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Prévia do material em texto

Ética e Deontologia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dr. Alessandra Aparecida Campos
Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti
Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
• Relações Interpessoais
• Pacientes com Necessidades Especiais
• Uso de Células-Tronco
• Medicamentos Genéricos
• Transfusão de Sangue
• Transplante de Órgãos
• Alimentos transgênicos e manipulações genéticas
• Aborto, eutanásia, ortotanásia e distanásia
 · Então procure ler com atenção o conteúdo disponibilizado, assim 
como o material complementar, pois nele você poderá aprofundar 
um pouco mais os seus estudos. Não esqueça! A leitura é um 
momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe 
de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor.
 · Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente 
mais interativo possível, na pasta de atividades você também 
encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a 
videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para 
seu aprendizado, por favor, estude todos com atenção!
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Relações Interpessoais
e Aplicações Éticas
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
Relações Interpessoais
A vivência no trabalho em grupo e no ambiente profissional exige dos personagens 
que nela atuam uma forma especial de convivência. Cada ambiente exige condutas 
específicas, variando dentre as diversas especialidades. Desta forma abordaremos 
aqui o relacionamento de uma forma ampla atendendo a essas relações especiais 
que são definidas dependendo do cargo a ser ocupado.
Segundo Sá (2015), diversas são as condições ambientais onde podem ocorrer 
atuações profissionais, em seus espaços e relações de trabalho, que podem ser 
resumidos em:
• Empregado (particular ou público)
• Autônomo (individual ou coletivo)
• Sócio de uma empresa (fechada, consorciada ou associada)
• Sócio dirigente ou de conselho de uma empresa aberta
• Participante de uma empresa multinacional
Para os profissionais da área de saúde em particular não é diferente, em uma 
dessas categorias serão inseridos. E em cada situação deverá seguir regras e 
condutas para ela definidas.
Em grandes empresas, mesmo sendo sócio ou acionista, muitas vezes o 
profissional será obrigado a praticar o que não acha recomendável, porém o faz 
em decorrência do fato ter sido decidido por outros.
Sá (2015) também afirma que como a ação de cada personalidade do profissional 
é variante dentro dos diversos ambientes, existe uma tendência de que quanto mais 
impessoal tornar-se o processo, menos ética é possível que venha ser a conduta, 
caso um sistema rígido de normas não obrigar a prática da virtude. 
O local de trabalho pode interferir sobre a atuação do ser humano, porém a 
conduta só terá significado ético se for virtuosa em si. Cada localidade que ocupar 
terá sua própria característica, exigindo assim, uma conduta adaptável. Porém, a 
exigência do exercício das virtudes básicas nunca deve se alterar. (SÁ, 2015).
Na relação de trabalho, onde se é o empregado, a perspectiva de perda do 
emprego, faz-se praticar o que é determinado pelo comandante. Neste caso a 
perda de autonomia promove o desejo não praticar o que é comandado, surge 
então o conflito de duas forças no cérebro que produzem neuroses, traumas e 
desequilíbrios que determinam condutas vacilantes. 
É o que ocorre geralmente com médicos que trabalham em locais onde são 
determinados os números mínimos de atendimentos. Isso poderá gerar alterações 
de rotinas e procedimentos, podendo piorar a qualidade dos seus exames.
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Devido a esses motivos descritos é que se faz necessário que os profissionais 
escolham adequadamente seus locais de trabalho de acordo com a sua forma de 
pensar e agir, para que possam viver em um ambiente de serenidade e dignidade. 
Grande parte de nosso dia e vida ocorrerá neste ambiente.
Na relação de trabalho, onde se é autônomo, cria-se uma personalidade jurídica, 
e muito cuidado deve ser tomado, visto que a relação de impessoalidade pode gerar 
falsa expectativa de condutas éticas. É importante transmitir para a sua empresa 
(principalmente de grande porte), suas características virtuosas, garantindo assim, 
que seus princípios sejam perpetuados e seguidos pelos seus funcionários.
A mudança do mundo tradicional para o mundo moderno trouxe uma grande 
mudança interior no ser humano, a dicotomia entre organização e indivíduo, 
cuja finalidade é a de atender as exigências e resolução de problemas. Para uma 
organização de trabalho na área de saúde é importante ter em mente a necessidade 
de qualificação profissional, sensibilização e humanização na prestação dos serviços, 
aliado a uma remuneração compatível com o trabalho realizado em equipes, 
propiciando assim, criação de vínculos de profissionais e usuários, democratizando 
os serviços e instituições na avaliação dos serviços prestados.
Atualmente, com a tendência dos trabalhos serem multiprofissionais, inter e 
transdisciplinares surge a necessidade de revisão de práticas levando a construção 
de uma nova identidade profissional. Existe a tendência de uma horizontalização 
dos processos, reduzindo-se assim as hierarquias nas relações de trabalho, o que 
favorece profissionais mais qualificados no sentido de atender a essa demanda 
(RAMOS, 2007).
