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Perspectivas do voluntariado no turismo

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Perspectivas do voluntariado no turismo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Artes e Comunicação
Núcleo de Hotelaria e Turismo
Curso de Bacharelado em Turismo
 
Sully Campos Freire
Tatiana da Silva Lucas Tavares de Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perspectivas do voluntariado no turismo
 
 
 
 
 
Sully Campos Freire
Tatiana da Silva Lucas Tavares de Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, 2005
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como requisito 
complementar para obtenção do grau de 
Bacharel em Turismo, orientado pelo 
Profº, MSc, Raimundo Alvino de Lima 
Júnior.
 
Perspectivas do voluntariado no turismo
 
 
 
 
Sully Campos Freire
Tatiana da Silva Lucas Tavares de Lima
 
Trabalho submetido ao corpo docente da Universidade Federal de Pernambuco
 
Banca Examinadora:
 
Raimundo Alvino de Lima Júnior
Professor MSc. FUNDAJ. Professor da Disciplina Elaboração e Avaliação de Projetos Turísticos da 
UFPE. (Orientador)
 
____________________________________________________________________________
Fabiana dos Santos Firmino 
Professora Bacharel – UFPE. Professora da Disciplina Elaboração e Avaliação de Projetos 
Turísticos da UFPE. (Examinador 1)
 
Liliane Albuquerque Fell 
Coordenadora de Relacionamento de Comunidade do Recife Voluntário
 (Examinador 2)
 
Thays Pinho 
Professora Bacharel – UFPE. Professora da Disciplina Teoria e Técnica do Turismo 
 (Examinador 3)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os responsáveis diretos e 
indiretos pela minha paixão pelo social e pela causa do 
voluntariado, especialmente a Deus por me dar 
oportunidade de conviver com pessoas tão maravilhosas 
como meus pais, meu irmão, os que fazem o Projeto 
Escola Aberta e o Recife Voluntário.
 
(Sully Campos Freire)
 
 
Dedico aos meus pais por fazerem possível mais uma 
etapa da minha vida, aos amigos que ajudaram na 
orientação e aconselhamentos durante a elaboração da 
monografia e aos que promovem e desejam desenvolver 
um turismo mais humano. 
 
(Tatiana Lucas)
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos
 
 
Primeiramente gostaríamos de agradecer a Deus por tudo o que nos tem proporcionado viver, 
principalmente juntas. 
 
Ficamos muito agradecidas pela paciência e carinho de todos os nossos amigos e familiares durante 
a construção da monografia. No entanto, gostaríamos de agradecer especialmente a algumas pessoas 
que participaram mais ativamente deste processo:
 
À Maria Eduarda Guerra e Kleber Fernando, pelo apoio nas traduções.
 
A Frederico Arthur, pelo empréstimo do computador.
 
À Tchaurea Gusmão, pela compreensão quanto ao nosso horário de trabalho.
 
À Ana Carla Lemos, pela “edição” de texto.
 
Aos Professores Raimundo Alvino Júnior e Fabiana Firmino, pela disponibilidade e dedicação.
 
E a todos os voluntários e representantes de ONGs entrevistados, pela receptividade e sinceridade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Sei que meu trabalho é uma gota no oceano, mas, sem 
ela, o oceano seria menor”.
 
Madre Tereza de Calcutá
 
 
 
“Nada pode deter a força de uma idéia cujo tempo 
chegou”.
 
Victor Hugo
 
 
 
“Não se pode conhecer nada num minuto e só por isso é 
que os turistas não conhecem o mundo”.
 
Mário Quintana
 
 
 
Resumo 
 
 
O desenvolvimento precisa ser compreendido de forma holística, ou seja, deve integrar aspectos 
sociais, culturais e econômicos. Este trabalho visa analisar como o turismo e o voluntariado são 
capazes de contribuir para alcançá-lo. Dessa forma, pretende-se apresentar a pesquisa, 
demonstrando que a associação entre turismo e voluntariado tem ganhado força e necessita de maior 
investigação. A atividade turística foi estudada em suas múltiplas variáveis, levando em conta os 
impactos positivos e negativos na economia, na cultura, na população e no meio ambiente - sem 
supervalorizar ou menosprezar nenhum em especial. O turismo deve ser visto como um excelente 
meio de conquista do desenvolvimento sustentável, quando planejado e monitorado corretamente. A 
prática do voluntariado pode ser encarada de forma análoga. Este agente de transformação social, 
motivado por valores de participação e solidariedade, costuma prestar serviços não remunerados na 
busca de soluções para a construção de um mundo melhor. Números expressivos, conforme serão 
apresentados neste trabalho atestam o grande interesse de pessoas por este tipo de serviço em 
diversos áreas de atuação (educação, cultura, esportes, qualificação, comunicação, meio ambiente, 
etc.) e locais (comunidades carentes, escolas, hospitais, reservas ecológicas, entre outros). 
Observando a relação entre os tópicos supracitados, apresentaram-se as perspectivas do 
voluntariado no turismo por meio do estudo dos referidos temas e de pesquisas (qualitativas e 
quantitativas) realizadas com turistas e entidades da cidade do Recife. 
 
 
 
 
Palavras chave: voluntariado, turismo sustentável, desenvolvimento, social.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abstract
 
 
The development must be understood as a completed meaning, integrating social, cultural and 
economic aspects. This work intents to analyze how the tourism and the volunteering contributes to 
reach it. It is intent to present the research showing the relation between both activities that are 
growing and needs bigger inquiry. The tourist was studied in its all aspects considering the positives 
and negatives impacts in economy, culture, local people and environment - without supervalue or 
dispise none in special. The tourism must be seen as an excellent way to conquest the sustainable 
development, when it is planned and monitored correctly. It is possible to analyze the volunteering 
in the same way. This social actor, is motivated for participation and solidarity values and it is use 
to do free services looking for solutions to do a better world. Important numbers in this document 
will certify the people´s interest about those services in many areas (education, culture, sports, 
qualification, communication, environment) and places (poor communities, schools, hospitals, 
ecological reserves, and others). Observing the relation between the mentioned topics, this work 
intent to present the perspectives of the volunteering in the tourism by the study of the related 
subjects and research (qualitative and quantitative) with tourist and Recife´s non profit 
organizations.
 
 
 
 
Keywords: Volunteering, Sustenable Tourism, Development, Social
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Abreviaturas e Siglas
 
ABIH - Associação Brasileira da Indústria de Hotéis 
ASPAC - Associação de Silves para Preservação Ambiental e Cultural
Aspan – Associação Pernambucana de Defesa da Natureza
AVB – Association of Volunteer Bureau
BITS - Bureau Internacional du Tourisme Social 
CCEP - Centro Cristão de Educação Popular 
CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas
DGVJ – Dia Global do Voluntariado Jovem
Embratur - Instituto Brasileiro do Turismo
Empetur - Empresa de Turismo de Pernambuco 
GACC - Grupo de Apoio a Crianças com Câncer
GINI - Índice que mede a concentração de riquezas
GTZ - Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit GmbH(Cooperação Técnica Alemã)
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IMIP - Instituto Materno Infantil de Pernambuco
INFRAERO - Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária
NACC - Núcleo de Apoio a Crianças com Câncer 
NCVA - National Center of Volunteer Action 
NEIMFA - Núcleo Educacional Irmãos Menores Francisco de Assis 
OIT - Organização Internacional do Trabalho
OMT – Organização Mundial do Turismo
ONG - Organização Não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
PIB - Produto Interno Bruto
PRODETUR - Programa de Desenvolvimento do Turismo
RMR - Região Metropolitana do Recife 
SESC - Serviço Social do Comércio
WRI - World Resources Institute 
WWF - World Wildlife Fund
YSA - Youth Service America
ZEIT - Zonas Especiais de Interesse Turístico 
Sumário
 
 
Resumo 
Abstract
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
1. INTRODUÇÃO 10
2. TURISMO E VOLUNTARIADO: UMA DISCUSSÃO CONCEITUAL 13
 2.1 TURISMO 13
 2.1.1 Impactos da atividade turística 14
 2.1.2 Desenvolvimento sustentável e turismo sustentável 18
 2.1.3 As possibilidades do ecoturismo 22
 2.1.4 Perspectivas do turismo social 23
 2.2 VOLUNTARIADO 27
 2.2.1 Motivação do serviço voluntário 32
 2.2.2 Direitos e responsabilidades do voluntário 34
 2.2.3 Legislação do voluntariado 36
 2.2.4 Benefícios do serviço voluntário 37
 2.2.5 Voluntariado no mundo 39
 2.2.6 Voluntariado no Brasil 43
 2.2.7 Voluntariado, cidadania, participação e valores humanos 47
3. METODOLOGIA 55
4. TURISMO E A PRÁTICA DO VOLUNTARIADO: PERSPECTIVAS 58
 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 58
 4.2 TURISMO ASSOCIADO AO SERVIÇO VOLUNTÁRIO 63
 4.2.1 Áreas de atuação 67
 4.2.2 Benefícios da atividade voluntária para o turismo 67
 4.3 PESQUISAS SOBRE O TEMA 69
 4.3.1 Instituições que trabalham com voluntariado em Recife 72
 4.3.2 Análise preliminar dos impactos do serviço voluntário 76
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 81
6. REFERÊNCIAS 86
APÊNDICES
1
Introdução
 
O desenvolvimento sustentável tem sido bastante debatido atualmente, assim como as 
possibilidades de atingi-lo com a colaboração de todos os setores da sociedade (público, privado, 
sociedade civil). Desta forma este documento propõe-se a discutir sobre o voluntariado dentro da 
atividade turística demonstrando um aspecto de grande relevância social, mas pouco abordado pelos 
gestores do turismo e pelos envolvidos com a atividade. Sabe-se que várias pessoas desenvolvem 
ações de ajuda ao próximo com o desejo de contribuir para a construção de uma sociedade mais 
justa. O que muitos desconhecem é que algumas dessas pessoas prestam serviços voluntários 
durante suas viagens.
 
