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Climatério & Menopausa COMPREENDER AS FASES DO CLIMATÉRIO E SUAS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS 01- INTRODUÇÃO E CONCEITO ¹ As diversas etapas da vida da mulher são demarcadas pela função ovariana CLIMATÉRIO é o período de transição entre a fase reprodutiva e o estado não reprodutivo da vida da mulher, estendendo-se até os 65 anos de idade PERIMENOPAUSA → Se estende desde o início das modificações endocrinológicas, biológicas e clínicas anteriores à menopausa Até o diagnóstico desta, podendo preceder à última menstruação em 2 a 8 anos Em 2001, desenvolveu-se um sistema de estagiamento Stage of reproductive aging workshop (STRAW) → IMPRESSO A idade cronológica é um pobre indicador do início e do fim da transição perimenopáusica Porém IDADE MÉDIA → 50 ANOS MENOPAUSA PRECOCE → < 40 ANOS MENOPAUSA TARDIA → > 55 ANOS A IDADE DE OCORRÊNCIA TEM RELAÇÃO COM A MENOPAUSA MATERNA (GENÉTICA) ↓ 1, 4 ANO EM MULHERES COM CICLO < 26 DIAS ↓ 1-2 ANOS EM FUMANTES 02- FISIOLOGIA Todos os folículos primordiais presentes nos ovários de uma mulher são formados ainda na sua vida intrauterina 20 ª SEMANA GESTAÇÃO → Atingem seu pico de 7M Aproximadamente 70% são perdidos por apoptose até o nascimento - 4,9 M Continua reduzindo, até chegar 300 a 500 mil oócitos na menarca Na menacme, 99% dos folículos restantes entrarão em atresia, e 0,1% prosseguirá seu desenvolvimento até a ovulação (500) Na menopausa, raramente ainda há algum folículo no ovário Receptores estrogênicos tipo α e β existem em diferentes concentrações em vários locais do organismo, como - Pele - Vasos - Coração - Ossos - Cérebro - Mama - Útero - Vagina - Bexiga - Uretra Uma vez suprimida a função hormonal ovariana, esses receptores percebem a carência hormonal Podendo produzir, também de intensidade e apresentação variada, os sintomas e sinais descritos no quadro clínico No climatério pré-menopáusico, os folículos respondem mal aos estímulos hipofisários Produzindo irregularidade menstrual e diminuindo a frequência dos ciclos ovulatórios É perdido o padrão de secreção de estradiol que havia na menacme, e a concentração de progesterona permanece baixa ( 1 g/ mL nos ciclos anovulatórios) Mesmo ocorrendo ovulação, as concentrações de estradiol e progesterona nesses ciclos podem ser inferiores às dos ciclos em fase mais jovem ↑ VARIABILIDADE DE SECREÇÃO HORMONAL = NÃO É CONFIÁVEL A DOSAGEM LABORATORIAL Apesar da flutuação da secreção hormônios Há um ↑ de FSH (alteração mais frequente) LH e estradiol continuam normais Esse aumento de FSH se deve à queda da produção das INIBINAS pelo ovário (Faziam supressão de FSH) Inicialmente, há redução nas taxas da inibina B e, posteriormente, também da inibina A Após a menopausa, a hipófise, estimulada pelo GnRH, libera maiores quantidades de FSH e LH Em uma tentativa de induzir os ovários a uma adequada produção de estradiol Entretanto, o nível de estradiol, em geral, permanece inferior a 20 pg/mL* * picograma/ ml ou nanograma/ L ___________________________________________________ Uma mulher com idade próxima dos 50 anos, amenorreia e quadro clínico característico não necessita de investigação laboratorial Entretanto, o diagnóstico laboratorial do estado pós-menopáusico é de FSH > 40 mUI/mL e de E2 < 20 pg/mL ___________________________________________________ Os estrogênios circulantes na mulher menopáusica provêm, em sua maior parte, da conversão de androgênios em estrona nos tecidos - Gorduroso - Hepático - Muscular Por esse motivo, as pacientes obesas têm maior produção endógena de estrogênios As obesas também apresentam diminuição na produção de SHBG*, devido à resistência à insulina Havendo, assim, uma oferta maior de androgênios para transformação periférica em estrogênio * Globulina ligadora de hormônios sexuais 03- QUADRO CLÍNICO O climatério, a perimenopausa e a menopausa são fenômenos universais entre as mulheres Mas suas apresentações clínicas podem ser muito variáveis