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GreenDesign e Indicadores de Qualidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 
CURSO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
BIANCA FERREIRA DO NASCIMENTO 
GABRIELA FRANÇA SANTOS VIANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO AMBIENTAL 
GREEN DESIGN DE PRODUTOS 
INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2020 
BIANCA FERREIRA DO NASCIMENTO 
GABRIELA FRANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
GREEN DESIGN DE PRODUTOS 
INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina de 
Gestão Ambiental, como pré-requisito 
para obtenção de nota parcial no Curso 
de Administração da Universidade 
Federal do Espírito Santo. 
 
Professor: Gilton Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA 
2020 
RESUMO 
 
 
GRENDESIGN DE PRODUTOS E INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL 
 
O presente trabalho visa contribuir com discussões existentes a respeito do Green 
Design e Indicadores de qualidade ambiental. 
O trabalho que segue é um estudo sobre conceitos, evoluções, criticas e aplicações 
do Ecodesign que através de técnicas e estratégias ecoambientais promovem o 
manejo consciente dos recursos naturais e não renováveis, bem como os 
Indicadores de Qualidade Ambiental nas organizações que tem por finalidade básica 
medir através do uso de instrumentos e ferramentas os niveis de eficiência de uma 
organização. A coleta das informações foi feita por meio de pesquisas a partir de 
bancos de dados e artigos online. Como resultado, observa-se ao longo do trabalho 
que as empresas têm tomado importantes medidas para o fortalecimento do uso das 
técnicas do ecodesign e dos indicadores enquanto estratégia de desenvolvimento e 
competitividade, ainda que se faça necessário alguns ajustes e ampliação de 
divulgações em relação ao assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Sustentabilidade. Ecodesign. Desenvolvimento. Ciclodevida. 
Qualidade. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Mapa linguístico descrito por R. Karlsson, C. Luttropp .............................. 12 
Figura 2 - Figura 2. Metodologia impactos ambientais por Om Arquitetos ................ 13 
Figura 3 - Principios do Ecodesign por IPOG ............................................................ 13 
Figura 4- Embalagem a base de fécula de Mandioca,OKA Embalagem ................... 17 
Figura 5 : Método para estabelecer os Indicadores Ambientais. ................................24 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6 
2 GREENDESIGN .................................................................................................... 8 
2.1 O FATOR VERDE .............................................................................................. 8 
2.1.1 Histórico ......................................................................................................... 8 
2.1.2 Do Design ao Ecodesign ................................................................................. 9 
3 ECODESIGN........................................................................................................ 11 
3.1 Princípios do ecodesign................................................................................. 13 
3.2 Os Benefícios do Ecodesign...............................................................................15 
3.3 Certificações de Design Sustentável..................................................................16 
3.4 O Ecodesign e as Organizações ....................................................................... 16 
4 VOZES CONTRÁRIAS ........................................................................................ 18 
5 ESTUDO DE CASO..............................................................................................19 
5.1 Natura.................................................................................................................19 
5.1.1 Natura Ekos. ................................................................................................... 20 
6 INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL....................................................20 
6.1 Principais Indicadores..........................................................................................21 
6.2 Objetivos dos Indicadores Ambientais.................................................................25 
6.3 Instituições que desenvolveram Indicadores.......................................................26 
6.4 Critérios de Seleção dos Indicadores .................................................................26 
6.5 Vantagens dos Indicadores Ambientais ..............................................................27 
7 CONCLUSÃO.........................................................................................................28 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................29 
6 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O desenfreado consumismo praticado pela sociedade atual tem como resultado, 
inúmeros impactos ambientais ao ecossistema do nosso planeta. Muitos estudiosos 
apontam esse consumo excessivo como o principal responsável pelo aumento da 
degradação do meio ambiente. Com o processo de globalização, passa-se a ter uma 
demanda cada vez maior por produtos diversificados, diferenciados e com valor 
agregado. Além disso, fatores como a qualidade e custo de produção do produto, tem a 
sua relevância, isso faz com que as empresas deem importância a figura do projetista na 
concepção de produtos com essas características. A partir do momento em que se faz 
necessária maior extração de recursos naturais para o aumento de produção, os efeitos 
causados pelos inúmeros atos humanos geram inúmeras necessidades de ações que 
antes não eram percebidas pelo homem. 
Na década de 70 o conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser discutido e 
logo se tornou objeto de discussão nos meios acadêmicos (Mancini e Zanin, 2004). 
A publicação do relatório de Brundtand em 1987, chamado de “Nosso Futuro Comum”, 
inaugura oficialmente as preocupações mundiais a respeito das questões ambientais. 
Atualmente ,a reutilização de materiais é um tema bastante relevante quando falamos em 
sustentabilidade ambiental. Dar vida a um material que já é considerado lixo nem sempre 
é algo fácil a se fazer, visto que é necessário estudar uma nova forma, um novo conceito 
e uma nova função para, então, transformá-lo em um produto de alta qualidade. 
Quando é realizada a concepção das idéias para fabricação dos produtos, já é 
necessário pensar, planejar e projetar de que formas o material será utilizado e depois 
separado ou reutilizado em condições econômicas quando for concluído o ciclo de vida 
do produto ao qual está sendo inserido. 
Desta forma ao longo dos anos as organizações vêm desenvolvendo técnicas que visam 
à utilização de medidas que possam diminuir cada vez mais o impacto causado pela 
produção geradora de grandes quantidades de resíduos sólidos, líquidos e emissão de 
gases tóxicos. Entre essas técnicas está o conceito de Design sustentável ou Ecodesign, 
além da utilização de ferramentas como os Indicadores de qualidade Ambiental. 
A primeira definição que surgiu referente ao Design Sustentável, foi na Europa durante os 
anos 60, do designer Victor Papaneck que definiu em seu livro em 1995, “Green 
Imperative”, o design como sendo diretamente responsável por um menor impacto 
ambiental referente aos produtos projetados, de modo que os consumos de bens naturais 
virgens possam ser cada vez mais reduzidos atingindo assim o desenvolvimento 
sustentável (ALVAREZ, 2012). 
7 
 
