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Histórico da radiologia e os principais tipos de exames de imagem A história da radiologia inicia em 1895 quando Wilhelm Conrad Roentgen, trabalhando em uma câmara escura na Alemanha, identificou que uma tela, pintada com material fluorescente e localizada um pouco distante de um tubo de raios catódico que havia sido energizado, brilhava muito. Como ele não sabia classificar esse tipo de raio, denominou-o “raio X”. Pouco tempo depois essa metodologia estava tão disseminada que se utilizavam raios-X para quase todos os tipos de exames radiológicos. Atualmente, as imagens radiográficas convencionais são produzidas por uma combinação de radiação ionizante e luz que atinge uma superfície fotossensível, a qual, por sua vez, produz uma linhagem latente subsequentemente processada. Com essa metodologia, havia duas desvantagens: espaço físico para armazenamento, pois havia um número crescente de filmes, e local específico para sua realização, já que isso impedia a análise de outros médicos sobre o caso. A radiografia digital surgiu para substituir o filme fotográfico por placa fotossensível, que pode ser processada por um leitor eletrônico. Principais tipos de exames de imagem Radiografia convencional (raio-X simples): são imagens produzidas através da radiação ionizante (produção de raios X, mas sem o uso de material de contraste, como bário ou iodo). A principal vantagem é o custo, visto que é muito barato. Para que essa técnica seja desenvolvida, necessita-se de uma fonte que produza raios X, um método para gravar a imagem (cassete ou placa fotossensível) e uma maneira de processar a imagem gravada (usando substância química ou um leitor digital). As principais desvantagens da radiografia convencional são a variação limitada das densidades que podem ser demonstradas e o fato de usar radiação ionizante. As cinco densidades básicas avaliadas são: ar, gordura, tecido mole ou líquido, cálcio e metal. Tomografia computadorizada (TC): começou a ser produzida nos anos de 1970; utiliza gantry como feixe giratório de raios X e múltiplos detectores em vários arranjos juntamente com algoritmos de computador para processar os dados, que geram imagens de qualidade diagnóstica. Um dos principais benefícios da TC é a capacidade de expandir a escala de cinza, o que permite a diferenciação de muito mais do que as cinco densidades básicas disponíveis. Ultrassonografia (US): os transdutores de ultrassom utilizam energia acústica acima da frequência audível pelos humanos para produzir imagens em vez de raios X, como fazem a radiografia convencional e a TC. Esses aparelhos são baratos e são utilizados para diagnóstico médico. Ressonância magnética (RM): utiliza a energia potencial armazenada nos átomos de hidrogênio do corpo; não é amplamente disponível e é relativamente cara. Essa técnica de imagem não utiliza radiação não ionizante e produz contraste mais alto entre os diferentes tipos de tecidos moles. Sua aplicação principal é nos exames neurológicos. Medicina nuclear: um isótopo radioativo (radioisótopo) é a forma de um elemento que emite radiação a partir de seu núcleo à medida que enfraquece. Eventualmente, o produto final é um isótopo não radioativo estável de outro elemento. Os radioisótopos podem ser produzidos artificial ou naturalmente (urânio e tório). A radiografia, ou raio-X, é uma forma de radiação eletromagnética de comprimento extremamente curto. Quanto mais curto for o comprimento de uma onda de radiação eletromagnética, maior será a sua energia e, como regra, maior será a sua capacidade de penetrar em materiais variados. Os raios X são descritos como partículas ou “pacotes” de energia chamados quanta ou fótons, os quais se deslocam com a velocidade da luz. A quantidade de energia transportada para cada fóton depende do comprimento de onda da radiação. Essa energia é medida em elétron-volt, que é a quantidade de energia adquirida por um elétron ao ser acelerado ao longo de um potencial de 1 volt. Para obtenção dos raios X utilizados na radiologia diagnóstica, há necessidade de vácuo e da presença de uma grande diferença de potencial entre um cátodo e um ânodo. No tubo de raio X básico, elétrons são gerados pelo aquecimento do cátodo (filamento) em temperatura muito elevada. Quando os elétrons colidem com o ânodo de tungstênio, são produzidos raios X. A produção das imagens de raios-X resulta da atenuação desses raios pelo material que está sendo atravessado por eles. Em geral, quanto maior for a densidade do material, isto é, o número de gramas por centímetro cúbico, maior será sua capacidade de absorver ou espalhar os raios X As imagens de tomografia computadorizada são geradas de maneira diferente das radiografias simples. Em circunstâncias habituais, os órgãos sólidos do corpo, como coração, baço, fígado e pâncreas, são considerados uniformes em termos de densidade radiográfica. No entanto, esses tecidos exibem alguma variação em suas propriedades químicas, sendo possível, com o uso de técnicas computadorizadas, medir essas diferenças, ampliá-las e exibi-las em tonalidades variáveis de cinza ou até mesmo a cores. Um feixe de raio X e um sistema de detecção se movimentam ao longo de um arco de 360º, irradiando o paciente com um feixe intensamente restringido. Esse procedimento permite que o sistema de detecção meça a intensidade da radiação que atravessa o paciente. Os dados derivados dessas mensurações são analisados por um sistema computadorizado que designa diferentes tonalidades de cinza. O computador reconstrói uma imagem com base em gráficos geométricos dos locais onde essas mensurações foram obtidas. A mais recente variação de TC é realizada com o uso da tecnologia multislice helicoidal ou espiral. Em um estudo de TC clássico, são obtidas numerosas imagens contíguas para a geração de cortes que se parecem com as fatias de um pão de forma. A ressonância magnética é uma técnica não invasiva e que não utiliza a radiação ionizante. Pelos parâmetros utilizados na obtenção de imagens médicas, essa é uma tecnologia que não representa riscos significativos à saúde. Ela utiliza pulsos de radiofrequência (RF) na presença de um campo magnético intenso para a produção de imagens de alta qualidade do corpo em qualquer plano. Os núcleos de qualquer átomo com número ímpar de núcleons (prótons e nêutrons) se comportam como ímãs fracos, pois se alinham em um campo magnético forte Interpretação dos exames radiológicos Para aplicarmos os conhecimentos obtidos nos blocos anteriores, proporemos discussões de casos clínicos. • Caso 1: mulher, 30 anos, busca atendimento devido a uma dor torácica súbita com discreto esforço respiratório. No exame físico, encontrava-se discretamente taquipneica e com redução do murmúrio vesicular na ausculta do lado direito. Foi solicitado radiografia de tórax. Qual o motivo que levou o médico a solicitar esse tipo de exame? De acordo com a queixa da paciente, o médico suspeitava de pneumotórax. O raio-X foi solicitado para confirmar o diagnóstico através da presença da faixa de ar entre a parede torácica e/ou diafragma e a pleura visceral. Ela é útil quando utilizada em incidência lateral, podendo ser completada com expiração forçada. Poderia ser indicado outro tipo de exame de imagem? Até poderia, porém, devido ao custo elevado e ao tempo, não seria a estratégia mais indicada. • Caso 2: homem, 50 anos, é admitido em enfermaria de hospital com dor abdominal importante e lombalgia com aproximadamente duas semanas de duração. Relata também que apresentou febre nos últimos dias, sendo medicado com antitérmico e analgésico. Foi solicitada uma ressonância magnética pelo médico. Qual seria o motivo? A ressonância magnética é fundamental para detecção de espondilodiscite, uma infeção bacteriana que acomete os discos intervertebrais.A TC pode identificar alterações mais precoces, porém é inferior à RM para a avaliação da medula espinhal, dos tecidos moles vizinhos e de possíveis abcessos. Nesses casos, é encontrada uma redução da intensidade do disco e dos corpos intervertebrais. Poderia ser indicado outro exame radiológico? Sim, a cintilografia. • Caso 3: homem, 50 anos, tabagista há 20 anos, busca atendimento em virtude de dor abdominal no quadrante superior do abdome há 48 horas, com progressiva do quadro. Chegou a apresentar de três a quatro episódios de vômito “aquoso”. Dentre os exames solicitados, a tomografia computadorizada detectou necrose pancreática, levando ao diagnóstico de pancreatite aguda. Por que foi solicitada a tomografia computadorizada (TC)? A TC de abdome é excelente para avaliação do pâncreas e serve de parâmetro para avaliação e prognóstico de complicações, como necrose, infecções e pseudocistos. Além disso, facilita a exclusão de outras possíveis causas de dor abdominal, como obstrução intestinal, infarto-mesentérico ou perfuração, coleciste ou, ainda, apendicite. Nesse caso, poderia ser utilizada também a ressonância magnética, porém, devido ao elevado custo e ao tempo gasto na realização do exame, acaba sendo preterida em relação à tomografia. A radiografia, por outro lado, é muito inespecífica e a ultrassonografia pode até ser útil para avaliação da vesícula biliar, porém não fornece dados do estado que se encontra o pâncreas, e sua realização é bem difícil em paciente geralmente com distensão abdominal. Com esses exemplos, você será capaz de compreender como é realizada a aplicação dos exames radiológicos para detecção de patologias. Olá, estudante! Neste vídeo você terá a oportunidade de conhecer o histórico da radiologia bem como as características dos principais exames radiológicos que são utilizados para detecção de patologias. Você verá quão essencial é conhecer como as imagens radiológicas