Um dos grandes desafios para o trabalho em equipes hoje é a melhora da comu-
nicação, disponibilidade para discussão das relações interpessoais, objetividade na 
delegação de tarefas e responsabilidade, reduzindo-se assim as relações hierárqui-
cas que geram tantos casos dos chamados “assédios morais”.
O assédio moral consiste em uma violência perversa, caracterizada por ataques 
repetitivos e cotidianos, visando a destruição da autoestima da vítima (SOARES; 
DUARTE, 2014). No Brasil hoje existem diversos projetos de lei que visam incluir 
o assédio moral no Código Civil. No Estado de São Paulo, existe a Lei nº 12.250, 
de 9 de fevereiro de 2006 que veda o assédio moral no âmbito da administração 
pública estadual direta, indireta e fundações públicas.
Relação profi ssional x paciente, profi ssional x profi ssional
Para tratar arelação profissional e paciente, antes é necessário entender o 
processo de humanização. A humanização do trabalho implica em prestar assistência 
de forma a valorizar o ser humano, levando em conta seus valores, necessidades 
e cultura. Tanto os profissionais como a população possuem direitos a um serviço 
humanizado que leve em conta o compromisso de que a responsabilidade seja 
compartilhada, de forma a fortalecer os vínculos pessoais e institucionais. O 
direito à informação é essencial para uma participação ativa no processo de cuidar 
(RAMOS, 2007).
9
UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
O processo de humanização envolve compromissos no sentido de reduzir 
conflitos, motivar trabalhadores frente às dificuldades enfrentadas nas rotinas 
profissionais, mesmo que as condições de trabalho não sejam as mais adequadas.
Os profissionais envolvidos nesse contexto de humanização devem buscar 
mecanismos de atualização permanentes para se tornarem facilitadores e 
mediadores de conflitos, buscando condições de estímulo à promoção, proteção e 
recuperação da saúde. Devem facilitar o acesso da população às informações de 
saúde com a finalidade de melhor dimensionar os problemas, estimular troca de 
experiências e melhorar os canais de informação, propondo ações que visem o 
respeito mútuo.
A interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, tanto estimula as equipes 
de saúde quanto humaniza a equipe e o trabalho, pois permite a abertura dos 
profissionais às mudanças, ao diálogo e ao compartilhamento de conhecimentos, 
possibilitando a fala de uma mesma linguagem, em uma atitude comprometida 
com a visão integral dos usuários do sistema de saúde (RAMOS, 2017).
Atualmente, a relação profissional/paciente encontra-se bastante desgastada, 
mediante a massificação das relações sociais, pela qual profissional e paciente 
se distanciaram. A própria denominação dos sujeitos da relação foi modificada, 
passando-se para a nomenclatura usuário e prestador de serviços, tudo visto sob a 
ótica de uma sociedade de consumo cada vez mais consciente de seus direitos, e 
cada vez mais exigente quanto aos resultados (BERGSTEIN, 2013) 
As relações paciente/profissional necessitam convivência harmônica, bioética 
e responsabilidade moral, pois não se mede um fato psicossocial usando critérios 
matemáticos. Há necessidade de, pelo menos, dois referenciais: o físico e 
o psicossocial. Admite-se que cerca de um terço dos pacientes de uma clínica 
apresente sintomas psicopatológicos ou psicógenos (MARCUCCI, 2014).
Carl Rogers (1902-1987) contribuiu para um modelo de tratamento adaptado às 
personalidades individuais. Ao defender uma terapia centrada no paciente, conside-
rava que “o terapeuta entra em relação pessoal e subjetiva com seu paciente, não 
como um cientista diante de um objeto de estudo, não como um médico que espera 
fazer diagnóstico e curar, mas de pessoa para pessoa (...) significa que ele considera 
o paciente como uma pessoa de valor incondicional, não importando qual seja a sua 
condição, seu comportamento e seus sentimentos” (MARCUCCI, 2014). 
Após a análise desse novo modo de conduzir a relação profissional/paciente, 
estabeleceu-se a personalização da terapêutica, menos autoritária e unilateral 
e destituída de preconceitos. A habilidade do profissional aliada aos seus 
conhecimentos técnicos, uma boa relação profissional/paciente, a adesão do 
paciente ao tratamento e a motivação de ambos podem ou não levar ao sucesso do 
tratamento (MARCUCCI, 2014).