PRÉ-MENOPÁUSICOS - IRREGULARIDADE MENSTRUAL Queixa mais frequente Encurtamento dos ciclos, atrasos menstruais, menorragias (FORA DO PERÍODO) ou hipermenorreias É rara a parada abrupta das menstruações 90% das mulheres experimentam 4 a 8 anos de alterações nos ciclos menstruais antes da menopausa MENORRAGIA → IRREGULARIDADE HORMONAL X CAUSAS ORGÂNICAS (pólipos, miomas etc, que devem ser descartados) - SINTOMAS VASOMOTORES (FOGACHOS) São descritos por cerca de 68 a 85% das mulheres Parece que as mulheres mais magras e fumantes apresentam o sintoma com maior frequência INÍCIO NA PRÉ MENOPAUSA 57 % CONTINUA POR MAIS 5 ANOS PÓS MENOPAUSA 10 % POR MAIS 15 ANOS É uma sensação de calor intenso - Na face - No pescoço - Na parte superior do tronco - Nos braços Seguida por enrubescimento da pele E depois sudorese profusa Devendo-se a uma instabilidade do centro termorregulador hipotalâmico O seu mecanismo exato é ainda desconhecido, mas parece envolver os - Receptores hipotalâmicos a2-adrenérgicos - Que seriam afetados pela queda estrogênica associada ao período Em algumas mulheres, é acompanhado de - Palpitações - Vertigens - Fraqueza - Ansiedade Durando em média de 1 a 4 minutos, sendo mais comum à noite Talvez por essa maior frequência noturna, o fogacho seja responsável pela queixa comum de insônia da mulher climatérica Contribuindo para maior - Irritabilidade - Cansaço - Redução na capacidade de concentração - SINTOMAS DE ALTERAÇÃO DO HUMOR Como ansiedade, depressão e irritabilidade, são frequentes Tais alterações têm sido descritas como consequentes das mudanças hormonais do período Uma vez que estudos recentes sugerem o envolvimento de substâncias, como - Noradrenalina - Serotonina - Opioides - GABA Sobre a secreção dos hormônios hipofisários E que há alteração em seus níveis com a baixa de estrogênio - ATROFIA UROGENITAL Pós-menopausa Pode trazer uma série de sintomas, como - Ressecamento vaginal (em 43% das mulheres) - Dispareunia (41%) - Vaginites - Urgência urinária - Disúria - Uretrites atróficas - Agravamento de incontinência urinária VULVA Perde a maior parte de seu colágeno e tecido adiposo Tornando-se - plana - Fina - Raras glândulas sebáceas Há perda progressiva dos pelos pubianos, e a pele torna-se mais fina ↓ Estrogênio → X maturação do epitélio vaginal → Poucas células superficiais → Ph 6-8 → Favorece infecções *Ph normal = 3,8-4,2 A vagina encurta-se e estreita-se, com perda das rugosidades e suas secreções Além da infecção, pode ocorrer a dispareunia A parede vaginal fica - Menos elástica - Mais fina - Coloração pálida A superfície vaginal pode se tornar - Friável - Com petéquias - E um sangramento podeocorrer secundariamente a pequeno trauma O útero e os ovários diminuem de tamanho após a menopausa O epitélio do trato urinário inferior, incluindo a uretra e o trígono vesical, sofre atrofia semelhante à da vagina A atrofia da bexiga e da uretra pode resultar, na pós-menopausa, em - Cistouretrite atrófica - Infecções urinárias de repetição - Carúncula uretral (áreaa prolapsada e avermelhada) - Ectrópio - Agravamento da incontinência urinária de estresse O assoalho pélvico sofre com a carência estrogênica, podendo ser agravadas as distopias (PROTRUSÃO DE QUALQUER ÓRGÃO PARA A VAGINA OU FORA DELA) As queixas sexuais são muito frequentes nesse período PELE E CABELOS A pele se afina, tanto na derme como na epiderme, após a menopausa Na pós-menopausa, com uma menor oposição, os androgênios tornam o cabelo mais fino, favorecendo a calvície AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS Existem várias maneiras de registrar a sintomatologia do climatério, sendo o índice de Kupperman um dos mais utilizados LEVES - ATÉ 19 / MODERADOS - DE 20 A 35 / INTENSOS - MAIS DE 35 A vantagem de se usar uma padronização nos registros é propiciar uma análise mais fiel dos efeitos de qualquer tipo de tratamento Duas patologias se relacionam com o período climatérico: a doença cardiovascular e a osteoporose 04- OSTEOPOROSE Problema comum nas