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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO BIANCA FERREIRA DO NASCIMENTO GABRIELA FRANÇA SANTOS VIANA GESTÃO AMBIENTAL GREEN DESIGN DE PRODUTOS INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL VITÓRIA 2020 BIANCA FERREIRA DO NASCIMENTO GABRIELA FRANÇA GREEN DESIGN DE PRODUTOS INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL Trabalho apresentado à disciplina de Gestão Ambiental, como pré-requisito para obtenção de nota parcial no Curso de Administração da Universidade Federal do Espírito Santo. Professor: Gilton Ferreira VITÓRIA 2020 RESUMO GRENDESIGN DE PRODUTOS E INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL O presente trabalho visa contribuir com discussões existentes a respeito do Green Design e Indicadores de qualidade ambiental. O trabalho que segue é um estudo sobre conceitos, evoluções, criticas e aplicações do Ecodesign que através de técnicas e estratégias ecoambientais promovem o manejo consciente dos recursos naturais e não renováveis, bem como os Indicadores de Qualidade Ambiental nas organizações que tem por finalidade básica medir através do uso de instrumentos e ferramentas os niveis de eficiência de uma organização. A coleta das informações foi feita por meio de pesquisas a partir de bancos de dados e artigos online. Como resultado, observa-se ao longo do trabalho que as empresas têm tomado importantes medidas para o fortalecimento do uso das técnicas do ecodesign e dos indicadores enquanto estratégia de desenvolvimento e competitividade, ainda que se faça necessário alguns ajustes e ampliação de divulgações em relação ao assunto. Palavras-chave: Sustentabilidade. Ecodesign. Desenvolvimento. Ciclodevida. Qualidade. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa linguístico descrito por R. Karlsson, C. Luttropp .............................. 12 Figura 2 - Figura 2. Metodologia impactos ambientais por Om Arquitetos ................ 13 Figura 3 - Principios do Ecodesign por IPOG ............................................................ 13 Figura 4- Embalagem a base de fécula de Mandioca,OKA Embalagem ................... 17 Figura 5 : Método para estabelecer os Indicadores Ambientais. ................................24 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6 2 GREENDESIGN .................................................................................................... 8 2.1 O FATOR VERDE .............................................................................................. 8 2.1.1 Histórico ......................................................................................................... 8 2.1.2 Do Design ao Ecodesign ................................................................................. 9 3 ECODESIGN........................................................................................................ 11 3.1 Princípios do ecodesign................................................................................. 13 3.2 Os Benefícios do Ecodesign...............................................................................15 3.3 Certificações de Design Sustentável..................................................................16 3.4 O Ecodesign e as Organizações ....................................................................... 16 4 VOZES CONTRÁRIAS ........................................................................................ 18 5 ESTUDO DE CASO..............................................................................................19 5.1 Natura.................................................................................................................19 5.1.1 Natura Ekos. ................................................................................................... 20 6 INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL....................................................20 6.1 Principais Indicadores..........................................................................................21 6.2 Objetivos dos Indicadores Ambientais.................................................................25 6.3 Instituições que desenvolveram Indicadores.......................................................26 6.4 Critérios de Seleção dos Indicadores .................................................................26 6.5 Vantagens dos Indicadores Ambientais ..............................................................27 7 CONCLUSÃO.........................................................................................................28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................29 6 1 INTRODUÇÃO O desenfreado consumismo praticado pela sociedade atual tem como resultado, inúmeros impactos ambientais ao ecossistema do nosso planeta. Muitos estudiosos apontam esse consumo excessivo como o principal responsável pelo aumento da degradação do meio ambiente. Com o processo de globalização, passa-se a ter uma demanda cada vez maior por produtos diversificados, diferenciados e com valor agregado. Além disso, fatores como a qualidade e custo de produção do produto, tem a sua relevância, isso faz com que as empresas deem importância a figura do projetista na concepção de produtos com essas características. A partir do momento em que se faz necessária maior extração de recursos naturais para o aumento de produção, os efeitos causados pelos inúmeros atos humanos geram inúmeras necessidades de ações que antes não eram percebidas pelo homem. Na década de 70 o conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser discutido e logo se tornou objeto de discussão nos meios acadêmicos (Mancini e Zanin, 2004). A publicação do relatório de Brundtand em 1987, chamado de “Nosso Futuro Comum”, inaugura oficialmente as preocupações mundiais a respeito das questões ambientais. Atualmente ,a reutilização de materiais é um tema bastante relevante quando falamos em sustentabilidade ambiental. Dar vida a um material que já é considerado lixo nem sempre é algo fácil a se fazer, visto que é necessário estudar uma nova forma, um novo conceito e uma nova função para, então, transformá-lo em um produto de alta qualidade. Quando é realizada a concepção das idéias para fabricação dos produtos, já é necessário pensar, planejar e projetar de que formas o material será utilizado