Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ INTRODUÇÃO O ultrassom de imagem (USI) é um instrumento valioso para que o fisioterapeuta esportivo complemente o diagnóstico funcional e avalie as condições teciduais na área de lesão, ou seja, monitore a lesão e, dessa forma, programe a evolução de seus tratamentos, ponderando carga, frequência e intensidade de condutas fisioterapêuticas durante sua rotina diária.1 O USI pode melhorar a capacidade de compreensão do fisioterapeuta esportivo no que diz respeito às alterações sofridas pelos tecidos moles que se apresentam lesionados, bem como com relação às adaptações dos tecidos mediante o estresse aplicado a eles durante o curso dos diagnósticos funcionais executados e os tratamentos prestados aos atletas.1 A disponibilidade dos aparelhos de USI atualmente no mercado e a qualidade da imagem dos mesmos os torna um dispositivo mais acessível e de melhor eficiência diagnóstica funcional e clínica para se avaliar os tecidos moles. Isso pode contribuir para auxiliar e melhorar a tomada de decisão por parte do fisioterapeuta esportivo referente às técnicas ideais de tratamento, bem como à utilização dos aparatos de tratamento fisioterapêuticos adequados para a condição avaliada, na tentativa de otimizar e acelerar a recuperação de seus pacientes atletas.1,2 A história do ultrassom (US) diagnóstico foi iniciada por Christian Andreas Doppler (1803–1853). Ele foi o primeiro a utilizar o princípio da variação de frequência de ondas para medir a velocidade de um objeto. Esse princípio foi aplicado na investigação de doenças humanas, em 1957, e, posteriormente, estabeleceu-se na prática clínica como rotina para o exame dos grandes vasos no corpo, como as artérias carótidas e o coração.1 EDSEL BITTENCOURT GEORGE PUJALTE ALEXANDRE HENRIQUE NOWOTNY MARK FRIEDRICH B. HURDLE ULTRASSOM DE IMAGEM — APLICABILIDADE, LIMITES PROFISSIONAIS DE UTILIZAÇÃO PARA A FISIOTERAPIA E ATUAÇÃO CONJUNTA COM O MÉDICO 131 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A As imagens de USI relacionadas com a reabilitação musculoesquelética vêm se desenvolvendo rapidamente desde a década de 1980. O primeiro relato de imagens musculares relacionadas com esse tema ocorreu em 1968, quando Ikai e Fukunaga correlacionaram o tamanho dos músculos do braço com a força produzida por estes.1 No entanto, foi o trabalho do Dr. Archie Young e colaboradores, da Universidade de Oxford, que, na década de 1980, deu os primeiros passos para o uso de USI por fisioterapeutas. A descoberta que mais chamou a atenção em seu trabalho foi a de como o tamanho dos músculos dos membros havia sido subestimado com a utilização de uma fita métrica para se determinar sua circunferência (cirtometria) quando comparado às medidas obtidas e observadas com o USI. Ou seja, as medidas de circunferências que dão uma noção sobre secção transversa e trofismo muscular podem ser mais bem mensuradas com o USI.1 A medição do tamanho dos músculos dos membros é um exemplo simples de utilização do USI pelo fisioterapeuta com o objetivo de observar o volume muscular comparativo e de determinar diferenças de trofismo muscular, as distrofias. A partir de então, seguiram-se vários estudos sobre o músculo quadríceps. Investigou-se o efeito de uma lesão articular do joelho sobre o mesmo, pesquisou-se, a partir das lesões no joelho, o efeito de protocolos de treinamento de força muscular do quadríceps e a repercussão no ganho da área de secção transversa.1 Também foi pesquisada a ação do envelhecimento e o efeito da idade sobre o tamanho do quadríceps, além de se correlacionar o tamanho deste com sua força produzida. Por fim, foram analisadas a variação da força muscular relacionada com o tamanho do quadríceps em diferentes populações.1 Aparece, na década de 1990, de forma mais intensa, o interesse na utilização do USI na reabilitação musculoesquelética entre os fisioterapeutas clínicos. Isso decorre de uma série de estudos, nos quais o USI foi utilizado para detectar a hipotrofia do músculo multífidos na região lombar e a ação do músculo transverso abdominal em indivíduos com dor lombar aguda e crônica.2–4 Nesses trabalhos, o USI também foi empregado para descobrir que a recuperação dos multífidos não ocorria de forma automática ao cessarem os sintomas de dor lombar. Foi necessário um tratamento fisioterápico específico para a recuperação desses músculos por meio de cinesioterapia.5 O objetivo a se atingir era o de recuperar o tamanho, as áreas de secção transversa e a função dos mesmos.1,5 Também foi observado que tais condutas tinham por objetivo reduzir o risco de futuros episódios,1,5 ou seja, a observação do aumento da área de secção transversa do músculo multífido estava diretamente relacionada com a dor lombar. 132 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de ■ reconhecer os princípios básicos da utilização do USI pelo fisioterapeuta esportivo; ■ demonstrar as vantagens e as desvantagens do emprego do USI; ■ identificar as possibilidades de utilização do USI para o diagnóstico funcional, o monitoramento e o acompanhamento da evolução tecidual da área e das estruturas comprometidas pela lesão esportiva durante o tratamento fisioterápico em tempo real; ■ verificar a possibilidade de emprego do USI para a pesquisa em fisioterapia esportiva. ■ ESQUEMA CONCEITUAL Conclusão Caso clínico Defi nição Segurança e ética profi ssional Energia ultrassônica Efeitos não térmicos Efeitos térmicos do ultrassom de imagem Elastografi a Utilidades Ambiente de competição e treinamento esportivo Exemplos práticos de utilização do ultrassom de imagem Músculos abdominais Articulação glenoumeral Joelho 133 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ DEFINIÇÃO A ultrassonografia (US) usa ondas sonoras de alta frequência para visualizar as estruturas internas do corpo. As imagens de ultrassom são capturadas em tempo real, e, ao contrário das imagens radiográficas produzidas pelos raios X, não há exposição do paciente à radiação ionizante.6 As aplicações atuais de USI na reabilitação se dividem, sobretudo, em duas áreas distintas de exames por imagens — a avaliação funcional para a fisioterapia e o diagnóstico por imagem propriamente dito, que determina um provável diagnóstico