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ACETOFENONA: OXIDAÇÃO PARA SÍNTESE DO ÁCIDO BENZOICO E CLOROFORMIO Péricles Joaquim Hilário da Cunha Lemos1 1Unidade Acadêmica de Ciências Exatas – Curso de Química – Universidade Federal de Jataí *periclesjk@gmail.com Resumo: O ácido benzoico de formula C7H6O2, é um composto aromático que pertence ao grupo dos ácidos carboxílicos, sendo o mais simples ácido carboxílico aromático. O trabalho proposto aborda a síntese do ácido benzoico a partir da oxidação da acetofenona, obtendo como subproduto o clorofórmio, material importante para a indústria do HCFC e Teflon. A síntese partiu de 12,41g de acetofenona solubilizada em NaOCL 12% e depois tratado com HCl 3M. Calculou-se os rendimentos para os materiais obtidos sendo 34% para o ácido benzoico e 80% para o clorofórmio, foram caracterizados para averiguar o grau de pureza. O ácido benzoico submetido a um teste de fusão e o clorofórmio um teste de solubilidade de I2. Introdução O ácido benzoico de formula C7H6O2, é um composto aromático que pertence o grupo dos ácidos carboxílicos, descoberto no século XVI, sendo o mais simples ácido carboxílico aromático. Solúvel em solventes pouco polares como, benzeno, éteres e álcoois. É naturalmente encontrado em frutas de bagas, em casca de árvores, balsamo e resinas. Tem como aplicação a síntese de resinas alquílicas, conservantes para alimentos, produção de cosméticos e medicamentos principalmente antifúngicos. [1] Pode ser obtido através da oxidação da acetofenona, onde a reação em meio básico com hipoclorito de sódio tem como subproduto o clorofórmio, um solvente amplamente utilizado em sínteses e extrações de compostos orgânicos, como por exemplo sendo precursor do polímero teflon, um antiaderente aplicado em utensílios domésticos. Obtido pela primeira vez em 1831, por Liebig e Souberian, através da ação do cloro em uma solução de álcool etílico e hidróxido de sódio diluída, o clorofórmio, era utilizado como anestésico em procedimentos cirúrgicos em 1847 na Inglaterra.[2] Atualmente o clorofórmio, obtido através da redução do tetracloreto de carbono (CCl4) é empregado na fabricação de ceras, vernizes, agente de limpeza a seco e intermediário de corantes sintéticos e hidroclorofluorcarbonos (HCFC) que são gases para refrigeração. O mecanismo é baseado no ataque de uma base forte aos hidrogênios α a carbonila, como demonstrado na Figura 1, assim é formado uma ligação dupla entre os carbonos α e o da carbonila, sendo estabilizada pela ressonância do oxigênio, formando um íon enolato. [4] A síntese abordada neste trabalho tem o mecanismo representado na Figura 2, onde fez-se necessário a oxidação da acetofenona com hipoclorito de sódio em baixa temperatura para a obtenção do ácido benzoico e do clorofórmio um subproduto de interesse, principalmente em escala industrial. Figura 1: mecanismo para formação do íon enolato. Fonte: Adaptado de [4] Figura 2: mecanismo da síntese do ácido benzoico. Fonte: imagem retirada da internet O íon CCl3 - permanece no meio até que o pH seja corrigido e o íon seja protonado e fique neutralizado e na fase orgânica O objetivo deste trabalho foi a oxidação da acetofenona, para a obtenção do ácido benzoico usando NaOCl. Materiais e Métodos Para a síntese do ácido benzoico utilizou-se 12,41g de acetofenona, 300 mL de NaOCl 12%, 100mL solução de HCl 3M, para o término da síntese 3g de Na2SO3. A caracterização do subproduto clorofórmio foi realizado teste de solubilidade com I2, hexano e diclorometano. Resultados e Discussões Utilizando a acetofenona em uma proporção de 1:6 de NaOCl, onde para que a reação ocorra são necessários 1 mol de OCl- para cada hidrogênio ácido da molécula de acetofenona, solubilizou-se então a acetofenona em NaOCl. A proporção utilizada se fez necessária devido ao controle cinético, onde é necessária mais energia com baixo tempo de reação. Por ser uma reação exotérmica foi utilizado um banho de gelo e mantido em agitação por 30 minutos. O mecanismo da reação é ilustrado na Figura 1. Para que houvesse o fim da reação, adicionou-se Na2SO3, que ao reagir com o NaOCl em excesso, resultou em Na2SO4 após 10 minutos de agitação. Após o fim da reação foi observado a formação de suas fases: aquosa e orgânica. A primeira contendo o ácido benzoico e outra o clorofórmio. Fez-se necessário a separação das fases utilizando um funil de separação. O ácido benzoico estava em sua forma desprotonada por estar em um meio muito básico, por ser insolúvel em meio aquoso, utilizou-se uma solução de HCl 3M, deixando assim o meio ácido o que possibilitou a precipitação do ácido benzoico. Sua separação foi realizada por filtragem a vácuo. Figura 3: protonação do ácido benzoico através do HCl. Fonte: Própria Figura 4: ácido benzoico precipitado após a acidificação do meio. Fonte: Própria Após a primeira filtragem foi realizada uma recristalização em água quente para a eliminação das impurezas. O ácido não se solubilizou completamente, mas esperava-se que suas impurezas sim. O material foi lavado com água fria e novamente filtrado e o sólido recolhido levado para a estufa durante 24 horas para a eliminação da água. Figura 5: ácido benzoico depois de 24 horas secando na estufa. Fonte: Própria Ácido Benzoico Rendimento O rendimento da síntese