e depois separado ou reutilizado em condições econômicas quando for concluído o ciclo de vida do produto ao qual está sendo inserido. Desta forma ao longo dos anos as organizações vêm desenvolvendo técnicas que visam à utilização de medidas que possam diminuir cada vez mais o impacto causado pela produção geradora de grandes quantidades de resíduos sólidos, líquidos e emissão de gases tóxicos. Entre essas técnicas está o conceito de Design sustentável ou Ecodesign, além da utilização de ferramentas como os Indicadores de qualidade Ambiental. A primeira definição que surgiu referente ao Design Sustentável, foi na Europa durante os anos 60, do designer Victor Papaneck que definiu em seu livro em 1995, “Green Imperative”, o design como sendo diretamente responsável por um menor impacto ambiental referente aos produtos projetados, de modo que os consumos de bens naturais virgens possam ser cada vez mais reduzidos atingindo assim o desenvolvimento sustentável (ALVAREZ, 2012). 7 O Design é uma atividade voltada para o desenvolvimento de produtos com função utilitária, valorizados na medida em que apresentam soluções originais, qualidade, estética e resolvem a função a que são destinados. No ecodesign, a concepção, produção e comercialização dos produtos é pensada e executada com aintenção de reduzir os impactos ambientais de todo ciclo de vida do produto e preocupada com as fontes de energia, recursos naturais, resíduos, descartes e emissões. Outro conceito importante é quanto a utilização dos Indicadores de Qualidade Ambiental. A avaliação do desempenho ambiental, através de indicadores, visa definir, medir e analisar o critério de Qualidade Ambiental de uma organização. Em função de suas necessidades, os parâmetros devem ser estabelecidos pela própria empresa em função de suas possibilidades, sabendo que o desempenho ambiental de uma empresa é, na verdade, o resultado mensurável de seu sistema de gestão ambiental. O que é chamado de indicadores podem incluir, por exemplo, o número de incidentes ambientais relatados, a quantidade de efluentes líquidos, de emissões atmosféricas e de resíduos sólidos perigosos gerados por unidade de produto, o peso da embalagem a ser produzida, a distância percorrida pelos veículos de distribuição por unidade de produto, os elementos de risco, etc. Serão escolhidos de modo a representarem o conjunto das atividades das empresas, também por sua previsibilidade e seu custo em relação aos resultados almejados. Devem ser, ainda, de fácil comprovação. Os diferentes índices poderão constituir um índice global que refletirá a situação geral da empresa com relação a situação anterior ou atual. É importante ressaltar que os Indicadores de Qualidade Ambiental, de forma quantitativa oferecem o desempenho ambiental da organização auxiliando a alta gerência na identificação dos pontos falhos ou aqueles que necessitam de melhorias ambientais. A aplicação dos indicadores contribui para o aumento significativo quanto a percepção dos fatores decisórios sobre recursos a serem disponibilizados para as melhorias ambientais. Esses conceitos mencionados servem como uma breve abordagem inicial para um melhor entendimento e compreensão do conceito de ecodesign e Identificadores de qualidade ambiental. Assim, esse trabalho apresenta ambos os temas, partindo da origem do conceito de design, seu histórico e seus princípios até evoluir para o conceito de ecodesign, hoje tão disseminado criando uma nova consciência ambiental que se tornou um dos princípios fundamentais do homem moderno 8 2 GREENDESIGN 2.1 O FATOR VERDE 2.1.1 Histórico O termo design, no Brasil, é um vocábulo importado da língua inglesa e relativamente recente, o que costuma causar confusão e dúvidas a respeito do seu significado exato. De acordo com Cardoso (2008), a origem mais remota da palavra design está no latin: designare, verbo que abrange dois sentidos, o de designar e de desenhar. A partir da origem etimológica, percebe-se a ambigüidade do termo, que ao mesmo tempo abrange um aspecto concreto, no sentido de designar, formar, configurar e outro abstrato que envolve desenhar, conceber, projetar. Sendo assim pode-se definir que o design é a atividade que gera projetos trabalhando a junção de dois níveis, atribuindo forma material á conceitos intelectuais (CARDOSO, 2008). Em complemento a idéia de Cardoso (2008), Bürdek (1999), ao discutir acerca da definição de design cita Horst Oehlke (1977) que ao invés de definir design, descreve-o como “a tentativa de designar as metas, as tarefas e o objeto a ser produzido pela indústria a partir da experiência prática da atividade criativa e educadora” (OEHLKE apud. BÜRDEK, 1999, p. 14). Nessa mesma linha de pensamento que relaciona o design com a produção industrial, de maneira a fazer uma clara distinção entre ele e as atividades artesanais, é interessante citar a conceituação de Souza (2001), segundo ele, “o design moderno é a atividade praticada visando o projeto de produtos industriais ou produtos que utilizem processos decorrentes do desenvolvimento tecnológico pós Revolução Industrial” (SOUZA, 2001, p. 9). A origem da aplicação das técnicas do design, segundo Bürdek (1999), podem ser resgatadas desde a antiguidade quando o homem já dominava a fundição de metais para a fabricação de jóias. Na época do Renascimento, Leonardo da Vinci é considerado como o principal representante do design daquele tempo devido aos grandes projetos que desenvolveu. Apesar do reconhecimento da atividade em épocas passadas, ainda não era empregada o termo design para se referir a ela, a palavra foi utilizada pela primeira vez em 1588 pelo Oxford Dictionary, sua redação definia o termo como: “Um plano ou esquema concebido por uma pessoa para algo que será realizado; o primeiro projeto gráfico 9 de uma obra de arte; um objeto das artes aplicadas que deve ser obrigatório para a execução de uma obra.” (BÜRDEK, 2005. P.15). Mas foi somente a partir de meados do século XIX, com a Revolução Industrial que começou a se falar de design ou desenho industrial no sentido atual da palavra. A referência mais conhecida do design ecológico, é o austríaco Victor J. Papanek (1923-1998). Ele considerava o design uma ferramenta para o desenvolvimento de países e comunidades e colaborou com projetos da Unesco e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Preocupado