clínico e que é realizado pelo médico e por ele determinado.1–4 A avaliação funcional para a fisioterapia inclui a avaliação da estrutura muscular, da morfologia e do comportamento motor, e o uso do USI como uma ferramenta de biofeedback muscular também é empregado, com intuito de estimular a ação de um músculo específico que se encontra em disfunção.2–4 O fisioterapeuta solicita um determinado movimento ao paciente, este tenta executá-lo, e, por meio do USI, o fisioterapeuta acompanha, pelas imagens, se o paciente consegue ativar o músculo em questão. De forma direta, isso inclui a mensuração das características morfológicas (morfometria) das estruturas musculoesqueléticas, como:2–5 ■ comprimento muscular; ■ profundidade; ■ diâmetro; ■ área da secção transversa; ■ volume; ■ trajetos que um tecido específico percorre; ■ ângulos de penetração determinados novamente pelo trajeto do tecido em questão (p. ex., músculos, tendões e ligamentos) e o estabelecimento de vetores de tração. As alterações nessas características e o impacto nas estruturas circunvizinhas, como os tendões, as fáscias e os órgãos, também são observados durante a contração muscular.6 O consequente movimento e a deformação desses tecidos também são consideradosdurante o exame, assim como as características dos tecidos observados nas imagens da área afim.5,6 Já o diagnóstico por imagem seria a observação direta das patologias dos tecidos moles propriamente ditas, em que se realiza o diagnóstico clínico e a classificação das mesmas, que são de responsabilidade médica. Para uma avaliação funcional de USI, um transdutor (sonda ou cabeçote) é acoplado diretamente sobre a pele. No caso da pele, uma fina camada de gel é aplicada a ela, de modo que as ondas de US são transmitidas a partir do transdutor através do gel para a área de interesse do corpo a ser examinada.5,6 A imagem da US é produzida com base na reflexão das ondas que cruzam as estruturas e os tecidos do corpo humano.4–6 A captura e a análise dessas ondas pelo transdutor é que revelam as imagens das estruturas internas de interesse.6 A intensidade (amplitude) do sinal sonoro e o tempo que leva para que a onda passe pelo corpo fornecem as informações necessárias para produzir as imagens pelo aparelho.5,6 134 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A ATIVIDADES 1. Observe as afirmativas sobre o USI. I — É um importante instrumento para o fisioterapeuta avaliar condições teciduais e monitorar lesões. II — Os equipamentos de USI ainda são muito onerosos, tornando-os pouco disponíveis na prática. III — Com o USI, é possível compreender as adaptações do tecido mediante o estresse nele aplicado. Qual(is) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a II e a III. D) Apenas a I e a III. Resposta no final do artigo 2. Quem foi o precursor da utilização de USI para diagnósticos na área da saúde? A) Michael Faraday. B) Wilhelm Conrad Röntgen. C) Christian Andreas Doppler. D) Theodoro Harold Maiman. Resposta no final do artigo 3. Assinale a alternativa que apresenta corretamente a disfunção e o músculo aos quais as pesquisas com USI se dedicaram na década de 1990. A) Disfunção torácica, multífido. B) Disfunção cervical, multífido. C) Disfunção sacroilíaca, multífido. D) Disfunção lombar, multífido. Resposta no final do artigo 4. Como o USI pode contribuir no dia a dia de uma clínica de fisioterapia esportiva? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 135 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A 5. Sobre a utilização do USI para a avaliação funcional, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Inclui a avaliação da estrutura muscular, da morfologia e do comportamento motor. ( ) É uma ferramenta de biofeedback muscular. ( ) É a observação direta das patologias dos tecidos moles. ( ) Serve para mensurar características morfológicas, como comprimento muscular, profundidade e diâmetro. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V — V — F — V. B) V — V — F — F. C) F — V — F — V. D) V — F — V — V. Resposta no final do artigo 6. Quais são as propriedades morfológicas que podem ser observadas pelo fisioterapeuta ao empregar o USI? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo ■ SEGURANÇA E ÉTICA PROFISSIONAL Para a utilização do USI, é necessário estabelecer e seguir condutas éticas. Um princípio fundamental da ética em saúde é o primum non nocere, parafraseando o juramento hipocrático, que contém a promessa de “abster-se de fazer mal, não fazer mal algum, em nenhuma hipótese, ao paciente”. Um segundo princípio é que um procedimento pode ser realizado de forma legítima se a importância do objetivo for proporcional ao risco para o sujeito. Somente se a relação risco/benefício for vantajosa para o paciente, uma técnica pode ser considerada ética na rotina clínica.1–3 A suposição até agora sempre foi que os exames de US são “seguros”, pois é bem conhecido que o US terapêutico pode ser utilizado para produzir alterações no tecido biológico, isso é o que impulsiona sua utilização como agente terapêutico mecânico na fisioterapia. Em baixas potências, utilizam-se os efeitos mecânicos e térmicos da US para tratar os tecidos moles ou para facilitar a infusão de fármacos através da pele, fenômeno conhecido na fisioterapia como fonoforese. 136 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Não se pode realmente ter certeza de que os regimes de pulso de US usados para o diagnóstico funcional de imagens também não estejam produzindo mudanças biológicas, alterações estas que podem ser consideradas prejudiciais ao paciente. Embora os estudos epidemiológicos em humanos existentes na literatura sobre a segurança do US sejam tranquilizadores, deve-se lembrar que as revisões na literatura são mais antigas e que foram realizadas com aparelhos que geravam níveis de energia mais baixos do que os aparelhos atuais. Dessa forma, é necessário ficar vigilante à literatura e acompanhar as metodologias de diagnóstico funcional e os valores de referência de segurança para a utilização do USI.1,2 Também se deve ficar atento à indústria de equipamentos e ao mercado, com o intuito de acompanhar a evolução da tecnologia empregada nos novos equipamentos, para que sejam utilizados aparelhos que