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Psicologia Social I - Atração Interpessoal (Aula 8)

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PSICOLOGIA SOCIAL I 
Aula 8 – Atração Interpessoal 
Contextualizando 
• O ser humano é, como o próprio Aristóteles falou, um animal social. Talvez por esse motivo, uma das coisas que mais marca a nossa vida 
são os nossos relacionamentos, já que dependemos uns dos outros. Inclusive devemos a nossa existência a atração entre um 
determinado homem e uma determinada mulher que no passado conceberam um filho. Mas desde o nosso nascimento, precisamos 
sentir que pertencemos a algum grupo, especificamente desejamos nos ligar ao grupo que nos deu origem, a nossa família. Este 
fenômeno é conhecido como necessidade de pertencimento, através do qual procuramos nos ligar aos outros por meio de laços 
permanentes e íntimos. Desta forma, podemos afirmar que os relacionamentos são o ponto central da nossa existência já que, de algum 
modo dependemos uns dos outros em diversos graus. No fundo, o poder das atrações sociais permite não só a sobrevivência individual, 
mas também a perpetuação da nossa espécie desde que o ser humano existe. 
• Nossos ancestrais conseguiram sobreviver às adversidades do meio selvagem em que se encontravam graças a procura por proteção em 
grupos a fim de poder caçar ou para construir um abrigo. Inclusive os bebês aumentam suas chances de sobrevivência na medida em que 
contam com o apoio mútuo e cuidados de ambos os pais. 
• Em geral, diversos estudos sempre chegam à mesma conclusão: na medida que contamos com laços íntimos e nos sentimos parte de 
diversos grupos com relações afetivas significativas, maiores são as nossas chances de sermos mais saudáveis e mais felizes. Mas o que 
faz que uma pessoa goste de outra em particular? 
 
Proximidade 
• Existem várias hipóteses que tentam explicar esta questão. Um dos determinantes mais simples da atração interpessoal é a proximidade 
que confirma a hipótese do efeito proximidade. Aquelas pessoas com as quais você mantém mais contato por se encontrar fisicamente 
perto de você aquelas que você vê mais acabam sendo com as quais você tem maior probabilidade de desenvolver laços de amizade e 
inclusive de amor. 
• Segundo Aronson, Wilson e Akert (2002) destacam: "O efeito proximidade funciona devido à familiaridade, ou ao efeito de mera 
exposição: quanto mais expostos estamos a um estímulo, mais provável é que gostemos dele. Vemos algumas pessoas um bocado de 
vezes e, quanto mais conhecidas elas se tornam, mais floresce a amizade. Claro, se a pessoa em questão é um chato insuportável, então, 
no que não deve surpreender, quanto mais o vemos, maior a nossa antipatia" (p. 221). 
• Podemos entender assim que, na medida em que as pessoas perto de nós demonstrem características agradáveis, ao contrário de 
desagradáveis, teremos grandes chances de desenvolver vínculos significativos com as mesmas, porque familiaridade gera atração e 
simpatia. 
 
Semelhança 
• Outra das hipóteses que explica porque gostamos de certas pessoas tem a ver com a semelhança. Segundo esta hipótese, as pessoas das 
quais nos aproximamos e com as quais nos relacionamos são, de alguma forma, semelhantes a nós. 
• Na verdade, nós gostamos de quem gosta de nós. Assim, um importante determinante da nossa simpatia por alguém está relacionado 
com o nosso sentimento, inconsciente ou não, de que essa pessoa também gosta de nós. 
 
Autoestima 
• O psicólogo social, William Swann, realizou diversas pesquisas verificando que o grau de autoestima do indivíduo está relacionado com a 
simpatia que sente pelos outros. Em outras palavras, aquelas pessoas que apresentam um conceito positivo de si mesmas, tem uma 
tendência maior a responder a gestos simpáticos dos outros com gestos também simpáticos. Por outro lado, aquelas pessoas que 
apresentam um conceito negativo de si mesmas, respondem de forma bem diferente. 
Aparência Física 
• Além da proximidade, semelhança e autoestima elevada, outro determinante dos vínculos de amizade está relacionado com a aparência 
física. Tanto homens como mulheres, independentemente se em um relacionamento homossexual ou heterossexual, dão igual 
importância à atração física. 
• Na nossa sociedade existem diversos padrões culturais de beleza. Por exemplo, é muito frequente ligar a beleza física à bondade. Desde 
pequenos apreendemos que heróis e heroínas são bonitos fisicamente falando. Tais são os casos dos personagens da Disney e de tantos 
contos infantis. 
• Outro padrão cultural de beleza está relacionado com traços do rosto. Ambos os sexos consideram atraentes traços característicos das 
feições de bebê. O mais surpreendente é que existem coincidências interculturais neste último aspecto. Em várias culturas os olhos 
grandes, o nariz pequeno e o queixo pequeno caracterizam um rosto feminino bonito. 
 
Teorias da Atração Interpessoal 
• As teorias da atração interpessoal implicam atributos e determinantes relativos aos aspectos da situação e do indivíduo. Destacam- se, 
principalmente, a teoria da Troca Social e a teoria da Equidade, que estudaremos a seguir. 
 
