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INFORMAÇÃO DE BIBLIOTECAS E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

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INFORMATIZAÇÃO
DE BIBLIOTECAS E RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Prof.a Patricia Simone Broch Profa Raffaela Dayane Afonso
Indaial – 2020 1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Patricia Simone Broch
Profª Raffaela Dayane Afonso
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.
 (
B863i
Broch,
 
Patricia
 
Simone
Informatização
 
de
 
bibliotecas
 
e
 
recuperação
 
da
 
informação.
 
/
 
Patricia
 
Simone
 
Broch;
 
Raffaela
 
Dayane
 
Afonso.
 
–
 
Indaial:
 
UNIASSELVI,
 
2020.
170
 
p.;
 
il.
ISBN 978-65-5663-051-9
ISBN Digital 978-65-5663-052-6
1.
 
Informatização.
 
-
 
Brasil.
 
I.
 
Afonso,
 
Raffaela
 
Dayane.
 
II.
 
Centro
 
Universitário
 
Leonardo Da Vinci.
CDD 020
)
Impresso por:
APRESENTAÇÃO	
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao livro Informatização de Bibliotecas e Recuperação da Informação. Neste livro, serão abordados temas como a história da informatização das bibliotecas no Brasil e no mundo, planejamento e informatização de bibliotecas e a recuperação da informação.
Na primeira unidade, abordaremos alguns conceitos de informatização, aspectos históricos da informatização e formação dos acervos das bibliotecas no Brasil e no mundo. Será possível conhecer a importância do formato Marc dentro da informatização. Contemplaremos o processo de formação das bibliotecas universitárias no Brasil e alguns fatores ligados aos processos de informatização de seus acervos, além da importância da informatização das bibliotecas dentro dos processos avaliativos das instituições de ensino superior.
Na segunda unidade, abordaremos a importância do planejamento no processo de informatização de uma biblioteca, os aspectos a serem considerados em um projeto e a preparação do acervo da biblioteca para que o projeto seja implementado. Veremos na sequência o processo de avaliação de softwares, metodologias de avaliação e os critérios a serem considerados e avaliados na construção de uma metodologia própria. Para finalizar, abordaremos alguns aspectos de arquitetura da informação em softwares, para que adquiram maior conhecimento no processo de avaliação e aquisição de um software para bibliotecas.
Na terceira unidade, apresentaremos alguns conceitos de Recuperação da Informação, os sistemas de recuperação da informação e estratégias de buscas. Conheceremos alguns modelos de recuperação da informação e suas aplicabilidades, além de indicadores de avaliação na recuperação da informação, a importância dos motores de busca atualmente e a folksonomia no âmbito da recuperação da informação.
Esperamos que os conteúdos abordados, juntamente às leituras e às atividades extras sugeridas, estimulem sua leitura e que o livro de estudos seja relevante em sua aprendizagem e formação profissional, incentivando a sua constante atualização nesse universo da informação.
Bons estudos!
Profª Patricia Simone Broch Profª Raffaela Dayane Afonso
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enflm, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.
Bons estudos!
 (
Olá,
 
acadêmico!
 
Iniciamos
 
agora
 
mais
 
uma
 
disciplina
 
e
 
com
 
ela
 
um
 
novo
 
conhecimento.
Com
 
o
 
objetivo
 
de
 
enriquecer
 
seu
 
conhecimento,
 
construímos,
 
além
 
do
 
livro
 
que está
 
em
 
suas
 
mãos,
 
uma
 
rica
 
trilha
 
de
 
aprendizagem,
 
por
 
meio
 
dela
 
você
terá
 
contato
 
com
 
o
 
vídeo
 
da
 
disciplina,
 
o
 
objeto
 
de
 
aprendizagem,
 
materiais
 
complemen-
 
tares,
 
entre
 
outros,
 
todos
 
pensados
 
e
 
construídos
 
na
 
intenção
 
de
 
auxiliar
 
seu
 
crescimento.
Acesse
 
o
 
QR
 
Code,
 
que
 
levará
 
ao
 
AVA,
 
e
 
veja
 
as
 
novidades
 
que
 
preparamos
 
para
 
seu
 
estudo.
 
Conte
 
conosco, estaremos
 
juntos nesta caminhada!
)
 (
S
UMÁRIO
)
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS	1
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA	3
INTRODUÇÃO	3
AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS	4
ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS	6
FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL: SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSO DE INFORMATIZAÇÃO	9
BIBLIOTECAS RELIGIOSAS E PARTICULARES	10
BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA	11
BIBLIOTECA NACIONAL	12
INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO BRASIL	15
RESUMO DO TÓPICO 1	19
AUTOATIVIDADE	20
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL	21
INTRODUÇÃO	21
FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL	22
INFORMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL	25
FORMATO MARC E SUA IMPORTÂNCIA NOS PROCESSOS DE INFORMATIZAÇÃO	29
RESUMO DO TÓPICO 2	32
AUTOATIVIDADE	33
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO	35
INTRODUÇÃO	35
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS DO INEP	36
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NAS AVALIÇÕES DOS CURSOS DE
GRADUAÇÃO	41
LEITURA COMPLEMENTAR	49
RESUMO DO TÓPICO 3	55
AUTOATIVIDADE	56
UNIDADE 2 — PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS	57
TÓPICO 1 — PLANEJAR PARA INFORMATIZAR	59
INTRODUÇÃO	59
PLANEJAMENTO PARA INFORMATIZAÇÃO	59
RESUMO DO TÓPICO 1	67
AUTOATIVIDADE	68
TÓPICO 2 — AVALIAÇÃO DE SOFTWARES PARA INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS	69
1 INTRODUÇÃO	69
SOFTWARES	69
SOFTWARES E SUAS LICENÇAS	70
METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE SOFTWARES POR CRITÉRIOS	72
REQUISITOS ESPECÍFICOS	73
REQUISITOS GERAIS	77
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE SOFTWARE BASEADA EM NOTAS	78
RESUMO DO TÓPICO 2	85
AUTOATIVIDADE	86
TÓPICO 3 — ASPECTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO EM SOFTWARES DE BIBLIOTECAS	87
INTRODUÇÃO	87
ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO	89
ELEMENTOS DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO	92
A ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO	95
LEITURA COMPLEMENTAR	99
RESUMO DO TÓPICO 3	108
AUTOATIVIDADE	109
UNIDADE 3 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	111
TÓPICO 1 — RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	113
INTRODUÇÃO	113
RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	114
SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	116
ESTRATÉGIA DE BUSCAS	118
RESUMO DO TÓPICO 1	121
AUTOATIVIDADE	122
TÓPICO 2 — MODELOS DE RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	123
INTRODUÇÃO	123
MODELOS CLÁSSICOS OU QUANTITATIVOS	124
MODELO BOOLEANO	124
Operadores booleanos	125
Operadores de proximidade	127
MODELO VETORIAL	127
Sistema SMART	129
MODELO PROBABILÍSTICO	130
MODELO FUZZI	131
MODELOS DINÂMICOS	132
SISTEMAS ESPECIALISTAS	133
REDES NEURAIS ARTIFICIAIS	134
RESUMO DO TÓPICO 2	136
AUTOATIVIDADE	137
TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	139
INTRODUÇÃO	139
ASPECTOS DA AVALIAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	140
RELEVÂNCIA	140
PRECISÃO E REVOCAÇÃO	142
EXAUSTIVIDADE E SELETIVIDADE	143
SILÊNCIO E RUÍDO	144
MOTORES DE BUSCAS	145
FOLKSONOMIA NA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO	149
LEITURA COMPLEMENTAR	153
RESUMO DO TÓPICO 3	159
AUTOATIVIDADE	160
REFERÊNCIAS161
 (
—
)UNIDADE 1
INFORMATIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
· conceituar a automação e a informatização de bibliotecas;
· compreender a importância do processo de informatização;
· compreender como a informatização das bibliotecas contribuiu para a disseminação do conhecimento;
· conhecer a história da informatização das bibliotecas no mundo;
· conhecer a história da informatização das bibliotecas no Brasil;
· entender a importância da informatização nas bibliotecas universitárias;
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
 (
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos
 
em
 
frente!
 
Procure
 
um
 
ambiente
 
que
 
facilite
 
a
 
concentração,
 
assim
 
absorverá
 
melhor
 
as
 
informações.
)TÓPICO 1 – INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA TÓPICO 2 – FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO
 (
74
)
 (
—
) (
TÓPICO
 