assegurem a evidência de resultados ideais com segurança para o benefício do paciente.1,6,7 A exposição dos tecidos ao US é frequentemente descrita como sendo “não invasiva”. Embora isso seja correto em termos da definição (p. ex., não há incisão na pele e não há contato com a mucosa ou com alguma cavidade interna do corpo), deve-se lembrar que a formação de uma imagem de US requer, necessariamente, a exposição de regiões corporais de interesse à energia ultrassônica. É de suma importância executar o diagnóstico com ética profissional. O fisioterapeuta deve sempre agir dentro das leis que regulamentam sua profissão no Brasil e não usar o USI para emitir laudos e diagnósticos clínicos. ■ ENERGIA ULTRASSÔNICA À medida que um feixe de US se propaga através do tecido, a energia diminui com a profundidade percorrida, isto é, ela sofre atenuação. Uma parte da energia é refletida pelas diferentes estruturas que compõem os tecidos, e as interfaces entre estes durante a passagem do feixe ultrassônico e outra parte dessa energia é absorvida pelos próprios tecidos.2,3 O tempo de chegada das ondas refletidas fornece uma medida da profundidade da estrutura refletora, e a amplitude fornece informação sobre a própria estrutura. A quantidade de energia absorvida depende da composição do tecido e da frequência do feixe de US utilizada. A absorção do US no tecido aumenta com a frequência crescenteda emissão de ondas sonoras.2,3 EFEITOS TÉRMICOS DO ULTRASSOM DE IMAGEM Quando da utilização do USI, o mesmo pode produzir a elevação da temperatura local nos tecidos. A absorção de energia dentro do tecido é o fator principal que leva ao aumento da temperatura. A taxa de deposição de calor (Q) é dada pela expressão Q_ ¼mL por unidade de volume.1,6,7 A intensidade média temporal do pico espacial médio (ISPTA) é de 341mW para 22cm para imagens em modo B, 860mW para 22cm para Doppler pulsado e 466mW para 22cm para Doppler de fluxo de cor. Claramente, essas são estimativas, uma vez que não contam, para a condução térmica, os efeitos de resfriamento do fluxo sanguíneo, nem para a movimentação do transdutor. No entanto, eles mostram o potencial de aquecimento relativo dos diferentes modos de imagem.1,6,7 137 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A Os tecidos com maior risco de exposições por ultrassom são os ossos e quaisquer tecidos moles adjacentes, em especial os ossos em desenvolvimento.1,6,7 O aumento de temperatura pode ser limitado pelos efeitos de arrefecimento pela passagem do fluxo sanguíneo na região de exposição, considerando-se o volume das estruturas expostas. Por exemplo, os órgãos altamente vascularizados, como o fígado e o rim, são mais difíceis de aquecer do que o osso, que é menos perfundido.1,6,7 EFEITOS NÃO TÉRMICOS A passagem de uma onda ultrassônica por um tecido durante a fase de compressão gera pressão através do tecido e produz efeitos “mecânicos”.1 Entre esses efeitos, inclui-se a cavitação acústica, um fenômeno decorrente dos efeitos de pressão de radiação ultrassônica. As fases de pressões negativas durante os pulsos ultrassônicos podem extrair gás presente no tecido, e esse efeito produz a formação de bolhas de gás dentro dos tecidos.1 Evidências para a existência de tais núcleos de gás pré-existentes nos tecidos provêm do desenvolvimento da doença de descompressão que ocorrem em mergulhadores de profundidade.1 Uma vez formada uma bolha, ela pode se expandir e se contrair em resposta às ondas de pressão acústica (cavitação não inercial ou estável), acompanhando a frequência de pulsos do US empregado. Uma bolha de gás pode se expandir bastante e, seguida por compressão rápida, ela pode se romper, o que é conhecido por cavitação.1 A oscilação das bolhas pela cavitação pode iniciar padrões de deslocamento de pequenos fluxos líquidos, que se deslocam pelos tecidos corporais na área de utilização do USI. Embora seja pouco provável que causem efeitos biológicos adversos significativos, esse fenômeno pode alterar o transporte iônico através das membranas celulares. Temperaturas e pressões muito altas resultam do colapso inercial, e isso pode levar à lesão tecidual localizada onde se encontra a bolha.1 ELASTOGRAFIA É possível processar o sinal elétrico produzido no tecido a partir da reflexão das ondas ultrassônicas, o eco que retorna dos tecidos para o transdutor de modo a quantificar o movimento e a deformação do tecido em resposta a forças mecânicas internas ou externas geradas dentro dos diferentes tecidos.1,3,6,7 A elastografia foi inicialmente concebida com o objetivo de quantificar a informação subjetiva veiculada pela palpação de áreas mais rígidas presentes nos tecidos moles, como na palpação para a detecção clínica de tumores de mamas e de próstata.1,6,7 No método de elastografia clássico, o transdutor de US é usado para comprimir ligeiramente o tecido, enquanto uma série rápida de imagens sucessivas é adquirida. Usam-se métodos de correlação cruzada para o pós-processamento, e as análises dos dados coletados que geraram as imagens do deslocamento e da deformação dos tecidos moles são calculadas e representam a quantidade dos pequenos movimentos ocorridos durante a compressão do tecido investigado.1,6,7 138 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Nas aplicações musculoesqueléticas, a elastografia é empregada para quantificar o deslocamento e a tensão ocorrida nos tecidos moles em resposta a uma variedade de estímulos mecânicos aplicados externamente, como a tensão, a compressão e a manipulação de agulhas de acupuntura.1,6,7 As técnicas de imagem de elasticidade dos tecidos moles até o presente momento estão em fases iniciais de utilização para fins de reabilitação. Elas possuem potencial para a detecção de diferenças nas propriedades biomecânicas do músculo, do tecido conectivo associado, dos tendões e dos ligamentos em resposta às tarefas físicas.1,6 Em condições em que o estresse tecidual pode ser calculado ou estimado, os valores podem ser utilizados para se mapear a rigidez tissular local.1,6 Deve-se ter em mente que as imagens de elasticidade não representam diretamente a elasticidade do tecido, mas sim o deslocamento e a tensão do tecido. LEMBRAR Embora essas técnicas de imagem elástica tenham potencial para a