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LT2 - Psicologia aplicada ao esporte

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PSICOLOGIA APLICADA AO ESPORTE
Unidade II
5 TREINAMENTO PSICOLÓGICO EM EQUIPE
5.1 Motivação do grupo
Ao pensarmos sobre as diferentes atuações do psicólogo esportivo, administrando e monitorando 
estados emocionais pareados ao estado físico, sabemos que o trabalho é imenso e extenuante. 
Isso se analisarmos apenas o perfil de um único atleta, porém, as ações da psicologia esportiva vão 
mais além.
Lembramos que o trabalho é feito e realizado para um indivíduo, mas toda a estrutura que envolve a 
pessoa também deve ser analisada e estudada. Logo, toda a equipe técnica, familiares, clube e/ou escola, 
centros de lazer, projetos sociais e fase de reabilitação devem ser levados em consideração. Ninguém 
está sozinho ou alcança o sucesso sozinho.
De maneira geral e evolutiva, o ser humano não nasceu para viver só, ao passo que precisa estar em 
contato, conviver, fazer parte, apoiar ou até rejeitar algum tipo de grupo que o afeta ou o transforma 
como cidadão.
O primeiro grupo do qual fazemos parte é a família. Simplesmente não a escolhemos, fazemos parte 
dela e logo aprendemos a conviver com nossos pais, irmãos, primos, tios, avós etc. A partir disso, vamos 
nos conectando com diversos e diferentes grupos que a sociedade em que vivemos nos impõe, como 
escola, atividades extraclasse, faculdade, trabalho e grupos de lazer.
Os grupos se tornam mais complexos assim que se expandem da família e dos amigos e chegam 
até o trabalho. No ambiente familiar e de amigos, os laços de parentesco e afinidade são a regra geral 
de formação dos grupos. Quando partem para o recinto das empresas, os grupos se ampliam e se 
subdividem de acordo com as condições impostas.
Conforme algumas teorias, as pessoas se reúnem em grupos na procura de meios necessários à 
satisfação e realização pessoal, além de evitar o sentimento de solidão. Dessa forma, as pessoas buscam 
reduzir a insegurança de estarem sozinhas, tentando combinar valores, atitudes, regras e comportamento 
para satisfazerem seus desejos e alcançarem reconhecimento perante o grupo.
Um grupo se forma sempre que pessoas diferentes se reúnem por um elemento em comum e pode 
ser de natureza formal e informal. Os formais são definidos pela estrutura da organização, por exemplo, 
muitas vezes não escolhemos com quem vamos trabalhar. Os informais correspondem às afinidades 
sociais, os mesmos gostos musicais, partidos políticos, esportes, times de futebol, religião etc.
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Unidade II
Para entender os comportamentos de grupos esportivos e praticantes de atividade física é 
imprescindível definir os conceitos de grupo e equipe. Pode‑se começar com a seguinte afirmação: toda 
equipe é um grupo, mas nem todo grupo é uma equipe.
Basicamente, o que difere um grupo de uma equipe é a interação entre seus membros, especialmente 
no que diz respeito a objetivos comuns e compartilhados. Ou seja, em uma equipe todos têm os mesmos 
objetivos com papéis e funções bem definidas. Existe uma transparência muito grande entre todos, cada 
um sabe o que o outro pensa e sente sobre os assuntos do trabalho.
A equipe é um grupo que compreende seus objetivos e está engajada em alcançá‑los de forma 
compartilhada. A comunicação entre os membros é verdadeira e as opiniões diferentes são estimuladas. 
Em uma equipe assumem‑se riscos e ela investe constantemente em seu próprio crescimento.
Já o grupo é um conjunto de pessoas com objetivos comuns que, em geral, se reúnem por afinidades. 
O respeito e os benefícios psicológicos que os membros encontram produzem resultados de aceitáveis 
a bons. No entanto, o grupo não é uma equipe, muitas vezes nele não há relação de causa e efeito em 
busca de metas e objetivos.
Por isso, é muito importante que um grupo esportivo se torne uma equipe esportiva para determinar 
posições e tarefas a serem executadas com cada integrante, fortalecendo a equipe na busca de um 
resultado em comum. Por outro lado, não podemos deixar os objetivos individuais superarem os objetivos 
da equipe e, ao mesmo tempo, também não podemos extinguir a ambição de cada componente.
Em uma equipe de voleibol, devemos incentivar a coletividade para que todos possam sair vitoriosos 
com o grupo no qual pertencem. Mas não podemos impedir e desestimular que entre os componentes 
haja uma disputa interna, promovendo o melhor atacante ou o melhor líbero, por exemplo.
A busca pela melhor posição dentro de uma equipe é saudável e estimula o crescimento individual 
e, consequentemente, o crescimento da equipe. Ser o melhor entre os melhores é a luta diária de atletas 
de alto rendimento. Logo, tornar‑se uma equipe é verdadeiramente um processo evolutivo dentro de 
um grupo.
Nesse caso, discutiremos quatro estágios importantes para que isso ocorra:
• Formação: todos os membros do grupo devem estar familiarizados uns com os outros, entender 
suas metas, objetivos principais e secundários e avaliar suas forças e fraquezas. A troca de posições 
dentro da equipe é um ótimo exercício a ser considerado para essa fase. Se colocar na posição do 
outro faz com que os componentes entendam cada setor, suas dificuldades e suas vantagens.
• Agitação: caracteriza‑se quando ocorre uma resistência, principalmente, ao líder, em suas ideias 
e imposições. Quando isso acontece, a fase de formação foi bem executada e mostra a força dos 
integrantes em desenvolverem estratégias de crescimento interpessoal, o que muitas vezes faz 
exacerbar a imposição pelas argumentações que serão mais relevantes.
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• Normalização: ocorre quando o conflito, a competição ou a resistência dão lugar à solidariedade 
e cooperação. Grande parte dos conflitos já foram resolvidos e começa a se formar um centro 
único de ideias a serem trabalhadas e discutidas por meio de um envolvimento mais voltado ao 
bem‑estar da equipe do indivíduo.
• Atuação: quando ocorre o entrosamento total da equipe, todos unidos para atingir o sucesso, 
com problemas inter e intrapessoais resolvidos dentro da organização em suas diferentes esferas.
Os quatro estágios de desenvolvimento para o grupo podem acontecer de maneira espontânea, 
porém, são casos raros de se encontrar. Algumas estratégias são utilizadas para que esses estágios se 
solidifiquem, como a coesão grupal, uma estratégia de normalização.
5.2 Coesão grupal
Grupos informais são alianças pessoais que não são estruturadas pela organização, ou seja, 
formam‑se por interesses comuns ou afinidade. Nesses dois aspectos, a coesão é um fator importante, 
pois exerce influência no relacionamento interpessoal e na produtividade.
