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3 AVALIAÇÃO - COMENTÁRIO LIVRE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE 
PROGRAMA DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA 
CURSO DE ANTROPOLOGIA 
DISCIPLINA – ETINOLOGIA INDIGENA 
 
 
 
EVANISA SANTOS DE SÁ 
 
 
 
 
 
3ª AVALIAÇÃO – COMENTÁRIO LIVRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santarém-PA, 12 de agosto de 2021 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE 
PROGRAMA DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA 
CURSO DE ANTROPOLOGIA 
DISCIPLINA – ETINOLOGIA INDIGENA 
 
 
EVANISA SANTOS DE SÁ 
 
 
 
3ª AVALIAÇÃO – COMENTÁRIO LIVRE 
 
 
 
 
Avaliação apresentada ao curso de Antropologia, como 
requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina de Etnologia 
Indígena, ministrada pelo Professor Eduardo Soares Nunes 
 
 
 
 
 
 
Santarém-PA, 12 de agosto de 2021 
 
Apesar da colonização ter ocorrido a mais de 500 anos, ainda vemos na atualidade 
as transformações causadas pelo contato dos homens brancos nos povos indígenas. Na 
época, a dicotomia “civilizado x selvagem” gerou um verdadeiro extermínio, acarretando 
hoje numa quantidade mínima de povos originários comparado a aurora dos mesmos. 
Porém, essa dicotomia ainda permanece, apenas se atualizando com o tempo e gerando 
transformações mais “atualizadas”, no entanto, pode um contato entre tradições ditas 
europeias com uma tradição nativa possuir algo em comum e benéfico? Pode causar uma 
transformação positiva ou poderia ainda perpetuar para uma perda cultural? Esses 
pensamentos e questões tive após explanar rapidamente sobre o texto “Uma etnologia dos 
“índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais”, de João 
Pacheco de Oliveira. O objeto de estudo deste trabalho é um artigo intitulado “Os Wai-Wai 
e suas conexões com o evangelismo”, de Renan Albuquerque, professor e pesquisador da 
Universidade Federal do Amazonas. 
Quando comecei a ler o artigo, percebi que, quando buscamos na mente sobre a 
história dos povos originários junto da catequização dos mesmos, vemos que foi de forma 
bem abrupta, forçada e violenta, mas não imaginamos que por motivação própria e por 
liberdade individual e coletiva, veríamos um ameríndio iniciar-se dentro de uma doutrina 
cristã-protestante. Uma questão levantada pelo autor que é pertinente e interessante é: como 
essa mescla de tradições pode impactar na cultura de um povo? Uma religião de origem 
europeia, criada a partir da reforma da igreja católica, majoritariamente branca, agora se 
mesclando com às tradições e culturas dos Wai-Wai. Pensamos tanto na “invasão” da 
cultura branca nas culturas locais dos povos nativos, que questões como essas nos dias 
atuais se embaralham a cabeça, já que durante a era das colonizações, a evangelização foi 
um dos meios por onde os povos foram sendo exterminados, seja fisicamente ou 
culturalmente. 
Continuando pelo artigo, vemos que a inserção da religião cristã trouxe e traz efeitos 
negativos e positivos, a ponto de haver certos “sacrifícios” para conseguir alguma coisa. 
Um ponto citado pelo autor é que, os diálogos entre os nativos e os missionários fizeram 
com que diminuísse o consumo exacerbado de álcool e psicotrópicos na aldeia, porém, esse 
benefício trouxe a diminuição de práticas tradicionais e ideologias da tribo. Na visão dele, 
quando um nativo sincretiza seus hábitos orando tanto para Yepá quando para Cristo, ele 
está enriquecendo suas experiencias, apesar de ambas as ações serem bastantes distintas. É 
estranho vermos isso, pois, apesar de na nossa visão, as tradições nativas serem politeístas, 
a tradição cristã possui a crença em um único e verdadeiro deus. Isso seria uma 
modernização? Ambas tradições possuem estruturas diferentes. Para um, parentesco, 