A discussão a respeito do tema é bem recente e há dificuldade em encontrar estudos e pesquisas 
sobre sua abrangência na sociedade, notadamente relacionados aos seus impactos. Há os que se 
movem para um destino com o objetivo único de fazer o bem ao próximo, outros com o propósito 
de conhecer um local de maneira “exótica” e os que durante sua própria permanência despertam 
para o interesse de ser um agente de transformação.
 
Ao debater sobre o turismo haverá reflexões a respeito dos problemas que atingem toda sociedade, 
do modelo “insustentável” de desenvolvimento atual, os impactos positivos e negativos de suas 
atividades, as premissas para um turismo sustentável e algumas experiências realizadas na busca de 
reverter esse modelo, demonstrando um pouco de seus benefícios e implicações na construção de 
uma sociedade mais justa. 
 
É fácil constatar a influência do comportamento dos envolvidos com a atividade turística (empresas, 
governo e o próprio turista) e que a maior parte deles não cumpre seu papel como deveria para 
promover o desenvolvimento. Demonstra-se que este não é atingido apenas por meio do 
crescimento econômico e de políticas compensatórias do Estado. O papel de cada pessoa – 
individual e coletivamente – nesse processo não é levado em consideração em diversos segmentos 
da sociedade, não sendo, portanto, diferente dentro do turismo.
 
Na discussão sobre voluntariado serão apresentados conceitos, áreas de atuação, benefícios, 
diferenças da cultura do voluntariado entre países, perspectivas e potencialidades, além da relação 
com a sociedade e temas, como: cidadania, participação e valores humanos.
 
O turismo e o voluntariado são discutidos separadamente com o intuito de fortalecer a construção 
da relação entre eles, a partir da constatação de turistas que prestam serviço voluntário durante sua 
viagem e seu papel no desenvolvimento da localidade. 
 
Será apresentada a análise dos dados da pesquisa realizada com turistas voluntários em Recife e 
instituições diretamente beneficiadas com a atuação deste público. Também será analisado o 
panorama das perspectivas do voluntariado no turismo, sua promoção e sua potencial contribuição à 
localidade.
 
Justifica-se a realização do trabalho devido ao fato da atividade turística ser, geralmente, 
evidenciada por seus benefícios econômicos. Porém, ao perceber o turismo como uma atividade 
exclusivamente econômica, desconsideram-se outras variáveis importantes para o desenvolvimento 
da localidade e limitam-se as diversas possibilidades de impactos positivos existentes para a 
atividade turística.
 
Diante deste panorama evidencia-se a necessidade do exercício da cidadania não apenas para cobrar 
seus direitos, mas também para cumprir seus deveres com a coletividade. A cidadania zela pelos 
direitos básicos de todos à sobrevivência, mas é por meio de sua prática que será possível alcançar o 
desenvolvimento. Tanto a atividade turística, quanto o voluntariado, isoladamente ou integrados, 
contribuem para o desenvolvimento. 
 
A discussão deste tipo de turismo, pouco conhecido, de difícil classificação, mas de positivos e 
concretos impactos na destinação e no visitante pretende contribuir para o meio acadêmico. Além 
disso, visa-se enaltecer a importância da atuação destes turistas voluntários na participaçãodo 
desenvolvimento sustentável da localidade estudada, Recife. 
 
Desta forma, este documento tem como objetivo geral demonstrar as perspectivas do voluntariado 
no turismo em Recife. Traz ainda os seguintes objetivos específicos:
• Apresentar uma discussão conceitual sobre o binômio turismo e voluntariado.
• Apresentar algumas instituições que possibilitam a prática do voluntariado para turistas 
em Recife. 
• Entrevistar turistas que tenham desenvolvido algum serviço voluntário durante sua 
permanência na capital pernambucana.
 
 
2
Turismo e Voluntariado: uma Discussão 
Conceitual 
 
2.1 Turismo
A atividade turística tem despertado o interesse de estudiosos por todo o mundo nos últimos anos 
devido à sua abrangência e à sua contribuição para o crescimento econômico de muitos países. 
Novas definições e classificações são feitas sobre o turismo a cada ano. Porém, por ser uma 
atividade dinâmica, que abrange vários campos de estudo, seu conceito não pode ser encarado de 
forma rígida e estática. 
A conceituação do turismo não pode ficar limitada a uma simples definição, pois este fenômeno ocorre em destinos 
campos de estudo, em que é explicado conforme diferentes correntes de pensamento, e verificado em vários contextos 
da realidade social (BENI, 2001, p.39).
 
Contudo, a definição mais usada por estudiosos e profissionais da área é a da Organização Mundial 
de Turismo (OMT): 
O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou de grupos de 
pessoas que, fundamentalmente, por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local e residência 
habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-
relações de importância social, econômica e cultural (OMT apud DE LA TORRE, 1992, p.92).
 
Para a elaboração deste documento, a atividade turística foi entendida como um fenômeno social 
holístico, que abrange os impactos positivos e negativos na economia, na cultura, na população e no 
meio ambiente, sem supervalorizar ou menosprezar nenhum deles. Também é vista como um 
excelente meio de conquista do desenvolvimento sustentável, quando planejada e monitorada de 
maneira correta.
 
O turismo não compreende somente o deslocamento de pessoas de um local de origem e outro de 
destino, nem tampouco uma atividade que apenas proporciona geração de riqueza como tantos 
autores priorizam. É um fenômeno social, cultural, ambiental e econômico que possibilita inúmeras 
transformações na sociedade como um todo. 
 
Na economia, movimenta os mais diversos ramos de atividades: artesanato, fábricas, construção 
civil, restaurantes, hotéis, operadoras de turismo, mercado de capitais, a demanda e a oferta global, 
geração de empregos e outros.
 
Na cultura, o turismo interfere e sofre influências locais e externas por conta da busca pelo 
conhecimento do novo e do antigo no que diz respeito à música, folclore, artesanato, culinária, 
mitos, costumes, religião e representações similares. Além do intercâmbio cultural, o turismo 
também proporciona novos comportamentos tanto na localidade receptora quanto no turista. 
 
Os grupos sociais recebem e provocam mudanças no comportamento quando se relacionam, 
desfazendo e construindo novos grupos que interagem entre si ou com as atividades relacionadas ao 
turismo.
 
Como conseqüência do turismo, o meio ambiente também sofre constantes alterações, uma vez que 
são criados projetos e políticas (nacionais ou internacionais) em prol das causas ambientais e, com 
isso, novos hábitos são estimulados. 
 
Percebe-se a importância do turismo nas transformações que acontecem na sociedade e suas 
influências no desenvolvimento mundial. Apesar de muitos estudos se concentrarem, simplesmente, 
nos aspectos econômicos e os ressaltarem em um discurso de desenvolvimento, principalmente 
argumentando a geração de empregos, sabe-se que os impactos (positivos e negativos) também 
atingem âmbitos sociais, culturais e ambientais. 
 
Os atrativos turísticos são um conjunto de componentes que despertam no turista o interesse pela 
localidade, podendo variar de acordo com objetivos, valores e expectativas de cada turista para com 
a destinação. Cada atrativo pode motivar a visita do turista de maneira distinta ou ainda alterar a 
motivação no mesmo indivíduo dependendo do momento de vida em que se encontra. 
 
De acordo com a escolha dos atrativos são formados os tipos de turismo. Por exemplo: museus, 
povos e sítios arqueológicos são atrativos para o turismo cultural, já os rituais de fé e as instituições 
religiosas funcionam como atrativos para o turismo religioso, assim como áreas naturais 
preservadas, sua fauna e flora caracterizam o turismo ecológico. 
 
A atividade turística vem sendo fomentada como alternativa econômica para as localidades onde 
acontece e tem despertado a atenção dos governos por trazer retorno rápido e barato no que se 
refere à geração de empregos e arrecadação de impostos. Desta forma, o turismo é divulgado na 
mídia e em algumas publicações como a panacéia dos problemas econômicos e, como 
conseqüência, sociais do Brasil.
É evidente que a atividade turística tem uma importância econômica muito grande e que as 
tendências mercadológicas precisam ser levadas em consideração. Porém, o turismo é 
também um fenômeno social, político e ambiental. Privilegiar apenas uma faceta desse 
fenômeno tão complexo e dinâmico causa problemas graves para a implantação e o 
desenvolvimento de um turismo articulado com outras atividades da economia, que seja 
sustentável e duradouro (TRIGO, 2003).
 