Teoria da Troca Social 
• Esta teoria defende que a maneira como o indivíduo se sente a respeito de seus relacionamentos depende da forma como interpreta os 
benefícios que recebe e os custos em que incorre da percepção do tipo de relacionamento que merece, e também da probabilidade de 
que possa ter um relacionamento melhor com outra pessoa. É uma teoria que foi baseada certamente no modelo de custo-benefício; 
modelo este que opera e vigora na lógica do mercado e cujos princípios foram absorvidos e transformados por psicólogos e sociólogos em 
teorias de trocas sociais. (Aronson, Wilson e Akert, 2002). 
• De acordo com a teoria da Troca Social encontramos os seguintes conceitos básicos. São eles: 
➢ Os benefícios são evidentemente os aspectos positivos e satisfatórios do relacionamento que servem como reforço e lhe atribuem 
um caráter valioso. Aí estão inclusos os tipos de características pessoais e comportamentos dos parceiros, assim como nossa 
capacidade em adquirir recursos externos por conhecermos dada pessoa, ou seja, forma de obter status, acesso a dinheiro ou 
mesmo a outras pessoas interessantes. Exemplo: Nos sentimos mais beneficiados quando as nossas atitudes são cada vez mais 
semelhantes às de outra pessoa. 
➢ Em oposição ao conceito descrito anteriormente, os custos implicam em algo da ordem da perda, do dispêndio. Suportar os hábitos 
e as características desagradáveis de outra pessoa implica em custo. Exemplo: Quando reconhecemos que nossas atitudes são 
justificadas, temos um sentimento positivo. 
➢ O resultado de um relacionamento constitui uma comparação. Exemplo: Podemos afirmar que gostamos muito de alguém quando 
essa pessoa nos traz mais benefícios sociais. 
 
Teoria da Equidade 
• Segundo seus principais proponentes – Elaine Walster, Ellen Berscheid e George Homans – a teoria da Equidade defende a perspectiva de 
que as pessoas também se preocupam com a equidade nos relacionamentos; então, disto resulta que as pessoas não pensam apenas em 
obter mais benefícios ao menor custo possível como valoriza a teoria da Troca Social. Em outras palavras, a teoria da Equidade considera 
que os custos e os benefícios que uma pessoa experimenta em um relacionamento devem ser aproximadamente iguais aos benefícios e 
custos da outra pessoa do relacionamento. 
• Os estudiosos defensores desta teoria afirmam que os relacionamentos equitativos são mais felizes e apresentam maior estabilidade. Em 
contraposição, nos relacionamentos desiguais, quando uma pessoa sente-se superbeneficiada a outra é sub-beneficiada; ou seja, 
enquanto uma recebe vários benefícios e poucos custos e pouco tempo dedicado ao relacionamento, a outra obtém pouquíssimas 
recompensas, tem muitos custos e dedica-se muito ao relacionamento. 
 
Relacionamentos Íntimos 
Definições de Amor 
• Será que existe alguma forma de definir amor? E mais ainda, o que é amar? 
• Como o próprio Myers (2000) afirma: "Amar é mais complexo do que gostar e, por isso mesmo, mais dificil demedir, mais desconcertante 
para estudar. As pessoas anseiam por amor, vivem por amor, morrem por amor" (p. 247). 
• Para Jablonski (1991) em seu livro Até que a vida nos separe, o amor contém diversos fatores ligados à idealização, à força da cultura, à 
novidade, à complexidade, ao papel do sexo, à efemeridade, entre outras. 
• Muitos autores concordam que existem diversos tipos de amor. Os psicólogos sociais se dedicaram, especificamente, a diferenciar esses 
diversos tipos. A seguir, temos um esquema que representa a concepção de amor para o psicólogo Robert Sternberg (1988). 
 
• Zick Rubin especificou três componentes do amor e elaborou uma escala de avaliação para cada um deles. Vamos conhecer esses 
componentes? 
➢ Afeição - A afeição representa a necessidade de receber carinho, aprovação e contato físico. 
➢ Preocupação - A preocupação envolve a valorização das necessidades e as emoções dos outros tanto quanto as nossas 
➢ Intimidade - A intimidade representa a possibilidade de compartilhar pensamentos, desejos e sentimentos com outras pessoas. 
• Por outro lado, segundo a psicóloga Elaine Hatfield e suas colegas, existem dois tipos básicos de amor: 
➢ Amor Paixão - O amor paixão se caracteriza por emoções intensas, atração sexual e grande idealização - admiração pelo outro. Este 
amor, a maioria dos pesquisadores coincide em afirmar, é passageiro e no máximo dura de 6 a 30 meses. Em termos fisiológicos as 
emoções são bastante parecidas. Desta maneira, podemos experimentar a excitação fisiológica que interpretamos segundo a 
situação na qual nos encontramos. Neste ponto de vista, o amor paixão pode ser entendido, na verdade, como uma experiência 
psicológica de excitação biológica que sentimos por quem consideramos atraente. No entanto, para Hatfield, o amor paixão pode ser 
definido como um intenso estado de desejo e anseio para estar com uma determinada pessoa. Quando somos retribuídos nos 
sentimos altamente realizados e alegres. Quando não, nos sentimos vazios ou desesperados. 
➢ Amor Companheiro - Muitos pesquisadores afirmam que se um relacionamento íntimo vai perdurar, terá de assentar-se em uma 
ligação mais firme, mas também afetuosa, chamada por Elaine Hatfield de amor companheiro. O amor companheiro se caracteriza 
pelo respeito mútuo, apego, afeição e confiança. Assim, em termos ideais, o amor paixão conduz ao amor companheiro o qual é 
mais duradouro. Para Hatfield, a combinação que muitos desejam entre segurança e estabilidade do amor companheiro e 
intensidade e urgência do amor paixão é bem pouco provável. 
 
