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Primeira Avaliação Administração Pública 1.1) No texto apresentado Woodrow defende a ideia da administração pública como uma ciência apolítica e decorre questões pontuais que sustentam sua afirmação. Inicialmente, conclui-se que apesar dos processos políticos de governança determinarem as atividades administrativas a serem seguidas, questões internas da administração não podem ser interferidas ou solucionadas por meio da política. Essa ideia acaba por se basear na tentativa de diminuir possibilidades de influência "partidária", que levem a diminuição da real eficiência dos processos administrativos na hora de solucionar questões sociais presentes nas democracias. De forma a colocar sobre os envolvidos um papel de neutralidade, com foco sempre nas necessidades públicas, e somente isso. Isso significa dizer que Woodrow acreditava que o melhor funcionalismo administrativo público surgiria a partir da total ausência de comprometimento com qualquer governo, ou questão governamental que exista no momento em questão. 1.2) É possível observar progresso no pensamento da administração com características apolítica e neutra durante e após a revolução de 1930. A instauração da expansão estatal foi marcada pela alta racionalização dos processos, de forma a excluir o elemento político presente na administração. "Governar é administrar" foi a frase que representou o período, validando a afirmação de que a administração pública pouco era entendida como o que é, e sim muito comparada com a administração de empresas. Nos momentos seguintes também é possível observar a característica neutra imposta na administração, como durante o período desenvolvimentista, que utilizou o campo como forma de implementar ideais, principalmente internacionais, de desenvolvimento no país, e somente isso. Somente após o aumento considerável do controle e do poder do Estado que é visível o abatimento desse pensamento. 1.3) Com o grande aumento do controle e poder do Estado torna-se cada vez mais impossível ignorar a necessidade de um governo balanceado que consiga satisfazer a sociedade democrática, de forma que os gestores presentes no Estado necessitam de conhecimentos que abrange mais do que somente o campo administrativo. A partir daí, o que antes considerava a administração objeto necessariamente neutro, agora percebe a inevitabilidade do politicismo, a fim de uma melhor governança. Tendo anteriormente o foco no tecnicismo e na produtividade, agora foca numa gestão que precisa equilibrar o poder do Estado e da sociedade, que supra da melhor forma possível necessidades sociais, e para que isso aconteça é necessário o trabalho conjunto de pensamentos administrativos e políticos, o que caracteriza a Administração Pública. Se torna necessário, portanto, uma administração Estatal que tenha a capacidade de administrar de forma a equilibrar tanto o desenvolvimento do Estado como suprir necessidades sociais. 2) O campo de administração pública por muito tempo foi um campo de certa forma indefinido, sem muita consistência do que realmente era. Durante as tentativas de entender o campo e também a partir de estudos, paradigmas foram se formando; O primeiro deles foi o Paradigma da Administração como Ciência Jurídica. Na tentativa do entendimento da administração pública muitos a compararam com o campo jurídico, o direito administrativo e a administração pública se equiparavam quase a uma única coisa, sendo a administração pública proveniente do direito administrativo. Após a crescente do campo de Administração esse estigma acabou por se dissolver consideravelmente e a percepção do campo jurídico como uma das várias vertentes da administração pública começa a dominar, tendo como possível explicação a citação da Common Law por Beatriz Warhlich, que explicaria o domínio do pensamento jurídico, já que compara atos jurídicos da administração pública com a da privada, desvalorizando o real sentido do direito administrativo. Com o declínio desse estigma, surge um novo conceito, a neutralização da administração, provindo dos "Princípios da Administração", que traz consigo o novo estigma da Administração pública como Ciência Administrativa. A ideia de igualar Administração Pública com a Administração de empresas presente nesse período persiste por um longo período de tempo, o que faz com que ele seja dividido em três fases. A primeira fase é considerada a fase do Estado Administrativo, em que ocorre um considerável crescimento e estruturamento do Estado, fazendo com que surgisse a demanda por gestores e abrindo espaço para igualação das demandas à das demandas