Muitos estudiosos e curiosos do assunto, principalmente os que não fazem parte do trade turístico, 
acreditam que ao aumentar o número de postos de trabalho devido à atividade turística, soluciona-se 
grande parte dos problemas sociais. No entanto, da forma como é praticado atualmente, ou seja, 
com uma divisão injusta dos lucros conquistados, o turismo nem se aproxima de atingir este 
objetivo. A atividade beneficia economicamente de fato os grandes empresários, as indústrias, o 
governo e uma pequena parcela da população. Enquanto que a comunidade receptora, por ser mais 
vulnerável às influências da atividade, geralmente sofre grandes impactos negativos em troca de 
alguns poucos novos postos de trabalho.
 
Com o discurso de aumentar a oferta de trabalho na localidade - normalmente, empregos com pouca 
ou nenhuma qualificação e baixa remuneração -, muitos empresários poluíram rios, acabaram com a 
pesca e artesanato local e, como se não bastasse, distribuíram os lucros da atividade turística com 
uma minoria mais favorecida, isto quando não levam o investimento para fora do país, geralmente, 
com o apoio ou a negligência dos órgãos públicos. Entretanto, cresce o número de críticas e 
discussões sobre esse tipo de turismo predatório.
 
2.1.1 Impactos da atividade turística
O turismo é uma atividade híbrida, pois ao mesmo tempo em que se caracteriza como um enorme 
potencial de desenvolvimento, pode trazer impactos negativos para a destinação, quando não 
regulamentada e fiscalizada adequadamente. Cada impacto é positivo ou negativo, em maior ou 
menor escala, de acordo com a realidade, o conhecimento e o discernimento de quem emite juízo 
sobre o fato ou ação, variando proporcionalmente com sua atribuição de valores
Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou à seqüência de eventos provocados pelo processo de 
desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. As variáveis que provocam os impactos têm natureza, intensidade, 
direções e magnitude diversas, porém os resultados interagem e são geralmente irreversíveis quando ocorrem no meio 
ambiente natural (RUSCHMANN, 1997,p.34).
 
Os impactossão conseqüências da interação entre o turista, a comunidade e os meios receptores, 
podendo ocorrer em várias áreas. Os tipos de impactos mais importantes, dentre outros, são 
econômicos, sócio-culturais e ambientais.
 
A atividade turística pode trazer o desenvolvimento econômico da localidade quando há ganho em 
moedas estrangeiras, criação de empregos para a população autóctone, aumento da arrecadação de 
impostos, desenvolvimento da infra-estrutura, diversificação econômica, entre outros. Porém, o 
turismo também pode ser responsável pela “falência” da destinação quando: considera a atividade 
turística como a única alternativa econômica, gera a inflação dos preços, possibilita o escape de 
dinheiro para outras regiões e/ou países e limita as opções de cargos operacionais sem capacitação 
para a população local. 
 
É difícil evitar os impactos sócio-culturais do turismo, pois por meio da interação entre o turista e a 
comunidade local há uma influência mútua entre eles. O visitante leva consigo seus costumes, sua 
ética, seus sistemas de valores, suas concepções sociais e, ao chegar na destinação, está ávido para 
conhecer as diversas facetas da localidade. Este intercâmbio, se não bem orientado e fiscalizado, 
pode trazer danos catastróficos para a comunidade receptora. 
 
O turismo convencional e predatório realizado atualmente se insere em áreas pobres de forma 
freqüentemente desordenada. A tendência, nesses casos, é fazer enormes divisões econômicas e 
sociais, que são verdadeiros guetos fechados, estabelecendo um distanciamento em relação à 
sociedade local. Desta forma, pode ocorrer a retirada da população de seu lugar habitual para dar 
lugares a hotéis e/ou centros de convenções, além do aumento de criminalidade, prostituição e uso 
de drogas. Contudo, a atividade turística pode resgatar a identidade cultural, a auto-estima da 
população local e proporcionar a conservação do patrimônio cultural da destinação.
 
Ambientalmente, a atividade turística pode ser responsável pela poluição do ar e da água, 
agravamento da falta de local para a destinação do lixo ou ainda representar perigo para a 
arqueologia e história. No entanto, o turismo também pode ser o meio mais viável à conservação de 
áreas naturais e lugares históricos importantes para a região.
 
2.1.2 Desenvolvimento sustentável e turismo sustentável
O termo desenvolvimento está associado a progresso, crescimento, melhoria de qualidade de vida. 
Contudo, para tudo isso ocorrer, é necessário que haja um desenvolvimento econômico. Por esta 
ligação ser muito forte, a palavra desenvolvimento acaba, muitas vezes, sendo limitada ao aspecto 
econômico, prejudicando uma visão integrada da situação. Desta forma, surge uma nova 
terminologia para um tipo de desenvolvimento mais holístico, chamado de sustentável. 
 
Segundo Murphy: “o desenvolvimento sustentável não deve colocar em risco os sistemas naturais 
que permitem a vida na Terra: a atmosfera, a água, os solos e os seres vivos” (apud 
SWARBROOKE, 2000 p.7).
 
O crescimento econômico está relacionado ao aumento do PIB (Produto Interno Bruto) de uma 
localidade. Já o desenvolvimento é diferente, pois para que ele ocorra, é preciso que, além do 
aumento do PIB, também seja feita a distribuição da riqueza nas diversas áreas, como saúde, 
educação, cultura, habitação e infra-estrutura. O desenvolvimento sustentável permite ver além 
dessa distribuição, uma vez que se preocupa com seus impactos sobre as próximas gerações. Como 
define Fritjof Capra, em sua obra O Ponto de Mutação, o desenvolvimento sustentável é aquele que 
“satisfaz as nossas necessidades hoje, sem comprometer a capacidade das pessoas satisfazerem as 
suas no futuro".
 
No entanto, na tentativa de dissociar o termo desenvolvimento dos fatores econômicos, erra-se da 
mesma maneira ao restringir o significado da palavra, visto que na prática, muitos projetos estão 
associando o desenvolvimento sustentável, simplesmente, à proteção ambiental. Se esta perspectiva 
não for modificada, em breve surgirá mais um termo para definir a mesma idéia, apenas com outro 
foco. Faz-se necessário portanto, uma visão integrada sobre todos os aspectos do desenvolvimento, 
sem menosprezar ou supervalorizar nenhuma das vertentes.
 
Dentro de um debate mais amplo sobre o turismo, é preciso incluir a reflexão e a discussão sobre 
sua sustentabilidade, pois a atividade é um importante fator de conquista do desenvolvimento 
sustentável.
 
Segundo Swarbrooke (2000), os principais benefícios do turismo sustentável:
• Estimula uma compreensão dos impactos do turismo nos ambientes natural, cultural e 
humano;
• Assegura uma distribuição justa de benefícios e custos;
• Gera entrada de divisas para o país e injeta capital e dinheiro novo na economia local;
• Estimula o desenvolvimento do transporte local, das comunicações e de outras infra-
estruturas básicas da comunidade;
• Intensifica a auto-estima da comunidade local e oferece a oportunidade de uma maior 
compreensão e comunicação entre os povos de diversas origens;
• Demonstra, do ponto de vista do meio ambiente, a importância dos recursos naturais e 
culturais para a economia de uma comunidade e seu bem-estar social, e pode ajudar a preservá-los;
• Monitora, assessora e administra os impactos do turismo, desenvolve métodos confiáveis 
de obtenção de respostas e opõe-se a qualquer efeito negativo.
 
O turismo sustentável não é apenas proteção à natureza; ele também está ligado à viabilidade 
econômica a longo prazo e, principalmente, à justiça social. Segundo a World Comission of 
Environment and Development (Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento), 
vinculada à ONU (Organização das Nações Unidas), o desenvolvimento sustentável do turismo é 
“aquele que atende as necessidades dos turistas atuais, sem comprometer a possibilidade do 
usufruto dos recursos pelas gerações futuras” (apud RUSCHMANN, 1997, p. 10).
 
Com base nesta definição, deve-se desenvolver o turismo buscando conciliar os interesses dos 
visitantes, ansiosos por explorar o local visitado. Por outro lado, deve-se garantir aos nativos a 
permanência dos elementos fundamentais que caracterizam a sua localidade - o meio ambiente, a 
cultura, a história, o estilo de vida – e, assim, possibilitar que seus herdeiros possam usufruir dos 
mesmos. Deve haver um equilíbrio entre os interesses diversos, tais como a conservação dos 
recursos naturais, a promoção do desenvolvimento sustentável nas comunidades locais, a melhoria 
da balança comercial e o enriquecimento da experiência dos turistas. 
 
Por ser uma atividade dinâmica, o turismo deve ser monitorado e avaliado constantemente. 
Contudo, o progresso em direção a formas mais sustentáveis de turismo dependerá muito mais das 
atividades do trade turístico e das atitudes do turista que de ações dos órgãos do setor público.
 
O turismo tem grande capacidade de geração de renda e para beneficiar a todos deve ser realizado 
de maneira planejada. A renda deve ser distribuída de acordo com os principais problemas da 
localidade e recursos arrecadados por meio dos impostos oriundos do turismo não devem voltar, 
unicamente, para a própria atividade, mas proporcionar a distribuição dos lucros e melhoria direta 
na qualidade de vida da população no que se refere à saneamento básico, rede de esgotos, coleta 
adequada de lixo e outros serviços.
 