Um elevado nível de coesão grupal pode propiciar um ambiente organizacional com mais sinergia 
e menos conflito. Mas, de acordo com alguns especialistas da área de gestão de pessoas, quanto mais 
coeso for um grupo, mais semelhante será a produção de seus participantes individualmente.
Esses especialistas também afirmam que grupos muito coesos podem ser vítimas do pensamento 
grupal, ou seja, os membros preocupam‑se em obter uma concordância geral que as normas para o 
consenso passam por cima da avaliação realista das alternativas. E isso pode acarretar uma deterioração 
da eficiência mental do indivíduo, do seu senso de realidade e do julgamento moral como resultado da 
pressão do grupo.
O caminho para a realização da coesão grupal é avaliar e trabalhar com a equipe valores críticos 
que possam afetar o clima organizacional de um grupo, tais como o apoio social, a proximidade, a 
diferenciação, a justiça e a similaridade.
Uma equipe deve aprender que todos os jogadores jogam juntos como uma unidade coesa, um 
bloco homogêneo com um objetivo concreto e heterogêneo em suas metas individuais durante as 
competições. Dessa forma, um grupo deve apresentarafinidades interpessoais importantes, em que o 
estar com o grupo e interagir com os outros traz uma sensação de satisfação pessoal, o conforto de 
sentir‑se bem e acolhido.
O modelo conceitual de coesão de Carron (1982) define sistematicamente a coesão esportiva e o 
exercício. Esse modelo apresenta quatro interferências diretas no desenvolvimento de coesão: fatores 
ambientais, pessoais, de equipe e de liderança.
Esse modelo está representado na figura a seguir:
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Resultados individuais
Consequências comportamentais
Efetividade absoluta do desempenho
Efetividade relativa do desempenho
Satisfação
Resultados de grupo
Estabilidade da equipe
Efetividade absoluta do desempenho
Efetividade relativa do desempenho
Coesão
Coesão relacionada à tarefa
Coesão social
Fatores ambientais
Responsabilidade contratual
Orientação organizacional
Fatores de liderança
Comportamento de liderança
Estilo de liderança
Personalidades dos técnicos e dos atletas
Fatores pessoais
Orientação individual
Satisfação
Diferenças individuais
Fatores de equipe
Tarefa de grupo
Desejo por sucesso do grupo
Orientação do grupo
Norma de produtividade do grupo
Capacidade da equipe
Estabilidade da equipe
Figura 22 – Modelo conceitual de Carron para coesão em equipes esportivas
O apoio da torcida, incluindo familiares e equipe técnica, a proximidade entre os jogadores dentro e 
fora do ambiente profissional, a interpretação valorizada sobre o papel de desempenho de cada membro, 
a aplicação de regras com reforços positivos ou de punição em similaridade a todos são elementos que 
devem ser trabalhados durante todo o ciclo de treinamento, sem hesitar pela exaustão da repetição para 
atingir e manter a coesão grupal.
Uma boa coesão grupal se desenvolve por conta de fatores ambientais, como forças normativas 
que contribuem para que uma equipe permaneça junta, por meio de contratos de jogadores, equipe 
técnica, expectativas de familiares e do próprio jogador, salários, tipo de campeonato que podem gerar 
e contribuir para uma maior comunicação interna e novas oportunidades de interação.
Fatores pessoais também são fundamentais e referem‑se às características do jogador, sua 
personalidade, educação, processo de criação como atleta e como pessoa. Trata‑se da automotivação 
existente que pode contribuir tanto com a equipe quanto com diferentes grupos sociais envolvidos.
Os fatores de liderança também são importantes, no qual todas as regras, metas e objetivos 
devem estar bem definidos e claros para os integrantes e, muitas vezes, a depender da atitude 
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do líder, como o técnico ou capitão de uma equipe que acredita como sua autoconfiança pode 
transmitir segurança. Além disso, é válido o controle feito pelas lideranças sobre os fatores de 
equipe, ou seja, a relação existente entre os objetivos e ambições do indivíduo, esporte individual 
versus o coletivo, a ambição da equipe.
Para isso, existem diferentes modelos de avaliação da coesão grupal, feito por meio da satisfação da 
equipe, do apoio social envolvido, da estabilidade e objetivos do grupo. A análise da produtividade de 
uma equipe também pode ser traduzida em coesão grupal, mas não em uma relação direta.
São funções que o psicólogo do esporte pode ajudar o técnico a desenvolver com seus atletas e 
aumentar a coesão entre todos:
• Comunicar‑se efetivamente.
• Explicar os papéis individuais no sucesso da equipe de maneira clara e objetiva.
• Desenvolver o orgulho dentro das subunidades.
• Estabelecer metas de grupo desafiadoras de modo progressivo.
• Encorajar a identidade do grupo.
• Evitar a formação de “panelas” internas que possam interferir na harmonia entre todos os participantes.
• Evitar uma excessiva rotatividade de componentes e realizar encontros periódicos entre os 
membros da equipe fora do ambiente profissional.
• Entender a energia e/ou o clima que se concentra diante da equipe e conhecer um pouco da vida 
pessoal de cada jogador.
5.3 Espírito esportivo/equipe
A definição de espírito esportivo faz parte da nossa formação, não apenas como atleta, mas como 
cidadãos éticos. Definir o espírito esportivo diz respeito à moralidade, ou seja, são nossas visões e 
ações sobre o que é certo e errado. Compaixão, justiça, esportividade, integridade fazem parte do que 
chamamos de raciocínio moral ao qual estamos envolvidos quando nos colocamos no convívio em 
grupo. Quando produzimos a ideia de comparação social e identificamos julgar o que é certo ou não, 
estamos, na verdade, compondo nossa estrutura moral.
Espírito de equipe envolve sinergia, espontaneidade, sincronia interior entre os envolvidos. Exige 
sinceridade, compaixão, lealdade, ou seja, realmente se trata de algo espiritual que deve ser formalizado 
do interior para o exterior de cada participante da equipe para o contexto que juntos interagem.
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Um ambiente deve ser participativo, acolhedor para ideias, ter discordâncias e diálogos honestos. 
O espírito de equipe não é um fim em si mesmo, mas um meio de se buscar a excelência nos resultados 
e nos objetivos em comum. Um desafio proclamado por muitos e ainda realizado por poucos.
Vale tudo por uma medalha? Depende de até onde acreditamos que serão os limites do vale tudo. 
Se não há limites, é muito provável que não estejamos falando em nos preocupar com a integridade 
dos adversários, mas apenas com o nosso próprio sucesso. Isso fere o que entendemos por espírito 
esportivo, isto é, equidade durante a disputa.
As pesquisas mostram que a participação em educação física e esportes pode impedir comportamentos 
negativos como delinquência e violência, o que intensifica o desenvolvimento positivo do caráter. Nesse 
desenvolvimento é necessário o uso de estratégias bem ponderadas, planejadas e implementadas.