Fatores Socioculturais 
• As culturas variam segundo a importância que elas atribuem ao amor. Mas na verdade, o amor mais valorizado culturalmente é o amor 
paixão. É ele que inspira poetas e artistas de todos os tipos. 
• De acordo com as famosas pesquisas realizadas por Jancowiak e Fischer (1992), de 186 culturas analisadas, 89% apresentam alguma 
manifestação reconhecida como amor paixão. Estes pesquisadores partiram da premissa que a concepção de amor paixão não seria 
limitada ou tida apenas como um produto da cultura ocidental e sim, pelo contrário, uma manifestação humana universal. 
• Pelos dados obtidos nessas pesquisas podemos concluir que o amor paixão é quase universal ou pancultural, já que apenas 11,5% das 
sociedades e culturas estudadas não apresentaram nenhuma evidência de amor paixão. Por outro lado, não é em todas as culturas que se 
constrói o casamento com base no romance. A relação entre amor e casamento se dá na modernidade, o estilo que predominava até o 
século XIX era o casamento como regulação social, seja ela financeira ou estreitamentos de laços familiares. 
• Em culturas mais individualistas, como é o caso das ocidentais de hoje em dia, normalmente o amor precede ao casamento. Já por outro 
lado, nas culturas orientais é mais frequente o amor vir depois do casamento. 
• Atualmente, predomina em nossas culturas uma visão hollywoodiana do amor, onde ele precede ao casamento e representa um 
sentimento mágico transcendendo barreiras sociais e se revestindo com uma forte capa de ligação emocional sexualizada e idealizadora. 
 
Manutenção e Encerramento dos Relacionamentos Íntimos 
• Durante a nossa vida inteira os apegos são fundamentais. Os pesquisadores comparam a natureza do apego e do amor em vários 
relacionamentos íntimos, como é o caso das relações entre pais e filhos, entre amigos e entre cônjuges e namorados. Alguns elementos 
são comuns a todas as ligações amorosas: compreensão mútua, dar e receber apoio, valorizar e apreciar a companhia da pessoa amada. 
• O amor romântico, no entanto, é temperado por alguns aspectos adicionais: afeição física, uma expectativa de exclusividade e um intenso 
fascínio pela pessoa amada. 
• De forma curiosa, os estudos demonstram que os apegos seguros, como um casamento duradouro, podem caracterizar vidas felizes e 
mais saudáveis. Isto talvez seja devido ao fato de que o amor companheiro representa diversas recompensas como a oportunidade para a 
autorrevelação íntima – uma condição alcançada de maneira gradativa – à medida que cada parceiro retribui a crescente abertura do 
outro. Este tipo de amor tem maior probabilidade de durar quando ambos os parceiros sentem que ele é equitativo, em outras palavras, 
quando ambos se percebem recebendo do relacionamento na proporção daquilo com que contribuem. 
• Podemos afirmar que o amor envolve o reconhecimento e a aceitação de diferenças e pontos fracos. Ele envolve, na verdade, uma 
decisão interna e individual de amar outra pessoa assim como um comprometimento de longo prazo em manter esse amor. 
 
Encerramento 
• O rompimento de vínculos produz uma sequência previsível de aflição e preocupação com o parceiro perdido, seguida de uma profunda 
tristeza e, eventualmente, dificuldades vivenciadas desde o princípio da separação emocional até um retorno à vida normal. Até mesmo 
casais cujos cônjuges há muito deixaram de sentir afeto um pelo outro, muitas vezes são surpreendidos pelo desejo de estar perto do ex-
parceiro. Os apegos profundos e prolongados não costumam ser rompidos de pronto. Na realidade, separar-se é um processo, não um 
evento pontual que acaba de um dia para outro e portanto, precisa de tempo. 
• Entre os casais de namorados, quanto mais íntimo e prolongado o relacionamento e menores as alternativas disponíveis, mais doloroso o 
rompimento. É interessante destacar como não é só o amor paixão que predomina como temática na maioria dos poemas e músicas da 
nossa cultura, mas também a dor que os namorados sentem quando um relacionamento termina ou quando não consegue ser vivenciado 
pela causa que for. 
• Alguns autores têm posturas mais radical quanto ao amor, acreditando-o como força geradora de caos, de desordem, tentando assim 
explicar a dicotomia entre o que é dito e aceito sobre o amor e aquilo que é de fato realizado pelas pessoas.

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