são formadas e as principais diferenças entre cada tipo de exame radiológico. A partir disso, será possível interpretar o tipo de exame radiológico que melhor identifica e diagnostica diversas patologias. Densidades variáveis Através do exame de radiografia convencional, é possível identificar cinco densidades básicas, que são organizadas pela seguinte ordem: da menos para a mais densa (mostra-se em escalas de cinza): • Ar: tom mais escuro possível de ser observado em uma radiografia. • Gordura: tom de cinza mais claro que o ar. • Tecidos moles ou líquidos: difícil de serem distinguidos. • Cálcio: contido em materiais endurecidos como o osso. • Metal: tom mais claro que pode ser observado em uma radiografia. Geralmente não são encontradas densidades metálicas no corpo humano, exceto quando se utiliza próteses de joelho ou quadril, por exemplo. Esses tipos de densidades metálicas são introduzidos artificialmente no corpo. Radiograficamente, essas densidades ficam evidenciadas como: preto, cinza-preto, cinza e branco, respectivamente. O meio de contraste utilizado em conjunto com os estudos radiográficos é de alta radiodensidade, acima da densidade da água e abaixo da densidade do osso. Pensando nas características dessas densidades, é possível identificar que o ar é capaz de absorver o mínimo de raios X e tem a aparência mais preta (homogênea) possível na radiografia convencional. A gordura é vista em um tom de cinza mais escuro nas radiografias convencionais do que os tecidos moles. Os líquidos e tecidos moles, como sangue ou músculo, apresentam a mesma densidade nas radiografias convencionais, portanto quase não são distinguidos nas imagens. O cálcio é o tipo de material mais denso que ocorre naturalmente no corpo e o exemplo clássico da sua localização é o osso, pois ele absorve a maior parte dos raios X. O metal é capaz de absorver todos os raios X e tem a aparência mais branca possível, por isso a projeção de projéteis de arma de fogo é tão fácil de ser identificada nas radiografias convencionais. É importante salientar que, embora as radiografias convencionais sejam produzidas por radiação ionizante em doses relativamente baixas, a radiação tem potencial de produzir mutações celulares que podem levar a muitas formas de câncer e anormalidades. A tomografia computadorizada (TC) tem a propriedade de detectar diferenças diminutas nas densidades dos tecidos, exibindo-os em graus variados de cinza. Essas densidades da TC são medidas em unidades Hounsfield. A densidade da água recebe valor arbitrário de 1,0; a de gordura e a do gás têm valores negativos; e a óssea é muito alta. De acordo com a densidade, podemos também utilizar as seguintes terminologias para os raios X convencionais: • Ar: radiotransparente – produz cor preta. • Gordura: radiotransparente – produz cor cinza escuro. • Água: hipotransparente – produz cor cinza claro. • Osso – radiopaco – produz cor branca. • Metal: radiopaco – produz corpo branca. Na tomografia computadorizada, podemos utilizar as seguintes terminologias: • Hipodensa (cinza escuro – preto) 🡪 coeficiente de atenuação baixo (água) ou negativo (ar e gordura). • Hiperdensa (branca) 🡪 coeficiente de atenuação alto (calcificação). • Isodensa 🡪 mesma densidade do tecido normal que o circunda. Interpretação das imagens por tomografia computadorizada A tomografia computadorizada é uma técnica capaz de gerar imagens detalhadas da seção transversal de um paciente. O contraste que permite gerar as imagens é resultante da diferença na absorção do feixe de raios X em razão das características dos tecidos. Quando há maior absorção de radiação pelo tecido, há imagens mais claras, e quando a absorção for menor, haverá imagens mais escuras. No monitor, a imagem resultante é obtida matematicamente com base na quantidade de raios X detectados, dessa forma obtêm-se níveis de tons de cinza que geram contraste e diferenciação entre os variados componentes do corpo humano ou objeto de estudo. As principais aplicações desse método estão voltadas para estudos que envolvem os sistemas nervosos centrais e periféricos, o sistema digestório e o sistema musculoesquelético. O olho humano é capaz de discernir até 40.000 tons de cinza, no entanto para identificar algo como uma única estrutura mesclada entre vários tons de cinza, é preciso que os limites de separação entre eles sejam bem definidos. É essa manipulação de dados que os filtros de alta resolução fazem: eles agrupam as densidades semelhantes para tornar os limites de separação entre os tons de cinza mais definidos. Entretanto, os computadores não precisam desse tratamento artificial de dados brutos, já que eles podem medir o valor de atenuação de cada pixel individualmente a partir dos dados brutos. A escolha de um filtro ou algoritmo de reconstrução influencia na resolução espacial dos exames. Com os conceitos bem definidos, chegou o momento de interpretarmos o uso de imagem através da tomografia: considere, então, um paciente que esteja sofrendo de tosse seca e persistente, falta de ar com dispneia proeminente, oximetria de pulso reduzida e febre intermitente. Nesse caso, o paciente buscou atendimento médico de emergência e foi-lhe solicitado um raio-X convencional. O resultado dessa imagem não evidenciou nenhuma alteração pulmonar digna de nota, mas, como o hemograma que foi solicitado revelou alterações importantes, foi solicitada uma tomografia computadorizada, em que foi aplicado filtro mole (evidencia partes moles do corpo, em especial a estrutura pulmonar, os músculos, etc.). Observe a imagem a seguir (Figura 1): O resultado mostrou alterações significativas, que indicam atelectasia alveolar. Além disso, também foi possível observar o padrão de opacidade em vidro fosco, o qual é definido como discreto aumento da densidade pulmonar sem obscurecimento dos vasos e brônquios. Podetambém ter como causa o preenchimento dos espaços aéreos e/ou espessamento do interstício, sendo encontrado em processos de diversas etiologias, como em pacientes acometidos pela COVID-19. Esse padrão encontrado na TC pode ser bilateral, periférico e subpleural nos lobos inferiores. Nesse contexto, o tecnólogo em radiologia precisa saber interpretar as imagens radiológicas para que o diagnóstico seja feito corretamente. Análise dos conceitos em radiologia Para aplicarmos os conhecimentos obtidos nos blocos anteriores, proporemos discussões de casos clínicos. • Caso 1: homem, 68 anos, tabagista há 20 anos, hipertenso controlado com medicamento, busca atendimento devido a dificuldades para respirar, à dispenia e tosse produtiva (com catarro) persistente. A partir disso, foi solicitada uma radiografia de tórax (Figura 2). O resultado evidenciou DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Qual motivo levou o médico a solicitar esse tipo de exame? De acordo com a queixa do paciente, o médico suspeitava de DPOC; logo, o raio-X deveria evidenciar a presença de ar nos pulmões, mostrando-se radiotransparente, ou seja, preto. Na imagem obtida pelo exame, é possível identificar trechos radiopacos importantes, o que provavelmente indica atelectasia alveolar. • Caso 2: homem, 29 anos, é admitido em enfermaria de hospital com falta de ar importante e oximetria de pulso extremamente reduzida. O paciente alega estar, há cerca de cinco dias, com tosse seca que piora consideravelmente a noite. Relatou também ter coriza há três dias. Diante disso, foi solicitado raio-X de tórax, que não evidenciou nenhuma alteração importante. O exame de RT-PCR (padrão ouro para diagnosticar COVID-19) foi positivo. Como o quadro continuava a se agravar, o médico solicitou uma tomografia computadorizada. O que poderia ser observado nela? Na TC será possível observar o padrão em vidro fosco, pavimentação em mosaico e consolidações, que, apesar de inespecíficas, geralmente apresentam distribuição torácica predominantemente bilateral, periférica ou mesmo inespecífica. • Caso 3: mulher, 46 anos, está há cerca de três dias sentindo uma dor de cabeça muito forte e relatou ao atendimento que está com dificuldade de movimentar os membros do lado esquerdo do corpo. O médico também identificou que ela estava apresentando ptose palpebral esquerda. Além disso, ela relata que sente alterações visuais repentinas, as quais se apresentam como cegueira. O médico solicitou exames de sangue e uma ressonância magnética, pois suspeitou que ela estivesse desenvolvendo um acidente vascular encefálico do tipo isquêmico (AVE isquêmico). O que pode ser observado na ressonância magnética (RM) e por que ela é tão importante para esse tipo de quadro? A RM é equivalente à tomografia computadorizada para detectar os tipos de acidentes vasculares encefálicos (isquêmico e hemorrágico). O exame de ressonância magnética permite avaliar com precisão áreas de penumbra que estão comprometidas e que impedem a reperfusão cerebral. O raio-X de crânio não tem sensibilidade para detectar esses tipos de alterações. • Caso 4: homem, 29 anos, trabalha como entregador de alimentos por aplicativo e acabou se acidentando durante uma das entregas. Em decorrência da queda, teve fratura exposta do fêmur. Durante o atendimento emergencial, qual exame o médico deveria solicitar a fim de detectar a extensão da lesão? Ele deveria solicitar um raio-X convencional, pois esse tipo de exame é simples e facilita a detecção de cálcio, elemento que aparecerá radiopaco nas imagens. Olá, estudante! Neste vídeo você terá a oportunidade de conhecer o histórico da radiologia bem como as características dos principais exames radiológicos utilizados para detecção de patologias. Você verá quão essencial é conhecer como as imagens radiológicas são formadas e as principais diferenças entre cada tipo de exame radiológico. Com essas