mulheres especialmente após a menopausa É definida como uma redução da massa óssea, com alterações na microestrutura, levando ao aumento da fragilidade dos ossos e das fraturas por traumatismos pouco intensos Uma baixa massa óssea pode resultar de uma aquisição deficiente ou de perdas excessivas As alterações na microestrutura óssea resultam do próprio processo de perda ou da inadequada reparação do tecido ósseo ao desgaste ou ao envelhecimento FISIOPATOLOGIA DA OSTEOPOROSE NA MENOPAUSA A maior parte da aquisição da massa óssea é determinada geneticamente Tanto na aquisição da massa óssea como nos processos de perda, podem sobrepor-se vários fatores ambientais, como - Deficiências nutricionais - Sedentarismo - Tabagismo - Alcoolismo - Doenças que afetam o tecido ósseo, direta ou indiretamente No metabolismo ósseo normal, ocorre um perfeito balanço entre: FORMAÇÃO (OSTEOBLASTO) ↓ RESSORÇÃO (OSTEOCLASTO) Esse balanço é controlado por hormônios e por fatores teciduais Após o período de crescimento e da puberdade, geralmente na terceira década da vida, a massa óssea atinge seu pico Quando então começa uma perda óssea lenta de cerca de 0,2 a 0,5% por ano 2-3 ANOS ANTES DA MENOPAUSA → 3-5 APÓS → AUMENTA PARA 2% ANO Após, ocorre uma desaceleração para 1 a 1,5% ao ano, pelo resto da vida Em média, aos 80 anos, as mulheres perdem 30% do seu pico de massa óssea Essa aceleração ocorre por causa do ↑ da atividade dos osteoclastos, gerado pela ↓ de estrogênio ↓ de estrogênio → Induz precursoras dos osteoblastos → liberarem: - IL-1, IL-6 - Fatores estimulantes de colônias de macrófagos e granulomacrófagos - Prostaglandina E2 (PGE2 - TNF a → ↑ Ressorção óssea Nos indivíduos idosos, deficiências alimentares de - Cálcio - Vitamina D (ABSORÇÃO DE CA) - E outros nutrientes Também podem acelerar a perda óssea AVALIAÇÃO DA DENSITOMETRIA ÓSSEA NA MENOPAUSA Várias reuniões de consenso sugerem que as mulheres na transição para menopausa devem ter seu risco de fraturas osteoporóticas avaliado Para indicar testes adicionais, principalmente uma densitometria óssea (DO) Algumas sociedades recomendam a avaliação densitométrica: - National Osteoporosis Foundation (NOF) - North American Menopause Society (NAMS) - International Society for Clinical Densitometry (2010) - Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica (2008) Há mais de 15 anos, a OMS sugeriu um critério diagnóstico operacional de osteoporose A partir das medidas de densitometria óssea no - Antebraço, - Coluna - Ou no colo do fêmur, Por - Absorciometria fotônica (SPA, DPA) - Raio X duoenergético (DXA) Atualmente, o exame por DXA é considerado o padrão-ouro para esse diagnóstico VER QUADRO: Critérios diagnósticos densitométricos da Organização Mundial da Saúde (com nomenclatura atual) AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCO DE FRATURAS NA MENOPAUSA Geralmente, os fatores de risco para osteopenia, ou baixa massa óssea, são pouco úteis para selecionar as pacientes em risco Pois vários estudos demonstraram seu limitado valor preditivo OMS sugeriu a aplicação do programa Frax Para avaliar o risco absoluto de fratura de um indivíduo e indicar o tratamento antiosteoporótico SOF: Olhar o quadro AVALIAÇÃO DAS CAUSAS SECUNDÁRIA DE OSTEOPOROSE NA MENOPAUSA Além da menopausa, existem várias causas de osteoporoses secundárias que acometem cerca de 20% das mulheres pós-menopáusicas Portanto, é importante fazer uma avaliação laboratorial → PARA PACIENTES COM OSTEOPENIA OU OSTEOPOROSE - Calcemia - Fósforo - Fosfatase alcalina - Creatinina sérica - Hemograma - VSG (velocidade de sedimentação globular) - TSH (Estimulante da tireóide) - iPTH (PTH intacto) - Calciúria de 24 horas → PARA PACIENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DE CUSHING (Hipercortisolismo) Iniciar rastreamento → RAIO X DA COLUNA TORÁCICA Nas pacientes com história de - Fratura - Cifose - História de perda de altura (> 4 cm desde a juventude) - DO na faixa de osteoporose, mesmo na ausência de dor ABORDAGEM PRÁTICA