que no final dos anos 
1980 pelo Consenso de Washington na América Latina, aprofundou e precarizou as relações 
de trabalho em geral, as ações do Estado e particularmente, a condução das políticas sociais. 
14
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
O consenso de Washingto
n foi 
um acordo que consisti
u na 
imposição de políticas neolib
erais 
nos países latino-americ
anos, 
através da pressão exe
rcida 
pelo governo dos Es
tados 
Unidos e por instituições co
mo o 
Fundo Monetário Internac
ional 
(FMI), o Banco Mundial
 e o 
Banco Interamericano 
de 
Desenvolvimento (BIRD).
Dentre as condições impostas pela estrutura 
imperialista no Consenso de Washington, 
podemos destacar:
• A desregulamentação progressiva do controle 
do Estado na economia e a retirada de importantes 
conquistas e direitos trabalhistas.
• A disciplina fiscal, onde haveria a iniciativa 
dos governos de cortar gastos e eliminar ou 
diminuir as suas dívidas, reduzindo custos e a 
despesa com pessoal;
• A implantação de um plano de privatização 
de empresas estatais, em áreas comerciais e 
em áreas estratégicas de infraestrutura, onde 
o controle privado pudesse ter participação 
majoritária e ativa;
• A reforma fiscal e tributária, com a reformulação dos sistemas de arrecadação de 
impostos desonerando as empresas dos impostos;
• A aberturacomercial e econômica dos países, beneficiando o capital estrangeiro.
A crise ideológica passa a ser dada tanto pelos governos de direita, com crises econômicas 
e sociais intermináveis, como pela influência de renovação teórica dos movimentos de reforma 
da esquerda, abrindo perspectiva para rumos antes contestados, como a social democracia, 
trazendo assim novos dilemas ao Serviço Social, como por exemplo a luta contra a precarização 
das condições de trabalho dos Assistentes Sociais.
Assim, a intenção de ruptura da categoria com o Serviço Social tradicional, passou a 
estabelecer nas décadas de 1980 e 1990, uma organicidade entre os Assistentes Sociais com as 
classes populares, buscando a conscientização dos profissionais na luta pelo desenvolvimento 
social, e pela diminuição da desigualdade social no país.
Dentre as conquistas históricas da categoria a partir da década de 1980 podemos destacar:
• A luta da categoria por um projeto ético-político;
• O fortalecimento da representatividade dos profissionais (Conselho Regional de Serviço 
Social – CRESS, Associaçao Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPS, 
Conselho Federal do Serviço Social – CFESS e Executiva Nacional dos Estudantes de 
Serviço Social – ENESSO);
• O estabelecimento do código de ética em 1986 e sua atualização em 1993;
• A luta pela criação de políticas específicas para uma Assistência Social pública e gratuita 
na constituição de 1988;
• A implantação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
• A criação da Política Nacional de Assistência Social em 2004;
• A criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2005;
• A Lei da redução da jornada dos Assistente Sociais para 30 horas, em 2010;
• A luta pelo piso salarial unificado da categoria;
• A luta contra a precarização do trabalho dos Assistentes Sociais.
15
Revisão 
O Serviço Social é uma profissão que tem como foco a identificação dos aspectos 
conflitantes na sociedade. Esta realidade atual, encontra no embasamento no Movimento de 
Reconceituação do Serviço Social, diante do avanço da teórico e metodológico a compreensão 
das relações sociais.
A construção de um Serviço Social durante a Reconceituação não se deu num mesmo período 
e os acontecimentos sociais e políticos nos países latino-americanos também contribuíram 
para que o avanço da profissão se desse em momentos diferentes.
Podemos destacar que uma tentativa de pontuar o movimento de reconceituação na América 
Latina foi a efetivação do I Seminário Regional Latinoamericano de Serviço Social, realizado 
em 1965 na cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul.
Como referência contextual é possível datar a década de 1970, pelos acontecimentos de 
domínios das ditaduras militares que impossibilitaram uma troca efetiva de experiências do 
Serviço Social entre os países latino-americanos.
A identificação da população mais excluída em relação ao modo capitalista de dominação 
pela aproximação do trabalho social da igreja progressista aproximou o Serviço Social para 
a compreensão da importância da participação popular e pelas reivindicações sociais do 
movimento de luta das classes menos favorecidas.
Com a chegada da década de 1970, as transformações políticas e econômicas no mundo, 
motivam a comunidade acadêmica do Serviço Social a conhecer novas possibilidades de análise 
e na busca por novos caminhos para a profissão.
Neste período, o desenvolvimento de pesquisas além do incentivo a complementação da 
universidade, evitou a ampliação da pós-graduação, e impediu a ampliação de novos quadros 
intelectuais e profissionais especializados no Serviço Social.
Dadas as condições do avanço do monopólio, da ausência da democracia e do imperialismo 
capitalista neoliberal, o Serviço Social na América Latina, buscará o encontro com sua 
identidade contemporânea nos momentos de retorno democrático e no avanço das lutas 
sociais, porém com novos desafios no combate a precarização do trabalho profissional e 
na conquista de novos avanços tanto para a profissão, quanto para a população atendida 
por seus profissionais.
Mesmo que de forma tardia, o Serviço Social se identificou em desenvolver uma estrutura 
de ação profissional que se identificasse com a realidade latino-americana.
A crise ideológica passa a ser dada tanto pelos governos de direita, com crises econômicas 
e sociais intermináveis, como pela influência de renovação teórica dos movimentos de reforma 
da esquerda, abrindo perspectiva para rumos antes contestados, como a social democracia, 
trazendo assim novos dilemas ao Serviço Social, como por exemplo a luta contra a precarização 
das condições de trabalho dos Assistentes Sociais.
Para uma maior compreensão sobre a luta dos Assistentes Sociais contra a Ditadura Militar, 
recomendamos que você assista ao vídeo “Projeto Serviço Social, memórias e resistências 
contra a ditadura”. Este vídeo foi elaborado pelo CFESS/CRESS para o 43º Encontro Nacional 
da categoria do Serviço Social.
O vídeo apresenta uma série de relatos de Assistentes Sociais presas e torturadas no período da 
ditadura militar no Brasil. 
16
Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Material Complementar
Para melhor aproveitamento de seu estudo, sugerimos os recursos didáticos dos livros e vídeos. 
Todo o material pode ser encontrado na internet. Os livros podem ser baixados em 
arquivo PDF.
Vídeos:
“Diários de Motocicleta”. Acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=WhGR-CEfcCA 
“Projeto Serviço Social, memórias e resistências contra a ditadura”. Acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=yFEo29Aqcn8 
https://www.youtube.com/watch?v=WhGR-CEfcCA
https://www.youtube.com/watch?v=yFEo29Aqcn8
17
Referências
AMMANN, S. B. Ideologia do Desenvolvimento de Comunidade no Brasil. 10. ed. 
Sao Paulo: Cortez, 2003.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: Ensaios Críticos. 
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“Em Pauta”. Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
-UERJ. Rio de Janeiro/dezembro 2008 in http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/
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NETTO, J. P. Ditadura e Serviço Social. Uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 
8ªed. São Paulo. Ed. Cortez, 2005.
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Unidade: O Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina
Anotações