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--------------------------------- Am�tra� ------------------------------- Coleta de amostras A coleta de amostras se encontra na fase pré-analítica. A confiança em um resultado analítico final depende da correta e adequada realização dos procedimentos desde esta fase. Portanto, é importante para manter a qualidade das amostras e consequente qualidade na fase Analítica. Escolha da amostra⇾ coleta⇾ transporte⇾ conservação A escolha da amostra depende da finalidade da análise, da natureza química, forma e concentração do analito. As amostras utilizadas podem ser biológicas ou não biológicas. ➔ Biológicas: sangue, urina, saliva, cabelo; ◆ oriundas de pacientes e/ou de cadáveres. ➔ Não-biológicas: produtos de limpeza, substâncias psicotrópicas (análise forenses), alimentos, ar atmosférico, água (rios- contaminação); Um fator que influencia na escolha da amostra é a janela de detecção, o período no qual é possível detectar o consumo de drogas. ---------------------------------------Urina--------------------------------------- ➔ Consiste em um ultrafiltração do sangue formado continuamente pelos rins; ➔ Composição: substâncias orgânicas (ureia, ácido úrico, creatinina) e inorgânicas (íons cloreto e sódio) dissolvidas em água; ➔ Principal via de eliminação de xenobióticos ⇾ matriz biológica de escolha tradicional em análises toxicológicas. ◆ são principalmente analisados os metabólitos, tendo em vista que precisa passar pela biotransformação para ser eliminada. ➔ Vantagens: ◆ coleta fácil e não invasiva. ◆ grandes volumes disponíveis para análise. ◆ menor número de interferentes quando comparado com o sangue, por exemplo. ◆ estabilidade por longos períodos (20ºC). ◆ janela de detecção maior que o sangue. ➔ Desvantagens: ◆ amostra de fácil adulteração (coleta não vigiada) ◆ quantidade de líquido ingerido pelo indivíduo e perda de líquidos podem alterar o resultado (diluição do toxicante). ◆ exposição recente (2 a 5 dias). ◆ não permite identificar com exatidão o tempo decorrido da exposição. ➔ Coleta post-mortem: punção, aspiração da bexiga ou lavado vesical, quando se tem ausência de urina; ◆ às vezes pode ocorrer de não ter urina na bexiga, sendo assim, é realizada uma lavagem com algum tampão salino (lavado vesical) para tentar encontrar resquícios dos intoxicantes absorvidos na bexiga. -------------------------------------Sangue------------------------------------- ➔ É um tecido conjuntivo líquido que circula o sistema vascular em animais com sistema circulatório fechado, formado por uma porção celular (elementos figurados do sangue) que circula em suspensão em um meio fluido (o plasma); ◆ plasma: onde o toxicante é encontrado. ➔ Podem ser usados na análise toxicológica: ◆ sangue total: é coletado com a presença de anticoagulante. ◆ plasma: parte líquida do sangue, coletado com anticoagulante, o qual, quando centrifugado, obtém-se uma parte dos componentes separados. ◆ soro: parte líquida do sangue sem anticoagulante, consequentemente sem fibrinogênio (utilizado para formar o coágulo) e fatores da coagulação. Sangue sem anticoagulante⇾ consumo do fibrinogênio ⇾ ativação da cascata de coagulação⇾ coagulação do sangue O soro é preferível, por correr menos risco de sofrer interferência pelos anticoagulantes, porém não é tão estável. Portanto, para análises toxicológicas no sangue, o que se usa mais é o sangue total ou plasma, havendo a necessidade de se usar anticoagulantes. No entanto, deve ter atenção ao tipo de anticoagulante usado, pois alguns podem inferir no resultado final, por interagir com o toxicante. ➔ Anticoagulantes: ◆ Fluoreto de sódio: proteção contra produtos bacterianos e auxílio no retardo da degradação de substâncias quimicamente lábeis; ação conservante; Muito utilizado para realizar glicemia. ◆ EDTA: pode quelar alguns toxicantes; além de quelar cálcio (que é um coagulante), pode quelar outras substâncias como metais pesados, interferindo numa análise de