fisioterapia, algumas dificuldades práticas precisam ser superadas. Estas incluem o acesso ao sinal de US elétrico bruto, que não está disponível na maioria dos equipamentos USI no mercado, e a necessidade de pós-processamento dos dados de US, o que impede a realimentação em tempo real.1,6 Apesar das limitações geradas pela necessidade de um aparelho que mensure a elastografia e de fator econômico devido ao elevado valor deste aparelho, a mensuração de tensão tecidual, ao longo do tempo de um tratamento fisioterápico, permite quantificar o comportamento dos tecidos moles avaliados quando o fisioterapeuta expõe tais tecidos a uma determinada força. Ou seja, o fisioterapeuta, a partir dessas informações, poderá fazer a evolução de intensidade de força durante a cinesioterapia, alterar e reprogramar suas condutas de tratamento, além de dar alta fisioterápica.1,6 ATIVIDADES 7. Descreva o problema metodológico da utilização prática do USI. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 8. Qual é a estimativa da ISPTA para 22cm para Doppler pulsado? A) 341mW. B) 860mW. C) 466mW. D) 144mW. Resposta no final do artigo 139 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A 9. Observe as afirmativas sobre a cavitação referente ao uso do USI. I — As fases de pressão negativa, durante os pulsos ultrassônicos, podem extrair gás presente no tecido, e esse efeito produz a formação de bolhas de gás dentro dos tecidos. Dessa forma, essas bolhas de gás crescem a partir de núcleos de gás pré-existentes nos tecidos, que podem vir a se romper. II — As fases de pressão positiva, durante os pulsos ultrassônicos, podem extrair gás presente no tecido, e esse efeito produz a formação de bolhas de gás dentro dos tecidos. Dessa forma, essas bolhas de gás crescem a partir de núcleos de gás pré-existentes nos tecidos, que podem vir a se romper. III — As fases neutras, durante os pulsos ultrassônicos, podem extrair gás presente no tecido, e esse efeito produz a formação de bolhas de gás dentro dos tecidos. Dessa forma, essas bolhas de gás crescem a partir de núcleos de gás pré-existentes nos tecidos, que podem vir a se romper. Qual(is) está(ão)correta(s)? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) Apenas a I e a II. Resposta no final do artigo 10. Sobre a elastografia, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Utiliza o transdutor de US para comprimir ligeiramente o tecido enquanto uma série rápida de imagens é adquirida. ( ) É utilizada para quantificar as propriedades biomecânicas do músculo. ( ) Consegue detectar diferenças nos tecidos moles em relação aos ligamentos tissulares. ( ) Embora seja uma técnica com potencial para ser usada na fisioterapia, algumas dificuldades, como o acesso ao sinal de US elétrico bruto, ainda precisam ser superadas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. A) V — V — F — F. B) F — F — V — V. C) V — F — F — V. D) F — V — F — V. Resposta no final do artigo 140 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ UTILIDADES O USI é uma ferramenta complementar, utilizada por fisioterapeutas esportivos para avaliar, monitorar e auxiliar na escolha de técnicas fisioterápicas para tratar condições álgicas e de disfunção de movimento. O USI fornece um método seguro, apresenta bom custo-benefício e é custo-efetivo. É uma metodologia de exame acessível ao operador, no qual o resultado é observado e analisado em tempo real, in loco.1,4,5 Uma das características mais úteis da utilização do USI é a observação da imagem em tempo real, na qual a anatomia e o movimento das estruturas podem ser observados precisamente.1,4,5 A observação da imagem em tempo real permitiu o desenvolvimento de uma nova aplicação das imagens de USI na fisioterapia, que envolve a observação da contração muscular e do movimento em tempo real para fornecer um feedback funcional da área investigada.1,4,5 A capacidade de fornecer a imagem de músculos mais profundos é uma vantagem da técnica do USI, que tem sido incorporado com sucesso nas estratégias de avaliação e facilitação motora, por exemplo, para os músculos transverso do abdome e multífidos em pacientes com dor lombar.1,4,5 A utilização do USI é operador dependente, portanto, é fundamental aos fisioterapeutas que pretendem utilizar essa metodologia passem por um treinamento teórico e prático. Nos Estados Unidos, a formação é aberta aos fisioterapeutas, e os cursos são certificados pela American Physical Therapy Association (APTA), porém, a este cabe apenas realizar a análise e a observação do comportamento tecidual em repouso ou em movimento — o diagnóstico clínico, nos Estados Unidos, também cabe ao médico.1,3–5,8 As próprias fábricas de aparelhos ultrassônicos se encarregam de ministrar cursos de formação nos Estados Unidos. Dessa forma, o fisioterapeuta estará apto para a utilização da técnica em seu dia a dia, no qual poderá desenvolver pesquisa, avaliação e prognóstico, acompanhar a evolução da lesão e prescrever as melhores condutas de tratamento.1,3–5,8 No Brasil, esse tipo de formação ainda não é estruturada e organizada. Para tornar-se seguro para analisar as imagens de USI, é preciso aprender, em um primeiro momento, os procedimentos básicos em relação aos princípios desse instrumento.7,8 LEMBRAR Para maximizar a imagem produzida pelo computador do aparelho de USI, a sonda deve ser posicionada a 90° da estrutura em foco, ou seja, estar perpendicular à superfície de contato da área a ser examinada.7,8 O fisioterapeuta deve visualizar músculos, fáscias, tendões, ligamentos e ossos, com o objetivo de identificar a morfologia e a morfometria, o que é importante na realização de exames dinâmicos, pois, durante o exame, o paciente realiza o movimento solicitado pelo avaliador enquanto observa o comportamento das estruturas afins. Essa metodologia é dependente da capacidade do paciente para ativar o músculo ao comando do avaliador. 