Além disso, o turismo praticado atualmente vem extinguindo os “recursos” fundamentais para a sua 
prática e, por isso, corre o risco de se autodestruir. Desta forma, é preciso uma atitude de prudência 
em relação ao uso do meio ambiente, jáque a ação do homem pode causar o seu comprometimento 
por meio de transformações irreversíveis.
 
Recentemente, certas nomenclaturas definem tipos de turismo que se propõem a, de alguma 
maneira, alcançar este turismo sustentável. No entanto, ainda não é possível achar nenhuma que 
atenda a todos os aspectos da sustentabilidade. Mesmo assim, alternativas como o ecoturismo e o 
turismo social representam o início de uma nova perspectiva.
 
2.1.3 As possibilidades do ecoturismo
O ecoturismo é o segmento turístico onde a paisagem é a principal variável como ponto de 
confluência entre os fatores ambientais e antrópicos, cujo objetivo é a interação entre o 
visitante, o meio natural e a população que participa dos serviços prestados aos turistas 
(CROSBY apud PIRES, 1998, p. 80).
 
Desta forma, prioriza a preservação do espaço natural onde é realizado e o seu projeto contempla, 
antes de tudo, a conservação diante de qualquer outra atividade.
 
De acordo com o recente relatório do World Resources Institute (WRI), o ecoturismo tem uma taxa 
de crescimento anual entre 10% e 30%, que o torna o setor de crescimento mais rápido do mercado 
internacional de viagens e turismo, visto que a atividade turística, como um todo, cresce a uma taxa 
anual de 4% (LOPATA ET AL apud DE ROURE & PÁDUA, 2001).
 
O Ecoturismo surge na intenção de minimizar os impactos negativos da atividade turística no meio 
ambiente e na comunidade receptora, ou seja, compromete-se com a preservação da natureza e com 
o bem-estar da população local, atuando com pilares do desenvolvimento sustentável e da 
responsabilidade social no turismo. Desta forma, caracteriza-se como uma das principais 
alternativas para o desenvolvimento sustentável em diversas destinações no mundo, principalmente 
em regiões e países em desenvolvimento.
 
2.1.4 Perspectivas do turismo social
As definições encontradas a respeito do turismo social tratam-no como uma alternativa de 
proporcionar aos menos favorecidos o acesso aos serviços da atividade turística, por meio de 
subsídios governamentais ou tarifas reduzidas no que se refere aos serviços, como transportes, 
meios de hospedagem (hotéis, albergues, clubes, associações) e pacotes turísticos, além de políticas 
que incentivem aos empregadores de liberar as férias de seus funcionários em épocas que coincidam 
com a baixa estação do ramo da atividade para assim, facilitar o acesso a esse mercado.
 
Desta maneira, a atividade turística é encarada como uma forma de melhor aproveitamento dos 
recursos de alguns estabelecimentos, proporcionando um aquecimento da economia em uma época 
em que possivelmente estaria enfraquecida, pois há uma redução nos postos de trabalhos, na 
ocupação dos quartos, no número de refeições dos meios de hospedagem e na venda de passagens 
aéreas e de pacotes turísticos.
 
TRIGO (1995) afirma que esse tipo de turismo é o justo desejo de uma sociedade que se quer mais 
aberta, justa e democrática, pois entende que o turismo social tem como objetivo estender as 
condições de deslocamento, hospedagem e vivência da atividade em geral (esportivas, culturais, 
artísticas, comerciais ou simplesmente de ócio) a todas as pessoas da sociedade. 
 
O Bureau Internacional du Tourisme Social (BITS) conceitua o turismo social como:
O conjunto de relações e fenômenos resultantes da participação no turismo das camadas 
sociais menos favorecidas, participação que se torna possível ou é facilitada por medidas de 
caráter bem definidas, mas que implicam um predomínio da idéia de serviço e não de lucro. 
(BITS, apud SESC, s/ ano, p.5)
 
Apesar desse último conceito do Bureau, sabe-se que poucas atividades lucrativas teriam condições 
de operar, mesmo que numa determinada época, sem lucro, já que há todo um mercado financeiro 
de investidores a influenciar o aumento do faturamento dessas empresas, afora toda folha de 
pagamento de pessoal e despesas comuns a qualquer uma delas. 
 
O turismo jamais deve ser tratado como a solução para todos os problemas. Sabe-se que questões 
como: a fome, as doenças, o subdesenvolvimento econômico ou cultural, a miséria, o excesso de 
lixo, a falta de saneamento básico, a violência não desaparecerão se, simplesmente, mais pessoas 
viajarem. 
 
De forma branda, no Brasil, tem-se buscado formas para que a população possa usufruir de 
equipamentos turísticos – hotéis, centros de recreação, entre outros -, como é o caso do SESC 
(Serviço Social do Comércio), por meio das colônias de férias e das parcerias realizadas com 
operadoras na busca de preços compatíveis com seu público-alvo, além da criação de linhas de 
crédito da Caixa Econômica Federal, denominada “giro de caixa”, com juros subsidiados, de até 2% 
ao ano. O dinheiro destinado a operadoras é usado para financiar o turismo social. O Governo 
Federal também estimula que as empresas banquem total ou parcialmente as viagens de seus 
empregados, segundo matéria Um Desafio para Indústria Nacional. (Disponível em 
<http://www.ivt-rj.net/clipping/clipping03.cfm?clip_id=2279 > acessado em 31 mar. 2005.)
 
Entretanto, o SESC visa atender, prioritariamente, aos trabalhadores dos setores do comércio e 
serviços, bem como seus dependentes, disponibilizando também seus bens, serviços e produtos 
turísticos ao público não comerciário, só que com adoção de preços diferenciados, mas sem 
prejudicar a sua demanda interna. Ou seja, os preços praticados para os não associados, 
normalmente, sofrem aumento, dificultando ainda mais a participação da camada menos favorecida. 
 
Convém ressaltar que esse tipo de turismo, apesar de não garantir a inclusão de todos, contribui 
socialmente por compensar a exclusão do turismo convencional a uma parcela da população (que 
talvez seguisse excluída, caso não existisse) e por ser reguladora do equilíbrio econômico, visto que 
proporciona a circulação de moeda a estabelecimentos normalmente não aquecidos em 
determinadas épocas do ano, além da abertura de novos empreendimentos voltados exclusivamente 
para esse público, sendo um novo nicho de mercado de pouco capital, mas muito numeroso.
 
No entanto, a atividade promovida desta forma traz com ela suas limitações, já que muitos ainda 
continuarão excluídos de poder fazer turismo, pois não têm, sequer, acesso aos direitos básicos. 
Muitas famílias também não poderiam viajar juntas, já que os períodos de baixa estação não 
coincidem com as férias dos filhos em idade escolar com as férias do trabalho. Além disso, devido 
ao baixo preço pago por estes serviços, muitos deles não seriam de boa qualidade ou não teriam o 
compromisso de tentar diminuir os impactos negativos da atividade no local de destino.
 
O turismo social abrange públicos não visados pelo mercado, uma vez que não gera divisas 
compatíveis com seus investimentos, como é o caso do turismo voltado para a juventude, a terceira 
idade e estudantes. Muitas das iniciativas desse tipo de turismo são organizadas por grupos, 
associações e sindicatos que enfrentam limitações financeiras. 
 
Logo, a definição do turismo social deveria não só proporcionar a um maior número de pessoas a 
possibilidade de viajar, mas trazer junto à atividade uma maior abrangência em seu âmbito social, 
ou seja, possibilitar que os impactos sociais positivos sejam mais concretos à população, ao meio 
ambiente e à localidade, além de estimular a descoberta de alternativas para que o direito ao turismo 
possa ser estendido a mais pessoas, entendendo com isso que já teriam então conquistado o acesso a 
alguns direitos básicos.
 
Se o turismo social é feito para proporcionar o bem-estar da sociedade, é importante chamar atenção 
aos cuidados com a atividade para que possa beneficiar a todos sem, no entanto, prejudicar a 
destinação (cultura, população, meio ambiente), o turista, os empresáriose os comerciantes que dela 
vivem.
 
Tem sido de fundamental importância a ação de instituições, sobretudo ONGs que trabalham com a 
questão ambiental, nas áreas em que o turismo causa maiores impactos negativos, uma vez que falta 
acompanhamento integral da região após a promoção da atividade turística e não há interesse dos 
órgãos públicos, nem dos empresários em analisar como os impactos do turismo têm modificado a 
região.
 
O processo de exclusão das comunidades locais e a necessidade de desenvolver o turismo 
sustentável podem despertar o interesse das organizações civis cujas missões estão voltadas para 
melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. Para isto, pode-se contar com o apoio de ONGs nas 
seguintes áreas de atuação: capacitações de organizações locais, projetos de educação ambiental 
educação e conscientização do turista, planejamento da gestão da atividade na comunidade, entre 
outras. O terceiro setor possibilita trocas de experiências as quais introduzem uma qualificação 
maior nos diversos setores (ambiental, econômico, cultural e social) da atividade turística.
 
2.2 Voluntariado
O termo voluntariado vem do latim voluntarìu, o substantivo, designando, de acordo com 
conhecidos dicionários da língua portuguesa, a pessoa que se compromete a cumprir determinada 
tarefa ou função sem ser obrigada a isso e sem obtenção de qualquer benefício material em troca.
 