1
INFORMATIZAÇÃO:
 
CONCEITOS
 
E
 
HISTÓRIA
UNIDADE
 
1
)1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos séculos, bibliotecas passaram por grandes transformações, e cada uma, ao seu tempo, transformou o modo como a humanidade teve acesso às informações. Na antiguidade, o armazenamento das informações se dava por meio de papiros e pergaminhos. Na Idade Média, as bibliotecas dos mosteiros e das instituições religiosas contribuíram como depositárias do conhecimento e disseminadoras de obras, mesmo que um único livro levasse anos para ser copiado. A igreja católica, na pessoa do Papa Nicolau V, criou, no Renascimento, a Biblioteca do Vaticano, que sobreviveu, ao longo dos tempos, a inúmeras guerras e conflitos mundiais. Pouco antes do período, originaram-se as bibliotecas universitárias na Europa, derivadas, em sua maioria, de ordens eclesiásticas, que, em seus moldes, é o que mais se assemelha às bibliotecas atuais, como espaço dedicado ao saber, disseminação do conhecimento e acesso democrático (BATTLES, 2003).
As bibliotecas nacionais de diversos países que, em sua maioria, tiveram coleções oriundas das famílias reais, com seus vastos catálogos, reúnem a produção intelectual do seu país (BATTLES, 2003). Para o autor, cada biblioteca, dentro do seu período histórico, contribuiu com suas particularidades e inovações, como a maneira como preparar o pergaminho para receber as escritas, a invenção da prensa por Gutemberg, os catálogos das bibliotecas nacionais e como as informações eram armazenadas, distribuídas e preservadas, acompanhando as inovações tecnológicas da época.
As bibliotecas universitárias, muitas vezes, foram formadas a partir das escolas religiosas, que se transformaram em universidades. As bibliotecas, no século XX, passaram por transformações ainda mais significantes. Com a chegada dos computadores nas bibliotecas, novas possibilidades foram descobertas ou inventadas.
Nesta unidade, será apresentada uma parte dessa transformação, a história da formação das bibliotecas no Brasil e a história da automação e informatização das bibliotecas no Brasil e no mundo. Esse contexto histórico se faz necessário para compreender como a evolução histórica das bibliotecas está interligada com a evolução tecnológica empregada ao longo dos séculos.
Para começar, apresentaremos conceitos de informatização de bibliotecas, para que você, aluno, comece a se familiarizar com o tema.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
2 AUTOMAÇÃO E INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS
Para iniciar, é importante ressaltar que automação e informatização de bibliotecas são processos que, para alguns autores, sãosinônimos, estão interligados e, para outros, são processos que se distinguem, mas se complementam. O objetivo deste capítulo não é aprofundar essa diferença de opiniões, e sim contribuir para que você entenda os conceitos envolvidos no processo.
Importante perceber que os conceitos se complementam, segundo Cunha e Cavalcanti (2008). O Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia apresenta os conceitos:
· Automação: método de comando automático; método que analisa, organiza ou dirige os meios de produção, visando à utilização máxima de todos os recursos produtivos, mecânicos, materiais e humanos.
· Automatização: introdução, numa máquina, de um método ou sistema que lhe permita ser autocontrolável e autocomandável, sem a interação humana. Transformação de um método, de um processo ou de uma instalação com o objetivo de torná-lo automático.
· Automação de bibliotecas: utilização da informática, visando modernizar e aperfeiçoar as rotinas, produtos e serviços de uma biblioteca.
· Automação integrada de bibliotecas: automação de bibliotecas num único sistema, com integração das atividades relacionadas com aquisição, processamento técnico e referência.
· Programa de automação de bibliotecas: termo genérico relativo a um programa de computador que realiza a automação de um setor ou vários setores de uma biblioteca.
· Mecanização: utilização de máquinas para controle de um processamento.
Para Barssotti (1990), automação de biblioteca se refere aos processos técnicos da biblioteca, como aquisição, catálogos e índices, e a circulação de acervo. Na mesma época, Rowley (2002) justificava a importância da informatização, ressaltando:
· Importância da adoção de computadores para diminuição de tarefas repetitivas, possibilitando o uso desses dados repetidamente, sem a necessidade de uma nova inclusão a cada registro.
· Diminuição de custos na operacionalização de tarefas
· Possibilidade de fornecer novos serviços aos usuários.
· Controle dos processos gerenciais para rápida tomada de decisão.
A automação de bibliotecas deve ser pensada sempre da forma mais ampla possível, usar as novas ferramentas para que máquinas (equipamentos ou softwares) realizem as tarefas de seres humanos. Usar a tecnologia para realizar serviços básicos de catalogação, atendimento remoto, recuperação de dados em
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
bases remotas por meio de metabuscas, gestão de funcionários, controle de uso de equipamentos e permissão de acessos físicos ou remotos, isto é, qualquer serviço prestado pela biblioteca de maneira física ou remota (VIANA, 2016).
O termo automação é a soma de diferentes ferramentas e diferentes utilizações de equipamentos de processamento eletrônico de dados em atividades ligadas à administração de bibliotecas, centros de administração, serviços de informação e órgãos similares (DUTRA; OHIRA, 2004).
Conforme Santos (2008, p. 13), o processo de automação representa a escolha de uma ferramenta para implementar processos automáticos para comandar e controlar as ações de bibliotecas; ações antes desenvolvidas por humanos, que a partir da implantação, passam a serem controladas de maneira mais eficaz. Assim, organizando as informações de modo que se tornem legíveis ao homem.
Como consequência, para Ribeiro (2019), teoricamente, espera-se que os profissionais da biblioteca poupem o seu tempo na realização de tarefas, otimizem processos, atendam demandas de maneira ágil e em quantidade, e tornem o processo de organização da informação mais interativo. Na outra ponta, estão os usuários que, a partir da automação, almejam um atendimento eficaz e em um curto espaço de tempo, que encontrem suas respostas no uso dos sistemas de forma prática e realizem empréstimos e devoluções de maneira dinâmica.
Ao se falar em informatização de bibliotecas, é importante ressaltar que os diferentes sistemas precisam se comunicar entre si, bibliotecas, arquivos, museus precisam falar a mesma linguagem. Isso se define como interoperabilidade:
Pode-se compreender interoperabilidade como a propriedade de sistemas diferentes (por exemplo: sistemas de gestão de bibliotecas digitais, instrumentos de pesquisa arquivísticos automatizados, sistemas de gestão de acervos museológicos), através de padrões tecnológicos, acordos ou propostas, capazes de operar em conjunto,visando à execução de uma tarefa (MARCONDES, 2016, p. 68).
Nas bibliotecas, a automação surgiu para facilitar, uniformizar e reduzir o tempo de trabalho, atender melhor às necessidades de seus usuários, gerando um grande avanço no campo. Os processos de automação (ou mecanização) das bibliotecas foram diretamente influenciados pelas inovações surgidas ao longo da história.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
3 ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
A informatização nas bibliotecas teve duas fases bem distintas: automação mecânica e automação da informação. A primeira se referia à organização física, à mecanização das operações, e em como disponibilizar os dados dos catálogos. Podemos citar o catálogo de fichas datilografadas, os arquivos automatizados, fitas e cartões perfurados.
Os catálogos de fichas, uma evolução no século XIX, eram de fácil manuseio e muito mais práticos do que os feitos em livros, permitiam rápida inclusão ou retirada de uma ficha catalográfica, com a vantagem de serem facilmente duplicáveis. Uma invenção do século XVII, de Jean-Baptise Falcon e Basile Bouchon, os cartões perfurados eram utilizados para controlar teares têxteis na França do século XVIII, foram repensados por Herman Hollerith como mecanismo para processar dados para o censo populacional de 1890 americano.
FIGURA 1 – CARTÃO PERFURADO IBM
FONTE: <https://www.ativasoft.com.br/blog/historia-do-armazenamento/>. Acesso em: 26 jun.
2020.
Em 1928, a International Business Machines adotou o cartão retangular de 80 colunas para armazenamento de dados, mas, somente em 1950, com a expansão dos computadores eletrônicos, foram aperfeiçoados e desenvolvidos para armazenar dados. São cartões que, pela presença, ou pela falta de furos em uma sequência lógica, representam informações diagramadas e eram perfurados a mão ou por máquinas (VIANA, 2016).
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
FIGURA 2 – SALA PARA PERFURAÇÃO DE CARTÕES
FONTE: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=435228&view=deta- lhes>. Acesso em: 26 jun. 2020.
Um dos grandes responsáveis por pensar a informação nos moldes de hoje foi Vannevar Bush, engenheiro, matemático, consultor do governo, que alertou para a importância do acesso à informação e, no seu relatório intitulado Ciência, A Fronteira Sem Fim, de 1945, que ainda hoje tem influência nos modos como a informação é pensada e disponibilizada, relatava que o foco escolhido foi como os avanços da pesquisa poderiam vir a modificar a forma de se pensar e organizar o conhecimento (CRUZ, 2011).
É importante salientar que as preocupações de Bush ocorreram no período durante o pós-Segunda Guerra Mundial. Ter acesso rápido às informações e interligá-las eram fatores decisivos nos cenários político e econômico da época.
A máquina Memex (MeMory EXTenden) era composta por um sistema hipertextual multimídia que armazenava grandes volumes de documentos textuais, imagens, fotos e gráficos microfilmados. O mecanismo permitia a visualização simultânea de documentos em duas telas, ainda, permitia a opção de modificá-los ou inserir informações e, principalmente, a possibilidade de criar “links” entre os documentos (CRUZ, 2011).
Bush analisava como o modo de pensar seria alterado se o homem pudesse ter acesso rápido às informações criadas pela humanidade e, acima de tudo, interligá-las. Essas ligações foram definidas, por ele, como “Memex”. Seria um sistema que permitiria, a um indivíduo, armazenar livros, registros, comunicações, resultado de suas pesquisas, permitindo a indexação pelos assuntos de forma a serem recuperados para futuras consultas de maneira automatizada, podendo fazer conexões entre os termos consultados.
