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Infecções congênitas (TORCHS) Tatiane Lira – MED UFPE · · Introdução: a) Infecções congênitas: · São transmitidas verticalmente da mãe para o feto in utero. · Podem ter manifestações clinicamente evidentes em USG antes do nascimento ou por ocasião do nascimento (às vezes até algumas semanas depois). · No RN podem ser assintomáticas, c/ surgimento tardio de manifestações clinicas ou até mesmo de suas sequelas. b) Infecções perinatais: · São contraídas durante o parto ou no período pós-parto. · Só se evidenciam clinicamente depois de alguns dias ou semanas de vida · Infecções congênitas → acrônimo TORCHS: · T = Toxoplasmose. · O = Outras (Parvovírus, HIV, Hepatite, Varicela, Enterovírus, Vírus sincicial respiratório, ZIKA vírus). · R = Rubéola. · C = Citomegalovírus. · H = Herpes-vírus Simples. · S = Sífilis / Z = Zika. · Agentes etiológicos: OBS.: bronquiolite é uma doença + dos 1ºs meses de vida do bb, importante e extremamente prevalente, de extrema morbidade quando acomete prematuros → faz abordagem de prevenção p/ RNpT até 28s6d de IG c/ palivizumabe (não é uma vacina, é um imunomodulador → atua melhorando imunidade da criança; administração anual nos períodos de maior probabilidade de doenças respiratórias). TOXOPLASMOSE CONGÊNITA · Etiologia: · Toxoplasma gondii. · Protozoário que tem o gato como hospedeiro definitivo e os outros animais, incluindo o homem, como hospedeiros intermediários. · É um parasita intracelular obrigatório que existe em 3 formas: ○ Oocistos: em fezes de gato, mãos e água contaminadas. ○ Taquizoítas: na corrente sanguínea durante a fase aguda. ○ Bradizoítas: nos cistos teciduais (presentes em carne animal crua ou malpassada). · Fatores de risco: · Mãe com história de contato c/ locais contaminados c/ fezes de gatos. · Ingestão de leite não pasteurizado. · Ingestão de carne mal cozida (porco e cordeiro). · Contato c/ carne ou ovos crus. OBS.: no adulto e na gestante pode ser assintomática, mas o grande risco é a transmissão vertical. · Contaminação: · Fisiopatologia: · Dependendo do período de infecção tem percentual de risco e repercussões diferentes (inversamente proporcionais). · Quadro clínico: infecção materna/fetal · A infecção materna é assintomática (+ de 90% das mulheres). · Os sintomas são inespecíficos: ○ Febre. ○ Mialgia. ○ Rash cutâneo. ○ Fadiga. ○ Mal-estar. ○ Linfadenopatia indolor. ○ Coriorretinite (+ grave). · Os achados fetais na USG incluem (mesmo a mãe assintomática, o feto pode já estar comprometido): ○ Hidrocefalia. ○ Calcificações encefálicas e hepáticas. ○ Hepatoesplenomegalia. ○ Ascite. · Diagnóstico da infecção materna: 1. Gestantes imunes (IgG reagente e IgM não reagente): devem seguir no pré-natal de rotina. Se a pcte é imunocompetente, não há risco de transmissão vertical. 2. Gestantes susceptíveis (IgG e IgM não reagentes): devem receber as orientações da equipe de saúde de como evitar a doença e repetir a sorologia bimensalmente até o final da gravidez. 