Vários são os conceitos apresentados sobre o tema do voluntariado. Segundo a ONU (disponível em 
<http://www.davison.com.br/novembro/voluntario.html> acesso em 15 mar. de 2005):
O voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu espírito 
cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de 
atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos.
 
O voluntário está por toda parte, em comunidades carentes, escolas, hospitais, creches, promovendo 
campanhas de arrecadação de alimentos, brinquedos, remédios ou defendendo o meio ambiente. 
Também atua com diversos públicos (crianças, jovens, adultos e idosos, entre outros) e em várias 
áreas (educação, saúde, habitação, meio ambiente e outras).
 
Segundo a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, em uma das primeiras tentativas de definir o 
conceito de voluntariado no Brasil, em 1996:
O voluntário, como ator social e agente de transformação, presta serviços não remunerados 
em benefício da comunidade, doando seu tempo e seus conhecimentos, realiza um trabalho 
gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo 
ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas 
de caráter religioso, cultural, filosófico, político ou emocional (CORULLÓN & WILHEIM, 
1996, p. 1).
 
 
Diz-se que neste tipo de trabalho não há remuneração, porém sempre há benefícios. As pessoas, em 
geral, tornam-se mais pacientes, mais solidárias, mais conscientes, envolvem-se e desenvolvem a si 
mesmos e, acima de tudo, a comunidade. O voluntário sabe que o governo não consegue resolver 
sozinho todos os males existentes em uma sociedade e que cada indivíduo pode ser um agente de 
transformação da realidade.
 
Pode-se desempenhar vários papéis sociais: o de pai, de mãe, de professor, de médico, de aluno, de 
amigo e, inclusive, de voluntário. Desta forma, ao atuar como voluntário, o indivíduo torna-se um 
agente de transformação, pois acredita que seu trabalho gera mudança social. 
 
Verifica-se que as pessoas que se interessam pela prática do voluntariado são das mais distintas 
etnias, idades e possuem diferentes motivações para o engajamento nos serviços prestados: alguns 
pela dor, outros pela gratidão, pela indignação, pela identidade com a causa ou pela vontade de 
transformar a realidade.
 
Para a elaboração deste trabalho o voluntário é entendido como a pessoa que, motivada por valores 
de participação, de ajuda a uma causa e indignação com a realidade, doa seu tempo de maneira 
espontânea e não remunerada para a busca de soluções que levam à construção de uma sociedade 
mais humana e justa. É alguém que deseja ver sua comunidade crescer, sua sociedade se 
desenvolver, procurando contribuir e fazer a sua parte.
Entretanto, algumas distorções são feitas a respeito do tema em questão. Por exemplo, a palavra 
doação freqüentemente é confundida com o serviço voluntário. Um doador de sangue, ainda que 
todo ano faça sua doação, não é um voluntário. Porém, se um cidadão mobiliza um grupo de 
pessoas e participa de uma campanha para doar sangue, nesse caso, ele atua como voluntário. Ele 
não doou somente algo, doou de si mesmo, prestou um serviço, doando tempo em prol de uma 
causa. 
 
Outra discussão com relação ao tema é que ações assistencialistas são erroneamente denominadas 
de serviço voluntário. A principal diferença entre esses dois perfis é que o primeiro costuma causar 
dependência e acomodação no público beneficiado, enquanto que o voluntariado estimula a 
emancipação e a transformação da realidade das pessoas e/ou comunidades atendidas.
 
Existe ainda muita confusão com relação à diferença entre o serviço voluntário e o estágio não 
remunerado. Em ambos os casos não há nenhum tipo de remuneração, porém a motivação é que 
distingue um do outro. O voluntário busca exercer sua atividade para gerar uma transformação na 
sociedade, fazer algo pelo outro; já o estagiário está em busca de uma experiência profissional, de 
se aperfeiçoar, faz algo por si, não podendo desta maneira ser caracterizado como voluntário. 
 
Muitos estagiários podem atuar em um trabalho focado no desenvolvimento social, porém o 
interesse em realizá-lo, geralmente, é de cunho profissional. Não há interesse de desvalorizar este 
tipo de trabalho, mas o estágio não remunerado não se enquadra nos conceitos de voluntariado. 
São várias as áreas em que o voluntário pode atuar. Na área da saúde, por exemplo, pode-se realizar 
ações de promoção da saúde e bem-estar, campanhas preventivas e de doação de sangue, 
atendimento psicológico, apoio aos soropositivos, entre outros. Em relação à educação, é possível 
facilitar o acesso ao conhecimento e ao aprendizado, alfabetização de crianças, jovens e adultos. Na 
área ambiental, pode-se proteger a fauna e a flora, sensibilizar para a educação ambiental por meio 
da reciclagem do lixo, da coleta seletiva ou da limpeza de praias, cidades e escolas. Nas áreas de 
cultura e arte, pode-se atuar com a educação patrimonial, teatro, dança, música, artesanato, origami 
e uma infinidade de outros campos. 
 
Para isso, existem canais de participação, ou seja, pode-se recorrer a uma instituição social como 
muitas que existem em Recife: Casa de Passagem, IMIP (Instituto Materno Infantil de 
Pernambuco), Lar do Neném, NACC (Núcleo de Apoio a Crianças com Câncer), GACC (Grupo de 
Apoio a Crianças com Câncer), Pastoral da Criança, Centro de Voluntários (Recife Voluntário), 
entre outras. Outra possibilidade é de entrar em contato com organizações comunitárias, a exemplo 
de igrejas, associações de moradores e projetos sociais. Pode-se ainda atuar na administração 
pública, já que existem vários órgãos estimulando o serviço voluntário, como é o caso da Prefeitura 
da Cidade do Recife, desde 2001. 
 
O voluntariado é um instrumento de formação e ampliação do capital social, sendo capaz de 
contribuir para que as organizações e projeto sociais possam melhorar e/ou ampliar seus serviços 
prestados aos beneficiários.
 
As empresas preocupadas com a responsabilidade social, também vêm promovendo programas de 
voluntariado empresarial, estimulando que seus funcionários engajem-se em causas sociais. Sua 
mão-de-obra, muitas vezes, é disponibilizada para ajudar a melhora da gestão de ONGs, por 
exemplo.
 
Algumas estatísticassão capazes de demonstrar um pouco do que vem sendo desenvolvido no 
Brasil com relação ao voluntariado. Segundo pesquisa realizada, em 2003, pelo Portal Universia 
Brasil, em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas - na qual foram entrevistados 882 estudantes 
em dez capitais do Brasil, incluindo Recife - detectou-se que apenas 21% dos universitários 
brasileiros participam de algum programa social. Além de mostrar que são poucos os alunos de 
universidades socialmente comprometidos, a pesquisa indica a falta de tempo (41%) como o 
principal empecilho para a não-participação dos estudantes nessas iniciativas, seguido da falta de 
oportunidade ou de convite (33%), e desinteresse ou comodismo (31%). Mesmo assim, grande parte 
dos entrevistados (94%) afirmou que deseja participar de algum projeto social. (Disponível em 
<http://www.universia.com.br/materia.jsp?materia=1289> acesso em 08 maio 2005).
 
Vale considerar que, muitas vezes, o indivíduo afirma que tem interesse em ser voluntário por um 
impulso emocional, ou seja, naquele momento ele responde que gostaria de realizar ações 
voluntárias, mas, por outros motivos, não leva à frente este desejo. De qualquer maneira, esse é o 
desafio para aqueles projetos, centros de voluntários dentre outras instituições que buscam estimular 
a participação das pessoas como voluntárias, orientando, informando e sensibilizando-as sobre os 
conceitos, os compromissos, os direitos e as várias maneiras de exercer esse tipo de atividade.
 
2.2.1 Motivação do serviço voluntário
No voluntariado, a mola propulsora básica é a solidariedade. No entanto, são muitas as “forças 
internas” que levam à solidariedade e, mesmo sem perceber, o voluntário espera algum tipo de 
contrapartida.
 
As seguintes expectativas podem estar ligadas à decisão de executar um serviço voluntário:
• Fortalecimento da cidadania – muitos indivíduos acreditam que precisam cumprir seu 
dever, devolvendo à sociedade a oportunidade que ela lhe deu;
• Desenvolvimento pessoal – algumas pessoas buscam seu crescimento pessoal e uma 
satisfação que o trabalho remunerado, muitas vezes, não é capaz de proporcionar;
• Retribuição de algo que recebeu – depois de receber ajuda por conta das dificuldades 
pelas quais passou na infância ou adolescência, o cidadão acredita que chegou o momento de 
retribuir;
• Motivações religiosas - muitos ajudam pelo compromisso que possuem com sua crença;
• Preencher o tempo de forma útil - grande parte das mulheres que nunca trabalharam e 
aposentados passam a ocupar seu tempo desta maneira e oferecem, com sua ajuda, experiência de 
vida e formação profissional.
 
Domenico De Masi (2000) afirma que o trabalho ainda é visto como a maneira pela qual nos 
desenvolvemos, além de ser vangloriado pela família, igreja e educação que recebemos. Já o ócio 
tem significado majoritariamente negativo, notadamente como preguiça. Em seu livro, Ócio 
Criativo, ele propõe uma mudança a esses paradigmas presentes. Afirma que a família, a escola e a 
mídia devem colocar ao lado da atual educação profissional dos jovens, um outro tipo de educação, 
com vistas às atividades lúdicas e culturais.
 