O Design é uma atividade voltada para o desenvolvimento de produtos com função 
utilitária, valorizados na medida em que apresentam soluções originais, qualidade, 
estética e resolvem a função a que são destinados. No ecodesign, a concepção, 
produção e comercialização dos produtos é pensada e executada com aintenção de 
reduzir os impactos ambientais de todo ciclo de vida do produto e preocupada com as 
fontes de energia, recursos naturais, resíduos, descartes e emissões. 
Outro conceito importante é quanto a utilização dos Indicadores de Qualidade Ambiental. 
A avaliação do desempenho ambiental, através de indicadores, visa definir, medir e 
analisar o critério de Qualidade Ambiental de uma organização. Em função de suas 
necessidades, os parâmetros devem ser estabelecidos pela própria empresa em função 
de suas possibilidades, sabendo que o desempenho ambiental de uma empresa é, na 
verdade, o resultado mensurável de seu sistema de gestão ambiental. O que é chamado 
de indicadores podem incluir, por exemplo, o número de incidentes ambientais relatados, 
a quantidade de efluentes líquidos, de emissões atmosféricas e de resíduos sólidos 
perigosos gerados por unidade de produto, o peso da embalagem a ser produzida, a 
distância percorrida pelos veículos de distribuição por unidade de produto, os elementos 
de risco, etc. Serão escolhidos de modo a representarem o conjunto das atividades das 
empresas, também por sua previsibilidade e seu custo em relação aos resultados 
almejados. Devem ser, ainda, de fácil comprovação. Os diferentes índices poderão 
constituir um índice global que refletirá a situação geral da empresa com relação a 
situação anterior ou atual. 
É importante ressaltar que os Indicadores de Qualidade Ambiental, de forma quantitativa 
oferecem o desempenho ambiental da organização auxiliando a alta gerência na 
identificação dos pontos falhos ou aqueles que necessitam de melhorias ambientais. A 
aplicação dos indicadores contribui para o aumento significativo quanto a percepção dos 
fatores decisórios sobre recursos a serem disponibilizados para as melhorias ambientais. 
Esses conceitos mencionados servem como uma breve abordagem inicial para um 
melhor entendimento e compreensão do conceito de ecodesign e Identificadores de 
qualidade ambiental. 
Assim, esse trabalho apresenta ambos os temas, partindo da origem do conceito de 
design, seu histórico e seus princípios até evoluir para o conceito de ecodesign, hoje tão 
disseminado criando uma nova consciência ambiental que se tornou um dos princípios 
fundamentais do homem moderno 
8 
 
 
2 GREENDESIGN 
 
 
2.1 O FATOR VERDE 
 
 
2.1.1 Histórico 
 
 
O termo design, no Brasil, é um vocábulo importado da língua inglesa e 
relativamente recente, o que costuma causar confusão e dúvidas a respeito do seu 
significado exato. De acordo com Cardoso (2008), a origem mais remota da palavra 
design está no latin: designare, verbo que abrange dois sentidos, o de designar e de 
desenhar. A partir da origem etimológica, percebe-se a ambigüidade do termo, que 
ao mesmo tempo abrange um aspecto concreto, no sentido de designar, formar, 
configurar e outro abstrato que envolve desenhar, conceber, projetar. Sendo assim 
pode-se definir que o design é a atividade que gera projetos trabalhando a junção de 
dois níveis, atribuindo forma material á conceitos intelectuais (CARDOSO, 2008). 
Em complemento a idéia de Cardoso (2008), Bürdek (1999), ao discutir acerca da 
definição de design cita Horst Oehlke (1977) que ao invés de definir design, 
descreve-o como “a tentativa de designar as metas, as tarefas e o objeto a ser 
produzido pela indústria a partir da experiência prática da atividade criativa e 
educadora” (OEHLKE apud. BÜRDEK, 1999, p. 14). Nessa mesma linha de 
pensamento que relaciona o design com a produção industrial, de maneira a fazer 
uma clara distinção entre ele e as atividades artesanais, é interessante citar a 
conceituação de Souza (2001), segundo ele, “o design moderno é a atividade 
praticada visando o projeto de produtos industriais ou produtos que utilizem 
processos decorrentes do desenvolvimento tecnológico pós Revolução Industrial” 
(SOUZA, 2001, p. 9). A origem da aplicação das técnicas do design, segundo 
Bürdek (1999), podem ser resgatadas desde a antiguidade quando o homem já 
dominava a fundição de metais para a fabricação de jóias. Na época do 
Renascimento, Leonardo da Vinci é considerado como o principal representante do 
design daquele tempo devido aos grandes projetos que desenvolveu. Apesar do 
reconhecimento da atividade em épocas passadas, ainda não era empregada o 
termo design para se referir a ela, a palavra foi utilizada pela primeira vez em 1588 
pelo Oxford Dictionary, sua redação definia o termo como: “Um plano ou esquema 
concebido por uma pessoa para algo que será realizado; o primeiro projeto gráfico 
9 
 
 
de uma obra de arte; um objeto das artes aplicadas que deve ser obrigatório para a 
execução de uma obra.” (BÜRDEK, 2005. P.15). Mas foi somente a partir de meados 
do século XIX, com a Revolução Industrial que começou a se falar de design ou 
desenho industrial no sentido atual da palavra. 
A referência mais conhecida do design ecológico, é o austríaco Victor J. 
Papanek (1923-1998). Ele considerava o design uma ferramenta para o 
desenvolvimento de países e comunidades e colaborou com projetos da Unesco e 
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Preocupado com a escassez de recursos 
naturais, o ecodesign busca implementar produtos e serviços que sejam eficientes e 
que minimizem seu impacto ambiental durante o ciclo de vida. Para isso, salienta a 
eficiência energética, a durabilidade e a diminuição de resíduos. Outra idéia quanto 
ao conceito do ecodesign surgiu na década de 1990, quando a indústria eletrônica 
dos EUA procurava minimizar o impacto no meio ambiente decorrente de sua 
atividade. A Associação Americana de Eletrônica (American Electronics Association) 
formou uma força-tarefa para desenvolver projetos com preocupação ambiental e 
providenciar uma base conceitual que beneficiasse primeiramente os membros da 
associação. Desde então, o nível de interesse pelo assunto cresceu e os termos 
ecodesign e Design for Environment passaram a ser mencionados em programas de 
gestão ambiental (BORCHARDT et al., 2007). 
Hoje em dia percebe-se o design como fruto de três grandes processos 
históricos conseqüentes da Revolução Industrial, o primeiro deles é a 
industrialização, com a reorganização das fábricas e um leque cada vez maior de 
produtos produzidos. Esse desenvolvimento industrial atraiu a população rural para 
as cidades com o intuito de trabalhar como operários, ampliando a concentração de 
população em grandes metrópoles o que culminou no segundo processo: a 
urbanização moderna. O terceiro pode ser chamado de globalização, ou seja, a 
integração de redes de comércio, de comunicação, de transportes etc. (CARDOSO, 
2008). 
 