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Segundo Marcucci (2014) são responsabilidades do paciente:
• Caracterizar, tão honesta e exatamente quanto possível, os dados relatados
na anamnese
• Ponderar seriamente sobre as recomendações do profi ssional e procurar segui-
las, embora não seja obrigado a fazê-lo
• Cooperar com o profi ssional
• Comparecer às consultas assiduamente e na hora combinada, avisar o 
profi ssional com antecipação sobre a impossibilidade de comparecimento ou 
indenizá-lo pelo tempo perdido caso isso não seja feito
• Pagar pelos serviços profi ssionais
Segundo Marcucci (2014) são responsabilidades do profi ssional:
• Manter-se atualizado em seus procedimentos
• Utilizar todos os recursos terapêuticos disponíveis e orientar sobre a prevenção 
dos possíveis problemas
• Respeitar os horários e as datas das consultas
• Respeitar a autonomia do paciente participando das decisões
• Reconhecer suas limitações, solicitar interconsultas e fazer encaminhamentos 
para outros profi ssionais e instituições mais capacitadas, de acordo com o perfi l 
pessoal e socioeconômico de todos os pacientes
• Respeitar o código de ética estabelecido e guardar sigilo.
Os profissionais devem procurar desenvolver características importantes para 
o atendimento de pacientes. Uma delas é a empatia, capacidade de se colocar 
na posição ou situação de outra pessoa, por identificação temporária, para poder 
melhor compreendê-la. A falta de empatia explica muitas das queixas que os 
pacientes fazem aos seus profissionais de saúde. 
Deve-se ter também um cuidado especial com a antipatia, e esta deve ser 
evitada. É muito penoso prestar um serviço repetidas vezes ao mesmo paciente 
sem que haja um grau de afetividade. Sem esta, a relação torna-se enfadonha 
e pesada. Tudo o que o paciente falar provocará irritação. Neste caso, o mais 
indicado é encaminhar o paciente indesejável a outro profissional que possa realizar 
o tratamento da maneira mais adequada. 
O profi ssional deve ter ciência dos seus limites e muitas vezes é importante saber 
dizer “eu não sei”. Afi rmar o desconhecimento tem suas compensações:
• O paciente saberá que será bem tratado e perceberá a honestidade do atendimento
• Terá a certeza de que a resposta certa será procurada.
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
Pacientes com Necessidades Especiais
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem hoje no mundo cerca 
de um bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência, sendo que aproximadamente 
80% destas pessoas encontram-se nos países em desenvolvimento. Segundo a 
Unesco, 150 milhões de crianças com menos de 18 anos possuem algum tipo de 
deficiência. Mais de 50% das pessoas com deficiência não conseguem pagar por 
serviços de saúde (ONU BRASIL, 2017).
A falta de estatísticas sobre pessoas com deficiência representa um obstáculo para 
planejar e implementar políticas de desenvolvimento que melhoram as vidas das 
pessoas com deficiência. O Terceiro Comitê da Assembleia Geral em sua reunião 
de número 71 propôs uma resolução sobre desenvolvimento inclusivo para pessoas 
com deficiência a fim de promover a realização dos Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS) e outros objetivos acordados internacionalmente. Essa resolução 
visa estimular os Governos a executar medidas para implementar a Agenda 2030 
de Desenvolvimento para Pessoas com Deficiência, além de melhorar os dados 
estatísticos sobre a deficiência (ONU BRASIL, 2017).
Veja o vídeo produzido pelas Nações Unidas sobre o histórico das pessoas com deficiências:
https://youtu.be/I9CqFndaBHM
Ex
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Os pacientes que possuem algum tipo de desvio do padrão de normalidade 
receberam designações que hoje são consideradas como pejorativas ou restritas. 
Hoje não é mais admitido que esses pacientes recebam denominações como: 
incapacitados, defeituosos, retardados ou excepcionais, o termo mais aceito e 
recomendado é o de pessoas com necessidades especiais, sejam momentâneas 
(um período da vida) ou perenes (por toda a vida).
No ano de 1999, foi realizada a Convenção da Guatemala, com o objetivo de 
prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras 
de deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade, culminando no Brasil 
com a publicação do DECRETO Nº 3.956, DE 8 DE OUTUBRO DE 2001 que 
promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
Nos anos subsequentes muito ainda foidiscutido sobre as formas de eliminar a 
discriminação contra as pessoas com algum tipo de deficiência, mais especificamente 
em como integrar essas pessoas na vida social.
A seguir apresentamos o artigo 25 da CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS 
DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, ratificado pelo Congresso através do 
DECRETO LEGISLATIVO Nº 186, de 2008, e promulgado pelo DECRETO Nº 
6.949, DE 25 DE AGOSTO DE 2009 que informa sobre o atendimento para os 
pacientes com algum tipo de deficiência para conhecimento e interpretação.