xamanismo, são consideradas em orações a Yepá, enquanto que medo, paraíso celestial e 
pecado são preces feitas segundo a bíblia. Quando olhamos para essa situação, parece não 
haver uma reversão de sentido. Não conseguimos imaginar um branco, ou até mesmo uma 
pessoa de quaisquer outra religião, se integrando às tradições nativas, pois não parecem tão 
cativantes ou fortuitas quanto a religião Cristã-protestante. Mas, também não imaginávamos 
na situação atual deste trabalho feito pelo professor Renan Albuquerque. 
Ainda, temos o choque de visão sobre a morte. Na perspectiva dos Wai-wai, a morte 
não é um fardo a ser carregado, como se a alma retornasse para angustiar as noites. Para os 
Wai-wai, a alma retorna a terra de onde veio, podendo fazer aparições na forma de ventos, 
pedra, ou antropomorfizado em um animal, tal qual como vimos no texto “Os Pronomes 
Cosmológicos E O Perspectivismo Ameríndio”, de Eduardo Viveiro de Castro, que nos 
explana sobre as diferentes perspectivas dos ameríndios, sendo um deles sobre como os 
espíritos veem os humanos. Isso é a aceitação plena da morte. Para eles, não é admissível 
monopolizar a dor e transcreve-los em registros orais tal qual o luto ou autores de poemas 
góticos que se contorcem em seu ser pela perda da pessoa amada. Porém, ao lermos os 
evangelhos, notamos uma semelhança sobre as questões da morte. O autor nos conta de 
uma passagem bíblica onde Jesus faz com que não neguemos a realidade da morte, mas sim 
o poder de permanecia dela. “Quando chegaram à casa de Jairo, uma multidão chorava e 
lamentava a morte da criança. Jesus não se deu por vencido e afirmou que a criança não 
estava morta, mas apenas ‘dormindo’”. Dessa forma, vemos essa similaridade sábia acerca 
de um sentimento que deveria ser devastador, mas que é negado perante a aceitação sublime 
de que a morte é apenas um fenômeno presente. 
Lendo seu artigo, vemos que, apesar das contradições, existe uma troca de 
experiencias e até sutis similaridades nessa hibridização. E se há uma troca respeitosa, deve 
haver uma correlação religiosa, sem sobrepor uma acima da outra. E ainda, se é uma troca 
estabelecida, há a necessidade de entender seus comportamentos e representações, onde, 
sem sobreposição, os cristãos-protestantes possam dialogar com sabedoria e se deixarem 
serem ensinados sobre os atos xamânicos junto dos Wai-Wai pra compreender a 
profundidade dos saberes étnicos. 
Referencias 
Albuquerque, Renan. Os Wai-Wai e suas conexões com o evangelismo: Parte 1 – A 
Cerimônia. Amazônia Real. Publicado em 01/03/2017 às 17:20. Disponivel em: < 
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-1-a-
cerimonia/> 
Albuquerque, Renan. Os Wai-Wai e suas conexões com o evangelismo: Parte 2 – As Trocas. 
Amazônia Real. Publicado em 01/03/2017 às 17:20. Disponivel em: < 
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-2-as-
trocas/> 
Albuquerque, Renan. Os Wai-Wai e suas conexões com o evangelismo: Parte 3 – Das 
Mortes da Alma. Amazônia Real. Publicado em 01/03/2017 às 17:20. Disponivel em: < 
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-3-das-
mortes-da-alma/> 
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. 1996. Os pronomes cosmológicos e o 
perspectivismo ameríndio. Mana, 2(2). pp. 115-144. 
 
 
 
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-1-a-cerimonia/
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-1-a-cerimonia/
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-2-as-trocas/
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-2-as-trocas/
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-3-das-mortes-da-alma/
https://amazoniareal.com.br/os-wai-wai-e-suas-conexoes-com-o-evangelismo-parte-3-das-mortes-da-alma/

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