da administração empresarial. Desprezando características políticas, o período ficou conhecido pela frase "Governar é administrar", se concentrando novamente na ideia de neutralidade da administração. A segunda fase conhecida como desenvolvimentista, teve grande influência dos países ricos do globo na implementação em países pobres a "Administração de Desenvolvimento" como requisito para investimentos. A partir disso, começa a crescer conhecimentos a partir do campo administrativo. Por fim, a terceira fase engloba o momento de intervencionismo Estatal. O Estado começa a liderar diversas organizações e com isso aumenta sua centralização e aumentando o número de empresas estatais. A partir daí acaba o período de neutralidade da administração pública. Após o fim do estigma de neutralidade da administração e a comparação com a administração de empresas, diante de uma reorganização institucional que ocorre no país, a administração pública acaba por tomar características políticas. O que anteriormente era pouco importante agora controla grande parte do entendimento do campo de conhecimento administrativo. Utilizando de diversos recursos provenientes do campo das ciências políticas, a administração pública muda sem foco da produtividade para a adequação social. A fase "militante" do campo utiliza do politicismo e se modifica mais uma vez. Por fim, o estigma que permanece até os dias atuais, a Administração Pública como Administração Pública. Oriundas da fase anterior, mobilizações sociais fortalecem conceitos importantes como o de cidadania e a noção de direitos, de forma a também consolidar a cultura democrática. O papel do Estado como interventor e desenvolvimentista acaba por se dissolver, e novas características como catalisador de possibilidades governamentais começam a se firmar. Se cria, portanto, a necessidade de gestores políticos, que tenham uma formação que os façam conseguir conciliar demandas sociais e as relações de poder, como Estado e população, da melhor forma possível. Essa seria a grande reivindicação do estigma, a consolidação do conceito democrático e a formação de novas capacidades de gestão política. A nova visão do campo de políticas públicas retira antigos limites impostos pelos passados estigmas e amplia seu espaço de ação, com o desafio de achar formas de criar um Estado que acompanhe a necessidade da melhora da qualidade de serviços tanto dedicados aos cidadãos quanto ao desenvolvimento econômico. 3) O marco inicial do ensino de administração pública no Brasil se deu com a criação da Escola Brasileira de Administração Pública na FGV no ano de 1952. Nessa época, com todo o movimento pró-estatal, tanto no exterior quanto nacionalmente, foi um momento propício para a disseminação desse novo foco administrativo e, assim, diversos outros cursos de graduação em AP foram criados. Esse impulso permitiu que a área se tornasse bastante procurada, possibilitando um mercado de trabalho diversificado e valorizado, além de uma literatura sobre o assunto cada vez mais completa. Sendo assim, nesse primeiro ciclo, entendendo-se de 1952 até meados do fim da década de 60, as funções administrativas se tornaram muito importantes para as atividades desenvolvimentistas do Estado e assim se estabeleceu o auge do ensino de administração pública no Brasil. Esse auge continuou em vigor durante toda a década de 60, mas com a virada para os anos 70 o cenário se modificou bastante. Como desenvolvimento e aprimoramento do governo ditatorial instalado na época e o “milagre econômico”, cada vez mais o ensino de administração pública se dissolvia e voltava a integrar a ideia de administração de empresas, que por sua vez estava em alta na época. Durante esses anos, a participação popular na política e na administração do Estado foi de certa forma desencorajada, principalmente por conta do cenário de caos político que perdurava na época, ao passo que a gestão empresarial crescia e cada vez mais se formavam administradores de empresas, ao invés de públicos. Sendo assim, muitos cursos de AP foram dissolvidos ou incorporados à administração de empresas, incluindo o bacharelado da Ebap/FGV, representando um momento de baixa no ensino de administração pública e um mercado de trabalho com poucas possibilidades. O cenário só começaria a se reverter com a Constituição de 1988 e a restauração do governo democrático, consolidando então o terceiro ciclo. Como os autores do texto chamam, a “reforma do Estado” tornou possível que diversas instituições reabrissem ou inaugurassem novos cursos de administração pública, com o objetivo de restauração estatal e de criação de um novo corpo