2.1.2 Do Design ao Ecodesign 
 
 
Os consumidores tem estado cada vez mais atentos e tem buscado produtos de 
empresas que demonstrem preocupação ambiental em sua produção. Uma das 
diversas maneiras de se engajar nessas questões é o desenvolvimento de produtos 
10 
 
 
com maior preservação do meio ambiente, através do ecodesign. É importante 
ressaltar que junto desta preocupação surgem o consumo desenfreado, 
acompanhado pela criação de novos produtos, cada vez mais descartáveis devido à 
constante renovação das formas e o ciclo de vida mais curto contribuiu imensamente 
para o sucateamento dos bens de consumo, gerando um volume cada vez maior de 
resíduos sólidos (BRUNETTI; SANT’ANNA, 2003). O acúmulo de resíduos sólidos é 
apenas uma parcela dos problemas ambientais que começavam a ser sentidos pelo 
desequilíbrio do modo de vida humano atual. Existe ainda a percepção da escassez 
dos recursos naturais e das matérias primas que pode se tornar relevante, além da 
poluição e a emissão de gases em geral e gases de efeito estufa pela indústria. De 
acordo com Cardoso (2008), foi apenas no final da década de 1960 que os 
movimentos ambientalistas começaram a se configurar como os conhecemos hoje. 
A partir dessa data, começou a se falar em uma novaabordagem do design voltada 
ao meio ambiente. Um dos primeiros documentos publicados com questões 
referentes aos problemas do crescimento industrial foi o relatório do Clube de Roma 
publicado em 1972, com o título "Os limites do Crescimento", o conteúdo defendia 
que “um crescimento exponencial contínuo das nações industrializadas às levaria 
em um futuro próximo a perder a base de sua própria existência. A rápida diminuição 
das reservas de matérias-primas e seu crescente esgotamento criaram pressão de 
custos elevados para as empresas. Também a crescente densidade demográfica e a 
contaminação progressiva do meio ambiente, tendem a criar um cenário de 
desestabilização ou colapso da sociedade industrial.” (BÜRDEK, 1999, p.58). 
A partir dessa mesma consciência ecológica, foi desenvolvida, em 1974, uma das 
primeiras propostas de design com reciclados. Uma equipe da Escola Superior de 
Design de Offenbach, na Alemanha chamada "des-in" criou o sofá produzido com 
pneus usados, para um concurso de Design em Berlim. No entanto, este modelo, 
que incluía a realização do projeto, a produção e a venda dos próprios produtos, 
fracassou, sobretudo por causa de limitações econômicas. Não obstante, “des-in” foi 
o primeiro grupo que tentou, na prática, conectar alternativas de projeto sustentável 
(BURDEK, 1999). 
Atualmente o Green Design é a escolha consciente pelo design sustentável, 
eliminando ou diminuindo o impacto ambiental negativo. O design sustentável é um 
conceito que se aplica desde pequenos objetos a edifícios e cidades, também 
utilizado na indústria automobilística e de moda. 
11 
 
 
O objetivo do design sustentável é gerar uma sociedade voltada à sustentabilidade 
tanto ambiental quanto social. Isso significa que o conceito é mais abrangente que o 
de ecodesign porque considera também preocupações sociais e econômicas ligadas 
a um produto ou serviço. Para isso, o ecodesign é uma etapa necessária para o 
design sustentável, pois apresenta-se como uma ferramenta valiosa, uma vez que 
busca minimizar os impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida do produto, 
desde sua concepção até seu descarte. 
 
3 ECODESIGN 
 
 
O Termo Ecodesign surgiu nos anos 90, após um indústria eletronica perceber que 
os produtos em larga escala estavam afetando negativamente o planeta e sua 
economia, era preciso pensar, desacelerar e começar uma produção diferente. Foi o 
início da era VERDE, onde o termo Sustentabilidade também começa a ganhar 
força. Se formos conceituar o termo, Ecodesign ou Design Ecológico é um conjunto 
de técnicas e estratégias eco ambientais que promovem ao manejo consciente dos 
recursos naturais e não renováveis, em cada etapa da prestação de algum serviço 
ou elaboração de produtos, considerando fatores ambientais com o mesmo pé de 
igualdade de aspectos estéticos e econômicos. Portanto, o ecodesign visa amenizar 
os impactos decorrentes da exploração desenfreada do meio ambiente, aliando 
prioridades humanas e relações de negócios, consistindo basicamente entre a 
criação de um produto e seu impacto no meio ambiente. A primeira definição de 
Design Ecológico surgiu na Europa nos anos 1960. 
A definição de Victor Papanek é a mais influente e mais estudada. Victor defendeu 
a idéia do design centrado no ser humano, na ética e convocou publicamente os 
designers a terem responsabilidade social de suas ações. “A única importância, no 
design, é a sua relação com as pessoas” (PAPANEK, GUIMARÃES ,2006. p. 5) 
Buscando definições de outros estudiosos, encontramos um artigo cientifico 
publicado por R. Karlsson e C. Luttropp (2006). Segundo o artigo, o mapa linguístico 
da palavra ecodesign evidência como há uma forte relação entre economia e 
aspectos ambientais. Podemos ver conforme figura 1 como funciona essa relação. 
12 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Mapa linguístico descrito por R. Karlsson, C. Luttropp (2019) 
 