informações, será possível interpretar o tipo de exame radiológico que melhor identifica e diagnostica patologias. Definições diferenciadas de escalas Para compreendermos como as escalas de Hounsfield são geradas, precisamos entender como ocorre o funcionamento dos tomógrafos. Os aparelhos de tomografia computadorizada (TC) surgiram na década de 1970 e propiciaram um salto exponencial nos exames de imagem médica. Com o uso de um gantry com feixe giratório de raios X e múltiplos detectores em vários arranjos (que giram de modo contínuo ao redor do paciente), junto a sofisticados algoritmos de computador para processar os dados, uma grande quantidade de imagens bidimensionais em fatias (cada uma com milímetros de espessura) pode ser formatada em múltiplos planos de imagem. O tomógrafo é conectado a um computador que processa os dados utilizando vários algoritmos para produzir imagens de qualidade diagnóstica. Uma imagem de TC é composta por matriz de milhares de pequenos quadrados denominados pixels. Um computador atribui a cada pixel um número de TC que varia de - 1000 a +1000 e que é medido em unidades Hounsfield (HU). Essa nomenclatura é uma homenagem a Sir Godfrey Hounsfield, o homem ao qual se credita o desenvolvimento do primeiro tomógrafo. O número de TC varia de acordo com a densidade do tecido examinado e é a medida de quanto do feixe de raios X é absorvido pelos tecidos em cada ponto da imagem produzida. Por convenção, atribui-se ao ar um número de Hounsfield de -1000 HU e ao osso cerca de 400 a 600 HU (no caso da gordura, o número é de -40 a -100; no da água, é 0 e no dos tecidos moles é de 20 a 100). As imagens de TC são exibidas ou visualizadas por meio de uma faixa de números Hounsfield pré-selecionados para melhor evidenciar os tecidos que estão sendo estudados (por exemplo, de -100 a +300), e tudo que estiver dentro dessa faixa de número de TC é exibido sobre os níveis de densidade na escala de cinza disponível. Esse intervalo de densidades exibidas é chamado de janela. • Substâncias mais densas, que absorvem mais raios X, têm número elevado de TC. Diz-se que elas apresentam atenuação aumentada e são exibidas como densidade mais branca nas imagens computadorizadas. Nas radiografias convencionais, substâncias como metal e cálcio também parecem mais brancas e são consideradas mais densas ou opacas. • Substâncias menos densas, que absorvem menos raios X, têm número de TC baixos. Diz-se que elas apresentam atenuação diminuída e são exibidas como densidades mais escuras nas imagens de TC. Nas radiografias convencionais, substâncias como ar e gordura também parecem mais pretas e têm densidade diminuída (ou maior radiolucência). A tomografia computadorizada também pode ser “janelada” de maneira a otimizar a visibilidade dos diferentes tipos de patologias depois da obtenção. Esse benefício é denominado pós- processamento, característica em que a imagem digital, em geral, é avançada. O pós-processamento possibilita a manipulação adicional dos dados brutos para melhor demonstrar a anormalidade sem a necessidade de repetir um exame e sem expor o paciente, mais uma vez, à técnica Aplicações da técnica de tomografia computadorizada Por tradição, as imagens de TC eram visualizadas principalmente no plano axial. Atualmente, dada a aquisição volumétrica de dados, essas imagens podem ser exibidas em qualquer plano: axial, sagital ou coronal. Os dados volumétricos consistem em uma série de seções finas que podem ser remontadas de modo a produzir uma reconstrução tridimensional. A renderização tridimensional de superfície e de volume pode produzir imagens de TC de uma qualidade incrivelmente realista. Um dos principais benefícios da TC, como já mencionado, é a capacidade de expandir a escala de cinza, o que possibilita diferenciar muito mais do que as cinco densidades básicas possíveis nas radiografias convencionais. Por causados elementos cada vez mais sofisticados dos detectores e da aquisição de centenas de cortes simultaneamente, os tomógrafos multislices possibilitam a obtenção rápida das imagens (da cabeça aos pés em menos de 10 segundos). Isso possibilitou o desenvolvimento de novas aplicações para a TC, como a colonoscopia virtual e a broncoscopia virtual; a TC cardíaca com escore de cálcio; e a angiografia coronariana por TC. Esses exames podem conter mil ou mais imagens, de modo que o método mais antigo de colocar cada imagem em filme para estudo em um negatoscópio é impraticável, e essas imagens são quase sempre visualizadas em computadores de estações de trabalho, onde é possível estudar muitas imagens simplesmente rolando a tela. As tomografias computadorizadas são a base da imagem seccional e estão amplamente disponíveis, embora ainda não sejam verdadeiramente portáteis. A produção de imagens de TC requer um aparelho dispendioso, um espaço dedicado à sua instalação e um computador com um sofisticado poder de processamento. De maneira semelhante à radiografia convencional, os tomógrafos também usam radiação ionizante (raios X) para produzir as imagens. Sabendo dessas informações, é muito comum que haja erros de interpretação em cerca de 4% dos casos e que até 30% das alterações em exames radiológicos sejam perdidas. Os erros em radiologia contribuem para erros no diagnóstico final, o que gera consequências importantes para os pacientes. Os erros de percepção são aqueles que ocorrem no início da interpretação da imagem quando o radiologista “passa” os olhos pelo exame. Nesse caso, há uma anormalidade, mas ela não é vista. Interferem aí fatores como cansaço, quantidade de trabalho, rapidez com que os exames têm que ser vistos e eventuais distrações. Um fenômeno interessante que contribui para que uma alteração não seja vista é a chamada busca satisfeita (search satisfacting), o qual ocorre quando o radiologista encontra uma primeira lesão ou alteração e, então, interrompe a procura por outras alterações – que são perdidas. Os erros de interpretação, ou erros cognitivos, ocorrem quando uma alteração é vista, mas é interpretada incorretamente seja por falta de conhecimento (experiência), por informações clínicas inadequadas (incompletas), seja por diversos erros cognitivos. Isso revela que não basta enxergar uma alteração, o radiologista precisa interpretá-la e oferecer hipóteses diagnósticas. Nesse contexto, o tecnólogo em radiologia precisa saber interpretar as imagens radiológicas para que o diagnóstico seja feito corretamente. Aplicação – Tabelas de substâncias utilizadas na radiologia Diversas estruturas no corpo são identificáveis em uma radiografia, seja por causa de suas densidades inerentes (por exemplo, osso distinto de músculo), seja por conterem um dos materiais naturais básicos (por exemplo, ar). Contudo, considerando que a maioria das vísceras internas tem densidade próxima ou igual à da água, faz-se necessário introduzir nessas estruturas um material que delineie suas paredes, defina a anatomia e demonstre as condições patológicas. O sulfato de bário constitui o principal contraste para os exames radiográficos do trato gastrointestinal (GI). O bário possui elevado peso atômico, o que resulta em considerável absorção do feixe de raios X, proporcionando um excelente contraste radiológico. Em seu preparo habitual, uma suspensão é obtida misturando-se com água o bário finamente pulverizado em agentes dispersantes. Quando administrada por via oral ou retal, o preparo proporciona um revestimento adequado do trato GI. Embora o próprio bário seja quimicamente inerte, se ocorrer extravasamento para fora do trato GI, o paciente poderá sofrer uma reação desmoplásica grave. No passado, bário misturado com material fecal era considerado uma mistura rapidamente letal quando introduzida na cavidade peritoneal. O contraste à base de bário é seguro desde que o trato GI não esteja obstruído. Os agentes de contraste hidrossolúveis são utilizados predominantemente em estudos angiográficos, em realce do contraste em estudos de tomografia computadorizada, em mielografia, artrografia e urografia. Os agentes mais comumente utilizados são os sais de sódio ou meglumina de ácido diatriozoico ou iotal6amico em concentrações de 60 a 90%. A estrutura química comum de todos os meios de contraste hidrossolúvel é uma variante do ácido triiodobenzoico. Esses agentes são conhecidos como meios iônicos graças à sua propriedade, em solução, de se dissociarem no cátion sódio ou meglumina e no seu ânion, que contém iodo. Os agentes iônicos são muito hipertônicos, resultando em um desvio de líquido do espaço intracelular ou extracelular para o espaço intravascular ou para o lúmen do trato GI. Pacientes que estão desidratados podem sofrer mudança na viscosidade e tonicidade do sangue. Os agentes paramagnéticos são utilizados para uso intravenoso (IV) durante a obtenção de imagens por ressonância magnética. O agente mais comum é o gadolínio-ácido dietilenotriamina penta-acético (gd-DTPA). Ele foi escolhido em virtude do seu efeito no tempo de relaxamento nas sequências do exame. A quelação com DTPA impede a toxicidade intrínseca do íon Gd livre. Em doses diagnósticas, o Gd-DTPA aumenta o sinal das estruturas vasculares de maneira parecida com o efeito dos meios de contraste hidrossolúvel convencionais. O uso de compostos de Gd implica pequeno risco de reações adversas, em especial naquele paciente com história de reação a compostos iodados. No entanto, ao contrário dos meios iodados, os compostos de Gd não são nefrotóxicos, podem ser utilizados em pacientes azotêmicos e podem ser removidos por diálise. Curiosamente, meios de contraste que contêm gadolínio são ligeiramente radiodensos, podendo ser utilizados como meios de contraste em estudos de TC e angiografia em vez dos meios iodados. Evolução dos