Segundo Weinberg e Gould (2006), nove estratégias para desenvolver o caráter e o espírito esportivo 
foram escritas com base nas abordagens de aprendizagem social, estrutura evolutiva e sociopsicológica:
• Definir o que você considera espírito esportivo em termos precisos.
• Reforçar e encorajar comportamentos desportivos leais e punir e desencorajar comportamentos 
esportivos desleais.
• Modelar comportamentos adequados.
• Transmitir racionalidade, enfatizando por que as ações são adequadas e inadequadas, a intenção 
das ações, troca de papel, compaixão e empatia.
• Discutir dilemas morais.
• Incorporar dilemas morais e escolhas de contextos de treino e aula.
• Ensinar estratégias de aprendizagem cooperativa.
• Criar climas de motivação, orientados à tarefa.
• Transferir poder de líderes para participantes.
Embora essas estratégias sejam fundamentais no desenvolvimento do caráter e do espírito esportivo, 
o conceito de resiliência não pode ser descartado. O aprendizado por meio do erro e a capacidade de se 
adaptar a situações adversas faz parte do mundo esportivo.
O atleta que aprende a desenvolver a capacidade de ser resiliente com toda certeza apresentará uma 
caminhada menos árdua até o ápice de desempenho. Isso acontece com praticantes de atividades físicas 
de todas as idades e o processo deve fazer parte dos planos do técnico com auxílio do psicólogo.
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5.4 Metas individuais x metas da equipe
Figura 23 – Trabalho em equipe – metas individuais e em grupo
Após o desenvolvimento da caracterização de uma equipe por meio do grupo por coesão grupal 
e espírito esportivo, com atletas e praticantes de atividades físicas, de um modo geral devemos nos 
preocupar com a motivação de desempenho. Sempre lembrando que essa motivação deve ser voltada 
a um crescimento pessoale profissional e, consequentemente, a toda a equipe. A junção das ambições 
pessoais para atingir sempre a melhor performance e trabalhar 100% da dedicação é o desenvolvimento 
base do progresso de um time.
Metas individuais
Metas da equipe
Figura 24 – Junção de metas individuais em favor das metas da equipe
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A junção dos componentes de uma equipe eleva as chances dela de atingir seus objetivos, mas para 
que isso ocorra não podemos inibir o avanço das metas individuais dentro do próprio conjunto.
Um indivíduo motivado a se destacar dentro de sua área específica certamente contribuirá para o 
desenvolvimento da equipe como um todo e com o desenvolvimento dos próprios colegas dentro da 
mesma área, dessa forma a concorrência interna também é saudável para o time. Porém, isso deve ser 
estimulado com cautela pelo treinador e pelo psicólogo, a fim de inibir um clima de competição interna 
com a intenção de prejudicar o outro para obter resultados significativos.
Quando um atleta costuma evidenciar ao grupo uma incapacidade ou falha de um colega, muito 
provavelmente está com medo de perder o seu lugar e demonstra uma atitude antiética, ainda que 
seu discurso seja em prol da equipe. Muitas vezes, pequenos objetivos podem favorecer grandes 
resultados. É importante saber reconhecer pontos positivos e trabalhar, por meio da cooperação, os 
pontos negativos para que deixem de sê‑los. Essa postura faz um membro da equipe ser um ponto 
fundamental para todo o progresso dela.
Estar disposto a ajudar sem ser solicitado demonstra capacidade de aumentar os relacionamentos 
interpessoais e proatividade para com toda a equipe. Todo esse trabalho que estamos expondo até o 
momento tem como base fundamental a iniciação esportiva. Motivação do grupo, saber diferenciar 
grupo de equipe, aprender a trabalhar em equipe e ter espírito esportivo são elementos que devem ser 
incorporados por meio do esporte e pela educação familiar e escolar na infância.
5.5 Iniciação esportiva: um instrumento para a socialização e formação de 
crianças e jovens
Talvez um dos maiores problemas quando se trata de crianças no esporte não sejam elas, mas sim 
aquelas pessoas que estão ao seu redor e influenciam diretamente o processo de ensino‑aprendizagem
‑treinamento, como pais, técnicos etc.
Nesse sentido, a psicologia do esporte pode auxiliar os treinadores a intermediarem essas complexas 
relações entre pais e filhos, entre os sentimentos de sucesso desejados pelos pais e os sentimentos de 
ludicidade tidos pelos filhos (NAVARRO; ALMEIDA, 2008).
A situação que mais coloca as crianças em estados emocionais que prejudicam seu desempenho 
são as competições. Isso porque elas tendem ao egocentrismo, já que para uma equipe ganhar a outra 
necessita perder, e quem ganha normalmente é considerado melhor ou mais habilidoso.
Por esse motivo, os pais dos jovens atletas exercem uma pressão muito grande nos praticantes, 
exigindo que alcancem os melhores resultados entre as equipes e, mais do que isso, sejam os melhores 
e mais habilidosos dentro de suas próprias equipes. Isso deve ocorrer com suas limitações de espaço e 
respeito ao colega e aos adversários, pois o esporte é um caminho para o desenvolvimento da formação 
humana e da capacitação do cidadão (NAVARRO; ALMEIDA, 2008).
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Contreras, La Torre e Velázquez (2001) afirmam que a Iniciação Esportiva (IE) é um processo de 
socialização dos indivíduos e possui implícitos determinados valores, conhecimento, condutas, rituais e 
atitudes próprios do grupo social no âmbito que se realiza a iniciação.
Dessa forma, a iniciação não é apenas o momento de início da prática de um esporte, mas a totalidade 
de uma ação que envolve o processo e o produto. Nesse sentido, há um direcionamento interferindo no 
seu produto, decorrente de sua finalidade.
Sendo assim, Sánchez (1999) afirma que a IE pode ser destinada para três fins:
• esporte recreativo;
• esporte educativo;
• esporte competitivo.
O esporte recreativo, conhecido também como esporte‑participação, tem como finalidade o 
bem‑estar dos seus participantes, realizado pelo prazer e pela diversão (TUBINO, 2001). Sánchez (1999) 
coloca que o desenvolvimento da recreação surge como uma reação contra o esporte de rendimento, na 
busca de uma nova cultura esportiva, baseada no sentido democrático do esporte, ou seja, valorizando 
as possibilidades individuais de cada pessoa e descentralizando o resultado.
Segundo Tubino (2001), no Brasil o esporte recreativo seria o chamado esporte popular, ligado ao 
tempo livre e lazer da população, no qual as pessoas praticam por diversão, descontração e relacionamento 
pessoal e social. O autor acredita que esse esporte possibilita o processo de democratização, promovendo 
a participação e oportunidades esportivas para todos.
