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Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho a) PRINCÍPIO DISPOSITIVO OU DA DEMANDA Na esfera civil, o poder de provocar a tutela jurisdicional foi entregue à própria parte interessada, isto é, àquela que se sentisse atingida pelo comportamento alheio, podendo ela vir a juízo apresentar a sua pretensão, se quiser ou da forma que lhe aprouver, assim como dela desistir, respeitadas as exigências legais (art. 2º, CPC). b) PRINCÍPIO INQUISITÓRIO OU DO IMPULSO OFICIAL Está consagrado expressamente no art. 2º., do CPC, que dispõe textualmente: “o processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”. Após o ajuizamento da ação, o juiz assume o dever de prestar a jurisdição, de acordo com os poderes que o ordenamento jurídico lhe confere. É importante a advertência de Ada Pelegrini Grinover1, para quem “o processo civil não é mais eminentemente dispositivo como era outrora; impera, portanto, no campo processual penal, como no campo processual civil, o princípio da livre investigação das provas, embora com doses maiores de dispositividade no processo civil”. c) PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE O processo não é um fim em si mesmo. Ao revés, o processo deve ser instrumento de justiça. É por meio dele que o Estado presta a jurisdição, diminuindo conflitos, promovendo a pacificação e a segurança aos jurisdicionados (CPC, arts. 188, 277 e 341 e CLT, art. 769). d) PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA Corolário do contraditório, o princípio da impugnação específica está previsto no art. 341, do CPC, segundo o qual “Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial,”. A 1 GRINOVER, Ada Pelegrini. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: significado social, político e jurídico da tutela dos interesses difusos. Revista de Processo, São Paulo, nº 97. inobservância do princípio deságua na presunção de serem verdadeiros os fatos não impugnados. Esse ônus atribuído ao réu somente não ocorrerá: I – não for admissível, a seu respeito, a confissão; II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. e) PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE DA LIDE Este princípio informa que se o autor já propôs sua demanda e deduziu os seus pedidos, e se o réu já foi citado para se pronunciar sobre eles, não poderá mais o autor modificar sua pretensão sem anuência do réu e, depois de ultrapassado o momento da defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes, isso será possível. O art. 108, do CPC, consagra o critério subjetivo da estabilização da demanda. f) PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE As partes devem alegar, na oportunidade própria prevista em lei ou por ocasião do exercício da faculdade processual, todas as matérias de defesa ou de seu interesse. É o princípio da eventualidade, que está inserto no art. 336, do CPC, in verbis: “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.” g) PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO O princípio da preclusão decorre do princípio dispositivo e com a própria logicidade do processo, que é o “andar para frente”, sem retornos e etapas ou momentos processuais já ultrapassados. Este princípio está inscrito no art. 278, do CPC, segundo o qual, “nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.”. Trata-se de princípio aplicável em todos os ramos de direito processual, e consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de esforço, evitando-se dispêndios desnecessários para os jurisdicionados. i) PRINCÍPIO DA “PERPETUATIO JURISTIONIS” Melhor seria falar em princípio da perpetuação da competência. Está previsto no art. 43, do CPC, segundo o qual a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. j) PRINCÍPIO DO ÔNUS DA PROVA Está previsto no art. 373, do CPC, que “o ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. O direito processual do trabalho o consagra no art. 818, da CLT, in verbis: “o ônus da prova incumbe: I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante”. k) PRINCÍPIO DA ORALIDADE Este princípio não encontra residência em nenhuma norma expressa do CPC ou da CLT. A rigor, ele se exterioriza interagindo com outros quatro princípios: I – princípio da imediatidade; II – princípio da identidade física do juiz; III – princípio da concentração; IV – princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias.
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