A utilização da menor quantidade possível de energia nos processos de fabricação, 
a sintetização de produtos mais duráveis que evitam, desta forma, sua constante 
troca, a criação de produtos que atendam às técnicas de desenvolvimento para 
melhorias de projeto como Design verde cujos produtos são fáceis de desmontar e 
trocar peças, são alguns dos principais objetivos do Design Ecológico. 
Em todo o processo há também a preocupação em gerar o menor número possível 
de resíduos, tanto na criação quanto no descarte ou reciclagem do produto, para 
que se tenha um ciclo sustentável desde o início da sua concepção até o momento 
em que o produto não é mais utilizado da forma como inicialmente foi projetado. 
Para que o processo criativo possa fluir livremente, é necessário que o designer 
seja, não apenas o criador, mas o articulador em relação às interferências, às 
rupturas e aos momentos de retroceder provenientes de todas as partes envolvidas, 
ou seja, a criação é coletiva, e “os produtos gerados são resultados da multiplicidade 
e da interdisciplinaridade entre essas conexões”. (FREITAS, 2011, p. 26). 
Quando a indústria começa a desenvolver metodologias de projetos e fabricações 
que minimizam os impactos ambientais alguns fatores positivos sao notados 
conforme a figura abaixo. 
 
 
Figura 2. Metodologia impactos ambientais por Om Arquitetos (2017) 
13 
 
 
3.1 Princípios do ecodesign 
 
 
• Materiais de baixo impacto ambiental: devem ser menos poluentes, 
provenientes de produção sustentável, de preferência reciclados, ou que necessitam 
de menos energia para sua fabricação; 
• Eficiência energética: empreendimentos de meios de fabricação que 
consomem menos energia ou possuam uma fonte de energia menos agressiva ao 
meio ambiente, como a energia elétrica; 
• Qualidade e durabilidade: fabricar produtos que tenham maior tempo de 
vida e funcione por muito tempo, a fim de gerar menos lixo; 
• Modularidade: desenvolver objetos nos quais as peças possam ser trocadas 
com facilidade em caso de defeito, evitando que o produto seja substituído, gerando 
menos lixo; 
• Reutilização/Reaproveitamento: construir e/ou propor objetos a partir 
do reaproveitamento e reutilização de outros, ou ainda projetá-los para que 
sobrevivam em seu ciclo de vida, criando ciclos sustentáveis. 
• De forma prática, é possível sintetizar esses pilares em 3 Rs: reutilização, 
reciclagem e redução (Figura 3). 
 
 
Figura 3. Princípios do Ecodesign por IPOG (2018) 
https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/energia-eletrica/
https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/saude-e-meio-ambiente/
14 
 
 
 
No Livro Gestão ambiental e Sustentabilidade (VAN BELLEN, 2013, p. 98 ) , 
Ana Pazmino (2007) nos reafirma que o ecodesign exige do designer uma 
consciência ecológica, o conhecimento de ferramentas de projeto e atuar em cada 
uma das fases do ciclo de vida dos produtos (pré-produção, produção, uso, 
descarte, reciclagem, reuso ) tomando decisões ecologicamente corretas que 
minimizem o impacto ambiental dos produtos. 
Pazmino (2007), reforça que o ecodesign não é artesanato feito com material 
reciclado e sucata, mas representa uma concepção abrangente de design que leva 
em consideração algumas diretrizes, a exemplo temos : reduzir a utilização de 
recursos naturais e de energia; usar materiais não exauríveis (esgotáveis) ou 
danosos, usar materiais reciclados ou renováveis ; usar apenas um material 
(monomaterial); codificar os materiais para facilitar a sua identificação; escolher 
técnicas de produção alternativas; minimizar os processos produtivos; gerar poucos 
resíduos; reduzir a variabilidade dos produtos; reduzir o consumo de energia; utilizar 
tecnologias apropriadas e limpas; reduzir o peso; reduzir o volume; assegurar a 
estrutura modular do produto; aumentar a confiabilidade e durabilidade; design 
clássico; eliminar embalagens ou projetar embalagens recicláveis ou reutilizáveis; 
tornar a manutenção e reparos mais fáceis; converteros componentes em 
reposições ou refil e desmaterializar os produtos. 
O conceito de Ecodesign pode ser melhor entendido a partir da discussão de três 
outros conceitos chave: o de desenvolvimento sustentável, o de redução de resíduos 
e emissões e o da abordagem do ciclo de vida. 
 
Segundo BIRKELAND (2002), alguns adjetivos que definem o Ecodesign são: 
a) Responsável - Redefine os objetivos de Design ao redor de necessidades 
básicas, equidade social, justiça ambiental e sustentabilidade ecológica; 
b) Sinergético - Cria ciclos de feedback positivo e simbioses entre diferentes 
elementos funcionais para criar mudanças nos sistemas; 
c) Contextual - Reavalia conceitos de design para contribuir para uma transformação 
social; d) Holístico - adotar uma perspectiva ciclo de vida para assegurar que os 
produtos apresentam pouco custo e impacto ambiental; 
e) Restaurador – fortalece a saúde humana e natural; 
f) Eco-eficiente – considera a eficiência ecológica como verdadeira economia; 
15 
 
 
g) Criativa – representa um novo paradigma; 
h) Visionária – foca-se em visões ou resultados desejados e então selecionar ou 
inventa as ferramentas e métodos apropriados para atingi-las; 
i) Multidimensional – acomoda diferentes culturas e preferências pessoais 
simultaneamente. 
 