O esporte educativo busca colaborar para o desenvolvimento global e potencializar os valores da 
criança, está no meio desses dois extremos, constituindo‑se como uma atividade cultural, possibilitando 
a formação básica e contínua por meio do esporte (SÁNCHEZ, 1999). Essa possibilidade da IE busca 
proporcionar o desenvolvimento de atitudes motrizes e psicomotrizes em relação aos aspectos afetivos, 
cognitivos e sociais, respeitando os estágios de desenvolvimento humano.
Tubino (2001) coloca que a orientação educativa no esporte se vincula a três áreas:
• Integração social.
• Desenvolvimento psicomotor.
• Atividades físicas educativas.
Na primeira área, seria assegurada a participação autêntica, possibilitando aos educandos 
a oportunidade de decidir sobre a própria atividade a ser desenvolvida. No desenvolvimento 
psicomotor seriam oferecidas oportunidades para atender às necessidades de movimento, bem como 
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desenvolvimento de habilidades críticas, como a autoavaliação. E as atividades físicas educativas 
englobariam a concretização das aptidões em capacidades.
Tubino ainda considera o esporte educativo como um caminho para o pleno desenvolvimento da 
cidadania no futuro das pessoas. No entanto, o autor ressalta que a iniciação esportiva escolar que 
deveria proporcionar o esporte educativo vem reproduzindo o esporte de alto rendimento, com todas as 
suas características perdendo o conteúdo educativo.
De acordo com Sánchez (1999), o esporte competitivo ou de rendimento é a prática esportiva com 
a finalidade de alcançar a vitória, buscando o movimento mais correto tecnicamente, realizando muitas 
repetições para o aperfeiçoamento da técnica, o que leva o praticante a vencer o adversário.
Essa forma de lidar com o esporte requer muito cuidado, visto que pode se tornar uma réplica do 
esporte de alto rendimento adulto, no qual a criança é tratada como um adulto em miniatura. Isso faz 
com que essa dimensão do esporte tenha um forte impacto social por exigir uma rede de organizações 
complexas, envolvendo investimentos financeiros por se tratar de um público infantil (TUBINO, 2001).
 Observação
No esporte escolar realizam‑se competições infantis que reproduzem 
as competições de alto rendimento, com todas as suas características, 
inclusive os vícios.
Assim, a especialização precoce é apontada como um grande risco do esporte competitivo durante 
a iniciação esportiva infantil.
Ao analisarmos a tríade da psicologia esportiva referente ao meio escolar fica evidente que cada 
vértice tem um papel fundamental na formação esportiva.
Psicólogo do 
esporte
Aluno
EscolaFamília
Figura 25 – Tríade da psicologia esportiva
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Veremos a seguir o papel de cada parte dessa pirâmide para que suas arestas não soframinfluências 
que podem desmoralizar a essência da educação por meio do esporte.
5.5.1 O papel do professor de Educação Física – educador (escola)
Figura 26 – Educação física escolar
Korsakas (2002) aponta para o fato de que o esporte não possui em si nenhuma virtude mágica e como 
qualquer outra atividade pode ser utilizado para várias finalidades, dependendo da intencionalidade 
com que ele é ensinado e praticado.
O esporte não é por si só saudável ou educativo, ele é aquilo que se fizer dele. Na iniciação esportiva 
o professor de Educação Física tem uma proximidade direta com o praticante, além de exercer o papel 
de educador. Ele também desempenha o papel de agente renovador e transformador da comunidade 
na qual está inserido, podendo promover uma reflexão crítica, criativa e de ação, como assegura 
Medina (1990). Complementando, Korsakas afirma que quando a criança é considerada um sujeito 
que se constrói a partir de suas experiências, educar significa possibilitar situações de aprendizagem, 
cabendo ao adulto a condição de facilitador desse processo.
O objetivo da atividade dentro dessa perspectiva será então o desenvolvimento e a aquisição de 
habilidades motoras, além de desenvolver aspectos biológicos, psicológicos e socioafetivos do aluno.
Exemplo de aplicação
Crie estratégias para transformar o jogo adulto em jogo para crianças. Lembre‑se que, muitas vezes, 
a imposição desse tipo de jogo com suas regras e vícios impede o pensamento criativo e crítico, ao qual 
a criança tem direito.
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5.5.2 O papel da família
Figura 27 – O papel da família
Considerar o que motivou a criança a iniciar a prática esportiva é altamente relevante para planejar 
estratégias que facilitem a permanência e continuidade da prática. Nesse sentido, a família é o ponto 
crucial na vida da criança, uma vez que compete a ela a decisão sobre a entrada do filho no esporte e o 
auxílio no momento da decisão sobre a prática.
Existem fatores extrínsecos que podem interferir diretamente nas decisões da família 
em iniciar a criança no meio esportivo. No entanto, não existe nenhum ponto que seja visto 
como totalmente excludente à prática de exercícios. Antes disso, será competido à família as 
condições para o desenvolvimento das habilidades motoras básicas da criança, como engatinhar, 
andar, subir e descer escadas, correr e jogar bola. Será também creditada ao núcleo familiar 
a responsabilidade inicial e principal na aprendizagem de hábitos saudáveis e na valorização 
desses costumes, que vão desde a alimentação e sono, até a prática de exercícios físicos, como 
garante Marques (2000).
Os pais podem influenciar na escolha do esporte para os seus filhos por diversos motivos, entre eles 
educacionais, saúde e busca de ascensão social. Há casos nos quais ocorre uma recomendação médica 
para auxiliar no tratamento e/ou prevenção de doenças da criança ou pais que associam a prática do 
exercício físico como algo saudável para a vida do filho.
Becker (2000), Weinberg e Gould (2006) e Becker e Götze (2003) mostram que os pais têm 
expectativas e necessidades diferentes das crianças sobre o motivo que as levam à prática 
esportiva. As crianças apontam alegria, aperfeiçoamento e aprendizagem de habilidades, encontro 
com amigos e conquista de novas amizades, sentir emoções e aquisição de forma física como 
motivos para iniciar a prática esportiva. Já a continuidade da prática por crianças e jovens envolve 
outras razões, como a necessidade de diversão, gosto pela atividade esportiva e capacidade de 
proporcionar contatos sociais.
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5.5.3 O papel ativo da criança
Figura 28 – O papel ativo da criança
A utilização do lúdico no momento de iniciação no esporte parece ser fundamental para que a 
criança sinta prazer na atividade. É importante ressaltar que a motivação intrínseca para o esporte na 
infância é um fator preponderante para a permanência na prática. Deve‑se reforçar a importância do 
lúdico como processo da iniciação esportiva para a criança, desenvolvendo sua autonomia, criatividade 
e espontaneidade, além de proporcionar, desde a infância, o conhecimento e apropriação do próprio 
corpo, das suas capacidades, da sua necessidade de cuidado e de seus limites.
A criança deve ser encorajada a ter senso crítico em relação ao que participa como ludicidade ou 
esporte. Muitas pedem para ficar fora das aulas de Educação Física por inúmeros motivos, entre eles, 
podemos citar:
• Vergonha em expor o corpo em tarefas que têm medo de executar.
