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O acrônimo STORCH refere-se às infecções mais relacionadas à transmissão congênita, sendo elas: sífilis (S), toxoplasmose (TO), rubéola (R), citomegalovírus (C) e herpes simples (H). Em 2015 foi adicionado a infecção pelo vírus da Zika em virtude das malformações congênitas que podem causar: STORCH + ZIKA. TOXOPLASMOSE CONGÊNITA O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório mais comum em países tropicais. TRANSMISSÃO A transmissão ocorre através da ingestão de cistos do parasita presentes na carne animal ou de oocistos eliminados nas fezes de gatos, que podem estar presentes em alimentos, água ou outros materiais. A transmissão para o feto se dá após a infecção materna primária durante a gestação. Quando mais precoce a idade gestacional, menor é as chances de transmissão, mas mais grave é a infecção. Ou seja, o grau de comprometimento é maior no 1º trimestre e a chance de transmissão é maior no 3º trimestre (último mês). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Cerca de 70% das crianças são assintomáticas ao nascimento, mas ainda tem alta frequência de: prematuridade, retardo no crescimento intrauterino, anormalidade liquóricas e cicatrizes de coriorretinite. Com isso, é mais comum uma manifestação subclínica com sorologia positiva da mãe. Aproximadamente 10% tem manifestações graves nos primeiros dias de vida, podendo apresentar doença multissistêmica ou isolada, afetando o SNC ou na forma ocular. Nesse quadro grave pode ter: - Coriorretinite, - Convulsão, - Micro ou hidrocefalia, - Calcificações cranianas, - Icterícia, - Anemia, - Hiperproteinorraquia, - Febre ou hipotermia; - Hepatoesplenomegalia; - Vômitos e diarreia, - Linfoadenomegalia, - Pneumonite, apneia, taquipneia, - Diátese hemorrágica, - Rash cutâneo, - Catarata, glaucoma e microftalmia. A ocorrência de sequelas tardias é frequente em todas as formas clínicas da toxoplasmose não tratada, podendo ser identificada até os 20 anos de idade. Quando o quadro clínico já aparece ao nascimento, as sequelas são mais frequentes e graves, com retardo mental, convulsões, espasticidade ou paralisia, dificuldade visual e auditiva. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO FETAL Pode ser diagnosticada com USG e amniocentese após 18 semanas para identificação do agente etiológico pelo método PCR. DIAGNÓSTICO NEONATAL - SOROLÓGICO: realizar o método ELISA IgM por “captura” ou ISAGA. - IMAGEM: para detectar envolvimento do SNC, por meio de radiografia de crânio, ultrassonografia transfontanela e TC de crânio. - OUTROS: estudo anatomopatológico da placenta; a fundoscopia; a audiometria; e o estudo do liquor, RUBÉOLA A infecção intrauterina pelo vírus da rubéola pode apresentar- se de 2 formas: INFECÇÃO CONGÊNITA DA RUBÉOLA: engloba todos os eventos associados à infecção intrauterina pelo vírus da rubéola (abortos, natimortos, combinação de defeitos e a infecção assintomática); SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA (SRC): refere-se à variedade de defeitos presentes em neonatos filhos de mães que apresentaram infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação (deficiência auditiva, catarata, defeitos cardíacos). TRANSMISSÃO A transmissão para o feto se dá por via placentária, cerca de 5 a 7 dias após a inoculação materna. O risco maior é nas primeiras 10 semanas de gestação, mas o risco de ocorrer malformações é maior até a 18ª a 20ª semana. Após isso os defeitos congênitos são raros. QUADRO CLÍNICO PERÍODO FETAL Pode ocorrer parto prematuro e defeitos congênitos da SRC (perda auditiva, catarata e cardiopatia congênita). A incidência de defeitos anatômicos é maior nos RN de mães infectadas no 1º trimestre, enquanto que o crescimento intrauterino retardado pode ocorrer em casos de infecções no 3º trimestre. PERÍODO NEONATAL - Meningoencefalite; - Pneumonia intersticial; - Lesões osteolíticas; - Retinopatia; - Glaucoma; - Hepatomegalia; - Icterícia; - Petéqueias; - Adenopatia; - Anemia hemolítica e trombocitopenia. Manifestações Tardias X Precoce PRECOCE: perda auditiva, cardiopatia congênita, microcefalia e catarata. TARDIA: perda auditiva, endocrinopatias (tireoideopatias e diabetes melito na infância) e panencefalite. DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO ESPECÍFICA Sorologia: a pesquisa de anticorpos IgM e IgG. A detecção de anticorpos IgM no sangue do cordão umbilical indica infecção recente pelo vírus da rubéola. Níveis de IgG mais elevados que o materno ou persistentemente altos (o IgG materno desaparece entre 6 e 12 meses) também confirmam infecção congênita. PCR: o vírus da rubéola pode ser detectado pela identificação do RNA viral. Pode ser pesquisado em: secreções da orofaringe, respiratórias, líquido amniótico, urina e liquor. Isolamento viral: o vírus pode ser isolado a partir de secreções da orofaringe ou ser cultivado em amostras de sangue periférico, placenta, urina e liquor. CITOMEGALOVÍRUS O citomegalovírus (CMV) apresenta inclusões intranucleares e intracitoplasmáticas em casos sintomáticos. Sua transmissão é por via sexual entre os adultos. A transmissão vertical ocorre em casos de infecção primária ou reinfecção materna. A infecção perinatal (até 1 mês após o nascimento) ocorre pelo contato do RN com a mucosa vaginal durante o parto por via baixa ou pelo leite materno contaminado, mas costuma ser assintomático e sem sequelas. QUADRO CLÍNICO - Icterícia; - Hepatomegalia; - Petéquias; - Perda auditiva neurossensorial; - Calcificações intracranianas intraventriculares; - Hipotonia; - Microcefalia; - Atraso no desenvolvimento; - Epilepsia; - Alterações Oftalmológicas, principalmente a retinite caracterizada por extensas áreas de necrose retiniana branco- amareladas, próximas aos vasos retinianos, com hemorragias e vasculite e branda inflamação vítrea. DIAGNÓSTICO É realizado pela cultura do vírus na urina ou saliva do RN nas primeiras 3 semanas de vida. Outros testes: PCR e presença de anticorpos IgM anti-CMV no sangue do cordão umbilical. Para comprovação pré-natal, pode-se realizar amniocentese e análise do vírus no líquido amniótico. HERPES SIMPLES Tem baixa prevalência. O HSV infecta o ser humano a partir da inoculação oral, genital, mucosa conjuntival ou pele com solução de continuidade. A partir daí infecta os nervos terminais, por onde é transportada via axônio até as raízes ganglionares dorsais, onde permanece latente durante a vida toda. TRANSMISSÃO Intrauterina: muito rara. Ocorre por meio de viremia materna ou infecção ascendente do trato genital, mesmo com membranas íntegras; Perinatal: 85%. Ocorre pelo contato do RN com o trato genital materno infectado com lesões ou não. Pós-natal: cerca de 10%. Ocorre quando um cuidador com infecção ativa (ex herpes labial) tem contato próximo com um RN. QUADRO CLÍNICO INFECÇÃO INTRAUTERINA São sinais de infecção placentária: - Infarto; - Necrose; - Calcificações; - Sinais de envolvimento fetal grave como hidropsia. - Pode ocorrer morte fetal. INFECÇÃO PERINATAL MUCOCUTÂNEA: presentes nas primeiras 2 semanas. As lesões de pele apresentam-se como vesículas agrupadas sob forma eritematosa localizadas ou disseminadas. Acometimento da orofaringe caracterizado por úlceras na boca, palato e língua. OCULAR: hiperemia conjuntival associada a lacrimejamento intenso. Pode haver lesões periorbital, ceratite e coriorretinite. SNC: os sintomas iniciam na 2ª ou 3ª semana de vida. Apresenta convulsões, letargia, irritabilidade, tremores, recusa alimentar, instabilidade térmica e fontanela anterior tensa. O líquor apresenta pleiocitose à custa de células mononucleares, glicose relativamente baixa e proteína elevada. DISSEMINAÇÃO: ocorre em 25% dos casos. Envolve múltiplos órgãos, como fígado, pulmões, adrenais, SNV, pele, olhos e boca. As manifestações aparentam a da sepse incluindo febre ou hipotermia, apneia, letargia, irritabilidade,desconforto respiratório e distensão abdominal. 80% vão a óbito. DIAGNÓSTICO Os testes laboratoriais incluem: hemograma completo, transaminases, bilirrubinas, ureia e creatinina, amônia, PCR para HSV DNA no sangue, liquor com PCR para HSV DNA, swab das lesões de pele e mucosas para identifica- ção do HSV por imunofluorescência direta e cultura viral.
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