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1 O HIPOTÁLAMO E A HIPÓFISE A hipófise ou pituitária é uma estrutura endócrina formada por um componente epitelial, a adeno- hipófise, e um componente neural, a neuro-hipófise. Todas as suas funções endócrinas são reguladas pelo hipotálamo e por alças de retroalimentação negativas e positivas. HIPOTÁLAMO Ele é o responsável por produzir os hormônios liberados pela neuro- hipófise e os hormônios que controlam a adeno-hipófise. 1. Para a neuro-hipófise: o ADH e Ocitocina. 2. Para a adeno-hipófise: o CRH (liberador de ACTH); o TRH (liberador de TSH); o GnRH (liberador de FSH e LH); o GRH e GIH (liberador e inibidor de GH); o PRH e PIH (liberador e inibidor de prolactina). ADENO-HIPÓFISE Também chamada de hipófise anterior, secreta hormônios hipofisários anteriores. É composta por 3 partes: parte distal (90%), parte tuberal (que envolve o infundíbulo) e parte intermédia. A parte distal é composta por 5 tipos celulares que produzem 6 hormônios: 1. Cél. Somatotrópica → GH ou Somatotropina 2. Cél. Lactotrópica → Prolactina (PRL) 3. Cél. Gonadotrópica → FSH e LH 4. Cél. Tireotrópicas → Hormônio estimulante da tireóide (TSH) 5. Cél. Corticotrópicas → ACTH e hormônio melanotrópico (α- MSH) Eixos Endócrinos: • Cada eixo endócrino é composto por: neurônios hipotalâmicos, células da adeno-hipófise e glândulas endócrinas periféricas. • Os neurônios hipotalâmicos secretam hormônios de liberação (XRH) que estimulam a liberação de hormônios tróficos hipofisários (XTH), que agem em glândulas endócrinas periféricas específicas e 2 estimulam a secreção de hormônios periféricos (XH). • Uma área do hipotálamo contém núcleos compostos por corpos celulares pequenos, os neurônios parvocelulares, que projetam axônios curtos para a eminência mediana. Eles secretam hormônios de liberação em suas terminações, que entram em um plexo primário de capilares fenestrados e são, então, transportados para um segundo plexo capilar (na parte distal) pelos vasos portais hipotálamo- hipofisários. Neste, os hormônios são difundidos para os vasos e se ligam aos seus receptores na parte distal da adeno-hipófise. • As células da adeno-hipófise constituem o nível intermediário dos eixos endócrinos e secreta hormônios tróficos que se ligam a seus receptores nas glândulas endócrinas periféricas. • A atividade de um eixo específico é geralmente mantida por um ponto de ajuste (set point), determinado pela integração da estimulação hipotalâmica com a retroalimentação negativa do hormônio periférico. Quando os níveis deste último aumentam, o hipotálamo e a hipófise diminuem sua secreção hormonal. • Os hormônios hipotalâmicos são geralmente liberados de forma pulsátil e atrelados a ritmos diários e sazonais por informações do SNC. A inclusão do hipotálamo em um eixo permite a integração de uma quantidade considerável de informações para configurar ou alterar o ponto de ajuste daquele eixo. • Distúrbios endócrinos: 1. Primário: defeito na glândula endócrina. É o mais grave 2. Secundário: defeito na hipófise 3. Terciário: defeito no hipotálamo O Somatotrofo: • Célula da adeno-hipófise que produz GH. • O GH tem como alvo importante o fígado, estimulando produção do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF)-I. • O GH é semelhante à PRL e ao lactogênio placentário humano (Hpl), e pode atuar como seu agonista no receptor de PRL. 3 • Fígado e rins são os principais locais de degradação do GH. • O GHBP aumenta a meia-vida biológica de GH, reduzindo a eliminação renal. • O hipotálamo estimula a secreção de GH pelo peptídeo GHRH, e inibe sua síntese e secreção por meio do peptídeo somatostatina (que também inibe a secreção de TSH). • O GH também é estimulado pela ghrelina (produzida no estômago e em menor parte no hipotálamo) que atua nos somatotrofos, aumentando o apetite e estimulando a aquisição de nutrientes. • O receptor de GH, quando ativado, fosforila a via JAK STAT, induzindo a síntese proteica. • Aumento da glicose sanguínea inibe a secreção de GH, assim como a obesidade. • Retroalimentação Negativa Primária: IGF-I inibe a secreção de GH pela hipófise e hipotálamo (alça de retroalimentação longa). • O GH também participa de uma retroalimentação negativa de alça curta, sobre a liberação de GHRH. • Também estimulam a produção de GH: hipoglicemia aguda e exercícios. • Também inibem a produção de GH: hiperglicemia e aumento de ácidos graxos livres. • Ações do GH: → Promove o crescimento