de administradores capazes de ajudar com a redemocratização, caracterizando um momento de ampliação da administração pública e de uma nova valorização da área. Além disso, todo o espectro da AP foi modificado, ampliando-se para além da esfera puramente estatal e engajando-se em movimentos sociais e até eventualmente não-estatais. Ademais, no campo da administração estatal, as técnicas administrativas foram evoluindo, de forma a separar-se das da administração de empresas, baseado no entendimento de que não seriam a mesma coisa apenas aplicadas a lugares diferentes. Sendo assim, neste terceiro ciclo vemos o ressurgimento do ensino de administração pública, que agora é mais amplo, mais político e com maior consciência crítica. 4) Os princípios que norteiam a Administração Pública são a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. Eles têm como objetivo estabelecer parâmetros para a atuação dos gestores e, assim, propiciar um melhor serviço para a população. Na esfera municipal, portanto, eles servem para formular os compromissos do município perante seus cidadãos de forma ética e eficiente. Dessa forma, todas as competências municipais garantidas pela Constituição devem ser prestadas em concordância com esses princípios para que elas possam ser cumpridas de forma completa. A falta dessa aplicação na atuação do município compromete toda a gestão municipal e o atendimento apropriado de seus cidadãos. Nem sempre é fácil estabelecer um serviço público de qualidade, por diversos motivos: seja por baixo orçamento, por corrupção ou por má distribuição de recursos. São principalmente esses fatores que comprometem a execução das competências municipais e a administração pública, e esses princípios existem exatamente para tentar reverter esse quadro e garantir sua qualidade. Um exemplo de lei que se baseia no princípio da publicidade, por exemplo, é o parágrafo 3 do artigo 31, que diz que as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. Sendo assim, fica claro a importância da divulgação desses tipos de dados em nome da transparência. Todas as principais movimentações municipais, principalmente as que tenham a ver com orçamento, contas e utilização do dinheiro público devem ser divulgadas e serem de fácil acesso para os cidadãos, que é exatamente o que defende o princípio da publicidade. Já o princípio da legalidade dita que a atuação pública em todas as esferas deve ser embasada constitucionalmente, ou seja, já respeitando as leis e normas previamente estabelecidas. Podemos ver esse princípio no item I do artigo 23, que coloca como competência municipal zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público. Dessa forma, é possível entender a importância de um serviço público que se estabelece e se baseia nas leis e normas constitucionais de seu país. Ademais, os princípios da impessoalidade e moralidade são mais gerais, incluídos no campo da ética do serviço público. Eles devem não só ser levados em consideração durante a formulação de políticas públicas e de planos administrativos, mas também ao longo do dia a dia dos funcionários públicos. A impessoalidade dita que a atuação pública deve ser feita em prol apenas do bem público, sem espaço para exaltação pessoal ou satisfação de interesses próprios. Já a moralidade incide exatamente sobre o plano ético e moral que deve guiar todas as ações do serviço público. Se a atuação do gestor não estiver de acordo com o que dita a ética e a moral, ela deve ser considerada inválida, ilegítima e em alguns casos até ilegal. Por último, é importante citar também o princípio da eficiência. Ele diz respeito à necessidade de um bom rendimento da atuação pública e da importância de um bom planejamento para trazer os melhores resultados possíveis. Esse princípio deve estar de acordo não só com a execução das competências do município, mas também com as competências gerais de todos os entes federativos. Estes 5 princípios, como já foi dito anteriormente, são de fundamental importância para um serviço público de qualidade. A todo momento, eles devem se complementar e ajudar os gestores a fazer boas escolhas no ambiente de trabalho e também nortear a atuação pública na esfera municipal. Infelizmente, cada vez mais estamos diante de um serviço público sucateado e precário. Pelos motivos já citados e por diversos outros, nem sempre é possível alcançar a tão sonhada eficiência ou garantir a boa-fé de todos os funcionários. Mas de qualquer forma, é preciso lutar para tentar ao máximo atingir esses objetivos e garantir aos cidadãos o melhor serviço público possível.
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