softwares (tomografia computadorizada) A compreensão de como os softwares evoluíram para o estudo da tomografia computadorizada (TC) é necessária para que os exames sejam bem executados e interpretados. Em circunstâncias habituais, os órgãos sólidos do corpo (rins, fígado, baço e pâncreas) são considerados uniformes em termos de densidade radiográfica – como a água, que gera um aspecto cinzento nas radiografias convencionais. No entanto, esses tecidos exibem alguma variação em suas propriedades químicas, sendo possível, com o uso de técnicas computadorizadas, medir essas diferenças, ampliá-las e exibi-las em tonalidades de cinza ou mesmo em cores, como nos dias atuais. O procedimento de tomografia computadorizada permite que o sistema detecte a intensidade de radiação que atravessa o paciente. Os dados derivados dessas mensurações são analisados por um sistema computadorizado que designa diferentes tonalidades de cinza (números de TC ou unidades Hounsfield) às diferentes estruturas com base em seus coeficientes de absorção ou atenuação. O computador reconstrói uma imagem com base em gráficos geométricos dos locais onde essas mensurações foram obtidas. Curiosamente, embora esse sistema diagnóstico tenha sido desenvolvido nos anos 1970, a fórmula matemática para a reconstrução de imagens permanece até hoje. A geração atual das imagens é realizada através de softwares que possibilitam a criação de laudos em tamanho real e de maneira rápida e flexível, permitindo o acesso a todos os envolvidos. O template do laudo já vem predefinido para a impressão e isso facilita o acesso do técnico em radiologia e do médico radiologista na emissão dos laudos para o diagnóstico precoce dos pacientes. Hoje em dia é utilizado o padrão de imagens de tomografia computadorizada digitais, porém é necessário que haja a interoperabilidade, que é a disponibilidade para garantir a preservação das informações diagnósticas adquiridas do pacienteatravés de gerações de softwares e hardwares de imagem. Esse sistema deve estar em conformidade com as normas ISO (International Organization for Standardization), cuja referência é o padrão DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine). Com a modernização do sistema, ficou muito mais prático o armazenamento, a leitura da imagem e o planejamento do tratamento do paciente. Agora o sistema de leitura não está mais restrito somente a clínicas ou a consultórios, mas, por meio de um computador portátil, ele pode ser aberto em qualquer lugar. Com isso, a leitura e interpretação das imagens podem se difundir mais facilmente pelo meio médico e acadêmico. Observando esse fato, uma série de empresas passou a desenvolver softwares com inúmeras ferramentas cada vez mais modernas, as quais buscam suprir as necessidades dos especialistas. A desvantagem é que a maioria dos programas necessita de chaves de hardware, e os valores pedidos por elas é muito elevado, pois costuma-se cobrar por número de máquinas operantes. Para alguns fornecedores, o conceito free software, isto é, a versão disponível para download, é completamente funcional e pode ser instalada sem nenhum custo adicional para o profissional. Diferença entre aparelhos fixos e móveis para radiologia Os aparelhos destinados a obter imagens radiográficas eram desenvolvidos inicialmente como aparelhos fixos, ou seja, que ficavam estáticos e dependentes de fonte de energia, devendo estar presentes em sala exclusiva. Os aparelhos fixos, pela própria nomenclatura, são aqueles que não podem ser retirados do local onde foram instalados, por isso necessitam de uma sala exclusiva para sua utilização, com suprimento de energia adequado, espaço para movimentação do paciente e local reservado para o técnico em radiologia executar o controle do equipamento a distância. Esse tipo de aparelho é muito utilizado em clínicas e hospitais devido à grande demanda de exames diários. Ele pode ser preso ao chão por um pedestal ou ao teto. Nos dias atuais, um dos aparelhos de raios-X fixo mais conhecidos é o TD500HF, que apresenta certa mobilidade com ampla exposição lateral e perpendicular. O interessante desse tipo de instrumento é que ele pode ser instalado em locais com o mínimo de espaço e não requer montagens de teto ou parede. Esses equipamentos facilitam a limpeza e a instalação e tornam mais simples a operação. Além da radiografia convencional, muitos aparelhos radiográficos são construídos para realizarem outros tipos de exames, como a fluoroscopia e a planigrafia ou a tomografia linear. Os equipamentos móveis são muito semelhantes em recursos, mas a sua composição é diferente, já que a mesa é dispensável e os controles dos equipamentos estão fisicamente junto com a unidade geradora de radiação. Esse equipamento pode ser facilmente transportado através do sistema de rodas já embutidas na estrutura. Para a realização do exame, utiliza-se a própria maca do paciente ou a cadeira. A fonte de energia é obtida diretamente da tomada e o custo geralmente é menor do que o dos exames realizados em aparelhos fixos. A geração dos modelos Apolo D Digital apresenta tecnologia de ponta para emissão de raios X em alto desempenho e em curtíssimo intervalo de tempo e pode ser utilizada por uma variedade de técnicas radiográficas; além disso, apresenta vida longa e produtiva. Em salas menores, pode ser utilizado o Apolo D Arco, que apresenta fácil manuseio, movimento vertical motorizado e facilidade de posicionamento dos pacientes, visto que utiliza apenas um detector digital para as rotinas de mesa e mural. O equipamento portátil apresenta peso e capacidade de radiação ou flexibilidade melhor para a realização dos exames. Ele pode ser carregado por apenas uma pessoa através de alças, sendo facilmente transportado em ambulâncias ou em porta-malas de carros. Geralmente esses equipamentos radiografam apenas as extremidades do corpo humano e são frequentemente utilizados em exames de tórax em pacientes que estão em unidades de terapia intensiva (UTI). O baixo custo e a transportabilidade deles já fez surgir, em alguns países do hemisfério norte, um novo tipo de serviço denominado exame radiográfico em domicílio. Dosagem de radiação dos aparelhos móveis/portáteis e fixos na radiologia Segundo a vigilância sanitária (ANVISA, 2019), as exposições ocupacionais devem ter uma dose efetiva média mensal que não excedam 20 mSv em qualquer período de cinco anos. Se a carga de trabalho for superior a 30 mA/min por semana, o operador deve manter-se atrás de uma barreira protetora com uma espessura de, pelo menos, 0,5 mm equivalentes ao chumbo. Além disso, a resolução RDC nº 330/2019 (BRASIL, 2019) relata que, em exames realizados em aparelhos fixos, o operador deve manter-se a uma distância de pelo menos dois metros do tubo e do paciente durante as exposições e posicionar-se de tal forma que nenhuma parte do corpo, incluindo extremidades, seja atingida pelo feixe primário sem estar protegida por 0,5 mm equivalente ao chumbo. Como a dose é cumulativa, devem ser tomadas medidas de biossegurança de radiação, evitando a exposição à radiação ionizante e visando, a longo prazo, o processo de divisão celular. Esse fenômeno é denominado de efeito estocástico e é definido como a probabilidade de ocorrência de efeitos deletérios proporcionais à dose de radiação recebida sem a existência de limiar. Assim, doses pequenas, ou seja, abaixo dos limites estabelecidos por normas e recomendações de radioproteção, podem induzir tais efeitos. Os aparelhos portáteis induzem menor quantidade de radiação do que os aparelhos fixos. Dependendo do tipo de exame, as radiografias podem ser bem baixas e, hoje, existem recursos para minimizar os possíveis danos oriundos das radiações ionizantes, como controle do uso de aventais plumbíferos, filmes digitais e ultrarrápidos, aparelhos calibrados e processamento automático. Um dos grandes questionamentos existentes na área envolve a necessidade de retirar o aparelho fixo dos dentes, por exemplo, quando for realizada uma radiografia. A resposta para esse questionamento é “depende”, já que cada paciente deve ser avaliado pelo médico radiologista, que verificará as possíveis interferências no resultado do procedimento. Caso o exame de imagem seja uma ressonância magnética e o objetivo seja visualizar as estruturas de cabeça e pescoço, é necessária a retirada do aparelho ortodôntico. Caso não seja retirado, o metal pode influenciar o resultado e comprometer o diagnóstico final. Uma das possíveis consequências da quantidade elevada de radiação refere-se a lesões que podem ocorrer no corpo, como as presentes no trato gastrointestinal. Nesse caso podem ocorrer enjoos graves, vômitos e diarreia, que podem começar cerca de uma hora após a exposição a 6 Gy ou mais de radiação. Os sintomas podem levar à desidratação grave, porém tendem a desaparecer ao final de dois dias. Quem recebe essa quantidade de radiação padece igualmente da síndrome hematopoiética, que resulta em sangramento e infecção e aumenta o risco de morte. Depois da exposição a 6 Gy ou mais de radiação, a morte é comum. Em casos de exposição a radiações acima de 20 a 30 Gy, a chance de ocorrer a síndrome vascular cerebral é grande. As pessoas manifestam rapidamente confusão, enjoos, vômitos, diarreia sanguinolenta, tremores e choque. Em apenas algumas horas a pressão arterial diminui, sintoma acompanhado de convulsões e coma. A síndrome vascular cerebral é mortal em um período que oscila entre um ou dois dias. Características dos exames radiológicos Caro estudante, comecemos nosso estudo revisando o histórico da radiologia, área que teve seu início em 1895, por meio dos trabalhos de Wilhelm Roentgen em uma câmara escura na Alemanha. Como a onda produzida era desconhecida, ele a chamoude