 
3.2 Os Benefícios do Ecodesign 
 
 
O Ecodesign reconhece que os impactos ambientais devem ser considerados 
durante o processo de Design, juntamente com todos os critérios de Design usuais. 
Não é, portanto, um processo completamente novo, e apenas uma variação do 
processo existente. (LEWIS et al., 2001). Ele oferece uma excelente oportunidade 
para reduzir os impactos ambientais associados com os produtos e processos, que 
podem levar a relações mais sustentáveis entre o sistema ecológico e o econômico 
(CURRAN, 1996). O ecodesign visa comercializar e produzir produtos 
ecologicamente corretos, a fim de diminuir os impactos ambientais gerados em sua 
produção. Tendo os seguintes benefícios: 
 
• Resultados com maior qualidade: Os produtos são mais versáteis e 
fabricados com materiais mais duradouros; 
• Economia: promove o racionamento e o uso inteligente de recursos, tanto 
ambientais quanto financeiros; 
• Industrias mais sustentáveis: as empresas ganham em capacidade de 
inovação e reforça seu compromisso com o meio ambiente; 
• Consumidores mais felizes: satisfaz a demanda do mercado com produtos 
mais atrativos para um publico cada vez mais eficiente; 
• Diferenciação no Mercado: os produtos sustentáveis tem um valor agregado 
que os diferencia da concorrência. Para as empresas trata-se de uma forma 
de produzir valor agregado a organização; 
• Autoridade de mercado: apesar de ainda não ser uma predominância, a 
sustentabilidade já é uma preocupação dentro dos parâmetros dos novos 
hábitos de consumo. Assim, além de agregar valor, ser um profissional 
sustentável ajuda a diferenciar. 
16 
 
 
3.3 Certificações de Design Sustentável 
 
 
O ecodesign tem regulamentos próprios, que credenciam a natureza sustentável 
dos produtos comercializados no mercado. Existem três certificações: 
 
 
• Cradle to Cradle (C2C): este sistema certifica e promove a inovação 
em produtos sustentáveis com um método de avaliação baseado 
em cinco aspectos: saúde material, reutilização dos materiais, uso 
de energias renováveis, administração da água e responsabilidade 
social. 
 
• ISO 14062: esta norma internacional de gestão ambiental avalia a 
integração dos aspectos ambientais no esign e desenvolvimento do 
produto. 
• ISO 14001 : esta norma permite que as empresas certifiquem seu 
compromisso com a defesa do meio ambiente com a gestão dos 
riscos ecologicos proprios da atividade que realizam. 
 
 
3.4 O Ecodesign e as Organizações 
 
Atualmente sustentabilidade é um termo recorrente no mundo dos negócios. 
As empresas buscam cada vez mais se tornarem sustentáveis através de ações que 
visam reduzir os impactos ambientais de seu ciclo produtivo promovendo o 
desenvolvimento socioambiental. 
O ecodesign é uma medida importante e dentro dessas ações podem ser inseridos 
várias etapas de produção, desde o desenho até na reutilização de materiais. 
O green design de produtos, como ja mencionado, tem um pensamento voltado a 
idéia de a sustentabilidade deve estar ligada em toda a fase produtiva e não 
somente como jogo de marketing, mas sim como marketing verde. 
17 
 
No Brasil algumas empresas buscam aproveitar matérias primas típicas do País em 
seus ciclos produtivos, uma delas é a Oka Bioembalagens que usam fécula de 
mandioca, fibras de frutas e sementes para produzir suas bioembalagens. Sendo a 
Natura a maior empresa multinacional brasileira de cosméticos, que possui todo o seu 
sistema de produção e plano de negócios voltado para a geração de um impacto 
produtivo, tendo como destaque suas embalagens recicláveis. 
 
Figura 4- Embalagem a base de fécula de mandioca, Oka Embalagens. 
 
 
 
No cenário internacional algumas marcas vêm ganhando destaque por sua 
luta contra o plástico, buscando soluções através do ecodesign. 
Sendo elas: 
 
 
• Coca- Cola: Utilizam plástico retirado do oceano na produção de suas 
garrafas PET. 
• Nestlé: Inaugurou o Instituto de Ciência da Embalagem, voltado a produção 
de embalagens 100% recicláveis. 
 
• Dove: Divulgou que irá começar a vender produtos em recipientes 
100% recicláveis. 
 
• The Body Shop: Lançou uma linha de produtos em parceria com 
uma comunidade indiana produtora de plásticos recicláveis. 
18 
 
 
4 VOZES CONTRÁRIAS 
 
 
Se refletirmos sobre as questões que acerca do ecodesign, podemos encontrar alguns 
pontos que afetam diretamente a prática do design. As questões da sustentabilidade para 
o design não se limitam a uma questão tecnológica, que aborda apenas a necessidade de 
modificar o sistema produtivo ao incorporar quesitos ambientais aos projetos. 
 
Portanto , a crítica ao ecodesign se dá ao analisarmos a definição do termo "Ecodesign", 
aos que se preocupam apenas com a ecologia perante o sistema produtivo de um 
determinado produto, a fim de minimizar os impactos da produção e o descarte incorreto 
dos produtos, pois dentro do design há uma vertente denominada como Design 
Sustentável que tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável, envolvendo 
além da ecologia questões de aspectos de caráter social, econômico e político. Sendo 
assim, para os design se apoiarem no conceito de design sustentável é mais profundo e 
mais sustentável que a vertente do ecodesign. 
 
Outra questão abordada por alguns designers, é o fato da sustentabilidade atacar 
algumas bases sobre as quais o design se sustenta, como o mercado e sistema 
capitalista, pois o objetivo de todo trabalho do designer é garantir o aumento da 
lucratividade e transmitir a ideologia vigente através dos produtos e mercadorias. 
 
Vale ressaltar que uma das justificativas abordadas ao criticarem a proposta do 
desenvolvimento sustentável é o fato da sustentabilidade ambiental começar a se tornar 
em algo comercial onde se observa que a maioria dessas empresas capitalistas estão se 
apoiando nessa vertente apenas com a preocupação voltada ao crescimento econômico 
e o acúmulo de capital. 
19 
 
5 ESTUDO DE CASO 
 
 
5.1 Natura 
 
 
A Natura é uma empresa multinacional brasileira que atua no setor de produtos 
cosméticos. Fundada em 1969 por Antônio Luiz Seabra, hoje está presente no 
Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Venezuela, França e Estados 
Unidos, além de outros 63 países. Em 2017 a empresa se juntou com a gigante 
marca de cosméticos, produtos de beleza e perfumaria The body Shop e 
recentemente adquiriu o grupo americano Avon (2019), sendo assim o grupo passou 
de 7.000 colaboradores (2013) para 40.000 funcionários. 
Sendo a maior multinacional brasileira do setor de cosméticos, a natura busca se 
comprometer com a geração de impactospositivos nas áreas social, econômica e 
ambiental. 
Visando gerar um impacto positivo não só por meio do seu modelo de negócios, mas 
também de seus produtos a Natura definiu 6 compromissos ao criarem um produto: 
 
● Cuidado com a origem dos ingredientes e materiais. 
● Fórmulas naturais/vegetais. 
● Segurança para o consumidor e o planeta. 
● Sem testes em animais. 
● Compromisso com o clima. 
● Embalagens ecológicas. 
 