Para Bush, a maior parte dos sistemas de indexação e organização de informações em uso na comunidade científica é artificial. Cada item é classificado apenas sob uma única rubrica, e a ordenação é puramente hierárquica (classes, subclasses etc.). A mente humana não funciona dessa forma, mas sim através de associações. Ela pula de uma representação para outra ao longo de uma rede intrincada, desenha trilhas que se bifurcam, tece uma trama infinitamente mais complicada do que os bancos de dados de hoje ou os sistemas de informação de fichas perfuradas existentes em 1945 (LÉVY, 2011, p. 28).
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
As ideias de Bush encontraram simpatia em Douglas Engelbart. Além de criar o mouse, possibilitando comandos por meio de cliques, participou da idealização e construção da Arpanet, rede de computadores que precedeu a Internet, nos moldes como conhecemos hoje. Seu projeto foi apoiado pelo governo americano por volta de 1960, e tinha, como objetivo, desenvolver bases de dados para uma inteligência aumentada, que permitisse a interação entre o homem e computador.
Segundo Rodrigues (2009), nos Estados Unidos, a automação da Biblioteca do Congresso Americano (Library of Congress) foi iniciada como solução para problemas de procedimentos técnicos, como o controle de empréstimos de acervo. O uso dos cartões perfurados manualmente, além da grande possibilidade de erro, também era um processo moroso e pouco eficiente, pois não oferecia, de maneira rápida, um relatório de empréstimo de acervo, assim, o primeiro setor a ser automatizado foi o de empréstimos.
A automação não resolveu todos os problemas, pois o processamento era,
de início, off-line:
Os primeiros serviços eram off-line, isto é, o processamento não era feito através de conexão direta como computador. As fichas perfuradas eram guardadas e, a certas horas, geralmente em horas disponíveis no centro de computação, era feito o processamento “batch processing”. Cedo, entretanto, começaram os serviços "on-line", como os da West Sussex County, Library, na Inglaterra, que iniciou, há muitos anos, o uso de um terminal ligado diretamente ao centro de processamento (LIMA, 1981, p. 54).
É importante ressaltar, seja em que tempo for, que a automação de serviços permite que o bibliotecário priorize o usuário, dedicando seu tempo a outras atividades, como o serviço de referência ou ações culturais e sociais. Se, no início desse processo, a informatização foi imposta por circunstâncias institucionais, hoje, não se concebe mais uma biblioteca de grande porte sem um sistema atualizado e corretamente alimentado:
Em 1966, na " Conference on Computer Applications for Public Libraries", Mr. Leslíe Wilson, diretor da Aslib, declarou que, frequentemente, o bibliotecário recebia, de seus superiores hierárquicos, a seguinte sugestão: “Temos, agora, um computador; é preciso usá-Io de qualquer maneira”, levando essa determinação à ideia da automação como solução única de todos os problemas biblioteconômicos (LIMA, 1981, p. 53).
Ideias como a citada se permearam ao longo das décadas, construindo uma falsa ilusão de que a automatização, informatização de sistemas e o aprimoramento de softwares são suficientes para substituir o profissional qualificado e a interação humana. Ao analisarmos as expectativas dos usuários, percebemos que, na sua essência, não mudaram, se comparadas às exigências atuais:
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
Os leitores esperam, hoje, muito mais da biblioteca. Os serviços de circulação consideravam, inicialmente, como objetivo principal, a segurança do material emprestado. Depois, a ênfase passou à rapidez do atendimento e ao acesso livre às coleções. Hoje, os usuários pedem mais: eles esperam que a biblioteca lhes proporcione, com rapidez e eficiência, material útil as suas pesquisas e projetos em estudo, mesmo que esses documentos ainda não estejam incorporados ao seu acervo (LIMA, 1981, p. 54).
As mudanças ocorridas na maneira como a informação foi pensada, após 1950, culminam na construção de sistemas de informações que, posteriormente, foram aprimorados ou serviram de base para softwares que permitiram a informatização de bibliotecas e centros de pesquisa em todo mundo.
4 FORMAÇÃO	DAS	BIBLIOTECAS	NO	BRASIL:	SUA IMPORTÂNCIA NO PROCESSODE INFORMATIZAÇÃO
Registros sobre bibliotecas e acervos literários no Brasil, anteriores à metade do século XVI, são raros, são escassos e pesquisas científicas publicadas também. Presume-se que a presença de livros estava restrita aos religiosos, magistrados e profissionais alfabetizados, como os advogados, para exercício dos seus ofícios.
Ao analisarmos alguns aspectos da história das bibliotecas no Brasil, da Colônia à República, fica claro o atraso se comparado a outros países. Evidente que a tardia colonização e a política de exploração portuguesa foram fatores preponderantes do processo, e as bibliotecas ficaram à margem de todo e qualquer desenvolvimento cultural e tecnológico.
A proibição, pela coroa portuguesa, da criação de uma gráfica no Brasil,
contribuiu para o atraso da chegada dos livros.
As bibliotecas, no Brasil, começaram a ser criadas com a chegada das ordens religiosas, no período colonial, com a instalação dos mosteiros e conventos, isso a partir de 1549, com a instalação do Governo Geral em Salvador. Assim, houve a implantação oficial do sistema de ensino no Brasil, além da necessidade de livros para instrução de alunos e mestres, que levou ao surgimento das bibliotecas nas ordens religiosas.
Para Nunes (2016), a história das bibliotecas no Brasil passa por três fases: a implantação das bibliotecas religiosas e particulares, fundação da Biblioteca Nacional, e a criação da Biblioteca Pública da Bahia
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
4.1 BIBLIOTECAS RELIGIOSAS E PARTICULARES
Devido à proibição da coroa portuguesa de instalar uma tipografia no Brasil e à censura da Inquisição Católica, os livros eram escassos. Os primeiros acervos pertenciam e ficavam restritos aos religiosos.
As bibliotecas religiosas e particulares foram a base das bibliotecas brasileiras, começaram a ser criadas com a chegada das ordens religiosas, no período colonial, com a instalação dos mosteiros e conventos, a partir de 1549, com a instalação do Governo Geral em Salvador. Então, houve a implantação do sistema de ensino no Brasil, além da necessidade de livros para instrução de alunos e mestres (SANTOS, 2010).
Em 1598, foi fundado, em São Paulo, o Mosteiro de São Bento, e, na mesma data, a Biblioteca do Mosteiro. Seu acervo é composto por obras do século XIV em diante, e atende, além dos monges, alunos e funcionários do Mosteiro e da Faculdade São Bento, num espaço de 666m². Ainda, conta com mais de 115.000 volumes. Seu catálogo ainda se encontra em fichas feitas à mão, datilografadas, armazenadas num móvel de madeira.
A Biblioteca do Mosteiro permaneceu à margem das inovações desde a sua criação. Seu catálogo inicial era feito nos tradicionais livros, anotados na sequência que chegavam à biblioteca. Não há informações de quando essa transferência de catálogo foi realizada.
A única inovação que o acervo recebeu foi o catálogo ter migrado para o sistema de fichas. Cada ficha foi redigida manualmente, com as remissivas necessárias, arquivadas em um móvel com inúmeras gavetas. Não há informações exatas de quando esse processo ocorreu. No entanto, deve-se observar que o acervo é fechado, de acesso restrito, somente os integrantes da ordem religiosa têm acesso, além de poucas pessoas autorizadas. A falta de qualquer tipo de informatização do acervo o torna de difícil consulta para seus usuários, e sendo o acesso restrito aos membros, impossibilita que suas obras, de conteúdo raro, sejam disseminadas e compartilhadas mesmo dentro da ordem religiosa.
Segundo Santos (2010), na Bahia, instalaram-se as principais ordens religiosas, todas possuíam bibliotecas e importantes acervos para a época:
· Companhia de Jesus (1549);
· Convento de São Bento (1575);
· Convento do Carmo (1586);
· Convento das Mercês (1654);
· Convento de Santa Clara do Desterro (1667);
· Convento do São Francisco (1686);
· Convento da Soledade (1735);
· Convento da Conceição da Lapa (1744).
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
FIGURA 3 – BIBLIOTECA DO MOSTEIRO DE SÃO BENTO
FONTE: https://www.revistaprosaversoearte.com/biblioteca-mais-antiga-de-sao-paulo-no-mos- teiro-de-sao-bento/. Acesso em: 2 jul. 2020.
4.2 BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA
Foi fundada em 13 maio de 1811, aniversário de D. João VI, pela iniciativa de um grupo de homens cultos, ligados a grupos maçônicos. Seu acervo inicial foi composto pelo empréstimo de quatro mil obras pertencentes ao Conde dos Arcos, sendo que este retirou o seu acervo na mudança da biblioteca para o novo prédio. Foi a primeira biblioteca pública do Brasil e da América Latina, sendo grande fonte de pesquisa de documentos históricos.
FIGURA 4 – BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAHIA - PRÉDIO PARCIALMENTE DESTRUÍDO PELO BOMBARDEIO SOFRIDO EM 1912
FONTE: http://www.salvador-antiga.com/centro-historico/biblioteca.htm. Acesso em: 2 jul.
2020.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
No ano de 1925, o acervo passa por sua primeira mecanização:
Catalogam-se 14.642 obras conforme os moldes da Biblioteca Nacional, utilizando-se fichas organizadas alfabeticamente por autor e por assunto, destinadas ao manuseio do próprio usuário. A catalogação adotada dá bons resultados, possibilitando, ao leitor, acesso às obras desejadas [...] (BAHIA, 2011, p. 101).
Em 1931, a direção estabelece que a “organização dos catálogos deveria observar as regras universais de bibliografia, e que deveria haver uma uniformidade dos serviços entre as bibliotecas. Ainda, os catálogos sistemáticos deveriam abranger todo o acervo, estar atualizados com as aquisições recentes, e disponíveis ao público” (BAHIA, 2011, p. 101).
Em 1943, o diretor nomeado Oswaldo Imbassahy da Silva, bacharel em Direito, para a direção da Biblioteca Pública, após um breve curso na Biblioteca Nacional, estabelece que a partir daquele ano seria adotada a Classificação Decimal de Dewey (CDD). Ressalta-se que a biblioteca passa a se espelhar nas normas da Biblioteca Nacional, o que reflete na padronização de assuntos e entradas no acervo. Essa padronização é um dos requisitos fundamentais para que o catálogo de acervo passe pelo processo de informatização.
 (
A
 