raio X, já que o X se refere a algo desconhecido. Utilizado com frequência, o raio X, é um dos exames mais solicitados devido ao baixo custo e ao fácil acesso à imagem. Antigamente, as imagens eram impressas, havendo a desvantagem do armazenamento e da dificuldade da disseminação do resultado para outros especialistas. Esses pontos negativos foram sanados quando surgiu a radiografia digital. Dentre os principais exames solicitados na radiologia estão: Radiografia convencional (raio-X simples): esse tipo de exame obtém imagens através da radiação ionizante e é de baixo custo e de fácil acesso. Uma desvantagem considerada é a de que o número de densidades avaliadas é baixo. São elas: • Ar: tom mais escuro possível de ser observado em uma radiografia, denominado radiotransparente. • Gordura: tom de cinza mais claro que o ar, denominado radiotransparente. • Tecidos moles ou líquidos: difícil de serem distinguidos; o tom é denominado hipotransparente. • Cálcio: contido em materiais endurecidos como o osso, denominado radiopaco. • Metal: tom mais claro, pode ser observado em uma radiografia e é denominado radiopaco. Para exames como tomografia computadorizada, são encontradas ainda outras nomenclaturas baseada nas escalas de atenuação. • Hipodensa (cinza escuro – preto): coeficiente de atenuação baixo (água) ou negativo (ar e gordura). • Hiperdensa (branca): coeficiente de atenuação alto (calcificação). • Isodensa: mesma densidade do tecido normal que o circunda. Tomografia computadorizada (TC): utiliza gantry como feixe giratório de raios X e múltiplos detectores em vários arranjos, juntamente com algoritmos de computador para processar os dados, que geram imagens de qualidade diagnóstica. Um dos principais benefícios da TC é a capacidade de expandir a escala de cinza, o que permite a diferenciação de muito mais do que as cinco densidades básicas disponíveis. Para a sua leitura apropriada é utilizada a medida denominada unidade Hounsfield (HU). Precisa-se ter muita atenção para evitar erros de percepção, que são aqueles ocorridos no início da interpretação da imagem, quando o radiologista “passa” os olhos pelo exame. Nesse caso, pode haver uma anormalidade, que não é vista. Os erros de interpretação ou erros cognitivos ocorrem quando uma alteração é vista, mas é interpretada incorretamente. Não basta enxergar uma alteração, o radiologista precisa interpretá-la e oferecer hipóteses diagnósticas. Ultrassonografia (US): os transdutores de ultrassom utilizam energia acústica acima da frequência audível pelos humanos (em vez de raios X, como a fazem a radiografia convencional e a TC) para produzir imagens. Esses aparelhos são baratos e utilizados para diagnóstico médico. Ressonância magnética (RM): utiliza a energia potencial armazenada nos átomos de hidrogênio do corpo. Eles não são amplamente disponíveis e são relativamente caros. Não é utilizada a radiação não ionizante e produz contraste mais alto entre os diferentes tipos de tecidos moles. A aplicação principal é nos exames neurológicos. Aproveite esta aula e revise o conteúdo abordado nesta unidade para aprimorar o seu conhecimento. Bons estudos! Estudo de caso Homem, 39 anos, motorista de entrega por aplicativo, estava em uma corrida com sua moto quando sofreu um acidente. Ao cair do veículo, bateu com a cabeça e fraturou o fêmur direito, que evidenciou uma fratura exposta. Com muita dor, recebeu atendimento emergencial de um médico, que solicitou, após a anamnese, uma radiografia convencional (raio-X). Nesse exame, foi identificada uma fratura no colo do fêmur com rompimento arterial. Durante o atendimento, o paciente relatou ser tabagista há 20 anos e etilista há aproximadamente 15, tendo aumentando o consumo de álcool nos últimos dois anos. É hipertenso controlado (faz uso de enalapril), é diabético controlado com metformina e apresenta dislipidemia controlada por sinvastatina, porém relata que esquece de tomar a medicação em alguns momentos. Relata também sentir fortes dores de cabeça, ter náuseas, vômitos, estar afebril, anictérico e acianótico, demonstrando bem-estar geral. Intrigado, o médico solicitou uma ressonância magnética. Além disso, como o paciente ainda estava apresentando dor forte no joelho, o doutor ficou muito preocupado com a situação, pois no raio-X inicial não havia detectado nenhuma alteração. Nesse caso solicitou também uma tomografia computadorizada. Um estudante tecnólogo em radiologia estava estagiando com o médico radiologista responsável e tentou entender o porquê desses exames. Frente a esse cenário, relacione os exames com as suas principais características ____ Reflita Diante dessa situação vivida pelo paciente, reflita sobre as seguintes questões: • Devido à fratura decorrente da queda da moto, foi realizado um raio-X para identificar a extensão da lesão. O que poderia ser observado nesse caso? Como o paciente está apresentando sintomas de náuseas, cefaleia intensa e vômitos, isso pode ser decorrente do próprio trauma. O que poderia ser observado em uma ressonância magnética? • O joelho também apresentou comprometimento apesar de não ter sido evidenciado nada no raio-X convencional. Nesse caso a tomografia auxiliaria no diagnóstico? Devemos considerar que o paciente deu entrada no hospital em situação emergencial e com queixas de muita dor no fêmur direito, decorrente da queda da moto durante uma entrega. Frente a essa queixa, o médico foi assertivo em solicitar um raio-X, já que é o método mais barato e de mais fácil acesso. Nesse tipo de exame foi identificada a fratura, a qual se apresentou radiopaca nas áreas preservadas e radiotranslúcida nas áreas comprometidas ou fraturadas. Com esse laudo, o médico conseguirá assumir a conduta do paciente para o tratamento adequado. O paciente relatou apresentar inúmeras comorbidades, dentre elas hipertensão, diabetes e etilismo, as quais podem estar associadas aos sintomas de cefaleia, vômito e náuseas, cujo aparecimento pode estar relacionado também ao próprio trauma. Para identificar a área lesionada, a ressonância magnética é o exame mais indicado. Sabendo que o paciente estava sentindo dores constantes no joelho e que o técnico em radiologia não encontrou alterações no primeiro exame, foi solicitada uma tomografia computadorizada para definição da extensão da lesão. De acordo com os procedimentos realizados pelo paciente, pode- se inferir que: • A quantidade de radiação acumulada no paciente foi muito alta em decorrência de um trauma. • Provavelmente houve erros de interpretação das imagens de raio-X, pois a lesão do joelho era extensa e, consequentemente, capaz de ser detectada nas cinco dimensões básicas. Sabemos que os principais exames radiológicos envolvem a observação das cinco dimensões básicas: • Ar: tom mais escuro possível de ser observado em uma radiografia, denominado radiotransparente. • Gordura: tom de cinza mais claro que o ar, denominado radiotransparente. • Tecidos moles ou líquidos: tom difícil de ser distinguido, denominado hipotransparente. • Cálcio: contido em materiais endurecidos como o osso, o tom é denominado radiopaco. • Metal: tom mais claro, que pode ser observado em uma radiografia, denominado radiopaco. Podemos ampliar essas densidades com o uso de tomografia computadorizada, na qual as escalas de cinza são aumentadas e categorizadas em: • Hipodensa (cinza escuro – preto): coeficiente atenuação baixo (água) ou negativo (ar e gordura). • Hiperdensa (branca): coeficiente de atenuação alto (calcificação). • Isodensa: mesma densidade do tecido normal que o circunda. Estudante, teremos o prazer de começar nosso estudo com a descrição dos tipos de planos identificados anatomicamente para a realização dos exames radiológicos, conhecimento essencial para que a interpretaçãodos procedimentos ocorra de maneira correta. Qualquer erro de posicionamento do paciente pode acarretar prejuízo na interpretação de eventuais patologias que poderiam deixar de ser detectadas nos exames radiológicos e, com isso, poderiam ser diagnosticadas precocemente. Além dos erros de interpretação, podem ocorrer também erros de percepção, os quais podem ser causados por distrações ou excesso de trabalho. Aproveite esta aula e estude para que seu conhecimento aumente cada vez mais e para que, dessa forma, consiga ajudar cada vez mais pessoas. Planos anatômicos para as imagens em tomografia computadorizada O conhecimento da anatomia humana é imprescindível para o desenvolvimento de habilidades e competências do profissional técnico em radiologia. Para que você compreenda a anatomia do corpo humano, é necessário conhecer da menor até a maior dimensão de seus componentes, os quais são usualmente distribuídos em níveis de organização. Os planos anatômicos podem ser divididos em três principais grupos: • Plano frontal ou coronal: é um plano orientado verticalmente e divide o corpo entre as partes anterior e posterior; essa mesma nomenclatura também é conhecida para a vida embrionária (cranial e caudal). • Plano sagital: é orientado verticalmente, porém fica em ângulo reto com os planos coronais e divide o corpo em direita e esquerda. O plano que atravessa o centro do corpo, dividindo-o igualmente em direita e esquerda, é denominado plano sagital mediano. • Plano transversal, horizontal ou axial: divide o corpo em superior e inferior. Existem inúmeros termos usados para a descrição da posição anatômica, dentre eles, pode-se citar: anterior ou ventral, posterior ou dorsal, medial e lateral, superior e infe rior. Quando se utiliza a nomenclatura anterior e posterior, refere-se às estruturas localizadas à “frente” e “atrás” do corpo. Por exemplo, os olhos são estruturas localizadas à frente, enquanto que as nádegas estão localizadas atrás. Medial e lateral referem-se