e o anabolismo proteico (sob estado nutricional favorável). → Aumenta a captação de aminoácidos e a incorporação em proteínas. → Alterna o consumo de combustíveis para lipídio, em jejum. → Em crianças: cresce a cartilagem e faz aposição em ossos longos. • Quando secretado em excesso (ex: acromegalia) pode causar diabetes melitus, aumentando os níveis de insulina necessários a um metabolismo normal. • O IGF é semelhante à pró- insulina. • IGF-I: forma principal no adulto. • IGF-II: forma principal no feto. • Em altas concentrações, o IGF mimetiza a insulina. • PTH e estradiol estimulam a síntese de IGF-I pelos osteoblastos. • São transportados ligados a proteínas de ligação de IGF (IGFBP), que é degradado por proteases produzindo IGFs livres. O Lactotrofo: • Produz o hormônio prolactina. • Se difere dos outros tipos celulares da hipófise anterior de duas formas principais: 1. Não faz parte de um eixo endócrino, ou seja, atua diretamente sobre as células não endócrinas (principalmente das 4 mamas) para induzir alterações fisiológicas. 2. Sua produção e secreção estão predominantemente sob o controle inibitório do hipotálamo. Portanto, alterações no pedículo hipofisário provocam AUMENTO de PRL, enquanto há diminuição de ACTH, FSH, LH, GH e TSH. • Sua inibição é realizada pelos tratos dopaminérgicos, que secretam dopamina na eminência mediana. Além destes, somatostatina, TSH e GH também inibem a secreção de PRL. • PRL e GH possuem receptores semelhantes, do tipo cinase. Ao se ligarem nesses receptores, ativam a via JAK-STAT. • A PRL é o hormônio da gravidez e do aleitamento materno. • Ela age inibindo o eixo hipotalâmico-hipofisário- ovariano, reduzindo liberação de FSH e LH, criando o quadro de anovulação crônica, amenorreia e diminuição da fertilidade (ela é essencial para esta). • Várias evidências mostram que a PRL é fator de crescimento de linfócitos e estimula a resposta imune. NEURO-HIPÓFISE Também chamada de hipófise posterior, apresenta em sua extremidade superior uma tumefação em forma de funil, a eminência mediana. Desta até a parte inferior da neuro-hipófise se estende o infundíbulo, parte da conexão física entre o hipotálamo e a hipófise. Na neuro-hipófise, são liberados os hormônios antidiurético ou vasopressina (ADH) e a ocitocina. Os grandes corpos celulares dos neurônios que se projetam para este (neurônios magnocelulares) estão nos núcleos supraópticos (NOS) e paraventriculares (NPV) do hipotálamo, e projetam axônios para baixo pelo pedúnculo infundibular, como tratos hipotalâmicos- hipofisários. Estes neurônios magnocelulares são específicos, produzindo os hormônios ADH ou ocitocina. A neuro-hipófise é amplamente vascularizada e seus capilares são fenestrados, facilitando a difusão de hormônios para a circulação sistêmica e para a adeno-hipófise. 5 A síntese de ADH e ocitocina: • São pequenos peptídeos sintetizados como pré-pró- hormônios. O peptídeo-sinal (pré) é clivado quando o peptídeo vai para o RE. • Nos corpos celularesno interior de NOS e NVP os pró- hormônios são empacotados no RE e no Golgi, em grânulos. Estes, por um processo de transporte axonal rápido dependente de ATP, vão, pelo infundíbulo, até as terminações axonais da neuro-hipófise. Nesse trajeto, os pró- hormônios são clivados para produzir quantidades equimolares de hormônio e neurofisina (ajuda na condução do hormônio). Os hormônios são liberados na parte nervosa em resposta ao estímulo despolarizante, que causa influxo de cálcio, produzindo uma resposta de estímulo-secreção, com exocitose de ADH ou ocitocina. Ações e regulação de ADH: • ADH é antidiurético, agindo nos rins para aumentar a reabsorção de água (receptor V2 → ativação de aquaportinas → entra água da luz do ducto para a parede e então para o interstício). • Contração do músculo liso vascular (receptor V1). • Quando a osmolaridade aumenta, há ativação dos osmorreceptores (no hipotálamo), ativando a produção de ADH, que causa a retenção de água. • A diminuição da volemia ativa barroreceptores, que fazem o mesmo que foi descrito acima. Tanto os osmo quanto os barroreceptores quando há alta volemia ou baixa na osmolaridade, ativam angiotensina II, que promove a sede e a consequente captação de água. Ações e regulação de ocitocina: • Ocitocina atua no útero gravídico para induzir o trabalho de parto, e sobre as células mioepiteliais das mamas para promover a descida do leite no aleitamento.
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