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“Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com deficiência têm 
o direito de gozar do estado de saúde mais elevado possível, sem 
discriminação baseada na deficiência. Os Estados Partes tomarão todas as 
medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso 
a serviços de saúde, incluindo os serviços de reabilitação, que levarão em 
conta as especificidades de gênero. Em especial, os Estados Partes:
a) Oferecerão às pessoas com deficiência programas e atenção à saúde 
gratuitos ou a custos acessíveis da mesma variedade, qualidade e padrão 
que são oferecidos às demais pessoas, inclusive na área de saúde sexual 
e reprodutiva e de programas de saúde pública destinados à população 
em geral;
b) Propiciarão serviços de saúde que as pessoas com deficiência necessitam 
especificamente por causa de sua deficiência, inclusive diagnóstico e 
intervenção precoces, bem como serviços projetados para reduzir ao 
máximo e prevenir deficiências adicionais, inclusive entre crianças e idosos;
c) Propiciarão esses serviços de saúde às pessoas com deficiência, o mais 
próximo possível de suas comunidades, inclusive na zona rural;
d) Exigirão dos profissionais de saúde que dispensem às pessoas com 
deficiência a mesma qualidade de serviços dispensada às demais pessoas 
e, principalmente, que obtenham o consentimento livre e esclarecido das 
pessoas com deficiência concernentes. Para esse fim, os Estados Partes 
realizarão atividades de formação e definirão regras éticas para os setores 
de saúde público e privado, de modo a conscientizar os profissionais 
de saúde acerca dos direitos humanos, da dignidade, autonomia e das 
necessidades das pessoas com deficiência;
e) Proibirão a discriminação contra pessoas com deficiência na provisão de 
seguro de saúde e seguro de vida, caso tais seguros sejam permitidos pela 
legislação nacional, os quais deverão ser providos de maneira razoável e justa;
f) Prevenirão que se negue, de maneira discriminatória, os serviços de 
saúde ou de atenção à saúde ou a administração de alimentos sólidos ou 
líquidos por motivo de deficiência.
No dia 06 de Julho de 2016 foi instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa 
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência - Lei 13.146), com prazo 
para entrar em vigor em até 180 dias da sua publicação. 
É muito importante ressaltar que grande parte das pessoas que possuem algum 
tipo de deficiência, também possuem recursos escassos para o tratamento de saúde 
e, desta forma, é nosso papel, como profissionais desta área, proporcionar um 
atendimento de qualidade a esses pacientes.
Para o Brasil, onde existem cerca de 25 milhões de pessoas com algum tipo de 
deficiência, tem-se hoje a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, 
cujos objetivos principais são:
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
1. proteger a saúde da pessoa com deficiência;
2. reabilitar a capacidade funcional e desempenho, contribuindo para a sua 
inclusão social. 
3. prevenção de situações que possam levar ao aparecimento de deficiências, 
como por exemplo: acidentes domésticos, profissionais ou de trânsito 
(BRASIL, 2014).
O Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Viver sem 
Limite, foi lançado no dia 17 de novembro de 2011 (Decreto Nº 7.612) pela 
presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de implementar novas iniciativas e 
intensificar ações que, atualmente, já são desenvolvidas pelo governo em benefício 
das pessoas com deficiência.
Cartilha explicativa do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência:
https://goo.gl/I2Sv8Z
Ex
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Segundo, a Súmula do Programa “Viver sem Limite” (2014), em relação à 
Atenção à saúde, informa que:
“No Brasil, foi instituído o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como 
objetivos principais dar acesso universal e atenção integral a toda a po-
pulação brasileira. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
ficiência reafirma esse direito e reitera que as pessoas com deficiência 
devem ter acesso a todos os bens e serviços da saúde, sem qualquer tipo 
de discriminação. O governo federal, por meio do Plano Viver sem Limi-
te, vai ampliar o acesso e qualificar o atendimento às pessoas com defi-
ciência (temporária ou permanente; progressiva, regressiva ou estável; 
intermitente ou contínua) no SUS, com foco na organização de rede e na 
atenção integral à saúde.
Para tanto, está sendo criada a Rede de Cuidados à Pessoa com Defi-
ciência, que prevê uma série de estratégias e serviços de atendimento 
às necessidades específicas de pessoas com deficiência auditiva, física, 
visual, intelectual, múltiplas deficiências e ostomizadas. Com essa Rede, 
estabelece-se a articulação dos serviços de saúde, com a garantia de ações 
de promoção à saúde, identificação precoce de deficiências, prevenção 
dos agravos, tratamento e reabilitação.
Até 2014, foram planejadas diversas ações, dentre as quais se destacam: 
qualificação das equipes de atenção básica; criação de Centros Especia-
lizados em Reabilitação (CER) e qualificação dos serviços já existentes; 
criação de oficinas ortopédicas e ampliação da oferta de órteses, próteses 
e meios auxiliares de locomoção, vinculados aos serviços de reabilitação 
física do SUS; qualificação da atenção odontológica, tanto na atenção 
básica quanto na especializada e cirúrgica”.
14
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Acesse o site e conheça mais sobre o assunto: http://www.pessoacomdefi ciencia.gov.br
Ex
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Uso de Células-Tronco
Segundo Mayana Zatz (2004), as células tronco são células somáticas, que na 
sua fase de blastocisto são pluripotentes, ou seja, com capacidade de reprodução 
em qualquer tipo de tecido.