ao posicionamento dos membros superiores e inferiores ou mesmo à posição interna dos órgãos. Cranial refere-se a um ponto que está na direção da cabeça; já o termo caudal refere-se ao que está na direção da cauda; esses termos são utilizados para a descrição durante o desenvolvimento embrionário. No adulto, já se usa a nomenclatura superior e inferior, respectivamente. Dois novos termos são: superficial e profundo. Eles são utilizados para descrever as posições relativas de duas estruturas com respeito à superfície do corpo, por exemplo, o esterno é superficial ao coração. A maioria das imagens de tomografia computadorizada é adquirida em um plano axial e vista como se o observador estivesse olhando a cabeça de inferior para superior (do pé da cama). Então: o lado direito do paciente está à esquerda da imagem; a margem superior da imagem está anterior. Muitos pacientes recebem contraste oral e intravenoso para diferenciar alças intestinais de outros órgãos abdominais e para avaliar a vascularidade das estruturas anatômicas normais. No caso da administração do contraste intravenoso, quanto mais precocemente as imagens são obtidas, maior a probabilidade de realce arterial. À medida que o tempo passa entre a injeção e a aquisição da imagem, uma fase venosa e uma fase de equilíbrio são também obtidas. Se demorar muito tempo, o contraste pode ser degradado pelo fígado através dos mecanismos de xenobióticos, e as imagens perderão o contraste, ou seja, a resolução de pixels necessária para distinguir imagens fisiológicas das patológicas. Posicionamento anatômico na formação das imagens radiológicas A partir dos conceitos obtidos sobre os planos anatômicos, é necessário associá-los com o que se pode encontrar nas imagens tomográficas. As imagens de tomografia computadorizada (TC) são obtidas através da injeção de contraste oral ou intravenoso para identificação de possíveis patologias. Nesse caso, se a patologia for na mão, o ideal é sentar o paciente próximo à extremidade da mesa e fletir o cotovelo até formar ângulo de 90º. Esse tipo de imagem é indicado em casos de fratura, luxação, osteoporose, osteoartrite e outros. Se for o caso de avaliar o punho, deve-se sentar o paciente próximo à extremidade da mesa e colocar o antebraço estendido e a parte posterior do punho afetado exposta, deixando sempre o cotovelo no mesmo plano horizontal. Esse tipo de imagem é obtido em caso de suspeita de fratura nos ossos do carpo, porção distal do rádio e da ulna, artrite e outros. As indicações para avaliação das imagens de TC de cotovelo são fraturas, luxações, artrite e outros. Nesse caso deve-se formar o ângulo de 90º com a mesa. Problemas no ombro podem ocorrer de acordo com falha do movimento, queda sobre a própria altura, entre outros. Para o paciente ser avaliado, é necessário ajustar o tomógrafo a fim de que ele faça o giro de rotação e, nesse caso, a medicação intravenosa passa a ser mais indicada por conta da circulação sanguínea. Para identificação de possíveis problemas no pé, o paciente deve estar em decúbito dorsal, fletir o joelho do lado afetado e colocar a face plantar do pé sobre o gantry. O mais indicado nesses casos é avaliar fraturas, anormalidades, presença de corpos estranhos, entre outros. Para identificação de patologias na perna, é necessário que o paciente esteja em decúbito lateral com o membro inferior distendido, o lado afetado para baixo e o membro oposto para trás. Depois que o radiofármaco é carreado para um tecido ou órgão do corpo, geralmente via corrente sanguínea, suas emissões radioativas permitem que seja medido e examinado usando-se um aparelho de detecção chamado gama câmara. A tomografia computadorizada com emissão de pósitron único (PET TC) é uma modalidade de medicina nuclear, na qual se usa a gama câmera para adquirir várias imagens bidimensionais a partir de múltiplos ângulos, as quais são então reconstruídas pelo computador em dados de configuração tridimensional, que podem ser manipulados para produzir cortes finos em qualquer incidência. Com essa nova possibilidade, agora leva-se menos tempo para a aquisição das imagens, desde que o plano anatômico do paciente esteja devidamente orientado. Avaliando a descrição dos planos anatômicos, pode-se dizer que eles também são aplicados nas exposições às radiografias convencionais, à ressonância magnética, à ultrassonografia e à medicina nuclear. Lembrando que cada tipo de exame deve ser indicado para o paciente, e o técnico em radiologia deve ser devidamente orientado para saber como posicionar corretamente o paciente. Contextualização clínica das posições anatômicas para aquisição das imagens radiológicas Para aplicarmos os conhecimentos obtidos nos blocos anteriores, proporemos discussões sobre alguns casos clínicos. • Caso 1: mulher, 80 anos, recorre ao serviço médico de saúde após queda posterior; refere dor intensa em ambos os ombros acompanhada por incapacidade funcional. Ela relata ter escorregado e caído para trás, tendo amparado a queda com o apoio das mãos no chão. Quanto ao seu histórico médico, nega ter comorbidades, como hipertensão, dilispidemias e diabetes. No exame clínico, a paciente encontrava-se com os dois membros superiores em rotação externa e ligeiramente abduzidos. No ombro direito ainda foi observado edema ou tumefação. Qual exame seria necessário para identificação correta da posição anatômica da paciente? O melhor seria a radiografia convencional. Podem ser realizadas duas posições anatômicas para essa avaliação: a primeira seria a paciente em decúbito dorsal ou ortostático, onde a pessoa estende o braço, coloca a palma da mão para cima e tenta rodar o ombro; e, na segunda posição, a paciente pode estar em pé, ou em decúbito dorsal, e pede-se para flexionar o cotovelo e abduzir o braço até formarum ângulo de 90º. Após essas duas posições, qual outro exame poderia ser solicitado para detectar a luxação da paciente? Poderia ser realizada a tomografia computadorizada (TC), porém esse tipo de exame é extremamente caro e, assim como a ressonância magnética, pode ser realizado após a redução da luxação para avaliar os danos causados nos músculos, ligamentos e cápsula articular. • Caso 2: mulher, 50 anos, sofreu uma queda enquanto estava caminhando, fraturou o fêmur direito e buscou atendimento. No exame clínico, identificou-se que a paciente se encontrava orientada e relatou que estava caindo frequentemente da própria altura durante a limpeza diária da casa. O exame de radiografia convencional identificou fratura do colo do fêmur. Após a medicação, o médico continuou o atendimento e ficou intrigado com as quedas frequentes. O que as poderia estar causando? A provável causa é a osteoporose, patologia causada pela desregulação da funcionalidade de uma célula denominada osteoclastos, presente na periferia do osso. Essa célula é responsável pela degradação de matriz óssea mineralizada, ou seja, libera enzimas que degradam a parte orgânica composta, principalmente, por fibras colágenas que liberam o cálcio fixado nelas, deixando que o osso se torne cada vez mais poroso. O motivo de essa célula degradar mais matriz do que o normal ou o esperado é que ela está ativada devido à falta ou à redução da quantidade de hormônios estrogênicos. Além desse exame de radiografia convencional (raio-X), qual outro poderia ser feito para quantificar o nível de perda óssea? A densitometria óssea, pois, nesse tipo de exame, é possível quantificar especificamente o nível de perda óssea. Com esses exemplos, você será capaz de compreender como é realizada a aplicação dos exames radiológicos para detecção de patologias. Estudante, daremos início a nosso estudo com a descrição dos graus de incidência disponíveis para a aquisição de imagens em radiologia. Essa aplicação é importante, pois, ao conhecê-la, será possível informar o paciente sobre a posição específica que deve assumir antes de iniciar as imagens. Qualquer erro de posicionamento do paciente pode desencadear erros de interpretação dos exames, levando a altos custos para o laboratório e para o paciente. Além disso, a pessoa terá que refazer o exame, acarretando mais tempo para o diagnóstico correto. Aproveite esta aula e estude para que seu conhecimento aumente cada vez mais e para que, dessa forma, consiga ajudar cada vez mais pessoas. Planos anatômicos para as imagens radiológicas Ter o conhecimento anatômico específico sobre os planos e eixos é essencial para o técnico em radiologia desenvolver um excelente trabalho. Nesse contexto, continuar o estudo sobre esses planos a fim de aprender a detalhar os cortes e as posições anatômicas na hora de realizar os exames radiológicos é imprescindível para que não ocorram erros de interpretação e de diagnóstico. Para entender o sentido de eixo anatômico, é necessário conhecer o movimento do corpo humano. Os eixos anatômicos são conhecidos como linhas imaginárias que atravessam o corpo, separando-o perpendicularmente em planos que possibilitam movimento, o qual está vinculado a articulações, como as diartroses, que possibilitam amplos movimentos. O eixo anteroposterior é o que se apresenta em um sentido do anterior para o posterior e se localiza perpendicularmente ao plano frontal. Esse tipo de eixo também é conhecido como sagital e, dessa maneira, tem como movimentos possíveis a adução e a abdução. O perfil direito e esquerdo refere-se ao eixo laterolateral, o qual é também conhecido como transversal ou horizontal. Os movimentos possíveis nesse caso são flexão e extensão. As posições oblíquas e axiais são aquelas que possibilitam a investigação de campos pulmonares de estruturas moles. Para que esses eixos possam ser estabelecidos, é necessário que o indivíduo esteja em posição ortostática, ou seja, olhando para