com a escassez de recursos naturais, o ecodesign busca implementar produtos e serviços que sejam eficientes e que minimizem seu impacto ambiental durante o ciclo de vida. Para isso, salienta a eficiência energética, a durabilidade e a diminuição de resíduos. Outra idéia quanto ao conceito do ecodesign surgiu na década de 1990, quando a indústria eletrônica dos EUA procurava minimizar o impacto no meio ambiente decorrente de sua atividade. A Associação Americana de Eletrônica (American Electronics Association) formou uma força-tarefa para desenvolver projetos com preocupação ambiental e providenciar uma base conceitual que beneficiasse primeiramente os membros da associação. Desde então, o nível de interesse pelo assunto cresceu e os termos ecodesign e Design for Environment passaram a ser mencionados em programas de gestão ambiental (BORCHARDT et al., 2007). Hoje em dia percebe-se o design como fruto de três grandes processos históricos conseqüentes da Revolução Industrial, o primeiro deles é a industrialização, com a reorganização das fábricas e um leque cada vez maior de produtos produzidos. Esse desenvolvimento industrial atraiu a população rural para as cidades com o intuito de trabalhar como operários, ampliando a concentração de população em grandes metrópoles o que culminou no segundo processo: a urbanização moderna. O terceiro pode ser chamado de globalização, ou seja, a integração de redes de comércio, de comunicação, de transportes etc. (CARDOSO, 2008). 2.1.2 Do Design ao Ecodesign Os consumidores tem estado cada vez mais atentos e tem buscado produtos de empresas que demonstrem preocupação ambiental em sua produção. Uma das diversas maneiras de se engajar nessas questões é o desenvolvimento de produtos 10 com maior preservação do meio ambiente, através do ecodesign. É importante ressaltar que junto desta preocupação surgem o consumo desenfreado, acompanhado pela criação de novos produtos, cada vez mais descartáveis devido à constante renovação das formas e o ciclo de vida mais curto contribuiu imensamente para o sucateamento dos bens de consumo, gerando um volume cada vez maior de resíduos sólidos (BRUNETTI; SANT’ANNA, 2003). O acúmulo de resíduos sólidos é apenas uma parcela dos problemas ambientais que começavam a ser sentidos pelo desequilíbrio do modo de vida humano atual. Existe ainda a percepção da escassez dos recursos naturais e das matérias primas que pode se tornar relevante, além da poluição e a emissão de gases em geral e gases de efeito estufa pela indústria. De acordo com Cardoso (2008), foi apenas no final da década de 1960 que os movimentos ambientalistas começaram a se configurar como os conhecemos hoje. A partir dessa data, começou a se falar em uma novaabordagem do design voltada ao meio ambiente. Um dos primeiros documentos publicados com questões referentes aos problemas do crescimento industrial foi o relatório do Clube de Roma publicado em 1972, com o título "Os limites do Crescimento", o conteúdo defendia que “um crescimento exponencial contínuo das nações industrializadas às levaria em um futuro próximo a perder a base de sua própria existência. A rápida diminuição das reservas de matérias-primas e seu crescente esgotamento criaram pressão de custos elevados para as empresas. Também a crescente densidade demográfica e a contaminação progressiva do meio ambiente, tendem a criar um cenário de desestabilização ou colapso da sociedade industrial.” (BÜRDEK, 1999, p.58). A partir dessa mesma consciência ecológica, foi desenvolvida, em 1974, uma das primeiras propostas de design com reciclados. Uma equipe da Escola Superior de Design de Offenbach, na Alemanha chamada "des-in" criou o sofá produzido com pneus usados, para um concurso de Design em Berlim. No entanto, este modelo, que incluía a realização do projeto, a produção e a venda dos próprios produtos, fracassou, sobretudo por causa de limitações econômicas. Não obstante, “des-in” foi o primeiro grupo que tentou, na prática, conectar alternativas de projeto sustentável (BURDEK, 1999). Atualmente o Green Design é a escolha consciente pelo design sustentável, eliminando ou diminuindo o impacto ambiental negativo. O design sustentável é um conceito que se aplica desde pequenos objetos a edifícios e cidades, também utilizado na indústria automobilística e de moda. 11 O objetivo do design sustentável é gerar uma sociedade voltada à sustentabilidade tanto ambiental quanto social. Isso significa que o conceito é mais abrangente que o de ecodesign porque considera também preocupações sociais e econômicas ligadas a um produto ou serviço. Para isso, o ecodesign é uma etapa necessária para o design sustentável, pois apresenta-se como uma ferramenta valiosa, uma vez que busca minimizar os impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida do produto, desde sua concepção até seu descarte. 3 ECODESIGN O Termo Ecodesign surgiu nos anos 90, após um indústria eletronica perceber que os produtos em larga escala estavam afetando negativamente o planeta e sua economia, era preciso pensar, desacelerar e começar uma produção diferente. Foi o início da era VERDE, onde o termo Sustentabilidade também começa a ganhar força. Se formos conceituar o termo, Ecodesign ou Design Ecológico é um conjunto de técnicas e estratégias eco ambientais que promovem ao manejo consciente dos recursos naturais e não renováveis, em cada etapa da prestação de algum serviço ou elaboração de produtos, considerando fatores ambientais com o mesmo pé de igualdade de aspectos estéticos e econômicos. Portanto, o ecodesign visa amenizar os impactos decorrentes da exploração desenfreada do meio ambiente, aliando prioridades humanas e relações de negócios, consistindo basicamente entre a criação de um produto e seu impacto no meio ambiente. A primeira definição de Design Ecológico surgiu na Europa nos anos 1960. A definição de Victor Papanek é a mais influente e mais estudada. Victor defendeu a idéia do design centrado no ser humano, na ética e convocou publicamente os designers a terem responsabilidade social de suas ações. “A única importância, no design, é a sua relação com as pessoas” (PAPANEK, GUIMARÃES ,2006. p. 5) Buscando definições de outros estudiosos, encontramos um artigo cientifico publicado por R. Karlsson e C. Luttropp (2006). Segundo o artigo, o mapa linguístico da palavra ecodesign evidência como há uma forte relação entre economia e aspectos ambientais. Podemos ver conforme figura 1 como funciona essa relação. 