É importante ressaltar que existem diversos tipos de células-tronco que podem 
ser produzidas, dentre elas:
• Células obtidas de indivíduos adultos (medula óssea, sangue, fígado)
• Células provenientes do cordão umbilical e placenta
• Células embrionárias
Células totipotentes, são totalmente indiferenciadas, com capacidade de 
gerar qualquer tipo de célula e tecido existentes no organismo, inclusive tecidos 
extraembrionários.
Células pluripotentes, também chamadas de embrionárias, não podem originar 
tecidos extraembrionários, mas dão origem aos demais tipos de células e tecidos 
do embrião.
Células multipotentes são as também chamadas células-tronco adultas, podem 
gerar alguns tipos celulares, ou vários tipos de células de apenas um tecido. Elas estão 
presentes em quase todo o corpo, são alguns exemplos: células hematopoiéticas da 
medula óssea, e mesenquimais, do tronco-neural no cérebro, do cordão umbilical.
As células provenientes de indivíduos adultos são questionáveis, pois a quantidade 
é pequena e não se sabe em que tecidos são capazes de se diferenciar.
As células-tronco provenientes do cordão umbilical possuem uma ótima 
característica para o tratamento de doenças sanguíneas. Experiências recentes já 
demonstraram que o sangue do cordão umbilical é o melhor material para substituir 
a medula em casos de leucemia (ZATZ, 2004).
As células-tronco que envolvem maiores questionamentos éticos são as 
provenientes de células embrionárias, visto que seriam provenientes de embriões 
não utilizados (descartados em clínicas de fertilização). Alguns autores questionam 
se isso não geraria um comércio de óvulos e que poderia haver destruição de 
embriões humanos (ZATZ, 2004).
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
O uso de células-tronco vem sendo amplamente utilizado e muitasdas vezes, 
ainda, sem uma comprovada eficácia científica, portanto do ponto de vista ético, é 
importante que o profissional que deseja fazer uso desta forma de tratamento saiba 
o quão perigosa a mesma pode ser, antes de sair indicando os procedimentos aos 
seus pacientes. No entanto, não deve negar de imediato a possibilidade de ações 
terapêuticas importantes que podem ocorrer a partir do uso de células-tronco.
Para evitar o uso indevido dessas células e diante da grande discussão sobre as 
células obtidas a partir de embriões e sobre a origem da vida, no Brasil, em 2005 
foi criada a Lei da Biossegurança (LEI Nº 11.105/2005).
Acesse aqui e veja o que diz a Lei da Biossegurança: https://goo.gl/Ikcd46
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Medicamentos Genéricos
No ano de 1999 no Brasil, foi instituída a Lei 9787, regulamentada pelo decreto 
3.181/99, que estabelece o medicamento genérico e dispõe sobre a utilização de 
nomes genéricos em produtos farmacêuticos.
Segundo informações constantes no site da ANVISA (2017):
“os medicamentos genéricos são aqueles que contém o(s) mesmo(s) 
princípio(s) ativo(s), na mesma dose e forma farmacêutica, administrados 
pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica do me-
dicamento de referência, apresentando eficácia e segurança equivalentes à 
do medicamento de referência e podendo, com este, ser intercambiável”.
Vale destacar que existem outras formas de se produzir medicamentos com 
o mesmo princípio ativo, no entanto, são denominados medicamentos similares, 
neste caso, não se é permitida a substituição do medicamento caso o médico 
prescreva o de referência (também conhecidos como medicamentos “de marca”).
Os medicamentos de referência possuem eficácia terapêutica, segurança e 
qualidade comprovadas cientificamente no momento do registro, junto à Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária.
Recentemente, viram-se amplamente divulgadas na mídia, notícias que levam a 
população a desacreditar do uso de medicamentos genéricos, informando que estes 
não estão utilizando a quantidade adequada do princípio ativo. Discussões deste 
tipo exigem uma verificação importante da Anvisa, que se pronunciou justificando, 
mas não esclarecendo os reais fatos (GLOBO.COM, 2017).
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Transfusão de Sangue
No Brasil, os primeiros relatos sobre a transfusão sanguínea data de 1920. 
Em 1950, com o I Congresso Paulista de Hemoterapia fundou-se a Sociedade 
Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH). Em 1965, o Ministério da Saúde 
(MS) criou a Comissão Nacional de Hemoterapia para a criação dos hemocentros. 
Na década 80, o MS instituiu a Política Nacional do Sangue, Componentes e 
Hemoderivados, culminando com o Decreto 3.990/2001, que regulamentou a Lei 
10.205/2001, a chamada “Lei do Sangue”.