frente com a palma das mãos e a planta dos pés voltadas para frente e a cabeça erguida. Essa posição também pode ser obtida com o paciente deitado na maca, ou na mesa, durante o exame. O eixo anteroposterior possibilita a visualização adequada de órgãos que estejam localizados na posição anterior, ou seja, antes do peritônio e posterior, que se refere aos órgãos localizados atrás do peritônio. Exemplos de órgãos localizados posteriormente são os rins e de órgãos localizados anteriormente são os genitais. O plano axial também é conhecido como transversal e pode atravessar o corpo em ângulos retos, com os planos coronais, e medianos; dessa maneira, também divide o corpo em partes superior e inferior. Esse tipo de classificação e posição é importante especialmente quando se estuda a osteologia e as posições anatômicas que podem ser utilizadas para a aquisição de imagens radiológicas. Existe uma diferença importante que precisa ser citada: a posição posteroanterior (PA) é adquirida quando o feixe de raios X entra pelo dorso do corpo e sai em direção à região anterior e, assim, pode ser impressa nos filmes fotográficos ou salvas de maneira digital. Já a posição anteroposterior é adquirida quando o paciente permanece deitado sobre o filme radiográfico e o feixe de raio X entra pela região anterior do tórax. A região cerebral merece atenção especial devido à calota craniana, à massa encefálica, ao hipotálamo e à hipófise, que estão presentes nessa região, pois qualquer incidência pode desencadear comprometimento funcional e desencadear alterações gênicas que podem culminar com o aparecimento de tumores. Posicionamento anatômico na formação das imagens radiológicas utilizando diferentes técnicas O posicionamento correto dos pacientes é extremamente importante para a aquisição de imagens que podem ser devidamente interpretadas. Qualquer erro de posicionamento pode desencadear erro de interpretação das imagens ou mesmo falta de diagnóstico apropriado precocemente. Sabendo que a posição anteroposterior se refere à separação do corpo entre frente e atrás, é importante que conheçamos a anatomia dessas regiões para evitar erros de interpretação. Por isso, é importante o conhecimento sobre o que são indivíduos normais, ou seja, que apresentam posição correta dos órgãos, e o que são aqueles que apresentam variação anatômica, anomalia ou monstruosidade. A variação anatômica não acarreta prejuízo funcional, apesar de apresentar diferenças morfológicas internas e/ou externas. Os exemplos mais clássicos são hipospádia (abertura da uretra masculina em posição incorreta) e sindactilia (membrana entre os dedos). As anomalias desencadeiam prejuízo funcional, ou seja, o sistema deixa de funcionar corretamente. Um exemplo clássico é a polidactilia (excesso de dedos na mão). Já as monstruosidades é toda alteração incompatível com a vida devido à morfologia e função incorreta. Exemplos desse tipo de patologia são a agenesia cerebral (falta de massa encefálica e/ou calota craniana) e gêmeos xifópagos (também conhecidos como siameses). Além disso, precisamos descrever a estratigrafia, pois nas imagens radiológicas será possível identificar o contorno dos órgãos. A partir da pele, temos tela subcutânea, músculos, vasos sanguíneos, fáscia muscular e osso. A coluna pode executar movimento de flexão e extensão quando identificada pelo plano sagital; flexão lateral quando identificada pelo plano frontal; e movimento rotativo, pelo transverso. O ombro é capaz de executar movimento de flexão e extensão identificado pelo plano sagital; abdução e adução, pelo plano frontal; e rotação interna e externa, pelo plano transverso. O quadril realiza flexão e extensão (plano sagital), abdução e adução (plano frontal) e rotação interna e externa (plano transverso). O tornozelo realiza dorsiflexão e flexão plantar (plano sagital),inversão e eversão (plano frontal) e rotação interna e externa (plano transverso). A análise minuciosa dos planos anatômicos nos remete a pensar sobre como o movimento executado pelo paciente durante a realização do exame é crucial para entender por que pode ocorrer sombreamento nas imagens radiológicas. Para que esses planos sejam perfeitamente executados, precisamos conhecê-los em detalhes e como se relacionam a possíveis patologias envolvidas, por exemplo, na coluna. A escoliose é uma deformidade rotacional da coluna e das costelas e, apesar da causa ser desconhecida, já se sabe que existe uma ampla variedade de condições congênitas, neuromusculares, mesenquimais e traumáticas que podem estar associadas a ela. Esse tipo de deformidade aparece quando há rotação vertebral e curvatura lateral, o que pode levar, consecutivamente, à rotação das costelas. Associada a elas também são encontradas as cifoses e lordoses, as quais permitem que o disco vertebral, que faz o coxim, permaneça ainda mais rígido. A implicação é que, caso não diagnosticado através dos exames radiológicos e tratado precocemente, pode ocorrer perda da movimentação que pode até evoluir para paralisia. As posições anatômicas para aquisição das imagens radiológicas Para aplicarmos os conhecimentos obtidos nos blocos anteriores, veremos alguns casos clínicos. • Caso 1: mulher, 37 anos, recorre ao serviço médico de saúde após sentir dores muito fortes na coluna. Ela relata que as dores apareceram quando era ainda criança, momento em que foi diagnosticada com escoliose. Sabendo que a escoliose é um tipo de curvatura patológica da coluna vertebral, identifique os principais exames que podem ser realizados para que essa paciente tenha o diagnóstico correto e possa acompanhar a evolução do tratamento. O melhor exame para identificar a patologia seria a radiografia convencional. Nesse tipo de imagem, identifica-se que as vértebras da coluna estão em posições diferentes e que são consideradas patológicas. Além desse tipo de exame, temos a tomografia computadorizada; nesse caso, como a imagem é gerada corte a corte, fica fácil identificar onde está ocorrendo alteração na espessura do disco intervertebral. Em pacientes que sofrem de escoliose, pode-se utilizar também fotogrametria computadorizada para detecção de escoliose idiopática. Nesse caso, a análise angular de movimento e postura corporal através da aquisição de uma imagem estática, que é conhecida como fotogrametria, permite ao médico que está acompanhando a paciente quantificar e qualificar a avaliação da postura e do movimento corporal. • Caso 2: adolescente, 12 anos, sexo feminino, estava apresentando puberdade atrasada, pescoço curto (também denominado pescoço alado) e baixa estatura em comparação à dos pais. O médico da unidade básica de saúde que a atendeu suspeitou de Síndrome de Turner, a qual faz com que ocorram dois cromossomos X; porém, um deles, o herdado do pai, não está funcional. Além do diagnóstico clínico, como o médico poderia fazer para comprovar, através de exames de imagem, que a paciente apresenta Síndrome de Turner? Pode ser realizada radiografia convencional, em que se identificaria a espessura dos ossos e o seu tamanho. Com esse cenário e a associação à sintomatologia clínica da paciente, será possível identificar que ela está apresentando alteração de crescimento e, assim, o diagnóstico poderá ser fechado. Além disso, até pode ser realizada uma tomografia computadorizada para identificar os ossos longos do corpo ou uma tomografia de crânio para identificar se há problemas na hipófise que possam estar afetando o crescimento da paciente. Os tumores ósseos podem ser detectados através de radiografia convencional ou de tomografia computadorizada. Esse exame apresentará margens irregulares ao invés de uma margem sólida e uniforme, como o esperado. O técnico em radiologia é o responsável para posicionar bem o paciente para o exame e, juntamente com o médico radiologista, ajudar a laudá-lo. A confirmação final da malignidade do tumor virá somente com a biópsia. Com esses exemplos você será capaz de compreender como é realizada a aplicação dos exames radiológicos para detecção de patologias. Estudante, começaremos o estudo desta aula descrevendo o correto posicionamento do paciente para os exames radiológicos, que compreende a posição ortostática, em decúbito lateral e em decúbito ventral. A posição ortostática deve ocorrer em pé, como no caso dos exames de radiografia convencional de tórax; a em decúbito lateral permitirá identificar os órgãos localizados lateralmente, como o baço ou mesmo os rins; já em decúbito ventral, é possível identificar os órgãos abdominais. Aproveite esta aula e estude para que seu conhecimento aumente cada vez mais e para que, dessa forma, consiga ajudar cada vez mais pessoas. Planos anatômicos para as imagens radiológicas O estudo da anatomia necessita de um vocabulário clínico que define posição, relação e planos de referência, bem como os sistemas do corpo humano. O estudo da anatomia pode ser conduzido pelas regiões ou pelos sistemas orgânicos do corpo. Por convenção, as descrições anatômicas do corpo humano são relacionadas com a posição anatômica dele ou também com a posição ortostática. E o que isso significa? O corpo deve estar em posição ereta, com a face voltada para frente, os membros superiores devem estar junto ao corpo, com as palmas das mãos voltadas também para frente, e os membros inferiores devem estar unidos, com os pés voltados para frente. Qualquer alteração da posição descrita pode ser indicativa de alterações tensionais, caso em que pode ocorrer diminuição rápida do retorno venoso do coração, fato que pode resultar em redução do enchimento ventricular e causar diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial. Em longo prazo, pode ser danoso para o paciente. Pacientes que estão em decúbito lateral podem estar