3. Pctes c/ suspeita de infecção aguda (IgG e IgM reagentes): · Recomenda-se o início imediato da profilaxia da transmissão vertical c/ Espiramicina, que pode ser usada desde o 1º tri da gravidez até descartar o caso como doença aguda e, se isso não for possível, deve-se mantê-la até o final da gravidez. · Também nos casos suspeitos orienta-se nova sorologia c/ teste diferente do rastreamento inicial. · O resultado de alta avidez de IgG, em amostra colhida no 1º tri da gravidez, praticamente descarta um quadro agudo durante a gestação. · Exames maternos recomendados: a) Rastreamento: IgG e IgM séricas · IgG: ○ 1-2s. ○ Pico em 3-6m. ○ Níveis baixos ao longo da vida. · IgM: ○ 2s. ○ Pico em 1m. ○ Níveis não detectáveis em 6-9m. b) Confirmatório: IgG, IgM, IgA, IgE · Teste de avidez da IgG ○ Baixa avidez: infecção aguda. ○ Alta avidez: infecção remota. · IgA: cai rapidamente em torno de 7m. · IgE: sobe e desce em menos de 4m. · Testes fetais recomendados: · USG: quinzenal ou mensal em mulheres c/ suspeita de infecção aguda. · Amniocentese: ○ PCR DNA-específico e/ou cultura e isolamento (Toxoplasma gondii). ○ Pode ser realizada a partir de 18s de gestação, em casos de: ▪ Evidência sorológica de infecção aguda. ▪ Evidência ultrassonográfica de dano fetal. ▪ Imunossupressão materna grave. ○ Contra-indicação: gestantes portadoras de HIV/AIDS (pelo risco de contaminar o bb durante o exame). · Tto da gestante: 1. Espiramicina (macrolídeo): profilaxia · Pode prevenir a transmissão placentária de Toxoplasma, mas não trata o feto. · É recomendada p/ mulheres c/ suspeita de ter adquirido a infecção antes de 18s de gestação. 2. Pirimetamina, Sulfadiazina e Ácido Folínico: · Infecções adquiridas após 18s de gestação. · Infecção fetal confirmada por PCR no líquido amniótico a partir de 18s de gestação (ou se a amniocentese não puder ser realizada). · Quadro clínico: infecção neonatal a) Infecção subclínica: · RN assintomáticos (80-90%). · Retinopatia. · Alterações do SNC. b) Doença sintomática neonatal: · Febre, hepatoesplenomegalia e icterícia. · As anormalidades do SNC: hidrocefalia, microcefalia, convulsões, calcificações cerebrais, alterações no LCR e coriorretinite. c) Início tardio: · Principalmente nos RNpT. · Sintomatologia pode aparecer nos 3m de vida. d) Sequelas ou recaídas na infância até a adolescência de uma infecção não diagnosticada: · 24 a 85% dos pctes infectados. · Coriorretinite (30% dos adultos); ou · Convulsões, obstrução tardia do LCR. · Tríade clássica (10% dos casos): ○ Coriorretinite (70% dos infectados). ○ Hidrocefalia; e ○ Calcificações intracranianas. · Neurológicos: abaulamento da fontanela, aumento do PC, convulsões, déficit motor e surdez. · Oftalmológicos: estrabismo, nistagmo, catarata e microcornea, retinite focal necrosante (pode levar a cegueira). · Outros sintomas comuns: hepatoesplenomegalia, hiperbilirrubinemia e trombocitopenia. · Manifestações raras: eritroblastose, hidropisia fetal, miocardite, pneumonite e síndrome nefrótica. · Casos especiais: ○ Prematuridade: pode ser causada pela toxoplasmose em 25 a 50%. ○ RN de mães infectadas pelo HIV são assintomáticos, desenvolvendo infecção grave durante as 1ªs semanas ou meses de idade. · Exames: Todos os pontinhos branquinhos são calcificações, que podem levar à graves repercussões. Lesão de fundo de olho na região macular em bb c/ toxoplasmose → leva a perda visual grave. Microcefalia 2x, hidrocefalia. · Diagnóstico do RN: · Exames neonatais recomendados: ○ IgG, IgM, IgA, IgE: IgG: ▪ 1-2s. ▪ Pico em 1-2m. ▪ Colher sangue periférico do bb e não do cordão. ▪ Persiste por toda a vida. ▪ IgG transplacentária desaparece em 6-12m de idade. ▪ Pctes c/ soroconversão ou um aumento de 4x no título de IgG → fazer testes IgM (provável que