Biblioteca
 
Central
 
do
 
Estado
 
da
 
Bahia
 
é
 
a
 
mais
 
antiga
 
da
 
América
 
Latina
 
e
 
primeira
 
biblioteca
 
pública
 
do
 
Brasil.
 
Sua
 
história
 
é
 
marcada
 
por
 
bombardeios
 
em
 
1912
 
e perda de livros raros. Descubra um pouco mais dessa história no link 
https://albenisio.
 
word
press.com/2018/05/13/bibliotecapublica/.
)Atualmente, a Biblioteca Pública da Bahia disponibiliza a consulta de seu acervo por meio do software Pergamum. Seu site está hospedado na página oficial do governo do estado da Bahia.
4.3 BIBLIOTECA NACIONAL
A chegada da família real portuguesa em 1808, ao Rio de Janeiro, marca um período importante, no entanto, o acervo da Real Biblioteca, que continha mais de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, estampas, mapas, moedas e medalhas, não chegou na sua totalidade ao Brasil com a família imperial no momento do seu desembarque. Apenas em 1811, parte do acervo dessa biblioteca e da Biblioteca d’Ajuda desembarcou em nossas terras, em dois lotes diferentes. De sua fundação até 1814, o acesso era restrito aos membros da família real, e estudiosos, sob
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
restrito consentimento real. Somente a partir de 1814, foi permitido o acesso ao público, quando a biblioteca ocupava o prédio do hospital da Ordem Terceira do Carmo (NUNES; CARVALHO, 2016).
No ano de 1822, passa a ser denominada Biblioteca Imperial e Pública e, em 1825, é formalizada a aquisição dos exemplares trazidos pela coroa portuguesa. Em 1858, é transferida para o prédio na Rua do Passeio e, somente após a Proclamação da República, em 1889, passa a ser denominada Biblioteca Nacional (BN). É transferida para seu prédio definitivo em 1910 (CUNHA; CAVALCANTI, 2008).
FIGURA 5 – BIBLIOTECA NACIONAL - PRÉDIO CONSTRUÍDO ENTRE 1905 A 1910, NO RIO DE JANEIRO
FONTE: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon1231184/icon1231184.jpg.Acesso em: 2 jul. 2020.
A Biblioteca Nacional está entre as dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. Seu acervo atual é estimado em 10 milhões de obras. Considerada referência no país na preservação de acervos, possui laboratórios de restauração e conservação de papel, oficina de encadernação, centro de microfilmagem, fotografia e digitalização.
A Biblioteca Nacional, ao longo da sua história, disponibilizou inúmeros catálogos de suas coleções, contudo, uma vez impressos, não permitiam alterações ou inclusões. Em curto prazo, tornava-se clara a necessidade de reescrever os catálogos, devido a novas aquisições no acervo. Assim, em meados do século XIX, foi estabelecido o uso de fichas catalográficas. O diretor na época enfatiza que:
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
[...] O catálogo por cartões pode e será alterado e aumentado indefinidamente todos os dias com os cartões referentes às aquisições diárias, mas como fazer esses acréscimos em um catálogo impresso, sem torná-lo imprestável ao fim de um ou dois anos? Ademais, essas emendas se fariam no exemplar da Biblioteca, mas como passá-las aos que fossem fornecidos aos particulares? (BETTENCOURT, 2014, p. 97).
A data exata do início desse processo não é conhecida, contudo, no relatório da Biblioteca Nacional de 1898, é relatado que a encadernação mecânica dos cartões do catálogo alfabético vinha sendo feita há 23 anos.
Assim, considerando o ano de 1876 como o início da adoção dos catálogos em fichas como instrumento para a representação da informação na Biblioteca Nacional, sua utilização certamente perdurou por mais de 120 anos. Inicialmente manuscritas, as fichas passaram a ser datilografadas, em seguida, impressas e, por último, eletrônicas (BETTENCOURT, 2014, p. 97).
Em 1945, a Biblioteca Nacional, em parceria com a ALA (American Library Association), recebe um consultor da Library Congress. A partir desse momento, adota novos padrões de catalogação. Baseado na Classificação de Dewey, grande parte da coleção foi catalogada novamente e se iniciou o registro patrimonial do acervo, adotando-se, a partir desse momento, normas e princípios adotados internacionalmente.
É importante destacar que esse processo se tornou fundamental para a informatização dos catálogos, pois possibilitou a padronização no registro de autores, títulos, cidades e demais dados das obras catalogadas, além da futura utilização do código MARC.
Apesar das inúmeras reorganizações e reformas impetradas na Biblioteca Nacional, tornava-se evidente que os esforços eram insuficientes para atingir o objetivo, que era levar, ao público, um catálogo com a totalidade das obras da instituição. No fim da década de 1960, encontravam-se, aproximadamente, 500 mil obras inseridas no catálogo. Esse fato tornava a necessidade de informatizar a Biblioteca Nacional cada vez mais evidente e necessária (BETTENCOURT, 2014).
Com a implantação de grupos de estudos para discutir a informatização da instituição, a história da informatização da Biblioteca Nacional passa a ser a base da história da informatização das bibliotecas brasileiras.
A informatização da Biblioteca Nacional começou a ser discutida, de fato, na década de 1970, quando começaram os primeiros debates de qual seria o modelo adotado pela instituição. O pioneirismo da Biblioteca Nacional foi fundamental para a informatização das bibliotecas no Brasil, e sua trajetória se funde à história da informatização no país, não sendo possível essa separação, tamanha foi a importância, além influência nas demais bibliotecas, pois tornou- se um modelo a ser seguido, principalmente, pelas bibliotecas universitárias brasileiras.
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
FIGURA 6 – BIBLIOTECA NACIONAL - ARMAZÉNS PRINCIPAIS
FONTE: <https://www.bn.gov.br/visite/espacos/armazens>. Acesso em: 26 jun. 2020.
5 INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS NO BRASIL
A informatização das bibliotecas no Brasil começou a tomar forma a partir da década de 1980. Contudo, no artigo de Manoel A. Wanderley, de 1973, ele expressava sua preocupação de adaptar as opções que as empresas de computadores ofereciam para atender às futuras demandas da Biblioteca Nacional. Foram relacionadas cinco opções disponíveis à época, apresentado os prós e contras de cada opção, concluindo que a escolha de uma das opções ocasionaria um trabalho conjunto de analistas e bibliotecários.
Fixadas, destarte, a largos traços, algumas das opções obrigatórias no projeto de reforma dos serviços da instituição, e de sua eventual automação, tendo em vista que a escolha de uma resultará do estudo detido de cada qual, a implicar o trabalho conjunto de analistas e bibliotecários, e a ser encetado como o primeiro passo da sequência clássica de eventos que demarcam o desenvolvimento de qualquer sistema (WANDERLEY, 1973, p. 3).
Apesar das preocupações expostas, e ressaltada a importância de uma equipe multidisciplinar como fonte para uma construção que partilhe vários pontos de vista, na prática, artigos da época relatam as dificuldades de integração de profissionais com diferentes formações.
No início do processo de informatização das bibliotecas brasileiras, havia a preocupação quanto à ausência de integração dos profissionais de biblioteconomia e da computação. Cada área atuava de forma isolada, não ocorrendo, salvo raras exceções, a troca de conhecimento, gerando a ausência de projetos integrados.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Um outro problema que sentimos quanto a essas experiências é o isolamento em que se realizam e se desenvolvem. Isso parece ser devido, principalmente, a certa timidez do profissional de informação quanto ao seu papel no processo. Ele parece subestimar esse papel, ou por desinformação ou por falta de treinamento, julgando ser o trabalho do profissional de computação o mais importante, no caso. A computação, repito, é apenas um instrumento, embora poderoso e temido. Na automação dos sistemas de informação, o papel do profissional de informação é, evidentemente, o mais importante, porque dele depende a parte substantiva desses sistemas (DIAS, 1980, p. 94).
Em 1972, a Biblioteca Nacional começou a planejar sua adesão ao formato CALCO (Catalogação Legível por Computadores), por meio de um convênio MEC/CNPQ, passou a desenvolver e aprimorar esse sistema no Brasil. No ano de 1977, lançou o Manual de Preenchimento, em 1978, promoveu a adaptação para se tornar compatível com o formato UNIMARC (MARC universal) e atualizou os manuais já lançados. A partir de então, a Fundação Getúlio Vargas assumiu o desenvolvimento e a operacionalização do programa. Assim, desenvolveu-se o BIBLIODATA/CALCO (ARONOVICH; ALVES; DIAS, 1985).
Segundo Aronovich, Alves e Dias (1985), somente em 1982, a Biblioteca Nacional deixou de usar o sistema de cartões perfurados e passou a integrar o sistema BIBLIODATA. Funcionários foram contratados e treinados para fazer o preenchimento de planilhas e catalogação pelo AACR2. Em 1984, a instituição já era a primeira em títulos catalogados, com 28.845 registros até agosto daquele ano.
Ainda, a adoção do sistema BIBLIODATA/CALCO gerou novos produtos e benefícios imediatos à instituição, como:
· fichas catalográficas e desdobramentos;
· fichas topográficas;
· etiquetas de identificação de obras;
· cabeçalhos de assunto (disponíveis em fichas e microfichas);
· microfichas das obras cadastradas no sistema (ordenação alfabética de entrada,
de periodicidade mensal);
· relatório semanal das obras cadastradas (complementando a emissão mensal
das microfichas);
· conversão, para o formato CALCO, das fitas magnéticas recebidas da Biblioteca
do Congresso dos EUA;
· relatório semanal das obras em processamento técnico;
· emissão da Bibliografia Brasileira: ordenada pela CDD, inclusão de índices de autor, título e assunto, divulgação de material recebido por depósito legal e obras de autores nacionais editadas no exterior.
Com a transformação sofrida pelo processo de informatização, implementado entre os anos de 1970 e 1985, a Biblioteca Nacionalpassa a conduzir e a orientar as demais instituições no Brasil.
TÓPICO 1 — INFORMATIZAÇÃO: CONCEITOS E HISTÓRIA
A Biblioteca Nacional vem utilizando as perspectivas abertas pela automação [...], a fim de permitir um diálogo entre todas as seções da biblioteca e um fluxo racional dos serviços capazes de evitar duplicação de esforços. A principal instituição bibliográfica do país, a despeito de ser a mais antiga, quer ser também a mais atualizada e sensível a tudo que, de positivo, a moderna tecnologia vem passando a oferecer-lhe para o aprimoramento dos serviços à coletividade brasileira (ARONOVICH; ALVES; DIAS, 1985, p. 203).
A falta de opções tecnológicas no mercado brasileiro, devido à reserva de mercado que vigorou até 1992, levou à estagnação do projeto Bibliodata/Calco. Os avanços que, num primeiro momento, supriram as demandas das instituições, passaram a ser mais morosos, se comparados às inovações das bibliotecas do exterior.
Em 1987, foi criada a Comissão Consultiva da Rede Bibliodata/Calco. Suas análises levaram à criação, em 1994, de um Plano de Modernização e Desenvolvimento da Rede Bibliodata/Calco. Ao longo do trabalho executado, chegou-se à conclusão de que o mercado externo oferecia opções bem construídas e que serviam as necessidades da rede, não sendo viáveis investimentos para a modernização e migração do Calco para uma nova plataforma. Após um longo processo, em 1996, foi realizada a migração dos dados para o formato USMARC (VASCONCELLOS, 1996).
Diante do relatado, é importante ressaltar a cronologia a seguir:
· 1970 – Introdução do MARC no Brasil através de projetos de formatos MARC compatíveis, como o formato CALCO da Fundação Getúlio Vargas, Formato IBICT, e o Mini CALCO da Universidade Federal de Minas Gerais.
· 1972 – Alice Príncipe Barbosa desenvolveu o projeto CALCO (Catalogação Legível por Computador), baseado no projeto MARC da Library of Congress. Biblioteca Nacional começa o planejamento para implementar o formato MARC.
· 1975 – IBBD decidiu que o formato adotado como padrão para entrada de
dados em nível nacional seria o CALCO.
· 1981 – IBICT criou grupo de trabalho para definir um formato padrão, legível por computador, para intercâmbio de registros bibliográficos
· 1986 – IBICT divulga o resultado do grupo de trabalho - Formato IBICT - formato de Intercâmbio Bibliográfico, totalmente compatível com o formato CALCO. O Projeto CALCO (Catalogação Legível por Computador) deu origem à Rede Bibliodata/Calco, que reunia catálogos de bibliotecas do Brasil.
 (
O
 