O grande questionamento ético no caso de transfusões de sangue refere-se às 
Testemunhas de Jeová que não aceitam transfusão sanguínea mesmo que ocorra 
risco de morte, pois violam as leis de Deus. Sabendo-se que no Brasil a liberdade 
de credo é resguardada pela própria Constituição, nesta situação, recai sobre 
os profissionais de saúde um grande dilema, que deverá ser o de escolha entre 
respeitar a autonomia do paciente ou os dispositivos legais que regem a sua prática 
profissional (FRANÇA, 2008).
Neste caso, é importante deixar claro que ao considerar que a doutrina das 
Testemunhas de Jeová interfere na tomada de decisão ética, os profissionais 
devem propor alternativas terapêuticas para a transfusão nesses indivíduos e 
citar o ordenamento jurídico, ético e bioético que justifique este procedimento. 
Na impossibilidade da hemoterapia alternativa, cabe ao médico reger-se pelo 
ordenamento jurídico e pela Resolução 1021/1981, do Conselho Federal de 
Medicina e o Código de Ética Médica, em seus artigos 56 e 57, e proceder a 
transfusão sanguínea para preservar a vida, apesar da recusa do paciente. Quando 
o procedimento for eletivo, com necessidade comprovada de transfusão, compete 
ao hospital requisitar decisão jurídica para proceder a hemoterapia, caso ela seja 
recusada (FRANÇA, 2008).
Transplante de Órgãos
A temática da doação e transplante de órgãos não é recente. Os primeiros 
transplantes que foram realizados foram os de córneas, por volta de 1880. Os 
demais órgãos começaram a ser transplantados depois de 1950, no entanto 
muitos casos de transplantes não apresentavam sucesso, em função das rejeições 
que ocorriam devido à falta de compatibilidade. Com o avanço das pesquisas com 
medicações imunossupressivas, os casos de sucesso só cresceram. 
Os órgãos que começaram a ser transplantados foram as córneas, seguidas 
pelos rins, e depois pela medula, pulmões, fígado e pâncreas. Ossos e pele foram 
testados mais tardiamente (PESSINI, 2007).
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
No Brasil, o pesquisador pioneiro no transplante de órgãos foi o Dr. Euryclides 
de Jesus Zerbini. Em 26 de maio de 1968 ele realizou, no Hospital das Clínicas, 
em São Paulo, o primeiro transplante de coração da América Latina. Seu paciente 
viveu apenas alguns dias, visto que naquela época não havia medicamentos capazes 
de evitar a rejeição do transplante. Em 1985, já com o desenvolvimento de drogas 
de combate à rejeição, ele realizou, com sucesso, a mesma cirurgia em um paciente 
portador da doença de Chagas. Em 1987, foi criada a Associação Brasileira de 
Transplante de Órgãos (ABTO), com a finalidade de:
• Promover e estimular o desenvolvimento de todas as atividades relacionadas 
aos transplantes de órgãos e tecidos humanos;
• Congregar os profissionais e as entidades envolvidas ou interessadas em 
transplantes de órgãos e tecidos;
• Contribuir para o estabelecimento de normas e para a criação e aperfeiçoamento 
de legislação relacionada com o transplante de órgãos e tecidos;
• Estimular a doação de órgãos e tecidos e oferecer apoio técnico e logístico 
para organização e funcionamento de centrais de notificação, captação e 
distribuição de tecidos e órgãos;
• Estimular a pesquisa e colaborar na difusão de conhecimentos sobre transplante 
de órgãos e tecidos;
• Promover a realização de congressos, simpósios, conferências e outras 
atividades relacionadas ao transplante de órgãos e tecidos;
• Difundir junto ao público em geral, com os recursos de conscientização 
disponíveis e respeitada a ética profissional, o significado humanitário, científico 
e moral da doação de órgãos e tecidos para transplantes;
• Estimular o intercâmbio com entidades congêneres.
• Promover a realização de eventos educacionais, esportivos e culturais, 
relacionados com os transplantados, doadores e familiares.
• Promover a captação de recursos para o desenvolvimento das atividades 
essenciais. (ABTO, 2017)
A grande temática recente de discussão sobre o transplante de órgãos está no 
tráfico de órgãos e isso ocorreu devido à grande necessidade e baixa demanda de 
órgãos disponíveis para serem transplantados.
Em 2008, ocorreu em Dubai uma reunião com diversos pesquisadores e 
governantes, com o objetivo de criar uma forma de proteção da população 
vulnerável no risco ao tráfico de órgãos, criando-se assim a Declaração de Istambul, 
que além de definir sobre o tráfico de órgãos e o comércio de transplantes, propôs 
regras aos países participantes para que esses criassem suas próprias legislações, 
desenvolvessem e implementassem políticas e procedimentos para melhorar o 
número de órgãos disponíveis para transplante, seguindo os princípios éticos.
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Acesse https://goo.gl/hh44Fx e veja na íntegra a declaração de Istambul.