foi calculado com base no número de mols utilizados de acetofenona e pode ser acompanhado pela Equação 1. Tabela 1: dados para cálculo de rendimento do ácido benzoico Massa obtida Massa molar N° mols % Acetofenona 12,41 120,15 0,1 - Ácido Benzoico 4,2 122,12 0,034 34 0,1 − 100% 0,034 − 𝑥 (1) 𝑥 = 34% O rendimento da síntese foi de 34%, apresentando assim que apenas 1/3 do material foi convertido em ácido benzoico, em Costa 2018, houve uma conversão de 40%. O rendimento pode ter sido causado devido ao sistema utilizado. Optou-se por uma síntese com baixa temperatura e pouco tempo de reação, um controle cinético. Foi escolhido este sistema, para que fosse evitado uma condensação aldólica no meio. Porém um maior tempo de reação poderia ter levado a uma maior formação de ácido benzoico. A adição de Na2SO3 pode ter sido um fator que também atrapalhou na formação do produto desejado, onde uma adição mais tardia não teria encerrado a reação. Outro ponto a ser levado em consideração é a protonação do material, onde um período de 10 minutos não tenha sido suficiente para converter o material que estava ionizado e em estado líquido, para a forma neutra e insolúvel em água, podendo ter sido perdido durante a filtragem. Caracterização A caracterização do ácido benzoico foi realizada através do ponto de fusão. Onde com o auxílio de um capilar, uma pequena amostra foi retirada e levada para o equipamento. Assim verificou-se em qual temperatura o material mudaria de estado físico. O ponto de fusão para o ácido benzoico encontrado na literatura é de 122°C, quando o material foi submetido ao teste, a temperatura na qual o material fundil foi de 124°C indicando um bom índice de pureza para o material, porém ainda sim com presença de impurezas. Clorofórmio Destilação A fase orgânica obtida na separação do ácido benzoico, tem como subproduto o clorofórmio, que apresenta grande importância industrial. Fez-se então uma destilação do material para a obtenção do clorofórmio. O sistema deveria ter sido aquecido até a temperatura de 65°C, pois o clorofórmio tem temperatura de ebulição igual a 61,2°C, porém um vazamento no sistema fez com que a destilação fosse comprometida, tendo assim um aquecimento maior. O vazamento foi corrigido e deu-se início a destilação de forma correta, porém com a temperatura acima do esperado. Figura 6: sistema de destilação utilizado apara o clorofórmio. Fonte: Própria Rendimento O rendimento do clorofórmio também foi calculado, seguindo o mesmo esquema parao ácido benzoico. Através da Tabela 2 pode se observar um rendimento de 80% na formação do subproduto. Entretanto deve ser levado em conta o tempo em que houve vazamento do material e perdendo assim parte do produto. Tabela 2: dados para cálculo de rendimento do clorofórmio Massa obtida Massa molar N° mols % Acetofenona 12,41 120,15 0,1 - Clorofórmio 9,67 119,5 0,08 80 0,1 − 100% 0,08 − 𝑥 (2) 𝑥 = 80% Devido ao vazamento durante a destilação, perdeu-se o controle de temperatura, podendo assim ter sido destilado outros produtos junto ao clorofórmio. Desta forma fez- se necessário um teste de solubilidade para averiguara a formação de clorofórmio. No primeiro teste, em um tudo de ensaio, adicionou-se 1mL: de clorofórmio destilado, água e hexano. Foram formadas três fases como visto na Figura 7 A. Adicionou-se uma pedra de I2 e agitou-se o meio. Foi observado a formação de duas fazes apolares e a solubilização do I2 nelas, Figura 7 B. Figura 7: A: clorofórmio, água e hexano, B: mistura de clorofórmio e hexano com I2 e água. Fonte: Própria (A) (B) Para fim de evidenciar a formação de clorofórmio e não diclorometano, fez-se o mesmo teste desta vez utilizando H2CCl2. No segundo teste foi observado uma maior solubilização do I2, isso devido a menor polaridade do H2CCl2, onde as cargas formais se anulam resultando em µ= 0, assim como o I2. A Figura 8 apresenta a solubilização de I2 em diclorometano. É observável na Figura 8 B, que a mistura de hexano e diclorometano apresenta uma densidade resultante de 0,992 g.cm-3 menor que a água. Com isso pode ser averiguado a formação do clorofórmio como subproduto da síntese. Figura 8: A teste de solubilidade com diclorometano. B mistura com diclorometano e hexano formando duas fases com a água. Fonte: própria. (A) (B) Conclusão A síntese do ácido benzoico foi realizada, obtendo um material com boa pureza apesar de um rendimento menor que o da literatura. A síntese também foi eficaz na produção do clorofórmio com um rendimento de 80%. Os testes de caracterização mostraram a pureza dos materiais sintetizados, com um ponto de fusão de 124°C para o ácido benzoico e teste de solubilidade para o clorofórmio. Referência Bibliográfica [1] CARDOSO. M.: Ácido Benzoico < https://www.infoescola.com/quimica/acido- benzoico/> Acessado em 16/08/2021 [2] Clorofórmio <https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/cloroformio.htm> Acessado em 16/08/2021 [3] VOGEL, A., Vogel’s Textbook of Practical Organic Chemistry, 4a Ed., Editora Longman Scientific & Technical, New York, 1987. [4] CAREY, F. A.; Química Orgânica, 7ª ed., vol. 1 e 2, AMGH Editora Ltda, Porto Alegre, 2011 [5] COSTA, M. D. R. (2018) Preparação do ácido benzoico. Universidade Federal do Ceará, 2018.
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