141 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A EXEMPLOS PRÁTICOS DE UTILIZAÇÃO DO ULTRASSOM DE IMAGEM Nos itens a seguir, serão apresentados e ilustrados em que regiões se dão os usos mais frequentes do USI. Músculos abdominais Para pacientes com déficit funcional, com uma fraca contração muscular e/ou baixa ativação muscular abdominal, a contração muscular voluntária pode ser utilizada de forma associada ao USI. Utilizando-se uma sonda linear com frequências mais altas (6–16MHz), que têm melhor resolução, podem-se visualizar os músculos abdominais à medida que o paciente tenta ativá-los. Os músculos abdominais podem ser analisados quanto à espessura em contração voluntária máxima e no total relaxamento. Rupturas musculares e hipotrofias também podem ser apreciadas durante o procedimento do exame. O músculo tem um padrão hipoecogênico clássico, com uma camada fascial demarcando de forma clara os limites de cada ventre muscular. Para identificar os músculos oblíquos do abdome, observe as imagens das Figuras 1 e 2. Figura 1 — Técnica de exame para a avaliação dos músculos abdominais. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. TA EO RA IO Figura 2 — Limites musculares entre o RA, o OE, o OI e o TA. RA: reto abdominal; OE: oblíquo externo; OI: oblíquo interno; TA: transverso abdominal. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 142 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Articulação glenoumeral Além de avaliar a função muscular, a atividade contrátil e o consequente movimento muscular, a imagem ultrassonográfica é excelente para avaliar as articulações relativamente superficiais e móveis, como a glenoumeral. Tendinopatias, bursites, tenossinovites e derrames são objeto da investigação de imagem ultrassonográfica em articulação glenoumeral, que visa determinar quais técnicas fisioterápicas colaboram com a recuperação dessas estruturas. Como a articulação glenoumeral cobre uma porção relativamente pequena da articulação, a maioria das estruturas pode ser visualizada por US. O paciente é solicitado a colocar a mão na cintura, o ombro entra em extensão com rotação externa, e, dessa forma, o tendão distal e o terço distal do músculo supraespinhoso pode ser visualizado e avaliado (Figuras 3 e 4). Figura 3 — Técnica de exame para a avaliação do ombro. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. A SS HH D Figura 4 — Vista anteromedial do ombro, da esquerda para a direita. A: acrômio; SS: supraespinhoso; HH: cabeça umeral; D: deltoide. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 143 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A Joelho Com relação ao joelho, a imagem ultrassonográfica tem um papel um tanto mais limitado, o que não deixa de ser importante para se reconhecer os limites da técnica para auxiliar o fisioterapeuta. Pode-se avaliar prontamente um derrame articular ou uma ruptura ligamentar superficial, todavia, a ressonância magnética (RM) é mais adequada para uma avaliação do joelho, pois é mais detalhada no que se refere a suas estruturas internas. O tendão do quadríceps e o ligamento patelar podem ser observados com grande definição no USI (Figuras 5 e 6). Novamente, a observação das estruturas que compõe o joelho é importante para a determinação das técnicas fisioterápicas a serem empregadas. Figura 5 — Técnica de exame para a avaliação do joelho. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. F PF Q QT P Figura 6 — Joelho na vista do eixo axial longo. A área hipoecoica (área mais clara, branca) entre o PF e o Q é uma pequena efusão. QT: tendão do quadríceps; P: patela; Q: coxim adiposo; PF: coxim adiposo pré-femoral; F: fêmur. Fonte: Arquivo de imagensdos autores. 144 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Conforme os exemplos citados neste artigo, o USI é uma poderosa ferramenta de diagnóstico funcional por imagens que pode ser incorporada na prática da fisioterapia. Embora seja uma modalidade de imagem relativamente segura, é preciso que se tenha em mente que, nas áreas corporais expostas ao USI, os tecidos estão recebendo energia acústica, devendo-se ficar sempre atento a sua utilização. A US é uma excelente modalidade para analisar a maioria das estruturas musculoesqueléticas mais superficiais. Com relação à avaliação das alterações dos tecidos moles, a metodologia dinâmica ou ativa realizada com o USI é superior à RM e à tomografia computadorizada (TC). Além disso, os pacientes podem aprender e ser treinados a partir das imagens do USI como um biofeedback para a aprendizagem de novos exercícios e, principalmente, do controle motor. AMBIENTE DE COMPETIÇÃO E TREINAMENTO ESPORTIVO Com o USI, a prática da fisioterapia esportiva tem um excelente recurso de avaliação para colaborar com os exames funcionais de imagem no âmbito do ambiente de competição e treinamento e tratamento. O diagnóstico clínico em ambiente esportivo cabe ao médico, que trabalha em conjunto com o fisioterapeuta. LEMBRAR Hoje em dia, vários dispositivos para o diagnóstico clínico estão disponíveis no mercado. Além disso, um baixo custo financeiro tanto para sua aquisição quanto para a repetição dos exames facilita sua inserção no mercado. A boa confiabilidade dos resultados também auxilia nesse aspecto. Recentemente, algumas empresas apresentaram ao mercado dispositivos de USI que são portáteis. Diminuindo o tamanho do transdutor e da tela, criaram um transdutor que pode ser conectado a um dispositivo inteligente (p. ex., um celular ou um tablet). Esses dispositivos portáteis estão propensos a invadir o mercado no futuro próximo. 145 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A A flexibilidade e o menor custo, em comparação com o investimento de um sistema de US tradicional, tornam os dispositivos portáteis mais atraentes para os aprendizes e praticantes principiantes. Atualmente, dois tipos de transdutores estão disponíveis para dispositivos portáteis: um modelo curvo, que é adequado para a imagem abdominal, e um modelo linear, adequado para a imagem vascular e musculoesquelética, considerando-se sua utilização na fisioterapia esportiva. Demonstrações e exemplos práticos de exame por USI na clínica e no ambiente de competição são apresentados nas Figuras 7 a 11. Figura 7 — Exame do joelho na clínica fisioterápica. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 8 — Exame do ombro na clínica fisioterápica. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 146 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Figura 9 — Exame do joelho na clínica fisioterápica. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Figura 10 — Exame de joelho em campo feito pelo fisioterapeuta para o acompanhamento da evolução dos tecidos envolvidos na lesão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 147 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A Figura 11 — Exame do ombro em campo feito pelo fisioterapeuta para o acompanhamento da evolução dos tecidos envolvidos na lesão. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. O exame clínico em campo pode ser um desafio e pode levar a diagnósticos e recomendações imprecisas tanto para a reabilitação quanto para o retorno ao esporte. Além da história do paciente e do exame físico, o auxílio do USI musculoesquelético pode melhorar a precisão diagnóstica e o gerenciamento direto na área específica da lesão.9 ATIVIDADES 11. Quais são as vantagens da utilização do USI? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 148 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A 12. Com relação à fisioterapia esportiva, quais estruturas podem ser analisadas pelo fisioterapeuta utilizando-se o USI? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 13. Qual das alternativas a seguir é uma das principais características da metodologia de utilização do USI? A) Observação in loco. B) Observação da compressão tecidual. C) Observação da descompressão tecidual. D) Cavitação. Resposta no final do artigo 14. Qual é o ângulo ideal de posicionamento do cabeçote do USI para a execução da avaliação e do diagnóstico? A) 60 graus. B) 70 graus. C) 80 graus. D) 90 graus. Resposta no final do artigo 15. Qual das alternativas a seguir apresenta uma região que pode ser analisada quanto à espessura em contração voluntária máxima e no total relaxamento? A) Músculos multífidos. B) Coluna lombar. C) Músculos abdominais. D) Articulação glenoumeral. Resposta no final do artigo 149 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A 16. Observe as afirmativas sobre a utilização do USI. I — Trata-se de um método seguro, porém, a baixa relação custo-benefício limita seu uso. II — A capacidade de fornecer imagens de músculos mais profundos é uma de suas vantagens. III — O USI depende da capacidade do paciente em ativar o músculo ao comando do avaliador. Qual(is) está(ão) correta(s)? A) Apenas a I. B) Apenas a II. C) Apenas a III. D) Apenas a II e a III. Resposta no final do artigo ■ CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 24 anos, goleiro. Ao fazer uma reposição de bola executando um chute longo, ele sentiu como se tivesse levado uma “pedrada” na região anterior da coxa direita. O atleta conseguiu continuar em campo, porém, ao executar uma nova reposição de bola, relatou a sensação de ter tomado um “tiro” na coxa. Ele foi removido de campo, e o médico diagnosticou um estiramento muscular sem ruptura evidente.9 O atleta teve dificuldade em caminhar por 1 semana, fez a reabilitação com gelo, alongamentos, terapias manuais e um programa de fortalecimento gradativo por 2 semanas.5 Voltou a jogar, e, ao bater um tiro de meta, sentiu a coxa novamente. Foi removido do jogo e submetido à reabilitação semelhante às anteriores por mais 2 semanas.9 Voltou ao jogo de novo completamente assintomático e, maisuma vez, experimentou dor na coxa anterior durante um tiro de meta. Dessa forma, passou por 8 semanas de tratamento, que envolveram repouso e uma reabilitação intensiva, na qual foram incluídos: o tratamento dos sinais e sintomas agudos com repouso e gerenciamento de dor, seguido de um programa de reabilitação progressivo de movimento, estimulação sensório-motora, resistência e força muscular. Ele retornou a executar tiros livres de forma gradual, passando por um programa de treinamento de resistência, força e velocidades gradativos para executar os chutes longos. Nos 5 meses após da primeira lesão, seus sintomas eram dor tardia ocasional e leve disfunção de movimento do quadril e joelho, que também era ocasional, e apresentava pequeno edema na região anterior da coxa após treinamentos repetitivos de tiro de metas ou treinamento de resistência intensa. Nessa fase, foi utilizada a acupuntura para a redução desses sintomas.9 150 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Durante a avaliação dessas condições em que se encontrava o atleta, ao examinar sua marcha, esta se mostrava com cadência normal e sem dor. Ele foi capaz de andar na ponta dos pés, nos calcanhares, agachar em uma perna e realizar o andar de pato sem nenhuma assimetria ou dor. A amplitude de movimento (ADM) lombar e de quadril era total, sem dor em todos os planos de movimentos. No USI, observou-se um defeito, “uma depressão” no volume do quadríceps na região anterior e proximal, que aumentou com a extensão resistida do joelho e a com flexão do quadril (Figura 12).9 Figura 12 — Coxa direita com notável defeito na região do reto femural durante a flexão resistida do quadril. Fonte: Esser e colaboradores (2015).9 O teste muscular manual demonstrou grau 5/5 de força bilateralmente para os miótomos L3–S1. A flexão resistida do quadril, a extensão do joelho e a flexão do joelho foram simétricas e sem dor. A sensibilidade ao toque (sensibilidade superficial) estava intacta nos dermátomos L3–S1. Os reflexos do tendão patelar e de Aquiles foram de 2% +, normais pela Neurological Disorders and Stroke Scale (NINDS);10 os dedos do pé estavam em declínio bilateralmente, e o paciente não apresentou clônus. Testes provocativos demonstraram-se negativos para a elevação com a perna retificada (SLR), flexão do quadril associada à abdução e rotação externa; flexão associada à abdução e rotação interna, teste de Stinchfield (para indicar patologia intra-articular do quadril), teste Scour (indica lesão labral, cartilaginosa, impacto e capsulite) e o teste de tensão do nervo femoral. Na palpação, o tendão proximal do reto femoral não foi encontrado, e um abaulamento anterior no músculo reto anterior distal ao tendão de origem era evidente.9 Utilizou-se um dinamômetro (System 4 Pro, Biodex Medical Systems Inc., Shirley, NY) para avaliar a força muscular. O teste isocinético demonstrou um déficit de 10,8% durante a flexão concêntrica do quadril em 60º/s e 40,3% a 180º/s no membro direito. A extensão do joelho concêntrico demonstrou um déficit de 16,5% a 60º/s