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ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA

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ELETROFISIOLOGIA cardíaca
Sistema Cardiovascular
· O coração possui duas bombas distintas, o coração direito (sangue para o pulmão) e o esquerdo (sangue para os tecidos). Cada um deles é uma bomba pulsátil constituída por duas cavidades, os átrios e os ventrículos.
· Contudo, as bombas musculares que fornecem a força principal, são as dos ventrículos, que funcionam em série. Ou seja, a principal força que determina o fluxo pela circulação é o gradiente de pressão gerado pelo trabalho ventricular.
Obs.: A pressão no sistema arterial é pulsátil, pois o trabalho da bomba é intermitente (intervalado).
Músculo Cardíaco
· Músculo Atrial contraem tipo o músculo esquelético, mas a duração da contração é maior
· Músculo Ventricular
· Fibras Musculares Especializadas Excitatórias e Condutoras {contraem muito fracamente, porque têm poucas fibrilas contráteis, porém, exibem ritmicidade e velocidade de condução variável, formando um sistema excitatório, que controla a propagação da contração cardíaca.
· Esses músculos são formados por fibras musculares separadas uma da outra por discos intercalares com junções comunicantes (GAP junctions), que se originam da invaginação da membrana da fibra. Isso facilita a movimentação iônica (propaga o potencial de ação).
· A membrana celular das fibras musculares, se unem uma as outras, formando junções abertas, que permitem as passagens de íons de uma célula para outra com facilidade (conectadas em série)., formando o Sincício Atrial e Ventricular.
· Sincício Muscular: para as fibras ficarem uniformes e ritmadas, perdem parte da membrana e se fundem, formando uma única massa citoplasmática multinucleada 
Obs.: Quando o impulso é criado no nodo sinoatrial (A.D.), normalmente, ele não é passado diretamente para o sincício ventricular, só vai passar por meio de um sistema especializado de condução, o Feixe Atrioventricular. Essa divisão permite que os átrios se contraiam pouco antes de acontecer a contração ventricular, o que é importante para a eficiência do bombeamento cardíaco.
Propriedades das Fibras Cardíacas
· Elétricas:
· Automatismo/Cronotropismo (podem gerar estímulos por si próprias);
· Excitabilidade/Batmotropismo (capacidade de responderem a estímulos);
· Condutibilidade/Dromotropismo (um estímulo fisiológico gerado no coração (nódulo sinusal) se transmitir a todas as células cardíacas).
· Mecânica:
· Inotropismo (força de contração)
Funções do Sistema Eletrogêneo do Coração
· Gerar impulsos compassados, que produzam a contração rítmica;
· Conduzir os impulsos rapidamente através do coração;
· Permitir a contração simultânea as porções ventriculares, essencial para a geração efetiva de pressão nessa região.
Sistema de Condução Elétrica
· Nodo (Nó) Sinoatrial =
· Responsável pela função de marcapasso natural, ou seja, produz seu próprio potencial de ação (auto excitável), que é o estímulo elétrico. Controla o ritmo sinusal (normal);
· É a estrutura cardíaca com a maior frequência de despolarização, ou seja, com maior automatismo. Despolariza gerando o PA que gera a despolarização das outras células musculares;
· Sofre influências locais do SNA e de vários hormônios;
· Localiza-se na junção do átrio direito com a veia cava superior;
· Envia um estímulo elétrico pelos feixes internodais até o nodo atrioventricular (NAV) e para células atriais. Responsável pelo controle do sinal elétrico, pois possui uma maior frequência de disparo. O PA iniciado nó SA propaga-se pelos átrios por meio das junções comunicantes (gap junctions) e das vias internodais anterior, média e posterior;
· Os átrios direito e esquerdo se contraem ao mesmo tempo.
Obs.: A velocidade de condução no músculo atrial até o nó AV é de cerca de 0,03s; A condução nas vias internodais é mais rápida cerca de 1m/s.
· Nodo Atrioventricular = 
· Localizado na parede septal do átrio direito, posterior à válvula tricúspide;
· O estímulo sofre um retardo, cerca de 0,09s no nó AV e de 0,04s no feixe AV, que é importante para que os átrios contraiam pouco antes dos ventrículos.
Obs.: Os retardos se devem aos PA menos negativos dessas fibras e as poucas junções comunicantes existentes, que dificultam a passagem de íons excitatórios.
· Feixe de His (Feixe Atrioventricular) = 
· As fibras do nó AV dão origem ao feixe de His que se divide em ramos direito e esquerdo, (início do sistema de condução);
· O nó AV e o feixe de His constituem a única conexão elétrica entre os átrios e os ventrículos;
· Impede a reentrada dos impulsos por essa via dos ventrículos para os átrios.
· Fibras de Purkinje +
· Fazem parte do sistema de condução do sinal elétrico, recebem o estímulo do Nó AV e propagam o sinal para os ventrículos direito e esquerdo;
· Permite uma contração eficiente que move o sangue para as valvas de saída.
Obs. 1: A diferença entre o NSA e o NVA está na velocidade da fase 4 (despolarização lenta).
Obs. 2: Quando o NSA falha o NVA assume o papel do marcapasso, isso vai gerar uma frequência cardíaca mais baixa e não é uma situação compatível com a vida por tempo prolongado.