12 Figura 1. Mapa linguístico descrito por R. Karlsson, C. Luttropp (2019) A utilização da menor quantidade possível de energia nos processos de fabricação, a sintetização de produtos mais duráveis que evitam, desta forma, sua constante troca, a criação de produtos que atendam às técnicas de desenvolvimento para melhorias de projeto como Design verde cujos produtos são fáceis de desmontar e trocar peças, são alguns dos principais objetivos do Design Ecológico. Em todo o processo há também a preocupação em gerar o menor número possível de resíduos, tanto na criação quanto no descarte ou reciclagem do produto, para que se tenha um ciclo sustentável desde o início da sua concepção até o momento em que o produto não é mais utilizado da forma como inicialmente foi projetado. Para que o processo criativo possa fluir livremente, é necessário que o designer seja, não apenas o criador, mas o articulador em relação às interferências, às rupturas e aos momentos de retroceder provenientes de todas as partes envolvidas, ou seja, a criação é coletiva, e “os produtos gerados são resultados da multiplicidade e da interdisciplinaridade entre essas conexões”. (FREITAS, 2011, p. 26). Quando a indústria começa a desenvolver metodologias de projetos e fabricações que minimizam os impactos ambientais alguns fatores positivos sao notados conforme a figura abaixo. Figura 2. Metodologia impactos ambientais por Om Arquitetos (2017) 13 3.1 Princípios do ecodesign • Materiais de baixo impacto ambiental: devem ser menos poluentes, provenientes de produção sustentável, de preferência reciclados, ou que necessitam de menos energia para sua fabricação; • Eficiência energética: empreendimentos de meios de fabricação que consomem menos energia ou possuam uma fonte de energia menos agressiva ao meio ambiente, como a energia elétrica; • Qualidade e durabilidade: fabricar produtos que tenham maior tempo de vida e funcione por muito tempo, a fim de gerar menos lixo; • Modularidade: desenvolver objetos nos quais as peças possam ser trocadas com facilidade em caso de defeito, evitando que o produto seja substituído, gerando menos lixo; • Reutilização/Reaproveitamento: construir e/ou propor objetos a partir do reaproveitamento e reutilização de outros, ou ainda projetá-los para que sobrevivam em seu ciclo de vida, criando ciclos sustentáveis. • De forma prática, é possível sintetizar esses pilares em 3 Rs: reutilização, reciclagem e redução (Figura 3). Figura 3. Princípios do Ecodesign por IPOG (2018) https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/energia-eletrica/ https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/saude-e-meio-ambiente/ 14 No Livro Gestão ambiental e Sustentabilidade (VAN BELLEN, 2013, p. 98 ) , Ana Pazmino (2007) nos reafirma que o ecodesign exige do designer uma consciência ecológica, o conhecimento de ferramentas de projeto e atuar em cada uma das fases do ciclo de vida dos produtos (pré-produção, produção, uso, descarte, reciclagem, reuso ) tomando decisões ecologicamente corretas que minimizem o impacto ambiental dos produtos. Pazmino (2007), reforça que o ecodesign não é artesanato feito com material reciclado e sucata, mas representa uma concepção abrangente de design que leva em consideração algumas diretrizes, a exemplo temos : reduzir a utilização de recursos naturais e de energia; usar materiais não exauríveis (esgotáveis) ou danosos, usar materiais reciclados ou renováveis ; usar apenas um material (monomaterial); codificar os materiais para facilitar a sua identificação; escolher técnicas de produção alternativas; minimizar os processos produtivos; gerar poucos resíduos; reduzir a variabilidade dos produtos; reduzir o consumo de energia; utilizar tecnologias apropriadas e limpas; reduzir o peso; reduzir o volume; assegurar a estrutura modular do produto; aumentar a confiabilidade e durabilidade; design clássico; eliminar embalagens ou projetar embalagens recicláveis ou reutilizáveis; tornar a manutenção e reparos mais fáceis; converteros componentes em reposições ou refil e desmaterializar os produtos. O conceito de Ecodesign pode ser melhor entendido a partir da discussão de três outros conceitos chave: o de desenvolvimento sustentável, o de redução de resíduos e emissões e o da abordagem do ciclo de vida. Segundo BIRKELAND (2002), alguns adjetivos que definem o Ecodesign são: a) Responsável - Redefine os objetivos de Design ao redor de necessidades básicas, equidade social, justiça ambiental e sustentabilidade ecológica; b) Sinergético - Cria ciclos de feedback positivo e simbioses entre diferentes elementos funcionais para criar mudanças nos sistemas; c) Contextual - Reavalia conceitos de design para contribuir para uma transformação social; d) Holístico - adotar uma perspectiva ciclo de vida para assegurar que os produtos apresentam pouco custo e impacto ambiental; e) Restaurador – fortalece a saúde humana e natural; f) Eco-eficiente – considera a eficiência ecológica como verdadeira economia; 15 g) Criativa – representa um novo paradigma; h) Visionária – foca-se em visões ou resultados desejados e então selecionar ou inventa as ferramentas e métodos apropriados para atingi-las; i) Multidimensional – acomoda diferentes culturas e preferências pessoais simultaneamente. 3.2 Os Benefícios do Ecodesign O Ecodesign reconhece que os impactos ambientais devem ser considerados durante o processo de Design, juntamente com todos os critérios de Design usuais. Não é, portanto, um processo completamente novo, e apenas uma variação do processo existente. (LEWIS et al., 2001). Ele oferece uma excelente oportunidade para reduzir os impactos ambientais associados com os produtos e processos, que podem levar a relações mais sustentáveis entre o sistema ecológico e o econômico (CURRAN, 1996). O ecodesign visa comercializar e produzir produtos ecologicamente corretos, a fim de diminuir os impactos ambientais gerados em sua produção. Tendo os seguintes benefícios: • Resultados com maior qualidade: Os produtos são mais versáteis e fabricados com materiais mais duradouros; • Economia: promove o racionamento e o uso inteligente de recursos, tanto ambientais quanto financeiros; • Industrias mais sustentáveis: as empresas ganham em capacidade de inovação e reforça seu compromisso com o meio ambiente; • Consumidores mais felizes: satisfaz a demanda do mercado com produtos mais atrativos para um publico cada vez mais eficiente; • Diferenciação no Mercado: os produtos sustentáveis tem um valor agregado que os diferencia da concorrência. Para as empresas trata-se de uma forma de produzir valor agregado a organização; • Autoridade de mercado: apesar de ainda não ser uma predominância, a sustentabilidade já é uma preocupação dentro dos parâmetros dos novos hábitos de consumo. Assim, além de agregar valor, ser um profissional sustentável ajuda a diferenciar. 