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PROPEDÊUTICA DA TIREÓIDE ● A função da glândula tireóide é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide e pelo nível de iodo. ● TRH → TSH → T3 e T4 (hormônios tireoidianos). ● Os hormônios da tireóide atuam nos processos de diferenciação, crescimento e metabolismo, bem como no funcionamento de quase todos os tecidos. Anamnese: ● Doenças tireoidianas são mais frequentes em mulheres. ● A naturalidade e a procedência do paciente precisam ser conhecidas, pois ele pode ser proveniente de áreas pobres em iodo (regiões de bócio endêmico). Sinais e sintomas de hiperfunção tireoidiana: ● Tem como base o aumento do metabolismo basal, causado pelo excesso de hormônios tireoidianos. ● Hipersensibilidade ao calor ● Aumento da sudorese corporal ● Perda de peso ● Aumento do apetite - mas mesmo assim o paciente emagrece ● Nervosismo ● Irritabilidade ● Ansiedade ● Insônia ● Tremores ● Choro fácil ● Hiperexcitabilidade ● Sistema cardiovascular: taquicardia, palpitações, dispneia de esforço, fibrilação atrial, bulhas hiperfonéticas, aumento da PA sistólica e queda da PA diastólica, pulso rápido, ritmo irregular e sopro sistólico na área pulmonar. ● Sistema digestório: aumento da motilidade intestinal. ● Sistema genital: alterações menstruais e ginecomastia. ● Sistema locomotor: fraqueza muscular (uma das queixas mais comuns do hipertireoidismo). ● Sistemas oculares: exoftalmia (olhos saltados) com exoftalmopatia (principais), lacrimejamento, fotofobia, sensação de areia nos olhos, edema subpalpebral e diplopia (visão dupla). Sinais e sintomas de hipofunção tireoidiana: ● Diminuição do metabolismo. ● Cansaço ● Hipersensibilidade ao frio ● Tendência para engordar ● Apatia (em estados mais avançados) ● Lentidão (em estados mais avançados) ● Letargia ● Sistema cardiovascular: quase não há queixas ● Constipação intestinal ● Parestesias (formigamentos e dormências) ● Dores musculares e articulares ● Diminuição da sudorese ● Pele seca e descamando ● Edema dos membros inferiores e periorbital (em virtude da retenção hídrica consequente à diminuição da filtração glomerular) Exame físico da tireoide: ● Inspeção, palpação e ausculta. ● Inspeção: - Difícil visualizar a tireóide normal. - Tamanho, simetria e nódulos. - Obs: para diferenciar bócio de pescoço gordo, pedir para o paciente deglutir com hiperextensão (para trás) do pescoço. ● Palpação: - Se a tireoide é tópica - Motilidade - Tamanho - Consistência - Bordas - Presença de nódulos e suas características - Frêmito vascular - Temperatura - Sensibilidade ● Abordagem posterior: as mãos e dos dedos rodeiam o pescoço, com os polegares fixos na nuca e as pontas dos indicadores e médios quase a se tocarem na linha mediana. O lobo direito é palpado pelos dedos da mão esquerda, enquanto os dedos da mão direita afastam o esternocleidomastoideo. ● Abordagem anterior: são os polegares que palpam a glândula, enquanto os outros dedos apoiam-se nas regiões claviculares. ● Ao inspecionar e palpar a tireoide, solicita-se ao paciente que realize deglutições “em seco”, o que permite caracterizar melhor o contorno e os limites da tireoide, a qual se eleva durante o ato de deglutir. Movimente os dedos em vários sentidos, procurando definir a forma e o limite da tireoide. ● Ausculta: - Hipertireoidismo (Inferno Tireoidiano). - Neoplasias (fluxo aumentado). ● Obs: Sinal de Pemberton: Ao pedir para o paciente elevar os membros superiores paralelamente a cabeça, na presença de bócio mergulhante, este poderá apresentar rubor facial. Pode ocorrer também dispnéia por compressão traqueal e até estridor, além de distensão das veias do pescoço por compressão das subclávias. DOENÇAS DA TIREOIDE ● Principais afecções da tireóide: bócio (uni ou multinodulares), disfunções tireoidianas (podem levar ao hipotireoidismo ou ao hipertireoidismo), tireoidites e câncer de tireóide. Bócios: ● É o aumento do volume da tireóide. ● Podem ser difusos; nodulares; ou difusos e nodulares. ● Podem ser tóxicos (acompanhados de hipertireoidismo) ou atóxicos. Bócio difuso