e 12,0% a 180º/s no membro direito.9 151 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A Os resultados do USI desse estudo são mostrados na Figura 13. No membro inferior (MI) esquerdo, o USI se mostrou normal desde a espinha ilíaca anteroinferior até a inserção do reto femoral na patela (Figuras 13A e B). No membro direito, o ventre muscular rompeu totalmente na junção músculo-tendínea, deixando uma depressão (abaulamento) nessa área — a cabeça muscular indireta apresenta avulsão completamente da borda acetabular anterior (Figura 13C).9 A aproximadamente 10cm distal à espinha ilíaca anteroinferior, observa-se tecido cicatricial extenso, com estruturas infiltrações neurovasculares, e pode ser visto também onde o reto femoral cicatrizou subjacente ao vasto intermédio (Figura 13D). Com a extensão ativa do joelho, o reto femoral distal contraiu-se, puxando o tecido cicatricial. A flexão ativa do quadril resultou em um encurtamento do iliopsoas, mas sem ativação do reto femoral.9 A Anterior inferior iliac spine Anterior inferior iliac spine Rectus femoris Proximal rectus femoris C B D Figura 13 — USI da coxa esquerda normal e da coxa direita afetada. A) Estrutura normal do reto anterior da coxa na origem sobra a espinha ilíaca anteroinferior. B) Tecido cicatricial a 10cm distal próximo ao terço médio da coxa. C) Ruptura remanescente do reto femoral. D) Uma região de cicatrização a 10cm distal. Fonte: Esser e colaboradores (2015).9 152 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Em vista do tratamento executado, e sua excelente recuperação, para corrigir os déficits persistentes no teste isocinético, o paciente foi encorajado a continuar maximizando a força dos MMII e da estabilidade da lombar, pelve e MMII (core).9 O atleta voltou a atuar em campo, completamente assintomático e sem reportar déficits funcionais. Para este caso clínico, o USI foi determinante para se constatar os tecidos lesionados, a área de lesão e a cicatrização. Porém, para o retorno ao esporte, outros pontos devem ser observados com atenção pelo fisioterapeuta esportivo — é primordial considerar os resultados funcionais e o desejo e a segurança do paciente em se sentir apto a retornar às competições. ATIVIDADES 17. Quais outras medidas de avaliação funcional e clínicas devem ser realizadas durante a consulta fisioterápica em associação à imagem do USI para definir o diagnóstico funcional, como observado no caso clínico? A) Força muscular, reflexos, testes funcionais e teste isocinético. B) Star balance, shoutle run, teste de caminhada. C) Teste de micromovimentos, testes de equilíbrio, propriocepção. D) Reflexos, teste de micromovimentos, testes de equilíbrio. Resposta no final do artigo 18. Qual das seguintes alternativas apresenta o resultado dos testes provocativos realizados no paciente do caso clínico? A) Força bilateral para miótomos. B) Sensibilidade superficial. C) Negativo para SLR. D) Déficit de 10,8% na rotação. Resposta no final do artigo 19. A utilização de USI foi importante no caso clínico apresentado? Explique. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 153 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A ■ CONCLUSÃO O USI é uma ferramenta útil ao fisioterapeuta esportivo para a utilização em seu dia a dia de clínica ou ambiente de competição, bem como em pesquisas. É um recurso barato, quando comparado aos demais aparelhos de diagnóstico por imagem. O USI pode ser portátil, de fácil transporte e deslocamento, o que permite sua utilização em diferentes ambientes. O USI representa uma resposta instantânea de observação da qualidade dos tecidos moles in loco, na clínica de fisioterapia e no ambiente de competição. Ele pode ser utilizado para avaliar o movimento, a morfologia do tecido avaliado,a condição e qualidade tecidual e a evolução e estágio da lesão, o que permite direcionar a conduta fisioterapêutica, modificá-la e até auxiliar na definição da alta fisioterápica. Contudo, devem ser observados os riscos da utilização do USI, bem como suas indicações e contraindicações. Sendo um recurso tecnológico operador dependente, o fisioterapeuta deve passar por um treinamento adequado para sua utilização. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: D Comentário: A disponibilidade dos aparelhos de USI atualmente no mercado e sua qualidade de imagem os torna um dispositivo mais acessível e de melhor eficiência diagnóstica funcional e clínica para se avaliar os tecidos moles. Atividade 2 Resposta: C Comentário: O precursor da utilização de USI para diagnósticos na área da saúde foi Christian Andreas Doppler (1803–1853). Ele foi o primeiro a utilizar o princípio da variação de frequência de ondas para medir a velocidade de um objeto. Atividade 3 Resposta: D Comentário: As pesquisas da década de 1990 foram um marco importante na disseminação das utilizações do USI em fisioterapia, e também ajudaram a reconhecer os músculos envolvidos na dor lombar. Atividade 4 Resposta: São várias as possibilidades de emprego da imagem do USI no dia a dia de uma clínica de fisioterapia esportiva — para se reconhecer a lesão e avaliar sua extensão e comprometimento, bem como para se fazer o prognóstico. Atividade 5 Resposta: A Comentário: As aplicações atuais de USI na reabilitação se dividem sobretudo em duas áreas distintas de exames por imagens — a avaliação funcional para a fisioterapia e o diagnóstico por imagem propriamente dito. A observação direta das patologias dos tecidos moles é como se realiza o diagnóstico clínico e a classificação das mesmas, o que é de responsabilidade médica. 