16 3.3 Certificações de Design Sustentável O ecodesign tem regulamentos próprios, que credenciam a natureza sustentável dos produtos comercializados no mercado. Existem três certificações: • Cradle to Cradle (C2C): este sistema certifica e promove a inovação em produtos sustentáveis com um método de avaliação baseado em cinco aspectos: saúde material, reutilização dos materiais, uso de energias renováveis, administração da água e responsabilidade social. • ISO 14062: esta norma internacional de gestão ambiental avalia a integração dos aspectos ambientais no esign e desenvolvimento do produto. • ISO 14001 : esta norma permite que as empresas certifiquem seu compromisso com a defesa do meio ambiente com a gestão dos riscos ecologicos proprios da atividade que realizam. 3.4 O Ecodesign e as Organizações Atualmente sustentabilidade é um termo recorrente no mundo dos negócios. As empresas buscam cada vez mais se tornarem sustentáveis através de ações que visam reduzir os impactos ambientais de seu ciclo produtivo promovendo o desenvolvimento socioambiental. O ecodesign é uma medida importante e dentro dessas ações podem ser inseridos várias etapas de produção, desde o desenho até na reutilização de materiais. O green design de produtos, como ja mencionado, tem um pensamento voltado a idéia de a sustentabilidade deve estar ligada em toda a fase produtiva e não somente como jogo de marketing, mas sim como marketing verde. 17 No Brasil algumas empresas buscam aproveitar matérias primas típicas do País em seus ciclos produtivos, uma delas é a Oka Bioembalagens que usam fécula de mandioca, fibras de frutas e sementes para produzir suas bioembalagens. Sendo a Natura a maior empresa multinacional brasileira de cosméticos, que possui todo o seu sistema de produção e plano de negócios voltado para a geração de um impacto produtivo, tendo como destaque suas embalagens recicláveis. Figura 4- Embalagem a base de fécula de mandioca, Oka Embalagens. No cenário internacional algumas marcas vêm ganhando destaque por sua luta contra o plástico, buscando soluções através do ecodesign. Sendo elas: • Coca- Cola: Utilizam plástico retirado do oceano na produção de suas garrafas PET. • Nestlé: Inaugurou o Instituto de Ciência da Embalagem, voltado a produção de embalagens 100% recicláveis. • Dove: Divulgou que irá começar a vender produtos em recipientes 100% recicláveis. • The Body Shop: Lançou uma linha de produtos em parceria com uma comunidade indiana produtora de plásticos recicláveis. 18 4 VOZES CONTRÁRIAS Se refletirmos sobre as questões que acerca do ecodesign, podemos encontrar alguns pontos que afetam diretamente a prática do design. As questões da sustentabilidade para o design não se limitam a uma questão tecnológica, que aborda apenas a necessidade de modificar o sistema produtivo ao incorporar quesitos ambientais aos projetos. Portanto , a crítica ao ecodesign se dá ao analisarmos a definição do termo "Ecodesign", aos que se preocupam apenas com a ecologia perante o sistema produtivo de um determinado produto, a fim de minimizar os impactos da produção e o descarte incorreto dos produtos, pois dentro do design há uma vertente denominada como Design Sustentável que tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável, envolvendo além da ecologia questões de aspectos de caráter social, econômico e político. Sendo assim, para os design se apoiarem no conceito de design sustentável é mais profundo e mais sustentável que a vertente do ecodesign. Outra questão abordada por alguns designers, é o fato da sustentabilidade atacar algumas bases sobre as quais o design se sustenta, como o mercado e sistema capitalista, pois o objetivo de todo trabalho do designer é garantir o aumento da lucratividade e transmitir a ideologia vigente através dos produtos e mercadorias. Vale ressaltar que uma das justificativas abordadas ao criticarem a proposta do desenvolvimento sustentável é o fato da sustentabilidade ambiental começar a se tornar em algo comercial onde se observa que a maioria dessas empresas capitalistas estão se apoiando nessa vertente apenas com a preocupação voltada ao crescimento econômico e o acúmulo de capital. 19 5 ESTUDO DE CASO 5.1 Natura A Natura é uma empresa multinacional brasileira que atua no setor de produtos cosméticos. Fundada em 1969 por Antônio Luiz Seabra, hoje está presente no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, Venezuela, França e Estados Unidos, além de outros 63 países. Em 2017 a empresa se juntou com a gigante marca de cosméticos, produtos de beleza e perfumaria The body Shop e recentemente adquiriu o grupo americano Avon (2019), sendo assim o grupo passou de 7.000 colaboradores (2013) para 40.000 funcionários. Sendo a maior multinacional brasileira do setor de cosméticos, a natura busca se comprometer com a geração de impactospositivos nas áreas social, econômica e ambiental. Visando gerar um impacto positivo não só por meio do seu modelo de negócios, mas também de seus produtos a Natura definiu 6 compromissos ao criarem um produto: ● Cuidado com a origem dos ingredientes e materiais. ● Fórmulas naturais/vegetais. ● Segurança para o consumidor e o planeta. ● Sem testes em animais. ● Compromisso com o clima. ● Embalagens ecológicas. A empresa une estética e funcionalidade em suas embalagens, buscando gerar menor impacto ambiental menor impacto ambiental possível. Para isso, ela prioriza o uso de materiais reciclados pós consumo e de origem renovável criando assim embalagens bonitas por dentro e por fora. 20 5.1.1 Natura Ekos A Natura Ekos é uma linha de cuidados para o corpo e o cabelo 100% vegan, composta por ingredientes da Amazônia, utiliza ingredientes naturais provenientes das colheitas sustentáveis de comunidades tradicionais, semeados de forma sustentável e respeitando os princípios do comércio ético e responsável. Preocupada com a redução do seu impacto ambiental, a Natura Ekos baixou em 13% as emissões de CO2 com as suas novas embalagens (por Kg de produto vendido). Todos os frascos Natura Ekos são 100% recicláveis e contêm 50% de PET reciclado, o que lhes confere uma tonalidade transparente ligeiramente fumada. As recargas e as garrafas de amaciador são em plástico 100% ecológico, proveniente da cana-de-açúcar. 