artigo
 
Iniciando
 
a
 
Automação
 
de
 
uma
 
Biblioteca
,
 
de
 
Cavan
 
Michael
 
McCarthy,
 
publicado
 
em
 
1988,
 
traz
 
uma
 
avaliação
 
de
 
qual
 
serviço
 
deve
 
ser
 
o
 
primeiro
 
a
 
ser automatizado, analisando os setores da biblioteca, os problemas e vantagens do uso
 
de computadores. Relata aspectos que, até os dias atuais, devem ser considerados ao se
 
pensar
 
na
 
informatização de
 
uma biblioteca.
FONTE: MCCARTHY, C. M. Iniciando a aut
omação de uma biblioteca brasileira: uma
 
comparação
 
de
 
estratégias
 
alternativas.
 
Ciência
 
da
 
Informação
,
 
v.
 
17,
 
n.
 
1,
 
p.
 
27-32,
 
1988.
)UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Outro capítulo importante da informatização das bibliotecas ocorreu no âmbito universitário, com o surgimento das universidades em todo o mundo, e esse processo historicamente ocorreu em paralelo com as bibliotecas nacionais e órgãos oficiais, sendo que muitas universidades tiveram suas origens ligadas a instituições religiosas. Veremos, no tópico seguinte, alguns aspectos dessa parte da história da informatização.
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
· O início da automação das bibliotecas ocorreu com o uso dos cartões perfurados
e computadores eletrônicos a partir de 1950.
· A informatização das bibliotecas tem grande importância.
· As fases da informatização são: automação mecânica e automação da informação.
· A padronização dos dados inseridos nos catálogos para a informatização do acervo tem grande destaque.
· No Brasil, a Biblioteca Nacional começou seu processo de informatização na
década de 1970.
· A informatização da Biblioteca Nacional serviu como referência para as demais bibliotecas brasileiras iniciarem seus processos de informatização.
· O projeto BIBLIODATA e o formato CALCO foram adotados na Biblioteca Nacional.
· A reserva de mercado para computadores e softwares, que vigorou até 1992,
atrasou a informatização das bibliotecas do país em relação aos outros países.
· Várias instituições no Brasil foram informatizadas a partir da expansão da rede BIBLIODATA/CALCO.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 Com o advento dos computadores e sua inserção nas bibliotecas a partir de 1950, a informatização começou a influenciar diretamente a biblioteconomia e seus processos técnicos. Sobre quais fatores são principais benefícios da automação de bibliotecas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As tarefas executadas nas bibliotecas não sofreram interferência da computação
( ) Possibilitou que um registro já inserido fosse utilizado repetidamente.
( ) Ampliou o controle dos processos gerenciais, não interferindo na tomada de decisão.
( ) Possibilitou o oferecimento de novos serviços aos usuários.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.
2 	Em 1985, a Biblioteca Nacional adota o sistema Bibliodata, o que gerou diversas inovações e benefícios para a instituição. A adoção de novos parâmetros refletiu diretamente no catálogo da instituição. Sobre essas inovações, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Etiquetas de identificação de obras, microfichas cadastradas no sistema
e cabeçalhos de assuntos.
b) ( ) Ausência de relatórios, fichas manuais, catálogos flexíveis.
c) ( ) Cabeçalhos em fichas, fichas datilografadas, leitura das fitas magnéticas.
d) ( ) Relatório do processamento técnico, ausência de cabeçalhos-padrão,
fichas topográficas únicas.
 (
—
) (
TÓPICO
 
2
FORMAÇÃO
 
DAS
 
BIBLIOTECAS
 
NO
 
BRASIL
UNIDADE
 
1
)1 INTRODUÇÃO
A educação formal no mundo sempre esteve diretamente ligada à religião. As ordens religiosas eram responsáveis pela formação cultural e de caráter dos indivíduos sob sua guarda e detinham o controle da maioria das bibliotecas.
Na Idade Média, surgem as corporações de ofício e as primeiras experiências no sentido de originar as universidades. Dentre as corporações, surgiu a Universitas Studdi, que tinha o objetivo da transmissão de conhecimento e aprendizagem, sem aplicação imediata, por meio de associação entre mestres e alunos (NUNES; CARVALHO, 2016).
Diversos conflitos surgiram entre as Universitas e a Igreja Católica, que,
até então, tinha o monopólio dos métodos, das práticas e dos conteúdos.
Assim, as Universitas crescem em consonância com o aumento da quantidade de alunos e demandam autorização, por parte da Igreja, da criação de escolas fora do seu espaço original, concedendo concessões, a clérigos e leigos, para a criação das escolas. Daí ressaltar, em seus estatutos, várias de suas regras relacionadas aos procedimentos e profissionais, e às práticas comuns a qualquer associação profissional, como a realização de assembleias e os rituais de avaliação, que conferem o grau aos concluintes dos cursos. Dessa forma, há garantia da autonomia com relação à Igreja (NUNES; CARVALHO, 2016, p.176).
Com o surgimento das universidades, em sua maioria, na Europa, surgiram também suas bibliotecas, categorizadas conforme a origem de suas criações. Apresentam-se, no quadro a seguir:
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
QUADRO 1 – TIPOLOGIA E ANO DE CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES
	Tipo de formação
	Universidade
	Ano de criação
	