intoxicação por esta substância, resultando num falso negativo; muito utilizado para realizar hemograma, pois é o que menos interfere na morfologia celular; ◆ Heparina: pode interagir com alguns fármacos. ➔ Vantagens: ◆ fornece correlação da concentração do toxicante no sangue com o estado clínico do indivíduo. ◆ é mais utilizado em situações de emergência e prognóstico monitramento terapêutico). ◆ eventualmente, é possível predizer o tempo de exposição ao toxicante. ➔ Desvantagens: ◆ obtenção através de um método invasivo; ◆ risco de contaminação; ◆ janela de detecção restrita; ◆ principalmente para drogas de rápida metabolização; ◆ presença de muitos interferentes (pois possui uma matriz biológica muito complexa); ◆ método tem que ser muito específico ou tem que haver remoção desses interferentes através de uma extração; ➔ Tanatologia: fenômeno da redistribuição do sangue; ◆ no cadáver, devido ao fenômeno de redistribuição, recomenda-se a coleta do sangue oriundo de origens diferentes, para que seja feita uma comparação dos analitos e saber a proporção do fenômeno de distribuição. ◆ o sangue periférico sofre menos efeitos do fenômeno, há uma menor difusão do sangue de outras regiões, então a sua constituição é semelhante à de quando o indivíduo estava vivo; normalmente é feito na veia femoral, porém é uma coleta de difícil execução, devido à coagulação do sangue e colabamento das veias. ◆ a coleta diretamente do coração é arriscada, pois corre o risco de haver contaminação com células e fluidos cardíacos e pulmonares. ◆ considerações para a coleta de sangue post-mortem: o ideal é coletar o sangue em mais de um local e registrar essa informação, deve-se observar a produção de etanol endógeno por microorganismos em cadáveres em avançado estado de putrefação, possibilidade de biotransformação post-mortem de xenobióticos por microorganismos em estados avançados de putrefação. --------------------------------------Cabelo-------------------------------------- ➔ Matriz biológica complexa composta de 65-95% de queratina, 15-35% de água, 1,9% de lipídios e pequena quantidade de minerais; ➔ Possibilidade de determinação da exposição pregressa (à muito tempo) às drogas; ◆ grande janela de detecção. ➔ Mecanismo de deposição de drogas: ◆ incorporação através de difusão do sangue para o folículo capilar. ● o bulbo é vascularizado e permite essa passagem do toxicante. ◆ incorporação através do suor e secreções provenientes das glândulas sudoríparas adjacentes. ◆ depósito de substâncias externas na fibra capilar. ● deposição segue sentido do crescimento do cabelo (0,6 a 1,42cm/mês). ◆ na matriz que dará origem ao fio, o fio vai crescendo e o toxicante permanece impregnado juntamente ao fio por bastante tempo. ◆ a partir do crescimento do cabelo dá para obter uma estimativa de quando foi realizado o uso ou se o uso é frequente (contínuo). ● coleta de 100 mg de cabelo rente ao couro cabeludo. ➔ Vantagens: ◆ ampla janela de detecção (dias, meses, anos); ◆ coleta fácil e não invasiva; ◆ fácil transporte e armazenamento; ◆ alta estabilidade; ◆ difícil adulteração; ➔ Desvantagens: ◆ não permite visualizar exposição recente. ◆ dificuldade em indivíduos com cabelo de curto comprimento. ◆ pode sofrer influência de tratamentos cosméticos. ◆ necessidade de métodos analíticos de elevada sensibilidade. ----------------------------------Fluido oral----------------------------------- ➔ Mistura de células da mucosa bucal, restos de alimentos e saliva, secretada pelas glândulas presentes na mucosa bucal; ➔ As drogas podem ser detectadas nesta matriz na forma não metabolizada; ➔ Principal aplicação: monitoramento de condutores de trânsito e toxicologia ocupacional; ➔ Exposições recentes (2 dias); ➔ Possibilidade de contaminação por drogas utilizadas por via oral e não é uma amostra muito limpa até mesmo pela alimentação; ---------------------------------Humor vítreo--------------------------------- ➔ Matriz de grande interesse na análise post-mortem; ➔ Trata se