• Preconceito com atividades diferentes, como pensar que algumas brincadeiras são para meninos 
e não para meninas e vice‑versa.
• Recomendação médica (o que envolve uma ampla discussão).
• Preguiça e sono.
• Baixa autoestima.
• Baixa autoconfiança.
• Medo de errar.
• Bullying.
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O fato de não querer se envolver em uma atividade é um direito da criança. Porém, isso deve ser 
analisado com cuidado, pois pode ser simplesmente pelo fato de a criança usar o não querer como uma 
moeda de troca ao que parecer a ela mais favorável.
Os pais e professores precisam estar atentos ao comportamento infantil e têm a obrigação de 
despertar na criança o interesse por atividades físicas, sejam elas quais forem. Dessa forma, identificamos 
ser um ponto crucial o despertar esse interesse como uma obrigatoriedade dos responsáveis.
O estímulo, o modelo familiar e escolar são imprescindíveis. Pais que praticam atividades físicas 
regulares e que expõem aos filhos diferentes tipos de modalidades esportivas, competitivas ou não, 
têm mais chances de terem filhos mais ativos e saudáveis. O professor que apresenta uma aula com 
atividades bem diversificadas ajuda a criança a desenvolver sua disposição para aprender e enfrentar 
ações em diferentes formas com a atividade física.
Visto os três vértices da tríade esportiva (professor–criança–família) na área de atuação escolar, serão 
desenvolvidos os pontos a serem trabalhados pelo psicólogo do esporte para harmonizar os diferentes 
papéis descritos.
5.5.4 Reflexões sobre o papel do psicólogo do esporte
O psicólogo do esporte atua como mediador das relações da tríade professor‑família‑criança. 
Conhecendo as especificidades do contexto e das relações da tríade, ele pode pensar em formas de 
intervenção. Pensando em formas de atuação será possível propor intervenções que favoreçam a 
potencialização e a compreensão das experiências psicológicas, afetivas e sociais (fracassos, derrotas, 
medo, euforia, ansiedade) pela criança, pela família e pelo profissional da Educação Física.
O trabalho interdisciplinar perpassa toda a intervenção do psicólogo e torna essa atuação abrangente 
e complexa. A decisão sobre como atuar dependerá do conhecimento da tríade sobre o contexto da 
iniciação esportiva. Somente a partir disso será possível pensar, refletir, escolher e criar formas de 
intervenção, atendendo às demandas do praticante e ampliando o universo da prática profissional do 
psicólogo do esporte.
Considera‑se relevante novos estudos nessa área, focado em ações multi e interdisciplinares, 
englobando todas as pessoas participantes do processo de iniciação esportiva – criança, familiares, 
profissionais da saúde e da educação.
Para entender melhor a importância de ações multidisciplinares, vejamos o relato de Natália Eidt, 
atleta da ginástica rítmica desportiva, medalhista de ouro nos jogos Pan‑Americanos de Santo Domingo, 
em 2003, que em entrevista ao jornal Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, destaca as consequências da 
especialização esportiva precoce e do treinamento para a sua vida:
Irei deixar o palco em 2004. Preciso recuperar o tempo perdido ao lado 
da família. No ano que vem estarei com 18 anose a nossa carreira dura 
no máximo até os 20. Nosso corpo sofre muito e temos constantes lesões. 
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O novo código da GRD nos obrigou a movimentos que exigem muita 
flexibilidade e tive que ficar muito tempo me recuperando de um problema 
na coluna (GAZETA DO SUL, 2003, p. 32).
Tal afirmação vai ao encontro do que foi posto por Scalon (2004), que afirma que as crianças, ao 
ingressarem em um programa de iniciação esportiva, anseiam por divertimento, alegria, prazer, saúde, 
aprimoramento das suas habilidades esportivas, reencontrar amigos, relacionar‑se com novas amizades 
e participar de um grupo esportivo. 
Existem alguns motivos que levam a criança a essa prática esportiva precoce:
• Maior quantidade de esportes organizados em federações.
• Influência midiática sobre crianças e adolescentes.
• Anseios dos pais quanto à busca pelo desenvolvimento físico e psíquico (socialização) de seus filhos.
• Busca de talentos, resultando em um recrutamento esportivo precoce.
• Ocupação do tempo livre.
• Alternativa de atividades físicas, principalmente para crianças sem espaço residencial para brincar.
• Preocupação dos pais com a obesidade infantil.
• Recomendação médica para tratamento de doenças cardiorrespiratórias (Ex.: asma e bronquite).
De um modo geral podemos classificar o envolvimento no esporte sem uma reflexão 
fenomenológica em:
• Iniciação Esportiva Precoce (IEP): atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade, 
caracterizada por uma alta dedicação aos treinamentos (mais de dez horas semanais) e 
principalmente por ter uma finalidade eminentemente competitiva.
• Treinamento Especializado Precoce (TEP): ocorre quando crianças são introduzidas antes da 
fase da puberdade a um processo de treinamento planejado e organizado a longo prazo, que se 
efetiva em um mínimo de três sessões semanais. Seu objetivo é o gradual aumento do rendimento, 
além da participação periódica em competições.
Alguns pesquisadores têm tentado encontrar as razões que buscam justificar a IEP e o TEP. Hahn (1988) 
concluiu que o adiantamento da idade de máximo rendimento, principalmente em determinados esportes, 
motiva as federações, clubes e treinadores a iniciar esse processo dirigido ao alto rendimento cada vez com 
maior precocidade.
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Observa‑se que de todos esses motivos expostos, nenhum deles se ajusta aos interesses e necessidades 
reais das crianças, pois são todos argumentos extrínsecos ao verdadeiro e principal ator desse jogo: a 
criança. É importante ter em vista que nenhuma medalha vale a saúde de uma criança.
A prática intensiva de um esporte competitivo iniciado precocemente na infância pode ocasionar 
alguns prejuízos. Para facilitar o entendimento desse assunto, dividimos os possíveis riscos em quatro 
grandes áreas:
• Riscos de tipo físico: problemas ósseos, articulares, musculares e cardíacos, dependendo da 
especialidade esportiva, sobretudo aquelas tecnicamente mais complexas que empregam um grande 
número de repetições de gestos técnicos, visando a automatização e aperfeiçoamento do movimento.
• Riscos de tipo psicológico: em crianças competidoras foram encontrados níveis extremamente 
altos de ansiedade, estresse e frustração. São conhecidos casos de talentos esportivos com futuro 
promissor que hoje se sentem martirizados internamente por fracassos e desilusões resultantes 
de maus resultados em competições. Isso pode provocar uma formação escolar deficiente, e, 
pior, parece que a criança esportista participa menos das brincadeiras e jogos do mundo infantil, 
atividades indispensáveis ao pleno desenvolvimento de sua personalidade.