atóxico: ● Aumento global da tireóide. ● Sem sintomatologia de disfunção. ● Exame físico: tireóide indolor, sem limites precisos, com superfície lisa. ● Principais causas: deficiência de iodo (bócio endêmico), gravidez, puberdade, ingestão exagerada de substâncias bociogênicas (repolho, nabo, couve, soja, lítio), traço hereditário. ● Em geral, a causa é multifatorial. Bócio difuso tóxico: ● Aumento global da tireóide. ● Acompanha sintomatologia de hipertireoidismo. ● Principal: doença de Graves. ● Exame físico: tireóide apresenta consistência firme, elástica, com superfície lisa. ● Em geral, percebem-se frêmito e sopro sistólico sobre a glândula, o que evidencia a hipervascularização e a hipercinesia cardiovascular. Bócio uninodular atóxico: ● Nódulo único. ● Sem sintomatologia de disfunção. ● É importante caracterizar o tamanho (cm) do nódulo para acompanhar a evolução do bócio. ● Exame físico: nódulo firme, duro ou pétreo, ou de consistência cística, móvel à deglutição ou estar aderido aos planos superficiais e profundos. ● Principais causas: bócio colóide (principal) ou câncer de tireóide. Pedir ultrassom para diagnosticar. Bócio uninodular tóxico: ● Ou doença de Plummer. ● Nódulo único. ● Acompanha sintomatologia de hipertireoidismo. ● O restante da glândula é impalpável. ● Nódulo quente. ● Principal causa: mutação do receptor de TSH. Bócio multinodular tóxico ou atóxico: ● Presença de dois ou mais nódulos. ● Bócios de longa duração, com consistência variável - firme, elástica ou endurecida. ● Bócio com limites imprecisos e mergulhantes. Tireoidites: ● É uma inflamação da tireóide. ● Há 4 tipos: tireoidite aguda, tireoidite de Hashimoto, tireoidite granulomatosa subaguda e tireoidite de Riedel. Tireoidite aguda: ● Processo inflamatório decorrente de invasão bacteriana ou fúngica da glândula. ● Manifestações clínicas: dor, calor e rubor local. Tireoidite de Hashimoto: ● Distúrbio inflamatório crônico de etiologia autoimune - consequência da agressão do tecido tireoidiano por anticorpos. ● No início, os pacientes desenvolvem um quadro de hipertireoidismo, e posteriormente, um quadro de hipotireoidismo. Isso ocorre porque quando há a destruição dos folículos tireoidianos, uma grande quantidade de T3 e T4 é liberada na corrente sanguínea; depois de um tempo, cada vez menos folículos estarão disponíveis na tireóide, fazendo com que o paciente evolua para um quadro de hipotireoidismo. ● Bócio difuso, com superfície irregular, fibrosa ou fibroelástica e indolor. Tireoidite granulomatosa subaguda: ● Causada por vírus. ● Manifestações clínicas: dor local intensa irradiada para os arcos da mandíbula, febre, mal estar geral, astenia e sintomas de hipertireoidismo. Tireoidite de Riedel: ● Muito rara. ● Caracterizada pela proliferação de tecido fibroso em áreas localizadas, ou se estendendo por toda tireoide, invadindo tecidos vizinhos. Câncer de tireóide: ● Classificação: - Diferenciados: carcinoma papilífero, carcinoma folicular e carcinoma medular. - Indiferenciados: carcinoma anaplásico e linfomas. - Tumores metastáticos. ● As neoplasias malignas estão presentes em 5 a 10% dos nódulos tireoidianos. ● Os carcinomas em geral tem evolução lenta. ● Na anamnese: irradiação prévia sobre o pescoço, presença de um nódulo que cresce rapidamente e rouquidão. ● No exame físico: nódulo duro, aderido ou não aos planos profundos e superficiais, podendo haver comprometimento da cadeia linfonodal cervical. ● Na maioria dos casos, são nódulos com características sugestivas de malignidade: margens irregulares, microcalcificações e vasodilatação aumentada. Hipertireoidismo: ● Surge quando os tecidos ficam expostos a quantidades excessivas de T3 e T4. ● Achados laboratoriais: baixo nível de TSH e alto nível de T3 e T4. Hipotireoidismo: ● Secreção diminuída de T3 e T4 em consequência de afecções da tireóide, hipófise ou hipotálamo. ● No hipotireoidismo primário, os níveis de TSH ficam elevados.Obs: Causas e resumo do hipotireoidismo e do hipertireoidismo estão na tabela abaixo.
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