Espontânea
	Oxford (Inglaterra)
	1214
	
	Montepellier (França)
	1220
	
	Bolonha (Itália)
	1230
	
	Paris (França)
	1250
	Formadas por Migração
	Pádua (Itália)
	1222
	
	Cambridge (Inglaterra)
	1318
	
Instituídaspor autoridades religiosas ou de nobreza
	Nápoles (Itália)
	1224
	
	Salamanca (Espanha)
	1218
	
	Valladolid (Espanha)
	1250
	
	Lisboa (Portugal)
	1290
	
Criadas por decreto real
	São Domingos (América Espanhola)
	1538
	
	Lima (América Espanhola)
	1551
	
	México (América Espanhola)
	1551
FONTE: Nunes e Carvalho (2016, p. 3)
Ao analisar, fica claro o abismo temporal entre a criação das primeiras bibliotecas da Europa e da América Latina colonizada. Enquanto na Europa as bibliotecas já eram estruturadas e reconhecidas pela sua importância como fonte de guarda do saber e preservação da história, na América, então descoberta e parcialmente colonizada, as primeiras bibliotecas surgiram apenas a partir de 1538. Enquanto, na Europa, já se produziam catálogos dos acervos, no Brasil, o acesso aos livros foi restrito por muitos anos.
2 FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL
Em 1889, a Nova República inicia reformas educacionais. Em 1901, foi aprovado o código dos Institutos Oficiais do Ensino Superior e Secundário, que detalhava o funcionamento das bibliotecas, o uso do corpo docente, dos alunos e demais pessoas.
Existiram, no Brasil, períodos bem demarcados da educação, conforme
informa Viana (2016, p. 51):
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
A expansão do ensino superior no Brasil foi iniciada em 1808, com os cursos superiores criados por Dom João VI, Rei de Portugal. Por iniciativa oficial, esses cursos tiveram continuidade no Império Português, com a criação das faculdades de Direito. Durante a primeira república, entre 1889 e 1930, começaram a ser criadas as “instituições livres”, de iniciativa particular. Após 1930, houve uma retomada da participação pública, acentuada nas décadas de 1940, 1950 e início dos anos 1960, através da federalização de instituições estaduais e privadas, e com a criação de novas universidades federais.
Durante o processo de federalização do ensino, ocorreu a junção entre diferentes faculdades e escolas, muitas foram transformadas em universidades federais. A reunião de seus diversos acervos resultou na criação de grandes bibliotecas centrais, com acervos diversos e numerosos. Contudo, no transcorrer do tempo, foram identificados vários problemas, como infraestrutura física inadequada, insuficiência de quadro administrativo e técnico, que afetavam diretamente a qualidade dos serviços prestados, como a seleção de acervo e o serviço de referência (MIRANDA, 2006).
A criação das bibliotecas centrais, com seus acervos formados por catálogos variados, com diferentes níveis e padrões de tratamento técnico das informações, originou novos obstáculos: gerenciar esses acervos, integrar os catálogos com diferentes níveis de detalhamento e executar um serviço de referência de qualidade sem ter acesso a um catálogo indexado corretamente. Muitos catálogos precisaram ser novamente refeitos e passaram por um processo de padronização de seus termos e entradas (MIRANDA, 2006).
Relatos de Miranda (2006), Nunes e Carvalho (2016) e Viana (2016) possibilitam criar uma linha cronológica de fatos importantes na história das universidades brasileiras e suas bibliotecas:
· 1909: criação da Universidade de Manaus;
· 1920: criação da Universidade do Rio de Janeiro;
· 1931: foi instituído o Regime Universitário do Brasil;
· 1934: fundação da Universidade de São Paulo (USP). As bibliotecas das faculdades de Direito, Medicina, Farmácia e Odontologia e da Escola Politécnica Direito já existiam;
· 1937: Getúlio Vargas institui a universidade do Brasil como uma comunidade de professores e alunos consagrados ao estudo. Em um dos vetos, o presidente assegura que: somente poderão ser nomeados bibliotecários, os diplomados pelos cursos de biblioteconomia;
· 1945: criação de bibliotecas universitárias, denominadas bibliotecas centrais,
acervos de diferentes faculdades reunidos em um único local;
· 1945: criação da Biblioteca Central da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ);
· 1946: criação da Universidade da Bahia;
· 1947: criação da Biblioteca Central da Universidade de São Paulo (USP);
· 1949: A Universidade de Minas Gerais foi federalizada e passou a unir diversas escolas e faculdade de Belo Horizonte, agora denominada de Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), unindo, também, as bibliotecas e acervos;
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
· 1957: Criação da Biblioteca Universitária do Ceará (UFC), vinculada à reitoria, foi extinta em 1969. Seu acervo foi redistribuído nas diversas bibliotecas setoriais, e substituída pelo Serviço de Bibliografia e Documentação;
· 1959: com um acordo assinado entre o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) e a Universidade do Estado do Rio Grande do Sul (UFRGS), originou o Serviço Central de Informações Bibliográficas (SCIB). Em 1971, passou a ser Biblioteca Central, órgão suplementar vinculado à reitoria, com funções de coordenar e supervisionar o sistema de bibliotecas da UFRGS.
· 1959: a Universidade do Rio Grande do Norte (UFRN) autoriza, por meio do Conselho Universitário, que a biblioteca passe a funcionar como Serviço Central de Bibliotecas, com a missão de servir de apoio às atividades de ensino e pesquisa da universidade. Em 1974, passou a ser denominada de Biblioteca Central;
· 1961: por força de lei, é criada a Fundação da Universidade de Brasília, que seria responsável por criar e manter a Universidade de Brasília (UNB), primeira universidade criada sem a união de outras faculdades, e a primeira em que o departamento substitui a cátedra como unidade de ensino e pesquisa.
· 1962: foi criada a Biblioteca Central da UNB, para reunir os diversos acervos espalhados por várias unidades, com o objetivo de desonerar o sistema com duplicação de acervos, processos técnicos e administrativos;
· 1968: criada a Biblioteca Central da Universidade do Estado de Santa Catarina (UFSC). Em 1976, foi entregue o prédio da nova Biblioteca Universitária e, no ano seguinte, começou a unificação dos acervos. A UFSC, ainda hoje, conta com biblioteca setorial.
Em 1968, durante o regime militar, foi implementada, no país, a Reforma Universitária, que tinha, por objetivo, corrigir as distorções no sistema de ensino, centrado nas faculdades isoladas, unindo-as como um sistema de ensino coeso, com atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. Orientava:
Sob a orientação, a biblioteca deveria: planejar seus serviços em relação aos objetivos da universidade; ver as bibliotecas como um sistema, opondo-se à biblioteca isolada; reestruturar as atividades da biblioteca em relação às atividades da universidade; introduzir princípios de centralização, coordenação e cooperação para evitar duplicação de atividades e assegurar a racionalidade administrativa (TARAPANOFF, 1981 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 103).
Durante a década de 1990, várias mudanças ocorreram na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Foram criados mecanismos de expansão universitária, consolidou a educação a distância e definiu novas matrizes de distribuição orçamentárias. Essas mudanças levaram a exigir, das bibliotecas universitárias, novo posicionamento e planejamento, pois seria necessário atender às novas demandas da educação a distância, além de dar suporte às novas matrizes curriculares surgidas e incorporar novas tecnologias (VIANA, 2016).
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
A partir de 2004, as bibliotecas universitárias passaram a ser consideradas como parte integrante da estrutura das instituições de ensino que passariam a ser avaliadas pelo MEC/INEP para as avaliações de autorização e reconhecimento dos cursos superiores. Veremos como a informatização está inserida no processo no Tópico 3 desta unidade.
3 INFORMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL
As primeiras iniciativas de informatização na área das instituições de ensino superior ocorreram a partir de 1980. Muitas universidades desenvolveram softwares próprios, devido ao alto custo de aquisição e à política de reserva de mercado de computadores e softwares, que vigorou de1976 a 1992. Todavia, logo se depararam com as dificuldades de desenvolver sistemas eficientes, que estivessem sempre atualizados, além dos altos custos para manter uma equipe especializada para o gerenciamento e atualizações desses softwares.
Segundo Viana (2016), apenas uma pequena parte das universidades federais possuía condições técnicas e financeiras para adquirir computadores americanos. A promulgação da Lei n° 7232, a chamada Lei da Política Nacional de Informática (PNI), determinou a reserva de mercado para algumas categorias, como os softwares. Essas questões provocaram o atraso da implantação de sistemas de informatização no Brasil em comparação com os demais países da América.
Segundo Lancaster (2004), ao pensar na automação e informatização de bibliotecas, algumas vantagens devem serem consideradas no processo:
· aumento da produtividade;
· redução de pessoal para execução de uma mesma tarefa;
· aumento do controle dos processos;
· redução dos erros;
· aumento da velocidade;
· aumento no escopo e profundidade do serviço;
· facilidade de cooperação;
· produtos paralelos;
· aumento de disseminação;
· redução do custo unitário da operação.
Vários são os fatores apresentados por autores que contribuíram para alavancar a informatização das bibliotecas entre 1980 e 1990. Os principais fatores são:
· Criação de redes de computadores, Bibliodata/Calco da Fundação Getúlio Vargas, Remido do Ministério do Interior, Codemoc do Ministério do Transportes e a Rede Embratel e Prodasen.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
· A telecomunicação e o processamento de dados confluíram para a Tecnologia da Informação, o que levou ao tratamento eletrônico integrado da informação, armazenamento e transmissão das informações armazenadas a distância.
· Introdução do uso dos computadores nos cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação, com a criação de disciplinas na área da documentação e fundamentos de aplicação de computadores.
· Criação de grupos de trabalhos nas áreas jurídica, tecnológica e agrícola, em vários estados do Brasil, ligados a associações para oferecer formação continuada aos profissionais de biblioteconomia, por meio de cursos, seminários e conferências.
· Realização do I Encontro Nacional de Usuários do MicroISIS, em Brasília. Assim, demais estados criaram seus grupos de trabalho, o que foi de suma importância para o desenvolvimento do programa e correta utilização do software.
Para Viana (2006), o início desse movimento teve, por base:
· Graduação de bibliotecários com conhecimento em informática. Passam a atuar como professores.
· A abertura do mercado nacional de software e hardware a partir de 1992, que possibilita a aquisição de equipamentos e sistemas mais modernos, como também incentiva as empresas nacionais na criação de novos softwares.
· Aumento da bibliografia sobre o tema. Obras estrangeiras são traduzidas e publicadas no Brasil, autores brasileiros relatam suas pesquisas e projetos em eventos nacionais e publicam nas revistas científicas da área.
· A disponibilização, pela UNESCO, do software CDS/ISIS, em 1985, de forma
gratuita.
· A publicação, pelo Ministério da Educação, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n° 9394/1996, que determina padrões e critérios para avaliações do ensino superior, como a obrigatoriedade de informatizar os acervos e serviços nas bibliotecas universitárias.
Ainda, no período, ocorreram os Seminários Sobre Automação de Bibliotecas, promovidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a primeira instituição brasileira a promover a informatização dos serviços de uma biblioteca no Brasil. “A automação de procedimentos técnicos da biblioteca do INPE contribui para seu reconhecimento e remonta às décadas de 1976 a 1980, com a utilização de grandes computadores” (MARCELINO, 2009, p. 89).