6 INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL A sustentabilidade remete um processo de transformação a nível global que, segundo Sachs (1997 e 2002), necessita de suporte de técnicas e práticas ecologicamente prudentes, criadas em função das potencialidades locais. Os desperdícios de recursos devem ser impedidos e reduzidos, cuidando para que sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros das sociedades presentes e futuras, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais. E não é para menos já que é imprescindível agir de forma responsável e adequada em relação ao meio ambiente. Nesse contexto, os indicadores ambientais são de grande importância. A grande maioria dos problemas ambientais são derivados da extração de matérias- primas e da contaminação resultante da produção e uso de determinados produtos e serviços, também pela produção massiva e distribuição global. Muitos desses produtos e serviços são desenvolvidos a partir de recursos naturais que são finitos, sendo o uso e o descarte geradores de outros impactos ambientais. O design que, de acordo com Fiell e Fiell (2005), dá forma a uma cultura material global e influencia a qualidade do nosso ambiente cotidiano. Os produtos do design 21 influenciam a experiência e percepção do mundo que nos cerca, ao abrangerem uma gama extraordinária de funções, técnicas, atitudes, idéias e valores. Essa influência que o design traz consigo, auxilia nas decisões tomadas a respeito da qualidade de vida e do ambiente no futuro. A partir daí que os processos de avaliação da produção e dos impactos causados ganham mais importância. Dentre as técnicas existentes, o uso de indicadores surge como forma de tomada de decisão e de gestão das organizações. Existem muitos conceitos quanto aos indicadores, mas no contexto da sustentabilidade, Quiroga (2001) distingue indicadores em três gerações: indicadores ambientais a partir da década de 1980; indicadores das dimensões de desenvolvimento sustentável, mas sem a devida articulação, no final da década de 1980 e início de 1990; e a partir da década de 1990, indicadores de sustentabilidade, ou seja, indicadores cujas dimensões de desenvolvimento sustentável passam a ser articuladas. Teoricamente no contexto da gestão de empresas, os indicadores de desempenho ambiental como ferramentas, trazem informações sobre os impactos ambientais que a empresa causa para desenvolver suas atividades, independentemente do porte e do segmento. Eles reúnem dados sobre o desenvolvimento sustentável da organização, além da relação que ela tem com aspectos ecológicos em geral. Também funcionam como métricas, permitindo que a empresa mensure o desempenho de seus processos em relação a metas ambientais predefinidas. Dessa forma, se um indicador vai mal, por exemplo, isso significa que a empresa precisa repensar alguma atividade ou procedimento, porque os indicadores devem estar em conformidade com as leis e objetivos estratégicos. Segundo SOUZA (2007) os identificadores, tem como princípios a visão e objetivo de desenvolvimento com foco nas práticas, na abrangência, na comunicação efetiva, com um processo participativo, revisão contínua dos resultados e sustentabilidade. 6. 1 Principais Indicadores Van Bellen ( 2005 ) elenca alguns dos indicadores ou sistemas de indicadores conhecidos : • Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (Human Development Index – HDI) – que sugere a medida do desenvolvimento humano focado em três elementos: longevidade, conhecimento e padrão de vida decente (um padrão que, atualmente, ja vai além do produto interno bruto da ou da renda per capita ). 22 • Painel da sustentabilidade (Dashboard of Sustainability– DS) projetado para informar os tomadores de decisão, a mídia e o público em geral sobre a situação dedesenvolvimento de um determinado sistema, público ou privado, de pequena ou grande escala, nacional, regional, local ou setorial em relação à sua sustentabilidade. Foi criada uma representação gráfica como metáfora ao painel de um automóvel. Os indicadores vão “acelerando” no painel à medida que os dados são inseridos. • Pegada Ecológica (Ecological Footprint Method – EFM). A ferramenta auxilia a compreensão dos limites da biosfera e a reorientação da vida para uma direção mais sustentável. Quando inseridos os dados referentes ao tipo de consumo, o EFM converte as características em uma área medida em hectares proporcional ao impacto do consumo. • Barômetro da Sustentabilidade (Barometer of Sustainability – BS) – um projeto destinado às agências governamentais e não governamentais, tomadores de decisão e pessoas envolvidas com questões relativas ao desenvolvimento sustentável, em qualquer nível do sistema, do local ao global (Bellen, 2005). O sistema apresenta conclusões em formato visual e fornece um retrato do bem-estar humano e tecnológico. • Pressão, Estado, Resposta (Pressure, State, Response – PSR) – que assume implicitamente uma causa na interação dos diferentes elementos da metodologia, sendo Pressão (P) a descrição da pressão das atividades humanas exercidas sobre o meio ambiente, incluindo recursos naturais; Estado (S) sendo referente a qualidade e quantidade de recursos naturais e qualidade do ambiente; e Resposta (R) a extensão e intensidade das reações da sociedade em responder às preocupações e alterações ambientais; • Força Dirigida, Estado, Resposta (Driving Force, State, Response – DSR), cuja função é organizar informações sobre desenvolvimento e avaliações setoriais sendo desenvolvido a partir do sistema PSR alterando Pressão por Força dirigida (D); • Iniciativa Relatório Global (Global Reporting Iniciative – GRI). Ferramenta de comunicação do desempenho social, ambiental e econômico das organizações, com difusão global. O GRI é um processo de acreditação ao qual empresas se submetem, tendo como