 
A empresa une estética e funcionalidade em suas embalagens, buscando gerar 
menor impacto ambiental menor impacto ambiental possível. Para isso, ela prioriza o 
uso de materiais reciclados pós consumo e de origem renovável criando assim 
embalagens bonitas por dentro e por fora. 
20 
 
 
 
 
5.1.1 Natura Ekos 
 
 
A Natura Ekos é uma linha de cuidados para o corpo e o cabelo 100% vegan, 
composta por ingredientes da Amazônia, utiliza ingredientes naturais provenientes 
das colheitas sustentáveis de comunidades tradicionais, semeados de forma 
sustentável e respeitando os princípios do comércio ético e responsável. 
Preocupada com a redução do seu impacto ambiental, a Natura Ekos baixou em 
13% as emissões de CO2 com as suas novas embalagens (por Kg de produto 
vendido). 
Todos os frascos Natura Ekos são 100% recicláveis e contêm 50% de PET 
reciclado, o que lhes confere uma tonalidade transparente ligeiramente fumada. As 
recargas e as garrafas de amaciador são em plástico 100% ecológico, proveniente 
da cana-de-açúcar. 
 
 
6 INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL 
 
 
A sustentabilidade remete um processo de transformação a nível global que, 
segundo Sachs (1997 e 2002), necessita de suporte de técnicas e práticas 
ecologicamente prudentes, criadas em função das potencialidades locais. Os 
desperdícios de recursos devem ser impedidos e reduzidos, cuidando para que 
sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros das 
sociedades presentes e futuras, dada a diversidade dos meios naturais e dos 
contextos culturais. E não é para menos já que é imprescindível agir de forma 
responsável e adequada em relação ao meio ambiente. Nesse contexto, os 
indicadores ambientais são de grande importância. 
A grande maioria dos problemas ambientais são derivados da extração de matérias- 
primas e da contaminação resultante da produção e uso de determinados produtos e 
serviços, também pela produção massiva e distribuição global. Muitos desses 
produtos e serviços são desenvolvidos a partir de recursos naturais que são finitos, 
sendo o uso e o descarte geradores de outros impactos ambientais. O design que, 
de acordo com Fiell e Fiell (2005), dá forma a uma cultura material global e 
influencia a qualidade do nosso ambiente cotidiano. Os produtos do design 
21 
 
 
 
influenciam a experiência e percepção do mundo que nos cerca, ao abrangerem 
uma gama extraordinária de funções, técnicas, atitudes, idéias e valores. Essa 
influência que o design traz consigo, auxilia nas decisões tomadas a respeito da 
qualidade de vida e do ambiente no futuro. A partir daí que os processos de 
avaliação da produção e dos impactos causados ganham mais importância. Dentre 
as técnicas existentes, o uso de indicadores surge como forma de tomada de 
decisão e de gestão das organizações. 
Existem muitos conceitos quanto aos indicadores, mas no contexto da 
sustentabilidade, Quiroga (2001) distingue indicadores em três gerações: 
indicadores ambientais a partir da década de 1980; indicadores das dimensões de 
desenvolvimento sustentável, mas sem a devida articulação, no final da década de 
1980 e início de 1990; e a partir da década de 1990, indicadores de sustentabilidade, 
ou seja, indicadores cujas dimensões de desenvolvimento sustentável passam a ser 
articuladas. 
Teoricamente no contexto da gestão de empresas, os indicadores de desempenho 
ambiental como ferramentas, trazem informações sobre os impactos ambientais que 
a empresa causa para desenvolver suas atividades, independentemente do porte e 
do segmento. Eles reúnem dados sobre o desenvolvimento sustentável da 
organização, além da relação que ela tem com aspectos ecológicos em geral. 
Também funcionam como métricas, permitindo que a empresa mensure o 
desempenho de seus processos em relação a metas ambientais predefinidas. 
Dessa forma, se um indicador vai mal, por exemplo, isso significa que a empresa 
precisa repensar alguma atividade ou procedimento, porque os indicadores devem 
estar em conformidade com as leis e objetivos estratégicos. 
Segundo SOUZA (2007) os identificadores, tem como princípios a visão e objetivo 
de desenvolvimento com foco nas práticas, na abrangência, na comunicação efetiva, 
com um processo participativo, revisão contínua dos resultados e sustentabilidade. 
 
6. 1 Principais Indicadores 
 
Van Bellen ( 2005 ) elenca alguns dos indicadores ou sistemas de indicadores 
conhecidos : 
• Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (Human Development Index – HDI) – 
que sugere a medida do desenvolvimento humano focado em três elementos: 
longevidade, conhecimento e padrão de vida decente (um padrão que, atualmente, 
ja vai além do produto interno bruto da ou da renda per capita ). 
22 
 