Dos fatores apresentados, o fato da UNESCO disponibilizar o programa MicroISIS gratuitamente, sem dúvidas, foi o que gerou mais impacto. As instituições de ensino e pesquisas, que antes se deparavam com a barreira financeira, agora, poderiam utilizar um programa já desenvolvido, que teria o suporte de uma grande organização e sem dispender de valores para sua aquisição.
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
Diversos foram os órgãos que optaram pelo ISIS ao implementarem a informatização de seus acervos:
· Departamento Nacional do Senac (1988).
· SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
· LILACS – Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde: desenvolveu o projeto Lilacs/CD-ROM em 1988, e iniciou o trabalho para desenvolver uma interface de sistema de recuperação da informação. Optou pelo ISIS pela sua velocidade de recuperação e por ser compatível com a rede Bireme (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciência da Saúde).
· FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (RJ): utilizou o software para desenvolver a base LEG de legislação ambiental em níveis federal, estadual e municipal do estado.
· Sistema Petrobrás: em 1990, existiam mais de sessenta unidades de informação utilizando o ISIS, que utilizavam para controle de bibliografia especializada, arquivos setoriais, catálogos industriais, documentos administrativos, cadastro de bibliotecas, núcleos de documentação, controle de coleções e lista de duplicatas etc.
· Museu Paranaense Emílio Goeldi: estabeleceu um formato padrão para o
registro de dados de pesquisas e coleções científicas em zoologia.
· CNEN – Comissão Nacional Energia Nuclear: gerou uma base bibliográfica automatizada para reunir os documentos produzidos pela instituição, para a construção da memória técnico-científica da comissão.
Ressalta-se que a informatização nas universidades passa a ganhar força a partir desse período, pois, até o ano de 1981, segundo Robredo (1981), das quinhentas e setenta e oito bibliotecas universitárias pesquisadas, cadastradas na CAPES, somente dez possuíam sistemas de automação em operação, treze em fase de implantação e vinte e uma em fase de projetos. Na maioria, essas universidades desenvolveram seus próprios softwares, no total, de 08 entre 10 universidades.
Segundo Robredo (1981), as universidades pioneiras na informatização
no Brasil foram:
· Universidade do Amazonas.
· Universidade Federal da Paraíba.
· Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
· Universidade Federal de Juiz de Fora.
· Universidade de Brasília.
· Universidade Federal do Rio de Janeiro.
· Fundação Getúlio Vargas.
· Universidade de São Paulo.
· Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Com equipes de trabalho criadas em diversos lugares no país, foi possível construir uma rede de colaboração e grupos que se empenharam a resolver as barreiras iniciais na informatização das unidades de informação no país. As várias frentes de trabalho e as publicações dos casos de sucesso contribuíram para o avanço da informatização no Brasil.
A evolução da informatização das bibliotecas universitárias no Brasil ocorreu cronologicamente, em paralelo com a evolução dos softwares de bibliotecas. Como vimos anteriormente, o programa ISIS proporcionou a democratização do acesso à informatização para diversas bibliotecas no país.
Ao longo dos anos, os softwares de bibliotecas, antes limitados com suas funções voltadas para catalogação e circulação, evoluíram para softwares de múltiplas plataformas. A maioria dos softwares utiliza, como linguagem, o formato MARC21, que possibilita a interoperabilidade e comunicação entre diferentes softwares. A evolução dos softwares de bibliotecas passou pelas seguintes gerações:
· Primeira geração: nesta geração, os sistemas se voltavam para o desenvolvimento do controle de circulação ou a catalogação, utilizavam linguagem de programação (máquina), isto é, eram projetados para serem acessados por pessoal técnico da área de programação.
· Segunda geração: funcionava em maior variedade de plataformas. Tornaram- se mais portáteis com o aparecimento de sistemas baseados em UNIX e DOS. A comunicaçãoentre sistemas se tornou uma realidade, sendo, então, possível importar ou exportar dados entre sistemas de segunda geração.
· Terceira geração: já oferece ampla disponibilidade de relatórios padronizados, ocorre o desenvolvimento mais proveitoso e direto da interação com o usuário, com o surgimento da interface gráfica, com recursos, como janelas, ícones e menus.
· Quarta geração: geração atual baseada em UNIX e Windows. O acesso é realizado através de múltiplas fontes, a partir de uma interface multimídia. Aqui, importação e exportação de dados estão plenamente integradas, sendo possível o registro com um simples toque. O acesso a outros servidores na internet agora é possível, possibilitando, ao usuário, a conectividade.
Na próxima unidade, trataremos do planejamento de informatização de uma unidade de informação e conheceremos alguns softwares disponíveis no mercado e suas características.
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
4 FORMATO MARC E SUA IMPORTÂNCIA NOS PROCESSOS DE INFORMATIZAÇÃO
Conforme citado, o formato MARC foi desenvolvido pela Biblioteca do Congresso Americano (Library of Congress). Ao pensar no processo de automação e uso de computadores, na Library of Congress, no final da década de 1950, um dos primeiros pontos de preocupação foi a definição de um padrão catalográfico que, futuramente, proporcionasse a leitura das informações por qualquer máquina.
Conforme relata Furrie (2000), com o uso dos computadores no começo da década de 1960, a Library of Congress necessitava de um formato, para registro de dados nas fichas catalográficas, que fosse legível por máquinas. Projetou, assim, o que futuramente se chamaria MARC. Um dos serviços oferecidos pela Library of Congress era o compartilhamento das fichas catalográficas. Oferecido até os dias atuais, esse formato, além de tornar o registro de dados mais rápido e eficiente, deveria ser normalizado, legível por máquina, permitir que qualquer biblioteca no mundo pudesse acessar as informações e incorporá-las ao seu catálogo.
Para atender a essas demandas, foi desenvolvido o L.C. MARC, código com um formato de letras, símbolos e números, diagramados de forma a registrar diferentes tipos de informações. Evoluiu e se tornou o USMARC, formato utilizado pela maioria dos softwares utilizados para informatização de bibliotecas do mundo (FURRIE, 2000).
No ano de 1965, ocorreu a primeira Conferência sobre Catálogos Mecanizados, entre a LC, o Counsil on Library Resources e a Comissão de Automação da Research Libraries Association. O principal objetivo era estabelecer um formato que permitiria o registro de dados bibliográficos em computadores (FURRIE, 2000).
Naquele mesmo ano, ocorreu a segunda conferência. A LC apresentou sugestões de quais dados e critérios gostaria que o novo formato contemplasse. Em 1966, na terceira conferência, ficou estabelecido o início das experiências, o MARC Projeto Piloto.
Com o início dos testes, em 1967, na quarta conferência, com os demais membros, discutiu-se o formato MARCII, caracteres gráficos e estrutura de sistema. Todo esse processo levou à publicação, em 1968, de um relatório com os caracteres gráficos, a estrutura de sistemas necessária, e seus relatos de experiências ocorridos no processo. Em 1969, o MARCII entrou em operação.
A criação de um formato bibliográfico legível por máquinas tinha o intuito de solucionar problemas muito específicos, como a gestão da elevada quantidade da produção científica no pós-guerra e a lentidão de comunicação entre diferentes bibliotecas e centro de pesquisas. Assim, os principais objetivos eram:
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
· oferecer um registro bibliográfico central para o uso da LC, que permitisse ágil
recuperação das informações cadastradas;
· proporcionar uma base de dados para os serviços bibliográficos norte- americanos, ampla e integrada, em que as informações cadastradas pudessem ser recuperadas pelas bibliotecas do país;
· fornecer, à comunidade internacional, informações bibliográficas padronizadas, e receber informações no mesmo formato, permitindo a rápida inclusão na sua base.
Ao pensar no processo de automação com o uso de computadores, na Library of Congress, no final da década de 1950, um dos primeiros pontos de preocupação foi a definição de um padrão catalográfico que, futuramente, proporcionasse a leitura das informações por qualquer máquina.
No ano de 1965, ocorreu a primeira Conferência sobre Catálogos Mecanizados, entre a Library of Congress, o Counsil on Library Resources e a Comissão de Automação da Research Libraries Association. Seu principal objetivo era estabelecer um formato que permitisse o registro de dados bibliográficos em computadores (FURRIE, 2000).
Naquele mesmo ano, ocorreu a segunda conferência, a Library of Congress apresentou sugestões de quais dados e critérios gostaria que o novo formato contemplasse. Em 1966, na terceira conferência, ficou estabelecido o início das experiências, o MARC Projeto Piloto.
Com o início dos testes, em 1967, na quarta conferência, com os demais membros, foram discutidos o formato MARCII, caracteres gráficos e estrutura de sistema. Todo esse processo levou à publicação, em 1968, de um relatório com os caracteres gráficos, a estrutura de sistemas necessária, e seus relatos de experiências ocorridos no processo. Em 1969, o MARCII entrou em operação.
MARC significa Machine Readable Cataloging Record, é uma linguagem padrão internacional, que permite transformar os dados da ficha catalográfica em um registro legível por computadores, permitindo a interpretação dos dados e o intercâmbio de informações bibliográficas. Outros formatos baseados no MARC surgiram pelo mundo:
· Canadá: CAN/MARC;
· França: MONOCLE;
· Finlândia: FINMARC;
· Espanha: IBERMARC;
· Itália: ANNARMARC;
· América Latina: MARCAL;
· Brasil: Bibliodata/Calco.
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS NO BRASIL
Conforme explica Furrie (2000), cada registro bibliográfico é composto por campos. Os principais campos de um registro bibliográfico, mas não os únicos, são:
· Descrição: normalmente, segue as regras do AACR2, incluindo título, responsabilidade de autoria, edição, dados de publicação, descrição física, série, notas sobre o material ou seu conteúdo e números padronizados.
· Entrada principal e entradas secundárias: pontos de acesso conforme AACR2, e a forma como esses pontos de acesso serão descritos.
· Cabeçalho de assuntos: o uso de uma listagem previamente construída é importante para assegurar que todas as obras de um determinado assunto serão encontradas sob o mesmo cabeçalho, como as listas padronizadas de assunto da LC e da BN.
· Número de chamada: cada biblioteca define o padrão que irá adotar, que pode ser a CDD (Classificação Decimal de Dewey), a CDU (Código de Classificação Universal) ou a tabela de classificação da LC. O objetivo da adoção da numeração é agregar itens de mesmo assunto sob a mesma numeração e suas subdivisões.
A padronização dos registros catalográficos possibilitou, com o passar dos anos, o avanço das tecnologias, em que bibliotecas compartilhassem registros entre si, utilizando um sistema em que o principal propósito é promover a disseminação da informação. O processo de comprar lotes das fichas catalográficas das grandes instituições catalogadoras foi substituído pela rápida importação do arquivo em formato MARC, o que permitiu que bibliotecas de diferentes instituições e países promovessem a interoperabilidade.
O uso do MARC permitiu que as bibliotecas executassem a substituição de softwares de automação com total segurança, fazendo a migração dos dados para o novo software, sem perda dos dados armazenados na conversão retrospectiva (VIANA, 2016).
 (
O
 