Infelizmente, o tempo livre das pessoas não é trabalhado como deveria pela família, escolas e mídia, 
pois o lazer, em muitos casos, é utilizado para exercer atividades que não contribuem para uma 
sociedade melhor. O lazer vem sendo consumido, freqüentemente, com jogos clandestinos, drogas e 
atividades sexuais mercantilizadas, aumentando, com isso, a destruição de valores éticos. Por outro 
lado, há um outro rumo que está sendo tomado pelo lazer contemporâneo. Várias pessoas têm 
procurado prestar serviço voluntário, atividades prossociais ou de participação na construção de 
uma nova sociedade.
 
Ainda há aqueles que, por estarem enfrentando problemas, desejam atuar como voluntários, 
acreditando que esse tipo de atividade funciona como terapia. Porém, Domeneghetti (2001) adianta 
que, em um estudo realizado durante cinco anos, verificou-se que apenas 20% dos indivíduos que 
atuavam como voluntário conseguem permanecer em suas respectivas atividades e desenvolver um 
trabalho excelente. Os outros 80% procuram no serviço voluntário a solução de seus problemas 
pessoais e não permanecem, porque o indivíduo só doa o que está sobrando em termos emocionais, 
espirituais e etc. Se a pessoa se apresenta querendo preencher lacunas, sobra pouco para doar.
 
O voluntário lida com as expectativas das pessoas e das instituições onde atua, por isso é necessário 
que, ao decidir atuar como voluntário, o indivíduo perceba que sua contribuição seja direcionada 
para ajudar o outro, ou seja, essa deve ser sua motivação principal.
 
Há uma outra pesquisa, também citada no livro de Domeneghetti (2001), realizada pelo 
Independent Sector, em 1993, questionando a motivação das pessoas para exercer o serviço 
voluntário. Neste estudo, foi constatado que 61,8% acham que aqueles que têm mais recursos 
devem ajudar os que têm menos; 50,2% procuram atingir certo grau de satisfação pessoal; 46,1% 
querem devolver à sociedade algum benefício por ela recebido; e ainda 44% afirmam ter sido 
convidados por um amigo ou colega a ser voluntário. 
 
Vale ressaltar que muitos começam o serviço voluntário motivados somente por interesse pessoal, 
como crescimento profissional, status, ingresso no mercado de trabalho do terceiro setor, dentre 
outros. Para isso, centros de voluntariado têm realizado sensibilizações no intuito de esclarecer 
algumas definições, conceitos, direitos, deveres, motivações e benefícios que a atividade em prol do 
bem comum proporciona.
 
2.2.2 Direitos e responsabilidades do voluntário
Para demonstrar a grande profissionalização por que vêm passando o serviço desenvolvido por 
esses atores sociais, diversas entidades em todo o país utilizam, em suas capacitações, materiais 
produzidos pelo Programa Voluntários (Comunidade Solidária), os quais explicam os direitos e 
deveres desses agentes.
 
Direitos:
• Desempenhar uma tarefa que o valorize e seja um desafio para ampliar e desenvolver 
habilidades;
• Receber apoio no trabalho que desempenha (capacitação, supervisão e avaliação técnica);
• Ter a possibilidade de integração, como voluntário, na instituição, projeto e/ou 
comunidade onde presta serviços, e ter as mesmas informações que o pessoal remunerado, além de 
descrições claras sobre tarefas e responsabilidades;
• Participar das decisões;
• Contar com os recursos indispensáveis para o trabalho voluntário;
• Respeitar os termos acordados quanto à sua dedicação, tempo doado e não ser 
desrespeitado na disponibilidade assumida;
• Receber reconhecimento e estímulo;
• Ter oportunidades para o melhor aproveitamento de suas capacidades, recebendo tarefas e 
responsabilidades de acordo com seus conhecimentos, experiência e interesse;
• Contar com ambiente de trabalho favorável por parte do pessoal remunerado da 
instituição ou projeto.
 
Responsabilidades:
Apesar de não ser remunerado, o voluntário precisa atuar com compromisso, pois sua ausência pode 
deixar uma expectativa frustrada naquele que contava com os seus serviços e confiou na sua 
disponibilidade. Desta forma, seguem abaixo algumas dessas responsabilidades:
• Conhecer a instituição e/ou a comunidade onde presta serviços, levando em conta a 
realidade social e as tarefas que lhe foram atribuídas;
• Escolher cuidadosamente a área onde deseja atuar conforme suas identificações, 
interesses, objetivos e habilidades pessoais, garantindo um trabalho eficiente;• Ser responsável no cumprimento dos compromissos contraídos livremente como 
voluntário. Só se comprometer com o que de fato puder fazer;
• Respeitar valores e crenças das pessoas com as quais se relaciona;
• Aproveitar as capacitações oferecidas de forma aberta e flexível;
• Atuar de maneira integrada e coordenada com a entidade ou projeto onde presta serviço;
• Manter os assuntos confidenciais em absoluto sigilo;
• Acolher de forma receptiva a coordenação e a supervisão de seu serviço;
• Usar de bom senso para resolver imprevistos, além de informar aos coordenadores da 
instituição. 
 
Diante de tanto profissionalismo e de atribuições, há certas características que são peculiares nesses 
agentes de transformação, como: assiduidade, pontualidade, responsabilidade, proatividade, boa 
vontade, paciência, criatividade, flexibilidade. 
 
2.2.3 Legislação do voluntariado
Buscando limitar responsabilidades e direitos na prestação do serviço voluntário, foi criada a lei do 
voluntariado no Brasil (Lei n 9.608), em 1998, com a finalidade de legitimar o exercício da 
atividade voluntária que há muito existe no País, contudo, sem limitar a liberdade natural dos 
cidadãos de exercerem seus direitos de consciência e iniciativa. 
 
Muitos podem achar um absurdo tanto protocolo, mas antes da criação da lei havia uma série de 
conflitos trabalhistas de pessoas que agiam de má fé, atuando como voluntárias em uma instituição, 
e depois colocavam a mesma na justiça do trabalho. Assim como também houve casos de 
instituições que exploravam a mão-de-obra voluntária – querendo, com isso, reduzir seus custos na 
organização – colocando várias pessoas para trabalhar quantas horas fossem necessárias, o que 
poderia ser facilmente caracterizado como um trabalho regular.
 
Para que esse grande potencial do voluntariado não se perca, é necessário que haja alguns 
protocolos a fim de que esta energia não seja canalizada erroneamente e não se desperdice o grande 
esforço que esses atores sociais vêm desempenhando mundo afora. É possível encontrar a lei, na 
íntegra, pelo site: http://www.voluntario.org.br/lei.htm acessado em 14 mar. 2005.
 
2.2.4 Benefícios do serviço voluntário
É muito comum ouvir de pessoas que são ou foram voluntárias depoimentos como: “aprendi 
muito”, “cresci como pessoa”, “mudei muito”, “tive uma das mais importantes experiências em 
minha vida”, “amadureci” e etc. São muitos e diversos os benefícios gerados por quem desempenha 
um serviço voluntário. Não apenas para aquele que recebe um carinho, um ensinamento, uma casa, 
um atendimento médico, mas também para aquele que se doou. 
 
Além de atuar na melhora da qualidade de vida em comum, o voluntário se sente útil por participar 
das transformações necessárias para construção de um mundo melhor. Satisfação pessoal, elevação 
da auto-estima, desenvolvimento pessoal e profissional, conquistas de novas amizades, aprendizado 
e novos desafios, boa utilização do tempo livre, apoio a uma causa e aquisição de mais estabilidade 
emocional são apenas alguns dos ganhos mais citados. É possível descobrir talentos desconhecidos 
e desenvolver o espírito de liderança e de equipe. Por conviver com tantas diferenças, como 
acontece quando um voluntário decide ensinar uma habilidade ou conhecimento a uma turma, é 
necessário aprender a ser mais tolerante por lidar com vários tipos de pessoas. 
 
A satisfação é ver o sorriso, o aprendizado, a alegria, o agradecimento, o desenvolvimento do outro. 
Saber que de alguma forma é possível contribuir para o crescimento e/ou emancipação de várias 
pessoas e não para a dependência de uma ajuda, seja ela de qualquer natureza.
 
Há ainda estudos e pesquisas a respeito da qualidade de vida proporcionada por esse tipo de 
atividade, como é o caso de um artigo recente de Luis Rojas Marcos, diretor sanitário e hospitalar 
público em Nova York, mostrando que os voluntários têm menos ansiedade, dormem melhor, têm 
menos estresse e melhor saúde em geral (KLISBERG, 2003).
Através do trabalho, o indivíduo tem como resultado a sensação de conforto espiritual 
muito grande, por ter satisfeito sua necessidade interior de fazer o bem. Não são raras às 
vezes que esses atores sociais revisam seus valores, corrigem certos rumos em suas vidas, 
adquirindo, dessa forma, um grau de satisfação pessoal bastante alto, que nenhum valor 
monetário suplantaria (DOMENEGHETTI, 2001, p. 77).
 
 
Se as experiências demonstram que os voluntários, possivelmente, passam a viver melhor, que 
comprovadamente têm bom estado de saúde, que geram benefícios ao próximo e que valores mais 
humanos são desenvolvidos por meio dessa prática - como solidariedade, compaixão e paciência -, 
podemos afirmar que a ação voluntária colabora para a construção de uma sociedade melhor. 
 
