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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS FILOSOFIA POLÍTICA III PROFESSOR: DENILSON LUIS WERLE ALUNA: CLEÔNIDA LÚCIA PACHECO ESPÍNDULA ATIVIDADE 1-Com base no primeiro capítulo do livro Uma teoria de justiça de John Rawls e no livro texto da disciplina, explique qual o propósito da concepção de justiça como equidade, qual o papel e o objeto dos princípios de justiça, e de que modo Rawls justifica os princípios de justiça. Responsável pelo renascimento da filosofia política, John Rawls por meio de sua obra “Uma teoria da justiça”, reivindica a justiça como requisito e base das instituições em uma sociedade democrática. Sua concepção de justiça se refere às instituições que formam a estrutura básica duma sociedade bem-ordenada. É aquela que decorre dos arranjos sociais, da deliberação coletiva entre cidadãos morais autônomos, livres e iguais. E não da justiça do juiz, por exemplo, que é retributiva, singular, interpessoal etc, A estrutura básica de uma sociedade abarca a constituição política, os principais acordos econômicos e sociais e devem ser conduzidos por meio de uma concepção de justiça social igualitária que de fato promova o bem-estar de todos os integrantes visto que a sociedade é um empreendimento corporativo onde as pessoas se desenvolvem e se auxiliam mutuamente. Segundo Rawls, é na base dessas instituições que ocorre a distribuição de direitos e deveres fundamentais e onde determinam a divisão de vantagens provenientes da cooperação social. Motivo pelo qual tais instituições não devem agir arbitrariamente uma vez que a distribuição precisa ser equânime. Da pluralidade de sujeitos, de ideias adversas e de vários tipos de moral, surgem concepções de justiça opostas entre si e que poderiam ser postas para ordenar uma sociedade, porém, as instituições constituídas de um Estado Democrático não podem ser guiadas por uma concepção de justiça fundada em interesses privados e no poder de pequenos grupos. Razão pela qual, o autor sugere um experimento mental o qual ele chama de posição originária que sob um véu de ignorância as partes integrantes de uma sociedade criariam e justificariam os princípios básicos para o bom-ordenamento de uma sociedade, dado que desse processo resultaria uma concepção de justiça com base no consenso, na razão, na vontade e na imparcialidade humana. Porque nessas condições, ninguém poderia designar princípios para favorecer sua condição particular, visto que não saberia o que exatamente poderia lhe beneficiar ou prejudicar. Pelo fato do ser humano ser movido por egoísmos e não ser bom juiz de si mesmo para formular leis justas que qualquer um desejaria todos precisariam estar em um estado de igualdade no momento de conceber a ‘justa” justiça. Isto é, de decidir os moldes da distribuição de bens materiais e bens oriundos do status social. Bem como do acesso às posições de poder e prestígio. Essa pretensa igualdade estaria presente no momento em que as partes estivessem encobertas pelo véu da ignorância uma vez que nesse momento todos os indivíduos desconheceriam suas posições sociais, seus recursos financeiros, seus talentos, sua cor, sua religião, seu gênero e qualquer outro aspecto inerente a existência humana capaz de levá-los a legislar arbitrariamente e ferir os pressupostos que fomentam o mínimo de bem- estar necessários à vida humana. Nestas condições pressupõe-se que os indivíduos agiriam de modo moral e desinteressado. Sendo exatamente esse o propósito da concepção de justiça como equidade, ou seja, de fornecer as bases de justificação pública nas deliberações de modo que a equidade, o autorrespeito e o respeito mútuo perpassem todas as instâncias públicas. Rawls, a partir da posição originária deriva dois princípios, a saber, liberdade igual e diferença. O primeiro, diz que cada pessoa deve ter um direito igual a mais extensiva liberdade básica compatível com uma liberdade similar para os outros. Ou seja, se um sujeito tiver a liberdade de emitir e defender sua opinião, todos os demais deverão ter. Esse primeiro princípio abarca os direitos civis e políticos e o segundo, o da diferença, os sociais. O segundo, conhecido como princípio da diferença, defende que as desigualdades sociais só seriam justas se as posições privilegiadas da sociedade estiverem disponíveis à todos que preenchem certas condições de talentos e esforços. Não podendo haver nenhum tipo de preconceito em relação a raça, gênero, orientação sexual, classe social ou qualquer outra forma de discriminação. A partir dessa ideia se justifica a própria desigualdade social, visto que todos tiveram as mesmas oportunidades. Um outro aspecto deste segundo princípio diz que diferenças sociais serão aceitas caso beneficiem os cidadãos menos privilegiados. Nesse aspecto, nota-se que a distribuição dos bens materiais não precisa ser idêntica, no entanto, deve ser vantajosa à todos. E o primeiro princípio antecede o segundo, Ou seja, as liberdades fundamentais são tão importantes que se sobrepõem ao aspecto financeiro, ao bem-estar social e a qualquer outro bem que se possa imaginar. Há indícios no pensamento de Rawls que as pessoas iriam querer viver em uma sociedade fundada nesses pressupostos e que as partes envolvidas não poderiam deixar de escolher os dois princípios de justiça mencionados acima. Dado que as pessoas possuem duas características morais fundamentais, isto é, um senso de justiça e uma concepção do bem. Nota-se que o objeto da teoria de Rawls são os princípios de justiça, os quais surgem a partir do consenso entre cidadãos morais autônomos, livres e iguais, e devem ser a base e os pilares da estrutura de uma sociedade. Para tanto, precisam ser universais, reconhecidos e conhecidos publicamente.
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