do líquido gelatinoso contido naparte posterior do olho, constituído basicamente por água (99%) sais e pequena quantidade de proteína (0,2%); ➔ Ausência de esterases (ausência de degradação de substâncias como cocaína, heroína e morfina); ◆ nem todo o toxicante chegar até essa região ➔ Drogas chegam pela passagem pela barreira sangue/retina, por meio de transporte ativo e passivo; ➔ Predominância da droga original em relação aos metabólitos; ➔ Coleta: punção na lateral do olho; ➔ Uma desvantagem desse método é o pequeno volume, que limita um pouco as análises; -----------------------------Preparo da amostra----------------------------- Processo que visa isolar o analito de interesse a partir da matriz, minimizando e eliminando os interferentes, além de propiciar a concentração da substância, sendo um processo geralmente indispensável para o emprego de técnicas de detecção e quantificação de substâncias. Propicia a concentração da substância para se chegar a sensibilidade ideal para o método escolhido. Processo de extração ideal ➔ Perda mínima de amostra; ➔ Remoção eficaz dos interferentes; ➔ Mas é comum não removê-los totalmente; ➔ Alta recuperação do analito; ➔ O quanto daquele analito que irá sobrar depois do processo de extração; ➔ Baixo tempo de análise; ➔ Baixo custo; -------------------Tratamento prévio das amostras------------------- ○ Remoção das proteínas ➔ Usada em amostras ricas em proteínas (plasma e tecidos- post mortem), nas quais esses compostos possam servir como interferentes; ➔ Útil para liberar toxicantes ligados a proteínas; ➔ Realizado por meio de precipitação de proteínas: solventes orgânicos, sais, precipitação isoelétrica; Precipitação isoelétrica ➔ Uso de ácidos ou bases para se chegar ao ponto isoelétrico das proteínas, ponto onde a solubilidade delas é mínima; ◆ ponto isoelétrico de proteínas: pH onde a carga líquida da molécula vai ser nula em relação aos grupamentos amino e ácido carboxílico; ➔ Em pH elevado (básico): o grupamento ácido carboxílico vai estar carregado negativamente (ácido em meio básico se dissocia). Já o grupamento amino (base em meio alcalino, ficará desprotonada) ficará em sua forma não ionizada, sem carga; ◆ pH maior que o PI = forma aniônica. ◆ haverá proteínas carregadas positivamente. ◆ cargas iguais das proteínas irão se repelir, havendo maior solubilidade pois elas ficarão distantes umas das outras e o solvente irá conseguir adentrar facilmente. ➔ Em pH baixo (ácido): o ácido carboxílico vai estar em sua forma protonada (ácido em meio ácido não se dissocia) e grupamento amino (base) fica protonada positiva; ◆ PH menor que o PI = forma catiônica. ◆ Cargas positivas vão se repelir, o que favorece também o aumento da solubilidade. ➔ Mas se o pH é igual ao PI haverá cargas distintas, e as proteínas irão se agregar e se precipitam. Assim, para haver esse processo, na minha amostra eu adiciono uma base ou um ácido, depende do PH da amostra, para levar todas as proteínas ao ponto isoelétrico, se precipitando e o sobrenadante sobrando. ◆ carga líquida = 0: pH suficiente onde o grupamento amino (+) esteja protonado e o ácido desprotonado (-). Salting out ➔ Precipitação induzida por sais: diminuição da solubilidade das proteínas com adição de grandes quantidades de sal; ◆ geralmente utiliza-se bastante o sulfato de amônio. ◆ a adição de pequenas quantidades de sal promove o fenômeno denominado salting in, ou seja, ajuda as proteínas a separarem-se uma das outras, uma vez que as envolvem, logo há um aumento na solubilidade; elas não irão se agregar nem precipitar. ➔ O sal compete com as proteínas por moléculas de água que, por sua vez, tem maior capacidade de solvatação para partículas menores (os íons); ◆ com isso, há tantos íons solvatados (sal solubilizado) que resta pouca água para dissolver as proteínas, que acabam por se agregarem e precipitarem. ◆ precipitação e sal (diálise para remover o sal do solvente). Precipitação com solventes ➔ Diminuição da constante dielétrica (solubilidade) da solução formada com a adição do solvente orgânico (acetona, metanol…), o que acarreta na diminuição da solubilidade das proteínas, fazendo com que as proteínas se precipitem; ➔ Constante dielétrica: Está relacionada com a polaridade do solvente; ◆ grandeza que mede a capacidade de um solvente se colocar entre moléculas de soluto e separá-las, solvatando-as. ◆ a água é considerada como um meio com alta constante dielétrica, por isso é um solvente universal. ◆ como o solvente diminui essa constante, ele vai fazer os analitos se juntarem e, portanto, precipitarem. Hidrólise de conjugados ➔ A maioria dos xenobióticos sofrem reações de fase II (reações de conjugação) para serem eliminados pela urina em muitos casos, é necessário remover o conjugado para fazer a análise dos compostos excretados na urina em sua forma original; ◆ isso pode ser feito com hidrólise ácida ou enzimática. Extração líquido-líquido ➔ Separação da amostra entre duas fases imiscíveis: aquosa (polar) e orgânica (apolar); ◆ quanto maior a lipossolubilidade, maior a afinidade pela fase orgânica. ◆ os compostos de maior densidade ficam na parte de baixo do tubo (ex.: clorofórmio- fase orgânica) e de menor densidade ficam em cima (ex.: urina- fase aquosa). ◆ numa situação em que a fase orgânica é o clorofórmio acidificado, são extraídos compostos ácidos (mais lipossolúveis). ◆ numa situação em que a fase orgânica é o clorofórmio alcalinizado, o toxicante básico seria extraído, pois seria o que iria migrar para esta fase. ➔ Eficiência da extração: afinidade do agente tóxico pelo solvente de extração; ➔ A maioria dos toxicantes são ácidos ou bases fracas, podendo estar presentes em solução sob as formas ionizadas ou não-ionizadas ⇾ pode ser feita modificação do pH da amostra para facilitar a extração; ◆ ácido fraco em meio ácido fica na forma não ionizada, de maior lipossolubilidade. ◆ base fraca em meio ácido fica na forma ionizada, de menor lipossolubilidade, então para extrair um toxicante de natureza básica, deve-se alcalinizar o meio, de modo que tenha mais lipossolubilidade e uma quantidade maior possa ser extraída. ◆ os métodos de extração baseiam-se na basicidade ou na acidez do composto a ser extraído. ➔ Vantagens: ◆ técnica simples. ◆ pode-se utilizar grande número de solventes (ampla faixa de solubilidade e seletividade). ◆ geralmente é feito para extração de compostos da urina, que geralmente pode-se conseguir um volume maior. ➔ Desvantagens: ◆ necessidade de grandes volumes de amostra e solvente. ◆ problemas de descarte e toxicidade de alguns solventes orgânicos (poluição/ contaminação). ◆ pode ocorrer formação de emulsão (evitar agitação vigorosa para que não haja perda do toxicante). Extração em fase sólida (SPE) ➔ Técnica cromatográfica em que uma fase sólida extratora retém substâncias com afinidade química e os interferentes são eliminados através de lavagens com solventes orgânicos; ◆ existem diversos tipos de fases fixas, utilizadas de acordo com a afinidade do composto. ◆ um segundo solvente, com mais afinidade pelo composto do que a fase fixa, é utilizado na fase de eluição para extrair o composto. ◆ é um dispositivo descartável, pois há chance de restarem resíduos após a eluição. ➔ Vantagens: ◆ uso de pequeno volume de solventes. ◆ pouco manuseio da amostra. ◆ não forma emulsão. ◆ facilidade na automação. ➔ Desvantagens: ◆ maior custo por amostra. Extração por headspace ➔ Técnica para a extração de toxicantes voláteis; ➔ A amostra é inserida em recipiente hermeticamente fechado e termostatizado, por determinado tempo de incubação, permitindo adequado equilíbrio dinâmico entre as fases líquida e gasosa da amostra (fase headspace); ➔ A fase gasosa é recolhida e analisada por cromatografia gasosa; ➔ Vantagem: ◆ permite remoção de interferentes (proteínas e lipídeos) sem necessidade de solvente orgânico. ➔ Desvantagem: ◆ só pode ser realizada para a extração de toxicantes voláteis.
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