• Riscos de tipo motriz: essa “pobreza” motriz ocasionada pelo TEP está mais presente em alguns 
esportes do que em outros, podendo, inclusive, impossibilitar a prática futura de um esporte 
diferente daquele que praticou durante a infância (VARGAS NETO, 1995). É normal observarmos 
atletas de alto nível que adquiriram “automatismos motores extremamente rígidos” que lhes 
impedem de executar movimentos novos e diversificados. Trata‑se de um paradoxo do esporte 
a plena e total habilidade em uma modalidade esportiva, impedindo nesse mesmo indivíduo sua 
disponibilidade motriz generalizada (VÁZQUEZ, 1989).
• Riscos de tipo esportivo: pode ser que estamos iniciando/especializando a criança em uma 
prática esportiva para a qual ela não tem as mínimas condições especiais exigidas. Parece ser 
também que a conquista de importantes títulos ou marcas durante a infância não é garantia 
de sucessos esportivos quando o atleta se torna adulto. A seleção de talentos é um campo das 
ciências do esporte que ainda precisa avançar muito.
Na realidade brasileira a Educação Física não motiva, uma vez que a psicologia do esporte parece 
estar fundamentada apenas no caráter de alto rendimento. As atividades básicas de desenvolvimento 
não são valorizadas pela família nem no âmbito escolar, pela falta de um programa de educação nacional 
e motivador ao professor em sala de aula.
No Brasil, não produzimos talentos, procuramos talentos. Talvez esse seja o maior de todos os riscos, 
não só ao atleta, mas principalmente a toda sociedade, submissa às leis morais que ignoram o poder 
social do esporte.
Dessa maneira, podemos citar dez pontos importantes para diminuir os riscos existentes nesses tipos 
de iniciação esportiva.
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São eles:
• Durante as cargas elevadas, aumentar os tempos de recuperação.
• Priorizar o desenvolvimento da resistência aeróbica em lugar do treinamento da resistência anaeróbia.
• Evitar as situações em que se bloqueia a respiração (apneias prolongadas).
• Quando fizer força, evitar as cargas elevadas que incidam sobre a coluna.
• No treinamento de força, aumentar o trabalho de flexibilidade.
• Nas tarefas que exigem alta coordenação motora, ter em mente a limitação do processamento de 
informação nas crianças.
• Priorizar os movimentos e as habilidades naturais em lugar dos exercícios elaborados.
• Valorizar a variedade em lugar da estereotipação dos gestos técnicos.
• Para melhor motivação, valorizar o aspecto lúdico das atividades.
• Para maior carga motivacional, efetuar o treinamento em grupo, e não individual.
Os dois últimos itens ressaltam a importância da motivação, mais um foco para reduzir os treinamentos 
precoces. A base para ela está nas escolas, então, surge a pergunta: No Brasil, a Educação Física motiva?
Começando pelo professor, ele deve apresentar sua personalidade, aparência, naturalidade, dinamismo, 
entusiasmo, humor, cordialidade, disposição etc. como fatores motivacionais aos alunos. O professor é 
um modelo; apresentar a compreensão das causas ou das influências que justificam início, manutenção e 
intensidade do comportamento é a crítica para o entendimento da ocorrência das aulas.
Segundo Machado (2006), em qualquer situação o ser humano busca por rendimento ou a evita 
com base nas experiências anteriores de aprendizagem, com as quais ativa esperanças pelo sucesso ou 
o temor do fracasso.
Quem é motivado pelo sucesso se caracteriza por fixar, para si mesmo, um nível de exigência 
executável e realista, demonstra uma conduta aguerrida para atingir a sua meta. A causa de suas 
falhas é o pequeno esforço ou motivos externos, jamais a total falta de talento. Já quem é motivado 
pelo fracasso se caracteriza por fixar um nível de exigência nada real e irrealista ou excessivamente 
baixo, e demonstra uma conduta apática para atingir a sua meta. A causa de suas falhas é a total 
falta de talento.
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 Saiba mais
Os filmes a seguir ajudam a refletirmais sobre o papel dos pais, dos 
professores e da escola na iniciação esportiva:
BILLY Elliot. Dir. Stephen Daldry, 1999. 170 minutos.
CAMPEÃO. Dir. Russell Mulcahy, 2003. 114 minutos.
COM A BOLA toda. Dir. Rawson Marshall Thurber, 2004. 92 minutos.
Entender esse processo é ponto fundamental na formação estratégica de professores, técnicos e 
psicólogos do esporte. Então, mais uma vez, estamos falando de comportamento, assunto que será 
melhor explorado a seguir.
6 COMPORTAMENTO
A base da psicologia está na observação do comportamento diante do ambiente e da tarefa 
exigida. A partir desse ponto, podemos traçar relações e criar novas instruções que ajudam a 
transformar comportamentos baseados no meio esportivo ou em atividades físicas para o melhor 
bem‑estar do indivíduo.
Essa função do psicólogo está representada na figura a seguir e isso se aplica a todas as áreas 
de atuação:
Psicologia do esporte
Instruções
Mudança de 
comportamento
Observação Relações
Figura 29 – O papel do psicólogo esportivo
Como visto anteriormente, o comportamento humano é a matéria‑prima para o trabalho do 
psicólogo esportivo. Por meio de uma análise interpretativa do comportamento, podemos definir 
estratégias de ação. Dessa forma, precisamos entender o que é o comportamento para observá‑lo 
com maior precisão e identidade.
O comportamento é moldado por nossas experiências de vida, por meio de três produtos: cognitivo, 
afetivo e motor, conforme representado na figura a seguir:
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Pensamentos Cognitivo
Sentimentos Afetivo
Ações Motor
Comportamento
Figura 30 – Produtos do comportamento
O produto cognitivo é resultado da aprendizagem de novas informações e novos conhecimentos. 
Variam em complexidade, desde informações curtas memorizadas (datas, acontecimentos, pessoas etc.) 
até a compreensão profunda de conhecimentos organizados, e capacidade de avaliá‑los e aplicá‑los. 
Logo, quando nos referimos à cognição não podemos deixar de citar a aprendizagem baseada no 
processo de memorização.
Aprendizagem é uma mudança de comportamento global
Ser humano: cognitivo‑afetivo‑motor
Aspectos interligados
Figura 31 – A aprendizagem e o comportamento
Entender a situação na qual o atleta está inserido, avaliar seus riscos e definir estratégias faz parte 
do produto cognitivo do comportamento. Esse produto pode ser ampliado de acordo com o grau de 
percepção e resiliência da pessoa.
O produto afetivo é a capacidade da pessoa se deixar afetar pelas situações da vida, perdendo diante 
delas, em maior ou menor grau, a objetividade. O oposto da afetividade seria a indiferença, por exemplo, 
se não se consegue fazer um distanciamento em relação a algo, é porque isso o afetou, despertou um 
estado afetivo de prazer ou desprazer.