objetivo ter sua sustentabilidade avaliada. Todos estes esforços, segundo Polaz (2007, p. 1084), visam melhorar a base de informações 23 sobre o meio ambiente, auxiliar na elaboração de políticas públicas, simplificar pesquisas focais e garantir comparabilidade entre diferentes localidades. Para Lesama (2011), a construção ou identificação de indicadores deve respeitar algumas qualidades: deve ser objetiva e cientificamente fundamentada, pertinente com relação a problemática a qual estáreferenciada, sensível, facilmente acessível e imediatamente compreensível. Os indicadores ambientais tem como objetivo além da identificação quanto a responsabilidade organizacional com a legislação ambiental, esses índices também estão associados a outros objetivos. São eles: • Fortalecimento da marca: Uma marca que se preocupa com o meio ambiente passa uma mensagem de preservação para a sociedade. Isso tem efeitos sociais positivos e também contribui para o seu fortalecimento. • Desenvolver com sustentabilidade: A ideia aqui não é desenvolver a organização a qualquer custo, mas sim com sustentabilidade. E operar com os indicadores ambientais em alta é imprescindível para atingir essa finalidade. • Crescimento no mercado: O crescimento vem como consequência direta de uma marca forte e sustentável. Se os seus concorrentes não apresentam essas credenciais, eles correm o risco de perder uma fatia significativa do mercado. Isso implica melhores resultados para o seu produto ou serviço. O conceito de desenvolvimento de indicadores é atualmente transferido para o controle ambiental, de forma a apresentar o desempenho ambiental na organização através de uma maneira mensurável e de fácil entendimento. lndicadores Ambientais são, no entanto, importantes instrumentos para a redução contínua da poluição industrial em concordância com o estabelecimento por grupos externos de partes interessadas. A figura 5 logo abaixo exibe um método para o estabelecimento dos Indicadores Ambientais. É importante conhecer previamente o meio ambiente interno e externo do processo a ser analisado, determinando suas causas e seus efeitos. Com base nestas informações pode-se estabelecer os indicadores ambientais, avaliando o peso de um em relação a outro indicador. 24 Figura 5 : Método para estabelecer os Indicadores Ambientais. Fonte: Perez (1999). Temos a Norma ISO 14001 que é uma certificação que atesta a preocupação de uma empresa em crescer com sustentabilidade, evitando praticar ações agressivas à natureza. Ela especifica o que deve ser feito para a implantação e manutenção de um Sistema de Gestão Ambiental efetivo (SGA) e é aplicável a qualquer tipo de organização. Essa norma segue a metodologia do ciclo de melhoria contínua, tambem conhecido como clico PDCA. Para consegui-la, uma empresa precisa seguir um planejamento e uma estratégia de política ambiental. Ja segundo Rolt (1998), existe uma relação de interdependência entre os indicadores, mas é possível definir agrupamentos ou classes. Isto permite que os grupos de indicadores sejam acompanhados conjuntamente, estudando-se melhor o efeito da variação de uns sobre os outros. A relação de interdependência entre os indicadores extrapola os grupos a que pertencem. De acordo com o modelo desenvolvido pelo OECD (Organisation for Economic Cooperation and Development), citado por Moreno (1999), os indicadores classificam-se em: 25 • lNDlCADORES AMBlENTAlS DE PRESSÃO - descrevem as pressões que exercem as atividades humanas sobre o meio ambiente (ex.: emissões de COz em ar); • INDICADORES DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE - descrevem a qualidade do meio ambiente e dos recursos naturais, de forma que oferecem uma visão da situação do meio ambiente. Às vezes podem se confundir com os indicadores de pressão e, de fato, podem ser utilizados em determinados casos como substitutos (ex.: concentração de nitrato no rio); • INDICADOR DE RESPOSTA: eles permitem estimar esforços para resolver-se um problema ambiental (ex.: financiamentos internacionais para a despoluição de terras). 6.2 Objetivos dos Indicadores Ambientais São eles : a) Melhorar a base de informação ambiental; b) Evoluir condições e tendências ambientais em escalas regionais ou globais; c) Ilustrar melhorias ambientais através de uma série de análise temporal; ; d) Indicar potenciais de otimização; e) Identificar oportunidades de negócios e redução potencial de custos; f) Comparar a avaliação do desempenho ambiental entre companhias; g) Fornecer o retorno de informações para motivação dos membros da organização; h) Dar suporte a implementação das regulamentações do EMAS e ISO 14001. 26 6. 3 Instituições que desenvolveram Indicadores No livro de Van Bellen nos é apresentando três instituições que desenvolveram indicadores em suas organizações. Instituições como a Bovespa, o Instituto Ethos e o GRI desenvolveram indicadores para análise de sustentabilidade. • A Global Reporting Initiative (GRI) produz diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, focando não apenas o conteúdo final, mas também seu processo de elaboração, que deve pautar-se por uma série de princípios relacionados à sustentabilidade, à responsabilidade empresarial e às boas práticas de governança. Divulga os resultados obtidos, em um determinado período, com o propósito de criar padrão de referência, como um benchmarking, além de demonstrar e comparar como a organização influencia e é influenciada por expectativas de desenvolvimento sustentável e de outras organizações. • A BOVESPA, em conjunto com várias instituições, criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) com o propósito de promover boas práticas no meio empresarial brasileiro e servir como referencial para investidores socialmente responsáveis. • O Instituto Ethos de Responsabilidade Social, com o objetivo de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, elaborou um relatório que abrange as questões financeiras, econômicas, ambientais e sociais relacionadas à gestão do negócio. É uma ferramenta de gestão que permite uma melhor mensuração do desempenho da organização e um diálogo com os stakeholders que objetiva a construção e o estreitamento das relações com as partes interessadas. Assim, os indicadores ambientais são importantes por assegurar que a organização atue segundo as leis e as exigências normativas, padronizando resultados e adequando as atividades da empresa conforme as normas ambientais, de forma que se porventura algo fuja do que é esperado da empresa e pela empresa , seja sanado através de ações corretivas feitas visando à alteração e à padronização dos processos . 