• Painel da sustentabilidade (Dashboard of Sustainability– DS) projetado para 
informar os tomadores de decisão, a mídia e o público em geral sobre a situação 
dedesenvolvimento de um determinado sistema, público ou privado, de pequena ou 
grande escala, nacional, regional, local ou setorial em relação à sua 
sustentabilidade. Foi criada uma representação gráfica como metáfora ao painel de 
um automóvel. Os indicadores vão “acelerando” no painel à medida que os dados 
são inseridos. 
• Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method – EFM). A ferramenta auxilia a 
compreensão dos limites da biosfera e a reorientação da vida para uma direção mais 
sustentável. Quando inseridos os dados referentes ao tipo de consumo, o EFM 
converte as características em uma área medida em hectares proporcional ao 
impacto do consumo. 
• Barômetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustainability – BS) – um projeto 
destinado às agências governamentais e não governamentais, tomadores de 
decisão e pessoas envolvidas com questões relativas ao desenvolvimento 
sustentável, em qualquer nível do sistema, do local ao global (Bellen, 2005). O 
sistema apresenta conclusões em formato visual e fornece um retrato do bem-estar 
humano e tecnológico. 
• Pressão, Estado, Resposta (Pressure, State, Response – PSR) – que assume 
implicitamente uma causa na interação dos diferentes elementos da metodologia, 
sendo Pressão (P) a descrição da pressão das atividades humanas exercidas sobre 
o meio ambiente, incluindo recursos naturais; Estado (S) sendo referente a 
qualidade e quantidade de recursos naturais e qualidade do ambiente; e Resposta 
(R) a extensão e intensidade das reações da sociedade em responder às 
preocupações e alterações ambientais; 
• Força Dirigida, Estado, Resposta (Driving Force, State, Response – DSR), cuja 
função é organizar informações sobre desenvolvimento e avaliações setoriais sendo 
desenvolvido a partir do sistema PSR alterando Pressão por Força dirigida (D); 
• Iniciativa Relatório Global (Global Reporting Iniciative – GRI). Ferramenta de 
comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações, com 
difusão global. O GRI é um processo de acreditação ao qual empresas se 
submetem, tendo como objetivo ter sua sustentabilidade avaliada. Todos estes 
esforços, segundo Polaz (2007, p. 1084), visam melhorar a base de informações 
23 
 
 
sobre o meio ambiente, auxiliar na elaboração de políticas públicas, simplificar 
pesquisas focais e garantir comparabilidade entre diferentes localidades. 
Para Lesama (2011), a construção ou identificação de indicadores deve respeitar 
algumas qualidades: deve ser objetiva e cientificamente fundamentada, pertinente 
com relação a problemática a qual estáreferenciada, sensível, facilmente acessível 
e imediatamente compreensível. 
Os indicadores ambientais tem como objetivo além da identificação quanto a 
responsabilidade organizacional com a legislação ambiental, esses índices também 
estão associados a outros objetivos. São eles: 
• Fortalecimento da marca: 
Uma marca que se preocupa com o meio ambiente passa uma mensagem de 
preservação para a sociedade. Isso tem efeitos sociais positivos e também contribui 
para o seu fortalecimento. 
• Desenvolver com sustentabilidade: 
A ideia aqui não é desenvolver a organização a qualquer custo, mas sim com 
sustentabilidade. E operar com os indicadores ambientais em alta é imprescindível 
para atingir essa finalidade. 
• Crescimento no mercado: 
O crescimento vem como consequência direta de uma marca forte e sustentável. Se 
os seus concorrentes não apresentam essas credenciais, eles correm o risco de 
perder uma fatia significativa do mercado. Isso implica melhores resultados para o 
seu produto ou serviço. 
O conceito de desenvolvimento de indicadores é atualmente transferido para o 
controle ambiental, de forma a apresentar o desempenho ambiental na organização 
através de uma maneira mensurável e de fácil entendimento. lndicadores Ambientais 
são, no entanto, importantes instrumentos para a redução contínua da poluição 
industrial em concordância com o estabelecimento por grupos externos de partes 
interessadas. A figura 5 logo abaixo exibe um método para o estabelecimento dos 
Indicadores Ambientais. É importante conhecer previamente o meio ambiente interno 
e externo do processo a ser analisado, determinando suas causas e seus efeitos. 
Com base nestas informações pode-se estabelecer os indicadores ambientais, 
avaliando o peso de um em relação a outro indicador. 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 : Método para estabelecer os Indicadores Ambientais. Fonte: Perez (1999). 
 
 
Temos a Norma ISO 14001 que é uma certificação que atesta a preocupação de uma 
empresa em crescer com sustentabilidade, evitando praticar ações agressivas à 
natureza. Ela especifica o que deve ser feito para a implantação e manutenção de um 
Sistema de Gestão Ambiental efetivo (SGA) e é aplicável a qualquer tipo de 
organização. Essa norma segue a metodologia do ciclo de melhoria contínua, 
tambem conhecido como clico PDCA. Para consegui-la, uma empresa precisa seguir 
um planejamento e uma estratégia de política ambiental. 
Ja segundo Rolt (1998), existe uma relação de interdependência entre os indicadores, 
mas é possível definir agrupamentos ou classes. Isto permite que os grupos de 
indicadores sejam acompanhados conjuntamente, estudando-se melhor o efeito da 
variação de uns sobre os outros. A relação de interdependência entre os indicadores 
extrapola os grupos a que pertencem. De acordo com o modelo desenvolvido pelo 
OECD (Organisation for Economic Cooperation and Development), citado por Moreno 
(1999), os indicadores classificam-se em: 
25 
 
 
• lNDlCADORES AMBlENTAlS DE PRESSÃO - descrevem as pressões que 
exercem as atividades humanas sobre o meio ambiente (ex.: emissões de COz em 
ar); 
• INDICADORES DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE - descrevem a qualidade 
do meio ambiente e dos recursos naturais, de forma que oferecem uma visão da 
situação do meio ambiente. Às vezes podem se confundir com os indicadores de 
pressão e, de fato, podem ser utilizados em determinados casos como substitutos 
(ex.: concentração de nitrato no rio); 
• INDICADOR DE RESPOSTA: eles permitem estimar esforços para resolver-se 
um problema ambiental (ex.: financiamentos internacionais para a despoluição de 
terras). 
 