DA PERDA ÓSSEA NA MENOPAUSA → Avaliar os fatores de risco de fratura → Determinar a densitometria óssea da coluna e do fêmur → Avaliar as causas secundárias nos casos mais graves ou imprevistos CONDUTAS DIANTE DA OSTEOPOROSE NA MENOPAUSA - NÃO FARMACOLÓGICA Exercícios físicos Reduzir tabagismo e etilismo Retirar tapetes etc Aumentar iluminação Aumentar ingestão de Ca Vit D OLHAR TABELA DE RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES - FARMACOLÓGICAS Agentes antirreabsortivos: atuam bloqueando a reabsorção óssea por inibição da atividade osteoclástica Bifosfonatos, calcitonina, ranelato de estrôncio, Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERMs Agentes anabólicos: atuam induzindo a formação óssea por estímulo à ação osteoblástica Outros: a terapia hormonal (TH) tem sido associada à prevenção de perdas ósseas e de fraturas 05- CONDUTAS FRENTE À MULHER NO CLIMATÉRIO → Orientação e esclarecimento sobre as modificações do organismo nesse período, secundárias à carência hormonal → Promoção da manutenção da saúde Estimular: - Bons hábitos dietéticos - Manutenção do peso ideal - Prática de atividade física - Alertar contra hábitos como consumo excessivo de álcool e fumo → Prevenção de doenças (osteoporose, cardiopatias)e rastreamento de neoplasias (mama, cólon e colo uterino → Avaliação criteriosa da indicação da terapia hormonal 06- AVALIAÇÃO DA MULHER NO CLIMATÉRIO > Anamnese > Exame físico completo > Exame citopatológico de colo uterino > Mamografia: deve ser realizada bianualmente entre os 40 e 50 anos; a partir dos 50 anos, a frequência deve ser anual > Avaliação endometrial 07- TERAPIA HORMONAL Deve ser recomendado a mulheres com sintomatologia clínica Após a análise individual dos riscos e benefícios para cada paciente Salientando-se as recomendações e os cuidados sobre todos os fatores de risco cardiovascular, como fumo, obesidade, sedentarismo, etc Há indicação de TH principalmente para alívio dos sintomas vasomotores associados a perimenopausa e a pós-menopausa TH PRÉ-MENOPÁUSICO Pacientes com irregularidade menstrual: Após a avaliação do endométrio iniciar com progestágeno (P) de segunda fase Pacientes com outros sintomas associados (p. ex., fogachos): complementar com estrogênio (E) + P TH PÓS-MENOPAUSA A indicação primária da TH é o tratamento dos sintomas climatéricos As outras indicações são tratamento da atrofia urogenital e prevenção e tratamento da osteoporose Cada mulher deve ser orientada sobre os dados disponíveis de riscos e benefícios Para que ela participe da decisão informada, individualizada e apropriada de iniciar ou de manter a terapia, caso ainda se faça necessária Em princípio, a terapêutica deve sempre constituir-se em estrogênio e progestágeno associados, com o objetivo de conferir proteção endometrial CONTRAINDICAÇÕES AO USO DE TH ABSOLUTAS > Câncer de mama ou endométrio prévio > Sangramento genital de origem desconhecida > Antecedentes de doença tromboembólica > Doença hepática grave em atividade RELATIVAS > HAS não controlada > DM não controlado > Endometriose > Miomatose uterina A decisão de iniciar a terapia de reposição hormonal deve sempre ser tomada em conjunto pelo médico e pela paciente Durante o uso da TH, a paciente deve ser acompanhada semestralmente, com - Exame ginecológico de rotina - Mamografia - Exame citopatológico de colo - Exames laboratoriais - Perfil lipídico, glicemia, TSH, EQU, pesquisa de sangue oculto nas fezes (screening de câncer de cólon) e densitometria óssea OS RISCOS DA TH - TH VO pode provocar o surgimento ou agravar uma hipertensão arterial sistêmica (HAS) preexistente em cerca de 5% dos casos - Se TG aumentado, deve-se evitar o uso de estrogênios por VO, isoladamente, devido ao risco de aumento dos níveis desse lipídeo - TH aumenta o risco de tromboembolismo venoso - As mulheres com mais de 50 anos de idade têm 10% de probabilidade de desenvolverem câncer de mama e 3% de chance de morrerem da doença
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