seja do bb e não da mãe). IgM , IgA, IgE: ▪ IgM e a IgA não cruzam a placenta, são úteis na determinação de infecção congênita. ▪ Colher sangue periférico do bb e não do cordão. ▪ Se a contaminação do sangue materno for possível, repita os testes IgM, IgA e IgE em alguns dias. ▪ Em crianças IgM e IgA-negativas, os meios tradicionais de diagnóstico envolvem a espera pela depuração transplacentária de IgG por volta de 12m de idade. ○ Teste do corante de Sabin-Feldman (IgG). ○ Reação de aglutinação por imunoabsorção IgM (ISAGA). ○ IgA ELISA. ○ IgE ISAGA; ou ○ ELISA. · Outros exames diagnósticos: ○ Laboratoriais: Hemograma completo (HC), creatinina (Cr), ácido úrico (AU), testes de função hepática (TFH), glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). ○ LCR incluem xantocromia, pleocitose mononuclear e teor elevado de proteína (pode ser muito alto). IgM pode indicar infecção ativa. PCR é o método preferido p/ detectar parasitas no líquor. ○ Testes auditivos. ○ Tomografia computadorizada: identifica principalmente as calcificações. ○ Achados patológicos: a histologiapode demonstrar taquizoítos (toxoplasmose aguda) ou cistos (toxoplasmose aguda ou crônica) na placenta, tecidos ou líquidos corporais. · Tto do RN: 1. Pirimetamina: · 1 mg/kg. · 12/12h por 2d. · 24/24h até 2-6m de idade. · 3x/sem até 1a de idade. 2. Sulfadiazina: · 50 mg/kg a cada 12h, até 1a de idade. · Agem sinergicamente e podem levar à resolução dos sintomas nas 1ªs semanas de tto. 3. Ácido folínico: · 10 mg. · 3x por semana, até 1s após o término da sulfa. · Forma de prevenção de mielotoxicidade. 4. Prednisona: · 0,5 mg/kg. · 12/12h até melhora (geralmente em torno de 4s). · Quando tem doença ativa do SNC ou coriorretinite. 5. Fármacos alternativos p/ atopia ou intolerância grave à sulfadiazina incluem clindamicina, azitromicina e atovaquona. OUTRAS: HEPATITE B · O HBV pode ser transmitido por: · Via parenteral. · Sexual. · Vertical (perinatal → maior chance de cronificação e intrauterina). · Transmissão: · Via percutânea ou permucosa por intermédio de sangue ou líquidos corporais infectados. · Mulheres infectadas podem transmitir pelo sangue no parto ou por transferência placentária p/ os RNs. HBsAg e HBeAg* marcam Ags virais, indicando que há intensa replicação viral. *Também mostra a alta infectividade do vírus. · Diagnóstico: · Ag de superfície da hepatite B (HBsAg): 1-2m após a exposição e persiste por período variável. · Ac contra o Ag de superfície da hepatite B (anti-HBs): após a resolução da infecção ou a imunização e confere imunidade prolongada. · Ac contra o Ag do nucleocapsídio (anti-HBc): todas as infecções por HBV e persiste por período indefinido. · IgM anti-HBc: início da infecção, é detectável de 4-6m após a infecção e é um bom marcador de infecção aguda ou recente. · Ag inicial da hepatite B (HBeAg): infecções agudas e crônicas e associado a replicação viral e elevada infectividade. · Ac contra o Ag HBe (anti-HBe): término da replicação viral e está associado à redução da infectividade. · Tto: · Lamivudina, Tenofovir ou Adefovir ou Etanercepte (efetividade duvidosa; medicações caras). · Reduzir a possibilidade de transmissão em mulheres c/ cargas virais elevadas. · Prevenção: · Banho em água corrente ainda na sala de parto (também é recomendado c/ mãe HIV-positivo). · A 1ª dose da vacina e a imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) devem