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Transplantes no Brasil
Em 1997, foram criados o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o seu órgão 
central, as Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) 
para cada Estado brasileiro e os Cadastros Técnicos (lista única) para distribuição 
dos órgãos e tecidos doados. Foram também destinados recursos financeiros para 
o pagamento do processo de doação (ABTO, 2017). 
Hoje no Brasil, os transplantes estão normatizados,e através do RBT (Registro 
Brasileiro de Transplantes) é possível acompanhar mensalmente o número de 
transplantes realizados. Para ter acesso a esse registro, basta acessar o RBT dentro 
do sítio da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. No ano de 2016 
ocorreram 5940 órgãos transplantados de janeiro a setembro de 2016, sendo 267 
transplantes de coração, 4.114 rins e 1.381 fígados (RBT, 2016).
Acesse o link abaixo e atualize periodicamente seus dados, conforme cronograma para 
coleta de dados do Registro Brasileiro de Transplante em 2016: www.abto.org.br/rbt
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Alimentos transgênicos e manipulações 
genéticas 
Outra grande temática bioética é o uso de alimentos transgênicos e os diversos 
tipo de manipulações genéticas. Por definição, manipulação genética é o ato de 
alterar células de DNA com o objetivo de introduzir características ou produzir 
novas proteínas que favorecem melhorias no sentido de garantir sua utilidade.
Tipos de manipulação genética
1. Manipulação de células de plantas: existem elementos que são consumidos 
com diversos tipos de manipulações, desenvolvidos principalmente com 
a engenharia genética. Exemplos mais comuns são as manipulações nos 
cereais, como o trigo e o centeio, a soja e o milho.
2. Manipulação de células animais: existem diversos laboratórios que já 
realizam manipulações, inclusive com a produção de novos seres. Com a 
biotecnologia já foi possível inclusive a criação de novos animais a partir 
de modificações celulares; o exemplo mais conhecido e divulgado dessa 
atividade é o caso da ovelha Dolly. A técnica da clonagem foi utilizada 
gerando um novo ser vivo.
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
3. Manipulação de células de seres humanos: com o projeto Genoma 
Humano, realizou-se e ainda se realiza a descodificação do gene humano, o 
que permitirá em um futuro muito próximo realizar as mesmas manipulações 
já realizadas com plantas e animais.
Os alimentos transgênicos são modificados geneticamente em laboratórios com 
o objetivo de conseguir melhorar a qualidade do produto, no entanto, muito tem 
sido questionado pelos ambientalistas devido aos danos irreversíveis que podem 
ser gerados ao meio ambiente. Os genes de plantas e animais são manipulados e 
muitas vezes combinados, com novos organismos sendo produzidos. Os organismos 
geneticamente modificados, depois da fase laboratorial, são implantados na 
agricultura ou na pecuária. Vários países adotam esta metodologia como forma de 
aumentar a produção e diminuir seus custos.
No Brasil, a regulação sobre o assunto foi dada pelo decreto 5.591, de 22 
de novembro de 2005, que regulamenta dispositivos da Lei 11.105 (Lei da 
Biossegurança), de 24 de março de 2005, e também regulamenta os incisos II, IV 
e V do § 1o do art. 225 da Constituição, e dá outras providências.
Ainda dentro do assunto relacionado aos alimentos transgênicos, o decreto 
4.680/03 regulamentou o direito à informação, quanto aos alimentos e ingre-
dientes alimentares que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos 
geneticamente modificados (OGM). Em 2015, foi proposto ao Senado Federal o 
Projeto de Lei 4148/08 aprovado pelo Congresso que desobriga a necessidade de 
rotular produtos com menos de 1% de alimento modificado. O projeto ainda está 
em processo de relatoria, mas já foi rejeitado pela Comissão de Ciência, Tecno-
logia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), sendo encaminhado ainda a 
outras comissões. 
Entre no link abaixo e acompanhe o desenrolar no Senado Federal desse projeto de Lei:
https://goo.gl/5AK67g
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Aborto, eutanásia, ortotanásia e distanásia
O aborto no Brasil vem sendo motivo de grande discussão, e novamente provoca 
discussão depois que em novembro de 2016, o Supremo Tribunal Federal definiu 
que o aborto nos três primeiros meses de gestação não é crime e informam que a 
criminalização do aborto ainda no primeiro trimestre da gravidez fere a Constituição 
Federal. O ministro Luís Roberto Barroso informou que os artigos do Código Penal 
são inconstitucionais. Apesar da decisão ser válida apenas para o caso específico 
(em que os réus foram soltos), a notícia gerou uma grande polêmica e confusão, o 
que fez borbulhar as redes sociais.
Vamos conceituar os tópicos!
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Aborto – Etimologicamente significa privação do nascimento. Dentro de uma 
conceituação clássica seria a “expulsão ou extração de toda ou qualquer parte da 
placenta ou das membranas, sem um feto identificável, ou de um recém-nascido 
vivo ou morto, que pese menos de quinhentos gramas”. Este conceito foi baseado 
na viabilidade fetal extrauterina e é mundialmente aceito pela literatura médica 
(PESSINI, 2007).
