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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Pós-graduação em Direito Resenha do Caso “Justiça gratuita suspende pagamento de sucumbência por dois anos, diz TRT-4” Nome da aluna Daiane Dela vedova Trabalho da disciplina Teoria geral do Processo do Trabalho Tutor: Prof. GUSTAVO BASTOS DE ANDRADE Terra Boa - PR 2020 Tema: Justiça gratuita suspende pagamento de sucumbência por dois anos, diz TRT-4 1.RESUMO Com a entrada em vigor da Lei 13.467/17, Reforma Trabalhista, os honorários advocatícios passam a ser devidos pela parte sucumbente, ainda que parcial, por qualquer das partes no processo trabalhista. Exigindo que o empregador que é beneficiário da justiça gratuita seja condenado ao pagamento de honorários sucumbenciais. Os honorários de sucumbência serão cobrados em caso de não por em risco a sobrevivência do trabalhador, podendo neste caso, ser suspensa a exigibilidade da cobrança do credito. 2. INTRODUÇÃO A Reforma Trabalhista trouxe a exigência do pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência mesmo a parte senso beneficiário da justiça gratuita. Por outro lado, concedeu a possibilidade da suspensão do pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência, conforme Art. 791 A da CLT. No entanto para que a parte tenha o direito de exigir que os honorários sejam suspensos, ela não pode ter obtido juízo em outro processo, podendo ser executado nos próximos dois anos. Sendo então suspensa a exigibilidade, o trabalhador poderá ser executado se o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos no qual justificou a concessão da gratuidade. 3.CRITICA De acordo com a corrente majoritária, defendida pelo Tribunal Superior do Trabalho, entende que os honorários advocatícios, dos processos de relação de emprego, não decorrem apenas da sucumbência, devendo estar assistido pelo sindicato da categoria profissional e ser beneficiário da justiça gratuita, conforme disposto nas Sum. 219 e 329 do TST. Tendo em vista o instituto do Jus Postulandi, os honorários advocatícios seriam indevidos, em razão de ser facultado ao trabalhador a contratação de advogado até o TRT, salvo nas ações rescisórias, ações cautelares e mandado de segurança onde não é cabível o Jus Postulandi. Após a Reforma Trabalhista, a sucumbência passou a ser cobrada na justiça do trabalho, gerando um certo receio pela parte mais fraca financeiramente. Conforme disposto no Art. 791 A da CLT, a parte beneficiaria da justiça gratuita será devedora dos honorários sucumbenciais, devendo arcar com os honorários em caso de perca do processo, mesmo que parcialmente. Foi um ponto muito criticado com da Reforma Trabalhista, indo contra os princípios trabalhistas e constitucionais. Foi uma forma de impedir o trabalhador de ter o livre acesso à justiça. O Paragrafo 4º do Art. 791 A da CLT, dispõe que o beneficiário da justiça gratuita quando vencido deverá arcar com os honorários advocatícios sucumbenciais no caso de ter obtido créditos capazes de suportar as despesas ou se tiver em outro processo, no caso de não tiver obtido nenhuma das hipóteses anteriores então a obrigação fica suspensa. O devedor poderá ser executado caso saia da condição de beneficiário da justiça gratuita. Ainda no Parágrafo 4 do Art. 791 A da CLT, dispõe que o valor a ser cobrado como honorários advocatícios de sucumbência é de no mínimo 5% e no máximo 15% da condenação ou do valor da causa. De acordo com o previsto no Art. 790 Parágrafo 3 da CLT, tem direito a justiça gratuita aquele que recebe salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. A obrigação decorrente da sucumbência ficará sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos próximos dois anos ao trânsito em julgado da decisão que a sentenciou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade da justiça. Ainda que o trabalhador obtenha créditos suficiente para realizar o pagamento, somente deverá ser cobrado se for comprovado que o pagamento da verba não colocara em risco a sua sobrevivência e de sua família. De acordo com o entendimento do TRT o Art. 791 A Paragrafo 4 da CLT, viola os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho, da erradicação da pobreza e da marginalização, da redução das desigualdades sociais e do direito de ação e de assistência jurídica integral e gratuita do cidadão que comprova insuficiência de recursos para quitar custas e demais despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento. vejamos o entendimento do doutrinador Rodrigo Janot: Ao impor maior restrição à gratuidade judiciária na Justiça do Trabalho, mesmo em comparação com a Justiça Comum, e ao desequilibrar a paridade de armas processuais entre os litigantes trabalhistas, as normas violam os princípios constitucionais da isonomia (art. 5o, caput), da ampla defesa (art. 5o, LV), do devido processo legal (art. 5o, LIV) e da inafastabilidade da jurisdição (art. 5o, XXXV). A justiça do trabalho tem como atributo a proteção do trabalhador, tendo como atributo equiparar as partes que por força da relação não estão em igualdade. Desta forma o beneficiário da justiça gratuita acaba tendo o seu benefício ignorado. Os danos ao trabalhador, vão muito além do dano material, pois, tem direitos sendo desrespeitados. O trabalhador que já tinha receio de entrar com ação por ser a parte hipossuficiente e ter medo de não conseguir comprovar os direitos, agora vai além, pois, além de perderem ainda tem que pagar os honorários. A Constituição Federal em seu Art. 5 Inc. XXXV, prevê o direito fundamental de acesso ao Poder Judiciário, garantindo a todos os trabalhadores o livre direito ao Judiciário. 4.CONCLUSÃO Entende-se que o Art. 791 A Paragrafo 4 da CLT é inconstitucional, por violar os princípios constitucionais. Violando os direitos dos trabalhadores hipossuficientes (Art. 1 IV, 5, XIII e 6 da CF), o princípio do acesso à justiça gratuita (Art. 5, LXXIV da CF) e o principio da garantia do mínimo existencial (Art. 5, LXXIV da CF). Desta forma os sujeitos estão em um patamar de desigualdade, tornando o custo da ação mais onerosa para o trabalhador hipossuficiente, ao restringir a gratuidade da justiça, impondo ao trabalhador que arque com as custas processuais. (JANOT, 2017, p. 8) https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/13479/1/FAF07122018.pdf https://www.conjur.com.br/2019-jul-13/justica-gratuita-suspende-pagamento-sucumbencia-dois-anos#:~:text=Cr%C3%A9ditos%20a%20receber-,Justi%C3%A7a%20gratuita%20suspende%20pagamento%20de,dois%20anos%2C%20diz%20TRT%2D4&text=A%20exigibilidade%20de%20pagamento%20de,cr%C3%A9ditos%20a%20receber%20em%20ju%C3%ADzo. https://www.conjur.com.br/2019-jul-22/opiniao-primeiras-decisoes-tst-sucumbencia-reciproca https://www.migalhas.com.br/quentes/306685/beneficiario-da-justica-gratuita-tera-sucumbencia-descontada-de-credito-trabalhista https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-do-trabalho/o-refreamento-da-gratuidade-da-justica-na-reforma-trabalhista-analise-sob-a-luz-da-constituicao-federal-de-1988/ http://www.lex.com.br/noticia_27699381_TURMA_DEFERE_JUSTICA_GRATUITA_A_EMPREGADO_MAS_MANTEM_CONDENACAO_EM_HONORARIOS_SUCUMBENCIAIS_COM_EXIGIBILIDADE_SUSPENSA.aspx http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/pleno-do-tst-vai-examinar-constitucionalidade-de-dispositivo-da-reforma-trabalhista-sobre-honorarios
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