deitados sobre o lado direito ou o esquerdo; e aqueles que estão em decúbito ventral estão deitados sobre o abdome. É comum ocorrer confusão entre os termos referenciados no posicionamento anatômico radiográfico e a incidência radiológica. O posicionamento radiográfico determina a posição que o paciente vai ficar durante a realização do raio-X e influencia diretamente na perspectiva de visualização do exame, na qualidade da imagem e também na interpretação do laudo. A incidência radiológica, por sua vez, está relacionada à incidência da radiação oriunda do aparelho de raio-X ou mesmo dos demais aparelhos radiológicos. É onde a radiação entra e sai após ser direcionada para a parte do corpo a ser gravada e projetada. Qualquer erro nessas posições pode acarretar interpretações errôneas e levar ao diagnóstico incorreto ou tardio sobre as patologias. Os erros podem ser de interpretação, que ocorrem por falta de conhecimento sobre as posições anatômicas, ou podem acontecer pela pressa em entregar os resultados dos exames e pelo excesso de trabalho. Posições laterais devem permitir a observação de órgãos internos e, para isso, precisam ser bem estabelecidas. Quando é solicitada a posição em decúbito dorsal, precisa-se ter o cuidado de pedir ao paciente que esteja com o intestino o mais vazio possível, pois, caso contrário, poderá acarretar falhas na interpretação das imagens, especialmente do peritônio, que está localizado posteriormente. Também precisam ser levados em consideração os seguintes fatores: nitidez dos registros, ângulo de observação e densidade e proximidade entre a estrutura e o aparelho de raio-X. Hoje em dia se sabe que as imagens geradas por meio digital apresentam qualidade infinitamente superior às que eram geradas pelos meios impressos. Nesse caso, a qualidade das imagens prejudicava muito a interpretação, problema que, hoje, não acontece mais. Posicionamentoanatômico na formação das imagens radiológicas utilizando diferentes técnicas O posicionamento correto dos pacientes é extremamente importante para a aquisição de imagens apropriadas e de qualidade que possam ser examinadas pelos médicos para que os pacientes recebam o devido diagnóstico. Com o objetivo de padronizar a análise e interpretação das imagens radiográficas, existe um consenso sobre a perspectiva adotada na hora de descrever os achados do exame. A dica é sempre pensar que o paciente se encontra na posição anatômica ou ortostática e que está sendo observada de frente pelo técnico em radiologia. A posição anatômica se refere à pessoa de pé, com os braços esticados, pés retos, palmas das mãos viradas para frente e olhando para o horizonte. Partindo desse posicionamento em radiologia, fica mais simples colocar o paciente na posição geral pedida pelo médico que solicitou o raio-X. O ortostatismo é a posição ortostática que se refere ao paciente em pé e ereto, sendo este o exemplo clássico de posição anatômica. No decúbito dorsal, o paciente encontra-se deitado sobre o dorso, ou seja, com a barriga para cima. As palavras dorso e dorsal originam-se de um corte padrão específico da radiologia, chamado plano médio coronal, ou linha, que divide o corpo em parte anterior e posterior. A parte anterior se refere à frente e a posterior à parte de trás. O decúbito ventral é a posição contrária ao decúbito dorsal e, nela, o paciente fica deitado sobre o abdome. No decúbito lateral, o paciente fica deitado sobre um dos lados do corpo, direito ou esquerdo. Além dessas, podemos encontrar outras terminologias, como Fowler. Para esse posicionamento, a mesa do aparelho de raio-X deve ser inclinada e o paciente precisa deitar-se de barriga para cima, ou seja, em decúbito dorsal, com a cabeça mais alta que os pés. Outra terminologia encontrada é a SIM, posição equivalente a um semidecúbito ventral, ou seja, o paciente fica parcialmente deitado sobre o abdome. Exames de litotomia fazem menção à posição utilizada para exames ginecológicos, nos quais a paciente se deita com o abdome para cima, ou seja, em decúbito dorsal, e apoia as pernas no suporte do equipamento, de maneira que fiquem afastadas. Em Trendelenburg, assim como no Fowler, é necessário inclinar bem a mesa do equipamento de raio-X. Em seguida, o paciente se deita em decúbito dorsal, com a cabeça mais baixa que os pés. Também é importante saber que o raio X atravessa a parte do corpo a ser examinada e é absorvido pelas estruturas anatômicas. As partículas que não foram absorvidas se chocam com uma placa sensível a elas, presente na mesa do equipamento de raio-X. Dependendo da posição radiológica, essa placa pode estar embaixo ou atrás do paciente. Quanto mais partículas atravessarem a estrutura anatômica, mais escura será a imagem. Órgãos menos densos, por exemplo, deixam passar grande parte da radiação ionizante, que se choca com a placa e queima o material fotossensível, e, por isso, aparecem escuros nas imagens radiográficas. Já tecidos mais densos e duros, como os ossos, absorvem a maior parte dos raios X e aparecem claros nas imagens. As posições anatômicas para aquisição das imagens radiológicas Para aplicarmos os conhecimentos obtidos nos blocos anteriores, veremos alguns casos clínicos a seguir. • Caso 1: mulher, 37 anos, recorre ao atendimento emergencial queixando-se de dor na face, em forma de pressão, tosse, dores fortes na cabeça, obstrução nasal e episódios de febre. Após o atendimento, foi realizada uma radiografia dos seios da face, que identificou obstrução. Frente a esse quadro, a paciente foi, então, diagnosticada com sinusite. A partir disso, reflita e associe os sintomas que a paciente apresentou com o diagnóstico obtido. A paciente apresentou dores na face e na cabeça em virtude do excesso de produção de muco, que levou à obstrução nasal e dos seios da face. Como ela apresentou quadro febril, isso nos faz pensar em uma sinusite de origem bacteriana, sendo mais comum a do tipo Haemophilus influenza. Nesse contexto, qual seria o exame mais indicado para detectar uma obstrução nasal, como a sinusite? Radiografia convencional. • Caso 2: mulher, 38 anos, grávida de 35 semanas, buscou atendimento emergencial queixando-se de fortes contrações. Após realizado o atendimento, foi constatada a necessidade de uma cesariana. A bebê nasceu com 35 semanas, pesando 1,250 kg e com 38 cm de altura. Como não chorou ao nascer, foi feito o procedimento de reanimação respiratória juntamente com a indução de surfactante exógeno. Diante desse cenário, reflita por que foi necessária a indução de surfactante exógeno. Foi necessário, pois, no período do nascimento, a quantidade de pneumócito II e, consequentemente, de surfactante é muito pequena e insuficiente para manter os alvéolos pulmonares distendidos e, portanto, passíveis de realizar as trocas gasosas. Como estão fechados ou atelectasiados, aparecerão radiopacos nas imagens radiográficas. Para esses pacientes, podem ser realizadas também tomografias computadorizadas. • Caso 3: homem, 60 anos, tabagista há 30, busca atendimento queixando-se de dificuldade para respirar, tosse persistente, chiado no peito constante e perda de peso sem motivo aparente. Durante a avaliação clínica do paciente, foi sugerida a realização de uma tomografia que evidenciou destruição do parênquima alveolar, o que levou ao diagnóstico de enfisema. Frente a esse cenário, reflita sobre as causas que levaram ao desenvolvimento do enfisema. A destruição do parênquima alveolar ocorreu pela perda das fibras elásticas, o que acarretou o colabamento alveolar. Um exame adicional para confirmação do enfisema pulmonar é a espirometria. • Caso 4: homem, 29 anos, trabalhador de uma mineradora há cerca de 10, passou a apresentar um quadro de dispneia, cianose nas extremidades e dificuldade para respirar. Esse paciente buscou atendimento com essas queixas e, diante disso, foi indicada a realização de uma radiografia seriada de tórax, a qual constatou a presença de fibrose pulmonar. A partir disso, o homem foi diagnosticado com silicose, um tipo de pneumoconiose. Tendo isso em vista, reflita sobre o desenvolvimento da silicose no paciente. Nesse caso, pode-se dizer que ocorreu a destruição das fibras colágenas e elásticas encontradas no interstício das paredes alveolares, reduzindo a capacidade de disfunção pulmonar. Com esses exemplos você será capaz de compreender como é realizada a aplicação dos exames radiológicos para detecção de patologias. Estudante, começaremos esta aula estudando como ocorre a reconstrução das imagens geradas a partir dos exames radiológicos. As metodologias utilizadas envolvem a reconstrução multiplanar (MPR), as projeções de intensidade e as inovações advindas da reconstrução 3D com a presença de softwares bem atualizados. Essa etapa dos exames radiológicos é de extrema importância tanto para o técnico em radiologia como para o médico radiologista, pois, se a reconstrução ocorrer erroneamente, todo o trabalho de interpretação ficará incorreto. Aproveite esta aula e estude para que seu conhecimento aumente cada vez mais e para que, dessa forma, consiga ajudar cada vez mais pessoas. Reconstrução de imagens radiológicas O conhecimento sobre a reconstrução das imagens radiológicas é de extrema importância para a interpretação dos exames radiológicos. O foco desse procedimento são os exames realizados através da tomografia computadorizada. Antigamente a quantidade de imagens era muito pequena e com pouca qualidade devido, principalmente, à limitação dos equipamentos. Por exemplo, as imagens de coração, ou mesmo as de pulmão, eram bem difíceis de realizar, o que dificultava ainda mais o diagnóstico. Com a evolução da tecnologia dos equipamentos, passou a ser possível adquirir
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