O aborto provocado ou induzido é aquele que acontece pela intervenção do homem.
Do ponto de vista legal, o aborto é a interrupção da gravidez com intuito de 
morte do concepto, não fazendo alusão à idade gestacional. No âmbito da bioética 
o aborto espontâneo refere-se à interrupção espontânea da gravidez antes da 
viabilidade, após esse período são chamados partos precoces (vivo) ou parto de 
natimortos (morto). Qualquer interrupção da gravidez de forma provocada por 
técnicas médicas ou cirúrgicas é denominada de aborto, independentemente do 
estágio do feto (PESSINI, 2007).
Depois dessa introdução, nos perguntamos então o que é considerado aborto legal.
À luz da bioética, especialistas defendem a ampliação do aborto legal para os casos 
de malformação fetal ou da existência de doenças hereditárias que impossibilitem a 
criança de seguir sua vida de forma normal, ficando essa decisão ao casal.
No Brasil hoje, o aborto é permitido em situações próprias, quando resulta de 
estupro, para salvar a vida da gestante ou no caso do feto ser anencéfalo.
Eutanásia – Etimologicamente, este termo originou-se do grego eu + thanatos, 
que pode ser traduzido como “boa morte” ou “morte sem dor”.
Do ponto de vista médico, significa abreviar a vida de um paciente em estado 
terminal ou que esteja sujeito a dores e intoleráveis sofrimentos físicos ou psíquicos. 
É um tema muito polêmico, pois pode interferir diretamente no que o paciente 
pensa ou deseja sobre a sua condição.
No Brasil, o Código Penal não estipula a prática da eutanásia. Deste modo, o mé-
dico que termina a vida de um paciente por compaixão comete o chamado “homicí-
dio simples”, indicado no artigo 121, e está sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclu-
são. O direito à vida é considerado inviolável de acordo com a Constituição Federal.
Mesmo sendo proibida no Brasil, no estado de São Paulo, a lei estadual 10.241/99 
confere o direito ao usuário de um serviço de saúde de rejeitar tratamento doloroso 
para o prolongamento da vida.
Ortotanásia – Morrer com dignidade ou o ato de morrer bem. O conceito 
permite ao doente que entrou numa fase irreversível, e aqueles que o cercam, 
enfrentar a morte com tranquilidade, visto que nesta perspectiva a morte é inevitável 
e que faz parte da vida (PESSINI, 2007).
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
Distanásia – É exatamente o contrário da eutanásia, ou seja, o ato de prolongar 
ao máximo a vida de uma pessoa que tem uma doença incurável. Frequentemente 
a distanásia implica numa morte lenta e sofrida.
A distanásia começou a se tornar um problema ético na medida em que o 
progresso técnico científico começou a interferir de forma decisiva nas fases finais 
da vida humana (PESSINI, 2007).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Diretrizes básicas para captação e retirada de múltiplos órgãos e tecidos da Associação Brasileira de Transplante 
de Órgãos
ABTO. Diretrizes básicas para captação e retirada de múltiplos órgãos e tecidos 
da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 2009.
https://goo.gl/nEJm4N
Distanásia: percepção dos profissionais da enfermagem
MENEZES, M. B.; SELLI, L.; ALVES, J. S. Distanásia: percepção dos profissionais 
da enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem,Ribeirão Preto, v. 17, n. 4, p. 443-
448, Aug. 2009.
https://goo.gl/RNKBOu
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UNIDADE Relações Interpessoais e Aplicações Éticas
Referências
ABTO. Diretrizes básicas para captação e retirada de múltiplos órgãos e 
tecidos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 2009. Disponível 
em: <http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/pdf/livro.pdf> Acesso em: 
fevereiro de 2017.
ABTO. Estatuto da ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. 
2017. Disponível em: <http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?mn=488
&c=935&s=0&friendly=estatuto-da-abto---associacao-brasileira-de-transplante-de-
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em: <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v28n6/v28n6a10.pdf> Acesso em 
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FRANÇA, I. S. X. et al. Dilemas éticos na hemotransfusão em Testemunhas de 
Jeová: uma análise jurídico-bioética. Acta Paul. Enferm., São Paulo , v. 21, n. 3, 
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GLOBO.COM. Anvisa questiona teste dos remédios genéricos, mas comete 
imprecisões. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2017/02/
anvisa-questiona-teste-dos-remedios-genericos-mas-comete-imprecisoes.html> 
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Revista Fórum Trabalhista – RFT, v. 3, n. 11, p. 21-47, 2014. Disponível em: 
< http://www.editoraforum.com.br/ef/wp-content/uploads/2014/06/O-assedio-
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SÚMULA DO PROGRAMA “VIVER SEM LIMITE”: PLANO NACIONAL DOS 
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