Obs. 3: A fibra muscular é capaz de gerar sinais elétricos com um ritmo determinado, isso ocorre pela a permeabilidade natural da membrana da fibra muscular aos íons sódio pelos canais de vazamento do Na+. Ao atingir o limiar de excitação, ocorre a abertura de canais lentos de cálcio, iniciando o potencial de ação. As células capazes de autogerar estímulos estão localizadas no nodo sinoatrial (NSA), no nodo atrioventricular (NAV) e nas fibras de Purkinje.
Potenciais de Ação da Fibra Muscular Cardíaca
· Potencias de ação do tipo rápido
· Ocorrem nas células atriais, ventriculares, fibras de purkinje e de his;
· Consiste em variações rápidas do potencial de repouso da fibra muscular cardíaca de negativo para um valor levemente positivo, isso ocorre pela abertura de dois tipos de canais: o canal rápido de sódio voltagem dependente e o canal lento de cálcio voltagem dependente;
· A fase de platô ocorre pela existência dos canais lentos de cálcio, que continuam abertos por mais alguns décimos de segundo, e durante esse tempo uma grande quantidade de íons cálcio e sódio flui por esses canais, para o interior da fibra muscular cardíaca, o que mantém o período prolongado de despolarização;
· Na despolarização, ocorre a abertura de canais rápidos de sódio, associado à abertura dos canais lentos de cálcio. O influxo de cálcio inicia após o fechamento dos canais de sódio e perdura por 0,2 a 0,3 segundos. Este influxo de cálcio inibe a abertura dos canais de potássio retardando a repolarização por 0,2 a 0,3 segundos, que é o tempo de duração do Platô. Após este tempo, os canais lentos de cálcio se fecham e a repolarização procede normalmente, através do efluxo de íons potássio. A membrana não se repolariza imediatamente após a despolarização, permanecendo a despolarização em um platô por alguns milissegundos, antes que se inicie a repolarização (Músculo atrial à platô de 0.2 s; Músculo ventricular à platô 0.3 s).
· O potencial de plantô regula a contração cardíaca fazendo com que os átrios contraiam antes que os ventrículos, ocasionando:
· Aumento da duração do tempo da contração muscular de 3 a 15 vezes mais do que no músculo esquelético;
· Permite que os átrios se contraiam antes da contração dos ventrículos;
· Mantem uma assincronia entre a sístole atrial e a sístole ventricular.
· Potencial de ação do tipo lento
· Ocorrem nas células do Nó Sinoatrial e Nó Atrioventricular;
· Esse potencial não entra em repouso.
Período Refratário
É o intervalo de tempo durante o qual um estímulo elétrico não pode excitar uma área já excitada do músculo cardíaco.
· Período Refratário Absoluto = os canais estão abertos, mas inativos. Quando o Na+ entra ele mesmo inativa seus canais. Ocorre da fase 0 até a fase 3.
· Período Refratário Relativo = Fica muito mais difícil de ser excitado do que o normal, mas pode ser por um sinal excitatório muito intenso. Alguns canais ficam ativos e outros inativos. Vai do período refratário absoluto ao fim da fase 3.
· PeríodoRefratário Efetivo = período entre os potenciais de ação, onde não existe contração da célula. É importante para o relaxamento das células cardíacas e eficiência da bomba. Quando a regra imposta pelo período refratário não é obedecida, o coração fadiga e entra em arritmia.
Sistema Nervoso Autônomo
A frequência cardíaca é controlada diretamente pelo sistema nervoso autônomo (SNA). Dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático.
· Sistema Nervoso Autônomo Simpático = 
· Possui como neurotransmissor a Noradrenalina (adrenalina é um hormônio com efeito semelhante ao do neurotransmissor noradrenalina, mas possui um período de ação maior);
· Estimula os receptores adrenérgicos do tipo β1, no coração, que vão ser responsáveis pelos efeitos Cronotrópicos (aumento da Frequência Cardíaca), Dromotrópico (aumento da Condução), Ionotrópico (aumento da Força de Contração) e Lusitrópico (aumenta a velocidade de relaxamento);
· Nos vasos sanguíneos o estimula os receptores adrenérgicos do tipo β2, que faz a vasodilatação, e os adrenérgicos do tipo α1 e α2, responsáveis pela vasoconstrição.
Obs.: Na estimulação do simpático a fase 4 fica mais curta.
· Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático = 
· O neurotransmissor é a Acetilcolina, e os receptores podem ser Muscarínicos(M2) ou nicotínico;
· No coração, ativa os receptores M2, que são responsáveis pelos efeitos negativos, como bradicardia.
· Nos vasos sanguíneos atua estimulando os receptores M3, que fazem a vasodilatação.
· Funcionamento dos Receptores = 
· Os receptores se acoplam a Proteína G, que libera sua subunidade α, que vai levar ao aumento de AMPc. Este ativa as adenilatocliclases, que ativam as PKA, e elas fosforilam outras proteínas, como os canais. 
Obs. 1: No Simpático é estimulado a proteína Gs, excitatória, no Parassimpático é estimulado a proteína Gi, inibitória, que vai diminuir a quantidade de AMPc.
Obs.: Os medicamentos de hipertensão bloqueiam os receptores β.

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