6.4 Critérios de Seleção dos Indicadores Os critérios aplicados para a seleção de indicadores variam de acordo com os objetivos que se deseja. A OCDE, citado por Moreno (1999), por exemplo, estabelece os seguintes detalhamentos: 27 I. REQUISITOS QUE DEVE CUMPRIR UM INDICADOR AMBIENTAL: proporcionar uma visão das condições ambientais, pressões ambientais ou respostas da sociedade. Ser sensível e de fácil interpretação e capaz de mostrar as tendências através do tempo. Ser aplicável em escala nacional ou regional, conforme o caso. Proporcionar uma base para comparações intemacionais. Apontar um valor de referência contra o qual se possa comparar o valor do indicador, facilitando assim a interpretação em termos relativos. II. CRITÉRIOS TÉCNICOS DESEJÁVEIS : Deve ter congruência teórica e consistência cientifica . Deve se basear em consensos internacionais; - Deve ser capaz de relacionar-se com modelos econômicos. III. OS DADOS UTILIZADOS PARA CONSTRUIR OS INDICADORES DEVEM: Gerar uma “razoável” relação custo/benefício. Ser de qualidade, estar bem documentados e validados; - Poder atualizar-se em intervalos regulares. 6.5 Vantagens dos Indicadores Ambientais Segundo Perez (1999), os Indicadores Ambientais poderão ser usados para uma grande variedade de funções, apresentando as seguintes vantangens : ✓ Procuram garantir, nas tomadas de decisão, uma determinação rápida de importantes programas de melhoria, tanto mais quanto forem os pontos fracos de proteção ambiental existentes na organização; ✓ Permitem a determinação de metas ambientaisquantificáveis, que poderão ser usadas para medir os sucessos ou falhas da implementação do sistema de gestão; ✓ Não é somente um requisito para o controle da poluição ambiental mas também uma ferramenta para se determinar lucrativas oportunidades de negócio, baseado em melhorias ambientais; ✓ Baseia-se no fato de que os indicadores quantificam importantes desenvolvimentos na proteção ambiental da organização, comparando estes indicadores ano a ano. Se determinados periodicamente, funciona como um sistema de alerta; ✓ Podem mostrar os pontos fracos e a otimização de capacitações, os quais podem ser usados para se obterem metas especificas de melhorias. 28 7 CONCLUSÃO A proposta deste trabalho teve como objetivo geral apresentar além dos conceitos , a utilização do Ecodesign e Identificadores de qualidade nas organizações e seus reflexos na sociedade . O grupo no transcorrer do tema buscou demonstrar a necessidade cada vez maior de aplicação do conceito de design e de sua evolução para ecodesign na busca de um desenvolvimento cada vez mais equilibrado. A grande maioria das matérias primas são constituídas de recursos naturais não renováveis, sendo necessário que os materiais retornem aos seus ciclos produtivos, para isso temos os conceitos relacionados ao design, ecodesign que, mesmo distintos, foram projetados para o mesmo fim. Assim, contamos também com o auxílio dos indicadores que tem muito o que contribuir com a disseminação dessas informações sendo ferramentas fundamentais e necessárias para que a Sustentabilidade seja alcançada. Tudo isso torna possível uma maior conscientização voluntária da sociedade e de seus indivíduos, governos e organizações para que a situação do nosso planeta tenha a chance de mudar. Portanto, através de pesquisas sobre os temas, além da possibilidade de conhecer novos campos de estudo como o design e de adquirirmos um maior conhecimento relacionado aos indicadores, ao Green design e Sustentabilidade, vimos na prática suas aplicações, o que nos possibilitou aprender mais sobre empresas que utilizam dessa vertente em seu meio produtivo. A exemplo o estudo de caso sobre a Natura, possibilitando com a busca, ir além dos conhecimentos transmitidos em sala de aula, aplicando em nosso campo de aprendizagem. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VAN BELLEN, H. M. (2005), Indicadores de Sustentabilidade: Uma Análise Comparativa. Editora FGV, Rio de Janeiro. FUNK, S.; FUNK, F.; BENVENUTI, C. – O Ecodesign nas empresas em busca da sustentabilidade: premissa para a obtenção de crédito junto às instituições financeiras. 2007. Disponível em: https://www.ensus.com.br/tematica4//. Acesso em:13 nov 2020. Miriam Borchardt; Leonel Augusto Calliari Poltosi; Miguel Afonso Sellitto; Giancarlo Medeiros Pereira . Histórico do Ecodesign. Disponível em : https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 753X2008000200009#:~:text=A%20id%C3%A9ia%20do%20ecodesign%20surgiu,am biente%20decorrente%20de%20sua%20atividade. Acesso em 03 de dez 2020 CONCEITOS DESIGN SUSTENTAVEL. Top Designers. Disponível em: https://topdesigners.com.br/ecodesign-e-design-sustentavel-conceitos-tendencias-e- diferencas/ . Acesso em 09 dez 2020 . DESING ECOLÓGICO E SUSTENTABILIDADE. Dinâmica Ambiental. Disponível em: https://www.dinamicambiental.com.br/blog/sustentabilidade/ecodesign-design- ecologico-e-green-design/ . Acesso em 30 nov 2020. ECODESIGN. Atemporal Design. Disponível em: https://atemporaledesign.com.br/blog/o-que-e-ecodesign. Acesso em 20 nov 2020. CRISTMANN, E. (1996), Educação Ambiental: Evolução Histórica. Acervo Digital. Disponível em : https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/29517/D%20%20ELISABETH%20C HRISTMANN%20RAMOS.pdf?sequence=1 . Acesso em 18 nov 2020. HISTÓRIA NATURA. Natura. Disponível em: https://www.natura.com.br/a- natura/nossa-historia . 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Natura. Disponível em: https://www.naturabrasil.fr/pt-pt/acerca-da- natura-brasil/as-nossas-gamas/ekos . Acesso em 29 nov 2020. PUC RIO . Influências e implicações da sustentabilidade para o campo do design. Disponivel em : https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20849/20849_4.PDF . Acesso em 10 dez 2020 . NATURA. Relatório Anual Natura. https://www.natura.com.br/relatorio-anual..... .............. Acesso em 10 dez 2020. IBERDROLA. Conceitos e Aplicações do Ecodesign. Disponível:https://www.iberdrola.com/compromisso-social/eco-design-produtos- sustentaveis. 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