 
 
 
2.2.5 Voluntariado no mundo
O voluntário, gente que faz coisas para os outros, gera em diversos países desenvolvidos 
mais de 5% do PIB em bens e serviços sociais. Na Europa Ocidental, o valor das 
operações, entre rendas e trabalhos gratuitos, superou em 1995 US$ 500 bilhões anuais; 
nos Estados Unidos, US$ 675 bilhões; e no Japão, US$ 282 bilhões (Johns Hopkins 
University). A América Latina apresenta um enorme potencial que poderia aliviar muito 
seus graves problemas sociais e que apesar de enormes riquezas potenciais, 60% das 
crianças estão abaixo da taxa de pobreza, há mais de 20% de desemprego juvenil, 18% dos 
partos não têm assistência médica e a taxa de escolaridade é de apenas 5,2 anos 
(KLISBERG, 2003) (grifo nosso).
 
O trabalho desempenhado por milhares de agentes de transformação não vem substituir o governo 
de seu papel. O terceiro setor, do qual o voluntariado faz parte, vem permitir que se estabeleça uma 
parceria para que assim se consiga realizar ações para diminuir os problemas sociais.
 
Sempre que se fala no terceiro setor, vale a pena defini-lo com termos que ajudem a entender 
melhor suas atribuições e esclarecer dúvidas que muitos ainda possuem.
 
Domeneghetti (2001) demonstra que o terceiro setor é uma expressão traduzida do inglês – Third 
Sector – que, no Brasil, é confundida com o setor terciário. A classificação econômica tradicional 
de um país é divida em três setores:
 
• Setor Primário: diz respeito à agricultura;
• Setor Secundário: diz respeito à indústria;
• Setor Terciário: diz respeito aos serviços.
 
Há alguns anos, começou-se a falar, nos Estados Unidos, de dois novos setores de uma sociedade 
moderna (1º e 2º) e mais tarde do 3º setor:
• 1º Setor: setor público, que se refere ao governo e suas empresas estatais;
• 2º Setor: setor privado, que se refere às empresas ou ao mercado, que gera capitais e 
possui fins lucrativos;
• 3º Setor: organizações que cuidam dos problemas ligados a educação, saúde, meio 
ambiente, assistência social, abuso de álcool e drogas, sindicatos, museus, entre outros.
 
Segundo Rubem César (apud DOMENEGHETTI, 2001), terceiro setor é o conjunto de 
organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, no 
âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade e filantropia, 
expandido o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de 
cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.
 
É difícil afirmar sobre a origem do voluntariado, já que há pouco registro sobre esse tema. Vários 
autores comentam a influência da religião, que incentivava as pessoas a agir caritativamente. A 
virtude da caridade era estimulada para que ações viessem a ajudaros mais necessitados, os pobres, 
os doentes e os famintos.
 
Por forte influência da maneira como foram colonizados em meio às reformas religiosas e políticas 
da época, os EUA desenvolveram um forte sentido comunitário, pois se acreditava que esse tipo de 
ação possibilitaria uma melhora na qualidade de vida das pessoas e das comunidades. Além disso, a 
população americana acreditava que a resolução dos problemas sociais cabia à própria sociedade e 
que não se devia esperar pela generosidade de alguns ou pelo governo, por exemplo.
Em 1933, foi criado o Bureau de Voluntários, implantado em diferentes cidades, funcionando mais 
ou menos como os atuais centros de voluntariado no Brasil, indicando voluntários para várias 
organizações sociais. 
 
Já em 1951, surgiu a AVB (Association of Volunteer Bureau), que realizava treinamentos e 
desenvolvia o voluntariado nas comunidades. Nos anos 70, a United Way desenvolveu o NCVA 
(National Center of Volunteer Action) com o objetivo de continuar os trabalhos desenvolvidos pela 
AVB e dar consultoria na área. A década de 80, por sua vez, registrou a criação de vários centros 
de voluntários pelo NCVA
 
Na Espanha, apesar da lei do voluntariado só ter sido aprovada em 1996, algumas comunidades 
autônomas já possuíam legislação para regulamentar este tipo de serviço. A ONU criou um 
programa de voluntariado em 1970, o United Nation Volunteer Program, por meio de uma 
resolução da assembléia geral em consideração à importância do serviço voluntário. Em 1981, a 
Comunidade Européia promulgou os estatutos da volunteurope, que tem como objetivo estimular a 
colaboração de ações não remuneradas. 
 
Já em 1985, a ONU por meio de uma comissão de voluntariado, instituiu o dia 5 de dezembro como 
o Dia Internacional do Voluntário. Com o objetivo de promover reflexões sobre a cidadania e a 
solidariedade como valores indispensáveis para melhoria de vida do planeta. Neste dia inúmeras 
organizações, grupos de voluntários e até empresas que estimulam este tipo de ação se reúnem para 
divulgar idéias, realizar outras atividades voluntárias em comemoração a data e sensibilizar mais 
pessoas para a causa.
Em 1997, a ONU escolheu 2001 como o Ano Internacional do Voluntariado, proposta apresentada 
pelo Japão, juntamente com 122 Estados-membros da organização, objetivando com isso: aumentar 
o reconhecimento, facilitar a promoção, criar uma rede mundial de valorização e ampliar a 
capacidade de divulgação do tema.
 
Foi criado nos Estados Unidos, numa iniciativa das organizações norte-americanas Youth Service 
America (YSA) e Youth Action Network, o DGVJ – Dia Global do Voluntariado Jovem, evento 
mundial realizado anualmente, que têm a missão de promover e incentivar a cidadania juvenil por 
meio do estímulo ao serviço voluntário. Desta maneira, oportuniza ao jovem um papel ativo na 
solução de problemas concretos da comunidade. São milhões de jovens em mais de 150 países 
realizando ações em favor de suas comunidades, mostrando que é possível melhorar o mundo com a 
força do voluntariado. 
 
De fato, no ano de 2001, o tema do voluntariado foi mencionado em todo o mundo. No Brasil, 
eventos, comemorações, propagandas e divulgações de projetos de voluntariado estiveram presentes 
em vários tipos de mídia. Muitos cidadãos despertaram seus desejos, tomaram conhecimento de 
como podiam ser voluntários, e outros começaram a atuar. Prova disso é que naquele ano, o Centro 
de Voluntários do Recife, aumentou o número de seu cadastro de voluntários em 50%.
 
As ações voluntárias estão presentes em todo o mundo durante o decorrer da história. Os mais 
diferentes exemplos podem ser observados há tempo, como as Santas Casas de Misericórdia no 
século XV e a Cruz Vermelha em 1863. Entre os movimentos e iniciativas recentes estão o 
Greenpeace, a Anistia Internacional, a ONU, a Care, o WWF, assim como organizações que 
apóiam o voluntariado em todo o mundo.
 
É possível observar o grande potencial da cultura do voluntariado presente nos diversos países, pois 
segundo Meister (2003), a Irlanda possui 33% da população adulta atuando como voluntária, no 
Peru 31%, no Japão 26%, na Holanda 24%, na Argentina 20% e no México 10%. Ele ainda afirma 
que em 1998 os EUA contavam com cerca de 109 milhões de adultos voluntários. Voluntários 
fazem a sua parte seja localmente ou em outra fronteira. Para muitos a ação é o que mais importa.
 
2.2.6 Voluntariado no Brasil
Muitos autores acreditam que a diferença entre o voluntariado desenvolvido nos EUA - 
caracterizado pelo espírito comunitário – e o praticado no Brasil se justifica pelos tipos de 
colonização vividos nestes países, no primeiro, prevaleceu a idéia de ocupação, enquanto que aqui 
os portugueses estavam simplesmente interessados em explorar as riquezas das terras brasileiras. 
 
Meister (2003) acredita que isso poderia ser repensado, já que houve incentivo religioso em ambas 
as nações. Porém, há de se analisar que tanto o fato da colonização ter sido realizada de maneira 
diferente, como os brasileiros terem sido catequizados pelos jesuítas (que tinham uma visão 
assistencialista, intensificando, assim, a relação de dependência) contribuíram para a formação de 
nossa cultura atual e, conseqüentemente, a maneira dos voluntários atuarem.
 
A diferença entre os tipos de voluntariado não se refere somente ao número de atores sociais em 
cada país, mas ao estilo de participação que, no Brasil, é mais voltado para ações de filantropia, 
enquanto nos EUA está ligado à cidadania. 
 
Não há como negar a grande contribuição dos movimentos religiosos, que foram grandes difusores 
da filantropia pelo mundo. Alguns autores afirmam que esses movimentos foram os primeiros a 
pregar a caridade e o doar-se ao próximo, buscando a elevação do ser por meio da boa ação, do 
assistencialismo, da benevolência.
 
Heloísa Coelho (apud DOMENEGHETTI 2001), afirma que o enfoque era o ato do dar, não sendo 
observado se a ação teria como conseqüência benefícios dos que a recebiam. Ela ainda afirma que, 
diferentemente dos países da Europa, nos EUA a preocupação com a solução dos problemas e a 
busca de melhorias na qualidade de vida da comunidade eram a base da filantropia, não vista como 
simples caridade. Importava gerar benefícios e resolver seus próprios problemas, não somente o ato 
de dar. 
 