O afeto está diretamente relacionado com a aprendizagem, pois corresponde a preferências, 
sentimentos, atitudes e valores.
 Lembrete
Faz‑se necessário entender que por meio da análise do comportamento 
do indivíduo, só ou em grupo, a reavaliação deve ser exaustiva, visto que 
a sociedade é passível de mudanças que afetam o nosso comportamento.
Costuma‑se dizer que quanto mais “frio” o atleta estiver no momento do estresse competitivo, mais 
racional ele será para compreender a situação e aumentar sua chance de tomar uma atitude correta. 
É o produto cognitivo sobrepondo o produto afetivo, porém, muitas vezes, ser apático demais em relação 
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a uma situação pode levar o atleta a ter uma atitude antidesportiva ou egoísta. Por isso, lembramos que 
todo aspecto emocional, que inclui a parte afetiva, deve estar no seu ponto ótimo, baseado no gráfico 
do U invertido.
Existem momentos que precisamos estar mais racionais e outros mais afetuosos para lidar com 
maior sinergia e alcançar melhores resultados. Esse equilíbrio é passível de treinamento se o psicólogo, o 
técnico e o atleta estiverem em sintonia para compreender suas respostas diante de desafios diferentes 
em ambientes diferentes.
O ser humano pensa, sente e age. Pensamentos e sentimentos não são observáveis diretamente por 
outros seres humanos, já ações sim. Por isso, em Educação Física utilizamos o termo psicomotor para 
deixar claro que, por meio das ações, outros aspectos do psiquismo se manifestam. O produto motor é 
a exteriorização do processo entre os produtos cognitivos e afetivos.
Além de serem vínculo de exteriorização dos aspectos mais encobertos do comportamento, 
determinados tipos de ações podem constituir‑se em produtos específicos da aprendizagem. Trata‑se 
dos chamados automatismos, ou hábitos e habilidades.
Podemos descrever três fases dos automatismos:
• Fase cognitiva: atenção para captar e compreender uma situação.
• Fase organizadora: deslocamento do aspecto cognitivo ao motor.
• Fase de aperfeiçoamento: prática conduz ao domínio do automatismo.
Os hábitos correspondem ao uso repetitivo de determinada conduta em alguma situação. Já a 
habilidade consiste no domínio de determinada técnica, corresponde a como fazer, enquanto o hábito 
a fazer muitas vezes.
Os produtos do comportamento são independentes, porém, interligados. Dessa forma, fica impossível 
trabalhar um produto e não acarretar influências sobre o outro. Uma pessoa pode ser menos afetiva 
do que outra, ou mais racional, o que é uma razão efetuada pela personalidade, o que não deixa de ser 
passível de mudanças, pelo menos por um período ou em uma ocasião.
A análise do comportamento não é exata. Existe sempre a possibilidade do erro e esse pode ser 
minimizado por meio de uma maior relação de confiança entre executor e observador. Um ator pode nos 
demonstrar profunda tristeza, mas não passa de pura encenação e, dessa forma, qualquer pessoa pode 
encenar a qualquer hora, uns com mais veemência e outros não. Existem diferentes técnicas para induzir 
a modificação de comportamentos, eliminando os indesejáveis e fortalecendo os desejáveis.
São exemplos de algumas aplicações utilizadas por psicólogos na busca para alterar o comportamento:
• Treinamento comportamental.
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• Modificação do comportamento.
• Controle da contingência.
• Treinamento de habilidades mentais.
• Treinamentos condicionantes.
• Hipnose.
Uma parte do comportamento é aprendida e a outra é hereditária. Visto dessa forma, é possível alterar 
o comportamento quando se tem a possibilidade da aprendizagem de formas diferentes. Por outro lado, 
se uma habilidade aprendida não for reforçada poderá ser esquecida, logo a repetição de uma boa prática 
evita a grande dificuldade do atleta em desaprender o que aprendeu erroneamente.
O esquecimento se dá quando não se repete a ação, mas sua extinção não existe por completo, 
já que é mais fácil uma pessoa reaprender um comportamento do que aprender um novo apenas o 
realizando novamente. Por essa razão, o atleta de mais alto nível deve sempre repetir os movimentos 
de base. O melhor jogador de vôlei da história tem como parte de seus treinamentos a realização de 
movimentações simples, como se posicionar para efetuar um passe.
Desse modo, muitos treinadores utilizam a repetição como fonte de aprendizagem, porém, vinculadas 
a estímulos, definindo uma ação condicionada, ou seja, automatizada.
6.1 Teoria dos condicionamentos
6.1.1 Teoria pavloviana
Figura 32 – Ivan Pavlov
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A teoria descrita por Ivan Pavlov (1927) com base na mudança de comportamento por 
estímulo‑resposta visa mostrar que é possível conduzir um estímulo incondicionado por meio de 
estímulos condicionados por meio de ação reflexa. Ou seja, pode‑se induzir um comportamento usando 
um estímulosem que a pessoa pense para realizar determinada ação, apenas por um automatismo de 
movimento a partir de um comando.
Pavlov se utilizou da salivação de um cão para demonstrar sua teoria. Ele percebeu que todas as vezes 
que se aproximava do cão com um pedaço de carne (estímulo não condicionado), o cachorro salivava 
(reflexo inato) e quando associava ao momento que oferecia o pedaço de carne a uma campainha e 
repetisse essa operação algumas vezes, o cão salivava apenas com o soar da campainha, e não mais com 
a presença da comida.
Os cachorros naturalmente salivam por comida, assim, Pavlov chamou a correlação entre o estímulo 
não condicionado (comida) e a resposta não condicionada (salivação) de reflexo não condicionado.
A figura a seguir representa o experimento de Pavlov.
Figura 33 – Experimento de Pavlov
Portanto, segundo Barreto (2003), a teoria de Pavlov tem como princípio a conexão dos estímulos 
ambientais com as respostas viscerais, isto é, a formação de novas conexões nervosas temporárias com 
manifestações de comportamentos ajustados ou desajustados.
Um estímulo externo ou interno chega a um outro receptor nervoso e dá origem a um impulso 
nervoso. Esse impulso nervoso é transmitido ao longo das fibras nervosas ao sistema nervoso central 
e age em função da existência de conexões nervosas, dando origem a um novo impulso que passa ao 
longo das fibras que saem para o órgão ativo, em que excita uma atividade especial das estruturas 
celulares. Assim, um estímulo parece ter uma ligação de necessidade com uma resposta definida, como 
“a causa com o efeito”, segundo Pavlov e Skinner.
Se essas conexões forem condicionadas, o atleta terá melhores condições de exercer maior controle 
emocional em momentos de estresse. Quanto mais condicionado e automatizado o indivíduo estiver 
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para realizar uma técnica ou ter um comportamento tático, maiores as possibilidades de aumentar sua 
concentração em outras tarefas.