ser aplicadas nas 1ªs 12h de vida → bb pode se contaminar pelo leite materno. · Vacina é repetida ao 1º e 6º mês de idade. SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA · A SRC decorre da infecção fetal por via transplacentária durante a viremia materna, cuja transmissão maternofetal é altamente provável quando a infecção ocorre no 1º tri da gravidez. · Vírus de RNA específico de seres humanos. · A infecção fetal pode ocorrer em qualquer momento durante a gravidez, mas a infecção no início da gestação pode acarretar anomalias em múltiplos órgãos. · Manifestações clínicas: · Catarata (78%): · Surdez neurossensorial (66%): ○ Geralmente não vêm sozinhas, mas quando acontece, a + frequente é ela. · Cardiopatia congênita (58%): ○ A + frequente é a persistência do canal arterial. · Precoces comuns: RCIU, retinopatia, microftalmia, estrabismo, meningoencefalite, hipotonia, anormalidades no EEG, anormalidades dermatoglíficas*, hepatoesplenomegalia, púrpura trombocitopênica e diabetes mellitus. *Várias lesões de pele · Complicações raras: miocardite, glaucoma, microcefalia, pan-encefalite crônica progressiva, hepatite, anemia, hipogamaglobulinemia, hipoplasia tímica, criptorquidia, anormalidades da tireoide e doença renal policística. · Diagnóstico: a) Pré-natal: · Anamnese: ○ Contato c/ portador de rubéola. ○ Vacinação no inicio da gestação. ○ Doença eruptiva durante a gestação. · Gestante sintomática: apareceu o rash, por exemplo → deve ser investigada · Gestante assintomática, mas exposta: OBS.: · IgG presente: imunidade. · IgG ausente: coletar nova amostra em 2-3s ○ Se neg coletar outra amostra c/ 6s após exposição. ○ Se neg em ambas, significa que a infecção não ocorreu. ○ Se pos na 2ª amostra, pode significar infecção recente. · IgM positiva 5-10d após rash, infecção recente. b) Pós-natal: · Isolamento do vírus da rubéola (orofaringe, urina): cultura. · Detecção de IgM antirrubéola no sangue do cordão umbilical ou do neonato. · Títulos específicos da rubéola persistentes ao longo do tempo (IgG): ○ IgG materna de origem transplacentária cai ao longo do tempo → se não cai, provavelmente é do bb. ○ Título 4x maior que o materno → provavelmente é do bb. ○ Anomalias congênitas. · Resposta imunitária na SRC: · Tto: · Não existe tto específico p/ a infecção materna ou congênita por rubéola. · Equipe multiprofissional → pode ter sequelas em vários órgãos. CITOMEGALOVIROSE: INFECÇÃO CONGÊNITA E PERINATAL · O CMV é um vírus de DNA, membro da família dos herpes-vírus e encontrado apenas em seres humanos. · É encontrado na saliva, urina, secreções genitais, leite materno e sangue ou hemoderivados. · 80% dos RNs com infecção congênita por CMV permanecerão assintomáticos. · O risco de transmissão p/ o feto em função da idade gestacional é incerto. · Porém, a infecção durante o início da gestação aumenta o risco de doença fetal grave. · A infecção por CMV no período perinatal pode ocorrer por: · Exposição intraparto ao vírus no sistema genital materno. · Exposição pós-natal ao leite materno infectado. · Exposição a sangue ou hemoderivados infectados; ou · Ambiente hospitalar por contato c/ urina ou saliva. · Manifestações clínicas: · A doença sintomática precoce congênita pode apresentar-se como uma infecção aguda fulminante que acomete vários sistemas, c/ taxa de mortalidade de até 30%. · Os RNs podem ter RCIU e microcefalia (48%), c/ ou s/ calcificações intracranianas. TC c/ vários pontos de calcificação. · Os sinais são: ○ Petéquias ou púrpura (79%). ○ Icterícia (63%). ○ Hepatoesplenomegalia (74%). ○ Prematuridade; e/ou ○ Erupção cutânea violácea. · As anormalidades laboratoriais incluem: ○ Elevação dos níveis de transaminases hepáticas. ○ Hiperbilirrubinemia. ○ Anemia e trombocitopenia (pode ter hemorragias). · A infecção congênita é assintomática em 5 a 15% dos RNs, mas manifesta-se posteriormente durante o 1ºa de vida: ○ Anormalidades do desenvolvimento. ○ Perda auditiva. ○ Retardo mental. ○ Espasticidade motora. ○ Microcefalia adquirida (à medida que vai acompanhando o bb, percebe que o PC não aumenta como deveria → é diagnosticada depois). ○ Hérnia inguinal. ○ Defeitos dentários . ○ Pneumonite especialmente em lactentes pT, c/ menos de 4m de vida → geralmente é uma condição grave. · Diagnóstico: · Reação em cadeia da polimerase: PCR na urina ou no sangue. · Cultura com centrifugação: isolamento do vírus na saliva e na urina. · Antígeno do CMV: resultados positivos confirmam a infecção e a viremia. · IgG e IgM anti-CMV. · Tto: · Eficácia do Ganciclovir em lactentes tratados. · Avaliada por estabilização ou melhora da perda auditiva neurossensorial. · Mas o ideal é a prevenção. · Seguimento: · Avaliação audiométrica: ○ 3, 6, 9, 12, 18, 24, 30, 36m. ○ Anual até a idade escolar. · Oftalmoscopia/função visual: ○ 12m, 3a e idade pré-escolar. · Exame neurológico/desenvolvimento: ○ 3, 6, 9, 12, 18, 24, 30, 36m. ○ Anual até a idade escolar. HERPES VÍRUS SIMPLES (HSV) · O HSV é um vírus de DNA c/ 2 tipos virologicamente distintos: 1 e 2. · O HSV-2 é a causa predominante de doença neonatal (75 a 80%), porém ambos os tipos provocam síndromes neonatais clinicamente indistinguíveis. · O vírus pode causar doença localizada na pele, nos olhos ou na boca ou disseminar-se por contiguidade célula a célula ou por viremia. · Transmissão: · Transmissão pré-natal: ○ A infecção in utero foi documentada, mas é incomum. · Transmissão intraparto: ○ Essa é a causa + comum de infecção por HSV. ○ Está associada principalmente à excreção ativa do vírus no colo uterino ou na vulva por ocasião do parto. · Transmissão pós-natal: as potenciais fontes: ○ Excreção orofaríngea por 1 dos pais, profissionaisdo hospital ou outros contatos. ○ Lesões mamárias maternas. ○ Propagação hospitalar. · Manifestações clínicas: · Infecção grave (sepse neonatal precoce): acometimento de múltiplos órgãos, anemia, manifestações hemorrágicas, desconforto respiratório, hepatoesplenomegalia, convulsão, cianose, choque. · RN c/ encefalite: distúrbios neurológicos graves, lesões vesiculosas mucocutâneas. Sequelas como microcefalia e cegueira. · Infecção intrauterina: condição rara, c/ cicatrizes cutâneas, corioretinite, microftalmia, hidrocefalia, podendo haver abortamento ou natimortalidade. · RN c/ lesões em boca, olhos e pele: surgem na 2ªs de vida sob a forma de vesículas agrupadas · Diagnóstico: · Cultura de secreção oral, nasofaringe, ocular, urina, sangue e líquor e exame citológico das lesões. · PCR. · ELISA IgM e IgG. · Teste de avidez IgG. · Imunofluorescência para IgG e IgM. · Hemograma. · Estudo anatomopatológico da placenta. · Oftalmoscopia e audiometria. · Radiografia de crânio, USG transfontanela ou TC de crânio. · Tto: · Aciclovir: ○ Medicamento inibidor seletivo da replicação viral. ○ Dose: 