Segundo a cronologia de Domeneghetti (2001), devido à nossas origens culturais e históricas, o 
voluntariado esteve, durante muito tempo, ligado a questões religiosas e a ações de caridade muito 
centradas na área da saúde. Em 1543, em uma pequena vila do litoral paulista, surgiu o primeiro 
hospital brasileiro, a Santa Casa da Misericórdia de Santos, marcando o início dos movimentos de 
caráter assistencialista. 
 
O nascimento formal do voluntariado teve origem na segunda metade do século XIX, quando, em 
uma “cruzada filantrópica”, toda a sociedade brasileira se mobilizou para reorganização das 
instituições, em vista da disseminação das doenças contagiosas. O serviço voluntário era executado 
pelas damas caridosas da sociedade, em hospitais, escolas, asilos, creches, orfanatos. Tratava-se, 
portanto, de um contexto filantrópico.
 
A partir do século XX, pós-guerra, os países desenvolvidos criam o bem-estar social que visava 
atender aos necessitados. O Estado era o responsável pelas condições de vida da população, que se 
caracterizava como um contexto paternalista. Porém, a partir de 1930, o Estado transfere à 
sociedade civil esta responsabilidade.
 
No final da década de 50, começam a surgir movimentos sociais trazendo um novo perfil de 
voluntariado. São os movimentos de reivindicação de melhorias urbanas e sociais, de 
desfavelamento, voltados à organização das próprias comunidadescarentes.
 
A sociedade assume sua participação ativa nas questões sociais e inúmeras organizações são criadas 
caracterizando uma atuação voluntária de ação social. Surge um voluntariado combativo, que 
começava a se distanciar de suas práticas originárias.
 
Na metade da década de 80, os estados passam por uma ampla reforma político-adminstrativa e 
econômica. A questão social, então, deixa de ser de enfrentamento exclusivo do Estado, passando a 
uma co-responsabilidade entre este e a sociedade civil, incluindo a atuação de ONGs, fundações e 
empresas. O serviço voluntário passa a ser debatido como peça fundamental nessa abordagem da 
intervenção social.
 
Em 1993, a ONG Ação da Cidadania contra Miséria e pela Vida revitalizou o sentimento de 
solidariedade e despertou as empresas para a questão da responsabilidade social. Três anos depois, 
foi criado, pelo Comunidade Solidária, o Programa Voluntários, com a missão de contribuir com a 
promoção, valorização e qualificação do serviço voluntário. 
 
Segundo dados coletados no site do Natal Voluntários, o DGVJ, em 2003, contou com 91 grupos 
participantes, mobilizando 13.463 voluntários em todo o Brasil, beneficiando cerca de 48.059 
pessoas por meio de iniciativas como campanhas de coleta seletiva de lixo, controle da dengue, 
arrecadação de alimentos, mutirões de limpeza e oficinas, totalizando 137 ações. 
 
Em 2004, o Brasil mobilizou mais de 17 mil jovens nas ações que envolveram o Dia Global do 
Voluntariado Jovem - DGVJ. Foram registradas, pelo Natal Voluntários, mais de 360 diferentes 
ações em toda nação. “Esses números expressam o desejo e o potencial de engajamento dos jovens 
brasileiros em transformar a cada dia o nosso país em um lugar melhor para se viver”, declara 
Mônica Mac Dowell (2004), presidenta do Natal Voluntários. (disponível em 
http://www.natalvoluntarios.org.br/diaglobal/vernoticia.asp?id=255> acesso em 08 mar. 2005)
 
A novidade não é a existência do voluntariado, mas que sua atividade conta com uma participação 
responsável e solidária em iniciativas de combate à exclusão social e melhoria da qualidade de vida 
da sociedade. 
 
Há ações voluntárias que estão crescendo Brasil afora nas áreas de cultura, defesa de direitos 
humanos, meio ambiente, esporte e lazer, qualificação, inclusão digital, alfabetização, gestão 
organizacional em ONGs, habitação, entre outras, através da internet, como tradução de textos.
 
2.2.7 Voluntariado, cidadania, participação e valores humanos
O voluntariado por ser um tema muito abrangente, faz-se necessário para entendimento de suas 
interações relacioná-lo a conceitos, como: cidadania, participação e valores humanos. 
 
Falar em cidadania é dizer que o cidadão é o indivíduo no gozo de seus direitos e cumprindo seus 
deveres. Para ter uma cidadania plena é necessário ter esses direitos, sendo portanto, difícil que 
todos a tenham neste modelo de sociedade atual. Atuando como voluntário, cada um pode exercer 
sua cidadania, colocando seu talento à disposição do outro para construção de uma vida melhor para 
todos. 
 
Domeneghetti (2001) afirma que o serviço voluntário instala-se no centro da ação cidadã, sendo a 
mola propulsora de todas as mudanças sociais. Ela ainda comenta sobre a diferença entre o 
voluntariado ligado à saúde, dos ligados à educação e ao meio ambiente, por exemplo. O primeiro 
se apresenta mais fortemente relacionado ao aspecto da caridade (ligado à cultura da religião), 
diferentemente dos outros que estão mais ligados à cidadania.
 
Cidadania é a capacidade de participação consciente e solidária na realização de projetos e objetivos 
que digam respeito ao interesse de todos. O serviço voluntário é uma experiência de autonomia que 
permite às pessoas esse exercício da cidadania “no aqui e agora”. Ao mesmo tempo, ao incentivar a 
autonomia das populações em relação aos governos, favorece o crescimento do capital social e 
humano, e contribui para que a sociedade brasileira supere uma cultura secular de paternalismo e 
dependência. 
 
Apesar da falta de comprometimento da sociedade atual, o interesse em participar tem se 
generalizado nos últimos anos, no Brasil e no mundo. Surgem associações as mais diversas: amigos 
do bairro, movimentos ecológicos, associações de moradores, comunidades eclesiais de base, 
movimento em prol da raça negra, da mulher, entre outros.
 
Segundo BORDENAVE (1983), há dois pontos de vista que mostram as vantagens da participação. 
Ele afirma que, segundo os progressistas, a participação facilita o crescimento da consciência crítica 
da população, fortalece seu poder de reivindicação e a prepara para adquirir mais poder na 
sociedade. Já os democráticos vêem a participação como garantia de controle das autoridades por 
parte do povo, visto que as lideranças centralizadas podem ser levadas facilmente à corrupção. 
Quando a população também fiscaliza os serviços públicos, estes tendem a melhorar em qualidade e 
oportunidade.
 
É possível observar a satisfação pessoal dos que participam em atividades na sua comunidade, além 
dos resultados trazidos com aquela ação. Isso demonstra a necessidade do homem de participar, 
assim como precisa do alimento, do sono, da saúde, do pensamento reflexivo, auto-expressão. 
 
De acordo com Bordenave (1983), a participação faz parte da natureza social do homem, tendo 
acompanhado sua evolução desde os tempos primitivos até hoje. Logo, não participar constitui uma 
mutilação do homem social. Tudo indica que o homem só desenvolverá seu potencial pleno numa 
sociedade que permita e facilite a participação de todos. O futuro ideal do homem só se dará numa 
sociedade participativa. 
 
O sentido da participação social não é simplesmente a de alguém que toma parte de algo sem que 
haja mudanças no panorama social, político e/ou econômico, podendo este conceito ser comparado 
com o de voluntariado desenvolvido na sociedade atualmente. 
 
Não somos ensinados a participar, quando muito aprendemos a nos tornar críticos e a exigir direitos 
do governo, como se este fosse o “pai de todos”. A prática tem que ser constante para que 
futuramente tenhamos uma maior cultura de pessoas mais engajadas e preocupadas com o futuro. É 
preciso desprender-se da cultura do paternalismo, onde estamos esperando receber, mas raramente 
fazer.
 
Esta relação mostra o potencial do voluntariado como um meio de estimular essa participação, não 
podendo ser entendido como algo efêmero. É fundamental que seja considerado como uma nova 
cultura, um comportamento que precisa ser discutido, estimulado e reconhecido. 
 
A participação em uma atividade voluntária pode ser estimulada, mas não imposta, como é no caso 
do exército, de cerimônias indígenas, onde os jovens são obrigados a participar. A ação deve estar 
imbuída de espontaneidade, perdendo ela seu caráter voluntário no caso de imposições e 
obrigatoriedade. Tampouco pode ser dirigida ou manipulada, como é o caso de alguns casos de 
serviços sociais, desenvolvimento de comunidades ou trabalhos de pastorais.
 
 
A participação da escola na comunidade e desta na escola é algo que pode trazer excelentes 
resultados para ambos os lados. Ademais, existe uma gama de atividades que não necessita de 
investimentos governamentais; podendo os educadores formar parcerias não onerosas com fábricas, 
oficinas, lojas e desta forma proporcionar uma maior aprendizagem para seus alunos. 
 
Assim como os pais, alunos, funcionários e responsáveis juntos aos professores poderiam discutir 
sobre os maiores problemas da comunidade para que isso fosse levado para dentro da 
sala de aula. 
 
Através da ação voluntária é possível exercer essa participação. Atividades nas escolas, hospitais, 
instituições, campanhas sociais, ambientais, enfim, as diversas

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