Código
 
de
 
Catalogação
 
MARC21
 
será
 
abordado,
 
com
 
detalhes,
 
na
 
disciplina
 
de
 
Representação
 
Descritiva.
)A criação do código MARC mudou a maneira como as bibliotecas passaram a compartilhar as informações entre si e se tornou um marco histórico no processo de informatização das bibliotecas em todoo mundo, sendo utilizado ainda hoje.
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
· O surgimento das universidades no mundo e no Brasil gerou a criação das bibliotecas universitárias. Vários acervos foram oriundos de instituições religiosas.
· Várias bibliotecas universitárias criaram bibliotecas centrais. Essa criação se deu de forma espontânea, para melhor centralizar acervos e diminuir custos administrativos; ou ocorreu por meio da unificação de diferentes instituições de ensino.
· Com a criação das bibliotecas universitárias centrais, o volumoso acervo recebido precisava ser padronizado e tratado tecnicamente. Com a mecanização e informatização dos acervos, todo o processo se tornou mais eficiente.
· As bibliotecas universitárias buscaram orientação na Biblioteca Nacional para informatizar seus acervos.
· As universidades brasileiras passaram a informatizar seus acervos a partir de
1980.
· A reserva de mercado para computadores e softwares, que vigorou até 1992, atrasou a informatização das bibliotecas do país em relação aos outros países. Muitas universidades optaram por criar seus próprios softwares de gerenciamento de acervo.
· A UNESCO, em 1985, disponibilizou o software CDS/ISIS, de forma gratuita, o que gerou um crescimento de instituições que informatizaram seus acervos no Brasil.
· A partir de 2004, as bibliotecas passaram a ser avaliadas pelo MEC/INEP para as avaliações de autorização e reconhecimento dos cursos superiores.
· O formato MARC se tornou o principal formato para registro de dados
catalográficos em todo mundo, permitindo a interoperabilidade dos sistemas.
 (
AUTOATIVIDADE
)
1 A informatização das bibliotecas acompanhou a evolução tecnológica ao longo das décadas, mas, desde o início, as vantagens da automação e informatização já eram possíveis de se prever. Identifique a opção em que todas as vantagens citadas estão corretas:
a) (	) Aumento da produtividade, redução de pessoal para execução de uma mesma tarefa, aumento do controle do processo.
b) (	) Ausência de pessoas treinadas, redução de custos operacionais,
processos bem definidos.
c) (	) Redução de pessoal para execução, disseminação de informação, aumento de custos.
d) (	) Oferecimento de novos produtos, facilidade de acesso à informação, aumento de pessoal contratado.
2 O formato MARC viabilizou um registro bibliográfico legível por máquinas para o uso da LC, desenvolvido para proporcionar a integração de dados bibliográficos entre os catálogos. Foi fundamental para viabilizar a informatização das bibliotecas no mundo, proporcionando agilidade e troca de informações. Vários países desenvolveram sistemas compatíveis com o formato MARC. Assinale a opção que aponta, corretamente, o país e o formato produzido:
( 1 ) Canadá	(	) FINMARC
( 2 ) França	(	) BIBLIODATA/CALCO
( 3 ) Finlândia	(	) CAN/MARC
( 4 ) Brasil	(	) IBERMARC
( 5 ) Espanha	(	) MONOCLE
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
	a) (
	) 5, 1, 4, 2, 3.
	b) (
	) 3, 1, 4, 5, 2.
	c) (
	) 3, 4, 1, 5, 2.
	d) (
	) 2, 1, 4, 2, 5.
	e) (
	) 4, 2, 3, 1, 5.
 (
—
) (
TÓPICO
 
3
LEGISLAÇÃO
 
E
 
ÓRGÃOS
 
DE
 
REGULAÇÃO
UNIDADE
 
1
)1 INTRODUÇÃO
No terceiro tópico desta unidade, conheceremos a legislação que permeia as bibliotecas universitárias, os requisitos a serem cumpridos dessa legislação, e compreenderemos que a informatização das bibliotecas universitárias é parte fundamental do processo avaliativo.
Para compreender o contexto histórico da informatização das bibliotecas no Brasil, é importante apresentar algumas datas e os fatos ocorridos, assim, você poderá perceber como esses fatos repercutiram na educação, nas instituições de ensino superior e, principalmente, na informatização das bibliotecas.
Em 1963, o Conselho Nacional de Educação (CFE) determinou a obrigatoriedade da existência de uma biblioteca como requisito para um curso superior a ser reconhecido, porém, não citava a exigência de um bibliotecário. Contudo, a Lei n° 4084, de 30 de junho de 1962, regulamenta a profissão e designa que o exercício da profissão de bibliotecário, em qualquer de seus ramos, só será permitido aos bacharéis em Biblioteconomia.
Em 1937, é criado o INEP (Instituto Nacional de Pedagogia). Dentre outras
atribuições, seus principais objetivos são:
[...] organizar a documentação relativa à história e ao estado atual das doutrinas e técnicas pedagógicas; manter intercâmbio com instituições do país e do estrangeiro; promover inquéritos e pesquisas; prestar assistência técnica aos serviços estaduais, municipais e particulares de educação, ministrando-lhes, mediante consulta ou independentemente dela, esclarecimentos e soluções sobre problemas pedagógicos; divulgar os seus trabalhos (BRASIL, 2019, s.p.).
A partir dos anos 2000, o INEP reorganizou o sistema de levantamentos estatísticos da educação no país, que teve, como eixo central de atividades, as avaliações em praticamente todos os níveis educacionais.
Atualmente, dentre suas várias atribuições, planejar, coordenar e subsidiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas educacionais, em articulação com
o MEC, em todos os níveis da educação. Na educação básica, um dos sistemas avaliativos para os alunos é o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); no ensino superior, os alunos prestam o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE).
UNIDADE 1 — INFORMATIZAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Dentre as atribuições do INEP, é possível citar planejar e operacionalizar as ações e os procedimentos referentes à avaliação da educação superior. Para coordenar essas avaliações, foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que divide suas ações em três frentes: a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes.
As instituições são avaliadas pelo SINAES. A biblioteca universitária está incluída no processo de avaliação.
Para garantir a qualidade da educação, o Ministério da Educação baseia suas ações através de três funções: a avaliação, regulação e supervisão, tanto da IES quanto dos seus cursos. Esse tripé de qualidade somente funciona a partir da avaliação, pois, a partir dos resultados da avaliação de uma IES e de seus cursos, é possível encontrar um referencial para a supervisão e regulação.
Veremos, a seguir, onde as bibliotecas universitárias estão inseridas nessas avaliações e por que a informatização dos serviços em bibliotecas passou a ser considerada essencial.
2	BIBLIOTECAS	UNIVERSITÁRIAS	NAS	AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS DO INEP
Como citamos anteriormente, as avalições institucionais fazem parte do SINAES, é o processo que credencia uma instituição a oferecer cursos de formação em nível superior. Essa avaliação está relacionada com:
· a melhoria da qualidade da educação superior;
· a orientação da expansão e sua oferta;
· ao aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e
social;
· o aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional;
· o aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institucional.
O processo de avaliação de instituições se divide em modalidades, sendo que a biblioteca e seus serviços são itens avaliados:
· Autoavaliação: coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição e orientada pelas diretrizes e pelo roteiro da autoavaliação institucional da CONAES.
TÓPICO 3 — LEGISLAÇÃO E ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO
· Avaliação externa: Realizada por comissões designadas pelo Inep, a avaliação externa tem, como referência, os padrões de qualidade para a educação superior expressos nos instrumentos de avaliação e nos relatórios das autoavaliações.

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