154 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A Atividade 6 Resposta: As propriedades morfológicas que podem ser observadas pelo fisioterapeuta empregando o USI são fundamentais para um bom diagnóstico funcional em fisioterapia esportiva e, entre elas, estão: comprimento muscular, profundidade, diâmetro, área da seção transversal, volume, ângulos de penetração e vetores de tração. Atividade 7 Resposta: O problema metodológico da utilização prática do USI é que a utilização do USI é técnico dependente, portanto, é fundamental que os fisioterapeutas que utilizam essa metodologia passem por um treinamento teórico, mas, principalmente, prático, intenso, para desenvolverem uma boa curva de aprendizado e, dessa forma, estarem aptos para a utilização da técnica em seu dia a dia tanto para a pesquisa como para a avaliação e a prescrição de condutas de tratamento. Atividade 8 Resposta: B Comentário: A estimativa da ISPTA para 22 cm é de 341mW para 22cm para imagens em modo B, de 860mW para 22cm para Doppler pulsado e de 466mW para 22cm para Doppler de fluxo de cor. Esses números representam estimativas, pois não contam, para a condução térmica, os efeitos de resfriamento do fluxo sanguíneo, nem para a movimentação do transdutor. Atividade 9 Resposta: A Comentário: É importante reconhecer o efeito de cavitação para evitá-lo e preservar a integridade do paciente. Atividade 10 Resposta: C Comentário: A elastografia é empregada para quantificar o deslocamento e a tensão ocorridos nos tecidos moles em resposta a uma variedade de estímulos mecânicos aplicados externamente. Ela possui potencial para a detecção de diferenças nas propriedades biomecânicas do músculo, do tecido conectivo associado, dos tendões e dos ligamentos em resposta às tarefas físicas. Atividade 11 Resposta: Entre as vantagens da utilização do USI estão que é um método seguro, apresenta bom custo-benefício e é custo-efetivo, sendo uma metodologia de exame prontamente acessível, em tempo real, de vários órgãos e tecidos de interesse. Atividade 12 Resposta: Com relação à fisioterapia esportiva, as estruturas que podem ser analisadas pelo fisioterapeuta utilizando-se o USI incluem os músculos, os tendões, as articulações, os ligamentos e as bursas. Atividade 13 Resposta: A Comentário: A observação in loco, uma das principais características da metodologia de utilização do USI, trata-se de um recurso que permite ao fisioterapeuta fazer a observação das condições teciduais, da morfologia e do movimento em tempo real. 155 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 | CÓ PIA C ON TR OL AD A Atividade 14 Resposta: D Comentário: A colocação do cabeçote a 90 graus da superfície a ser avaliada é fundamental para a formação de uma boa imagem, o que é determinante para a observação dos tecidos e o estabelecimento de um diagnóstico preciso. Atividade 15 Resposta: C Comentário: Os músculos abdominais podem ser analisados quanto à espessura em contração voluntária máxima e no total relaxamento. Rupturas musculares e hipotrofias também podem ser apreciadas durante o exame. Atividade 16 Resposta: D Comentário: O USI fornece um método seguro e com bom custo-benefício, sendo também custo- efetivo. É uma metodologia de exame acessível ao operador. Atividade 17 Resposta: A Comentário: Mesmo com a utilização de imagens para o diagnóstico em que as mesmas auxiliam no diagnóstico clínico, o diagnóstico funcional é indispensável para a conclusão do diagnóstico funcional e a posterior execução do tratamento fisioterápico. Atividade 18 Resposta: C Comentário: Testes provocativos demonstraram-se negativos para SLR, flexão do quadril associada a abdução e rotação externa; flexão associada a abdução e rotação interna. Atividade 19 Resposta: Para o paciente do caso clínico, o USI foi determinante para se constatarem os tecidos lesionados, a área de lesão e a cicatrização. Porém, para o retorno ao esporte, outros pontos devem ser observados com atenção pelo fisioterapeuta esportivo, e é primordial que se considerem os resultados funcionais e o desejo e a segurança do paciente em se sentir apto a retornar às competições. ■ REFERÊNCIAS 1. Whittaker JL, Teyhen DS, Elliott JM, Cook k, Langevin HM, Stokes M. Rehabilitative ultrasound imaging: understanding the technology and its applications. J Orthop Sports Phys Ther. 2007 Aug;37(8):434–49. 2. Hodges PW, Richardson CA. Altered trunk muscle recruitment in people with low back pain with upper limb movement at di erent speeds. Arch Phys Med Rehabil. 1999 Sep;80(9):1005–12. 3. Hodges PW, Richardson CA. Feedforward contraction of transversus abdominis in not influenced by the direction of arm movement. Exp Brain Res. 1997 Apr;114(2):362–70. 4. Hodges PW, Richardson CA. Contraction of the abdominal muscles associated with movement of the lower limb. Phys Ther. 1997 Feb;77(2):1132–42. 156 UL TR AS SO M DE IM AG EM — AP LIC AB ILI DA DE , L IM ITE S P RO FIS SIO NA IS DE UT ILI ZA ÇÃ O P AR A A FI SIO TE RA PIA E AT UA ÇÃ O C ON JU NT A C OM O MÉ DIC O | CÓ PIA C ON TR OL AD A 5. Hodges PW, Richardson CA. Inefficient muscular stabilization of the lumbar spine associated with low back pain. A motor control evaluation of transversus abdominis. Spine (Phila Pa 1976). 1996 Mov;21(22):2640–50. 6. American College of Radiology, Society for Pediatric Radiology, Society of Radiologists in Ultrasound. AIUM practice parameter for the performance of a musculoskeletal ultrasound examination. J Ultrasound Med. 2012 Sep;31(9):1473–88. 7. Heiberg J, Hansen LS, Wemmelund K, Sorensen AH, Ilkjaer C, Cloete E, et al. Point-of-care clinical ultrasound for medical students. Ultrasound Int Open. 2015 Nov;1(2):E58–66. 8. Chen HS, Lin SH, Hsu YH, Chen SC, Kang JH. A comparison of physical examinations with musculoskeletal ultrasound in the diagnosis of biceps long headtendinitis. Ultrasound Med Biol. 2011 Sep;37(9):1392–8. 9. Esser S, Jantz D, Hurdle MF, Taylor W. Proximal rectus femoris avulsion: ultrasonic diagnosis and nonoperative management. J Athl Train. 2015 Jul;50(7):778–80. 10. Manschot S, van Passel L, Buskens E, Algra A, Van Gijn J. Mayo and NINDS scales for assessment of tendon reflexes: between observer agreement and implications for communication. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1998 Feb;64(2):253–5. Como citar este documento Bittencourt E, Pujalte G, Nowotny AH, Hurdle MFB. Ultrassom de imagem — aplicabilidade, limites profissionais de utilização para a fisioterapia e atuação conjunta com o médico. In: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva; Reis FA, Lima POP, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Esportiva e Atividade Física: Ciclo 7. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2018. p. 131–57. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 3). 157 | P RO FI SI O | F IS IO TE RA PI A ES PO RT IVA E A TI VI DA DE F ÍS IC A | C icl o 7 | Vo lu m e 3 |
Compartilhar