 
6.2 Objetivos dos Indicadores Ambientais 
São eles : 
a) Melhorar a base de informação ambiental; 
b) Evoluir condições e tendências ambientais em escalas regionais ou globais; 
c) Ilustrar melhorias ambientais através de uma série de análise temporal; ; 
d) Indicar potenciais de otimização; 
e) Identificar oportunidades de negócios e redução potencial de custos; 
f) Comparar a avaliação do desempenho ambiental entre companhias; 
g) Fornecer o retorno de informações para motivação dos membros da 
organização; 
h) Dar suporte a implementação das regulamentações do EMAS e ISO 14001. 
26 
 
 
6. 3 Instituições que desenvolveram Indicadores 
 
 
No livro de Van Bellen nos é apresentando três instituições que desenvolveram 
indicadores em suas organizações. Instituições como a Bovespa, o Instituto Ethos e 
o GRI desenvolveram indicadores para análise de sustentabilidade. 
• A Global Reporting Initiative (GRI) produz diretrizes para a elaboração de 
relatórios de sustentabilidade, focando não apenas o conteúdo final, mas também 
seu processo de elaboração, que deve pautar-se por uma série de princípios 
relacionados à sustentabilidade, à responsabilidade empresarial e às boas práticas 
de governança. Divulga os resultados obtidos, em um determinado período, com o 
propósito de criar padrão de referência, como um benchmarking, além de 
demonstrar e comparar como a organização influencia e é influenciada por 
expectativas de desenvolvimento sustentável e de outras organizações. 
• A BOVESPA, em conjunto com várias instituições, criou o Índice de 
Sustentabilidade Empresarial (ISE) com o propósito de promover boas práticas no 
meio empresarial brasileiro e servir como referencial para investidores socialmente 
responsáveis. 
• O Instituto Ethos de Responsabilidade Social, com o objetivo de mobilizar, 
sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente 
responsável, elaborou um relatório que abrange as questões financeiras, 
econômicas, ambientais e sociais relacionadas à gestão do negócio. É uma 
ferramenta de gestão que permite uma melhor mensuração do desempenho da 
organização e um diálogo com os stakeholders que objetiva a construção e o 
estreitamento das relações com as partes interessadas. 
Assim, os indicadores ambientais são importantes por assegurar que a organização 
atue segundo as leis e as exigências normativas, padronizando resultados e 
adequando as atividades da empresa conforme as normas ambientais, de forma que 
se porventura algo fuja do que é esperado da empresa e pela empresa , seja sanado 
através de ações corretivas feitas visando à alteração e à padronização dos 
processos . 
 
6.4 Critérios de Seleção dos Indicadores 
 
 
Os critérios aplicados para a seleção de indicadores variam de acordo com os 
objetivos que se deseja. A OCDE, citado por Moreno (1999), por exemplo, estabelece 
os seguintes detalhamentos: 
27 
 
 
 
I. REQUISITOS QUE DEVE CUMPRIR UM INDICADOR AMBIENTAL: 
proporcionar uma visão das condições ambientais, pressões ambientais ou 
respostas da sociedade. Ser sensível e de fácil interpretação e capaz de 
mostrar as tendências através do tempo. Ser aplicável em escala nacional ou 
regional, conforme o caso. Proporcionar uma base para comparações 
intemacionais. Apontar um valor de referência contra o qual se possa comparar 
o valor do indicador, facilitando assim a interpretação em termos relativos. 
II. CRITÉRIOS TÉCNICOS DESEJÁVEIS : Deve ter congruência teórica e 
consistência cientifica . Deve se basear em consensos internacionais; - Deve 
ser capaz de relacionar-se com modelos econômicos. 
III. OS DADOS UTILIZADOS PARA CONSTRUIR OS INDICADORES DEVEM: 
Gerar uma “razoável” relação custo/benefício. Ser de qualidade, estar bem 
documentados e validados; - Poder atualizar-se em intervalos regulares. 
 
6.5 Vantagens dos Indicadores Ambientais 
 
 
Segundo Perez (1999), os Indicadores Ambientais poderão ser usados para uma 
grande variedade de funções, apresentando as seguintes vantangens : 
 
✓ Procuram garantir, nas tomadas de decisão, uma determinação rápida de 
importantes programas de melhoria, tanto mais quanto forem os pontos fracos 
de proteção ambiental existentes na organização; 
✓ Permitem a determinação de metas ambientaisquantificáveis, que poderão ser 
usadas para medir os sucessos ou falhas da implementação do sistema de 
gestão; 
✓ Não é somente um requisito para o controle da poluição ambiental mas também 
uma ferramenta para se determinar lucrativas oportunidades de negócio, 
baseado em melhorias ambientais; 
✓ Baseia-se no fato de que os indicadores quantificam importantes 
desenvolvimentos na proteção ambiental da organização, comparando estes 
indicadores ano a ano. Se determinados periodicamente, funciona como um 
sistema de alerta; 
✓ Podem mostrar os pontos fracos e a otimização de capacitações, os quais 
podem ser usados para se obterem metas especificas de melhorias. 
28 
 
7 CONCLUSÃO 
 
 
A proposta deste trabalho teve como objetivo geral apresentar além dos conceitos , a 
utilização do Ecodesign e Identificadores de qualidade nas organizações e seus reflexos 
na sociedade . 
O grupo no transcorrer do tema buscou demonstrar a necessidade cada vez maior 
de aplicação do conceito de design e de sua evolução para ecodesign na busca de um 
desenvolvimento cada vez mais equilibrado. A grande maioria das matérias primas são 
constituídas de recursos naturais não renováveis, sendo necessário que os materiais 
retornem aos seus ciclos produtivos, para isso temos os conceitos relacionados ao design, 
ecodesign que, mesmo distintos, foram projetados para o mesmo fim. Assim, contamos 
também com o auxílio dos indicadores que tem muito o que contribuir com a disseminação 
dessas informações sendo ferramentas fundamentais e necessárias para que a 
Sustentabilidade seja alcançada. Tudo isso torna possível uma maior conscientização 
voluntária da sociedade e de seus indivíduos, governos e organizações para que a 
situação do nosso planeta tenha a chance de mudar. 
Portanto, através de pesquisas sobre os temas, além da possibilidade de conhecer 
novos campos de estudo como o design e de adquirirmos um maior conhecimento 
relacionado aos indicadores, ao Green design e Sustentabilidade, vimos na prática suas 
aplicações, o que nos possibilitou aprender mais sobre empresas que utilizam dessa 
vertente em seu meio produtivo. A exemplo o estudo de caso sobre a Natura, 
possibilitando com a busca, ir além dos conhecimentos transmitidos em sala de aula, 
aplicando em nosso campo de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
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