60 mg/kg/dia, EV, de 8/8h, por 14d. ○ Prolongando-se p/ 21d, quando houver envolvimento do SNC. · Crianças devem ter suporte multiprofissional. ZIKA VÍRUS (ZIKV) · Transmissão: · Picada de mosquitos fêmeas do gênero Aedes, sendo o A. Aegypti o principal vetor nas américas. · Outras formas potenciais de transmissão: ○ Vertical. ○ Sexual. ○ Por transfusão sanguínea. · Identificação do vírus em diversos fluidos orgânicos: ○ Líquido amniótico. ○ Sêmen. ○ Urina. ○ Leite materno: mas não se sabe ainda se é transmitida por ele. · No Brasil, em abril de 2015, pesquisadores da UFBA isolaram o vírus em amostras de soro de pctes c/ doença exantemática s/ causa definida, notificada em vários estados da região nordeste desde 2014. · Quadro clínico: · Doença febril aguda. · Autolimitada. · Após um período de incubação de 3-6d. · C/ baixa taxa de hospitalização (porque sintomas são inespecíficos). · Os principais sinais e sintomas: ○ Febre (< 38,5°C) durante 1-2d ou ausência da febre. ○ Exantema de início precoce (1-2ºd): evolução craniocaudal, disseminado e acompanhado de intenso prurido. ○ Dor muscular leve. ○ Dor nas articulações de intensidade leve a moderada, c/ edema nas pequenas articulações de mãos e pés. ○ Hiperemia conjuntival. · Em geral, evolui p/ cura em 3-7d do início dos sintomas, mas em alguns pctes, a artralgia pode persistir por 1m (DD c/ chikungunya). · Complicações: · O vírus tem tropismo pelo SNC, no entanto, os mecanismos ainda não estão esclarecidos. · As complicações neurológicas e autoimunes causadas pelo ZIKV foram descritas nos grandes surtos na Polinésia Francesa, observando-se aumento de 20x na incidência dos casos de síndrome de Guillain-Barré, no final da epidemia. · Síndrome congênita pelo vírus Zika: · Microcefalia: · Insuficiência placentária. · Restrição de crescimento fetal. · Artrogripose. · Desproporção craniofacial. · Alterações oculares. · Déficit auditivo. · Morte fetal. · Diagnóstico no RN: · Exames de imagem: ○ Ultrassonografia transfontanela (USG-TF). ○ TC de crânio: ▪ Presença de calcificação. ▪ Dilatação ventricular. ▪ Atrofia cerebral. ▪ Lisencefalia (“cérebro liso”, decorrente de falha no desenvolvimento de dobras cerebrais [giros] e sulcos). TC de criança c/ ZIKV: cérebro hipodesenvolvido* → giros cerebrais s/ desenvolvimento, alargamento dos ventrículos; pontos de calcificação. *É tanto que acaba sobrando couro cabeludo: Decorrente do hipodesenvolvimento de cérebro e calota craniana. Imagem de criança c/ ZIKV: proeminência occipital, redução da fontanela anterior. Comparação de pouco tecido cerebral no ZIKV c/ o tecido cerebral num cérebro normal. · Diagnóstico materno: · Detecção do genoma viral pela técnica molecular de RT-PCR no sangue, preferencialmente do 3-5ºd de doença, pelo curto período de viremia da infecção. · E também na urina por + de 10d. · Outros espécimes clínicos, como LCR e líquido amniótico, também podem ser utilizados p/ identificação do genoma viral. · ELISA deve ser realizado a partir do 6ºd. · Tto: · Não existe tto específico p/ a infecção pelo ZIKV. · O tto recomendado baseia-se no uso de sintomáticos, como Paracetamol ou Dipirona, p/ o controle da febre, nas doses preconizadas em pediatria. · No caso de prurido intenso, os anti-histamínicos podem ser considerados. · O grande tto é a prevenção (cuidados c/ o mosquito).
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