 Lembrete
Pavlov mostra a importância do condicionamento e do 
contracondicionamento por meio da motivação positiva ou da motivação 
por punição. Porém, devemos lembrar que para manter o estado 
condicionado se faz necessária a motivação de tempos em tempos.
6.1.2 Teoria do condicionamento operante
Figura 34 – Edward L. Thorndike
Edward L. Thorndike (1911) postulou a lei do efeito, um princípio de aprendizagem que seria 
aplicável tanto ao comportamento animal quanto ao humano. A lei afirma que aquelas ações que 
têm resultados agradáveis para o animal (incluindo o homem) tendem a se repetir, enquanto que as 
que têm resultados desagradáveis, tendem a desaparecer.
Não é difícil reconhecer nesses princípios as semelhanças com o chamado condicionamento operante, 
proposto por Burrhus F. Skinner alguns anos mais tarde. Thorndike lança, portanto, as bases de uma das 
mais influentes correntes psicológicas: o behaviorismo.
Esse tipo de condicionamento descrito por Skinner tem em sua base a repetição da ação por 
consequência de uma recompensa. Cria‑se uma resposta por meio da tentativa e erro, a fim de buscar 
uma recompensa, e ela se repete quando há a necessidade de execução com o reforço positivo.
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As tentativas de ação para compensar uma necessidade geram respostas e se forem recompensadas 
aumenta‑se a probabilidade de repetição da ação, porém, se receberem uma resposta punitiva diminui‑se 
a probabilidade de repetição.
Uma das experiências usadas por Thorndike para representação desse comportamento foi a utilização de 
animais em diferentes testes. Um dos mais famosos foi por meio da prisão de um gato faminto (necessidade) 
em uma gaiola, próxima a um prato de comida (recompensa), e para abrir a gaiola o gato deveria acionar uma 
argola. Por meio de inúmeras tentativas o gato conseguiu abrir a gaiola e, então, foi recompensado. Repetir 
o mesmo procedimento várias vezes fez com que o gato aprendesse a sair da gaiola, sem grandes esforços 
como no começo. Cria‑se, então, uma aprendizagem usando sua própria ação operante.
Esse experimento conceitua a lei do efeito, que sugere que as respostas seguidas de perto pela satisfação 
ficarão firmemente ligadas à situação e, portanto, mais propensas a voltar a ocorrer quando a situação se 
repetir. Por outro lado, se a situação é seguida por desconforto, as ligações com a situação serão mais fracas, 
e o comportamento de resposta é menos provável de ocorrer quando a situação é repetida.
Figura 35 – Experimento da lei do efeito desenvolvida por Thorndike
O comportamento operante é muito diferente de um reflexo, ele não se opõe em ação por um 
estímulo, mas por meio do reforço é possível que uma ação se repita. Se um jogador faz uma jogada com 
um bom resultado, a probabilidade de repeti‑la é muito maior, ou seja, como quando uma consequência 
é reforçadora.
As ações são formadas por um processo de modelagem, isso quer dizer que não existe um 
ensinamento da ação, apenas um reforço, o que leva a uma repetição e, assim, se dá a aprendizagem. 
Em outro experimento, Skinner fez um pombo girar 360 graus exatamente quando ele queria, 
utilizando‑se apenas da técnica da recompensa com a comida. Todas as vezes que o pombo virava 
um pouco para a esquerda, ele lhe oferecia comida, e a cada vez ele esperava a ave girar um pouco 
mais para dar‑lhe a recompensa. Depois de algumas repetições, o pombo finalmente aprendeu que 
deveria girar para conseguir sua recompensa.
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Figura 36 – Burrhus F. Skinner
Outra forma de alterar a capacidade de um comportamento operante ser emitido é utilizando o 
estímulo discriminativo, ou seja, criando um contexto favorável ou desfavorável daquele comportamento. 
Diferentemente do reforço, o estímulo discriminativo tem como base o ambiente ser ou não favorável para 
que o comportamento seja efetuado. Todas as variáveis ambientais que interferem no comportamento 
a ser emitido são consideradas estímulos discriminativos, porém, esses estímulos não influenciam no 
desencadeamento ou inibição da ação, apenas influenciam na probabilidade de ela ocorrer ou não.
Nesses experimentos também chama a atenção dos pesquisadores o momento inicial da primeira 
atitude do animal em resolver a situação, o poder de insight perante as tarefas.
 Observação
Para facilitar a aprendizagem, observar o quadro a seguir:
Quadro 1 
Condicionamento clássico (Pavlov) Condicionamento operante (Skinner)
Papel passivo do sujeito Papel ativo do sujeito
Envolve reações provocadas por 
estímulos
Envolve ações desempenhadas em 
situações apropriadas e recebimento 
de recompensa
Ocorre com reações emocionais (sentir) Ocorre com reações motoras (fazer)
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 Saiba mais
Os filmes apresentados a seguir ajudam a entender melhor as 
experiências realizadas pelos principais autores mencionados neste livro:
IVAN Pavlov. Dir. Grigoriy Roshal, 1949. 103 minutos.
LARANJA mecânica. Dir. Stanley Kubrick, 1971. 156 minutos.
WHIPLASH: em busca da perfeição. Dir. Damien Chazelle, 2014. 106 minutos.
6.1.3 Insight
Insight significa uma compreensão súbita de uma situação, entender um problema de forma intuitiva. 
O insight se dá de forma súbita: é aquele instante em que, de repente, tudo faz sentido, fica claro e 
compreensível. As relações entre os elementos das situações são percebidas. Cria‑se nele uma grande ideia.
Para se ter uma grande ideia ou resolver um problema quando todos ainda pensam sobre ele, é 
necessário conhecimento e compreensão. Ninguém terá um insight sobre um assunto se antes não 
conhecer e compreender as necessidades. Exatamente o que acontece no modelo de condicionamentooperante de Skinner, o gato só sai da caixa se antes compreender onde está e como se encontra.
Wolfgang Köhler fez a seguinte experiência para tentar compreender e descrever como funciona um 
insight. Colocou em uma sala macacos selvagens e famintos, sendo que dentro dela também existiam 
algumas caixas espalhadas, e pendurou no centro um cacho de bananas. No primeiro momento, os 
macacos não conseguiram organizar as caixas para pegar as bananas. Então, posteriormente, colocou 
nessa sala, nas mesmas condições, apenas macacos de circo que já haviam tido contato com as caixas.
Figura 37 – Modelo de Köhler, 1917
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Assim, um dos macacos começou a juntar as caixas e subiu para pegar as bananas. Mas por que isso 
ocorreu? Como e por que ele teve esse insight? Quais foram os fatores determinantes para tal ação?
Primeiro, o macaco só teve o insight porque antes já tinha tido contato com as caixas, compreendeu 
a situação, ou seja, identificou a comida e como alcançá‑la e depois teve a ideia súbita.
Assim, Köhler concluiu que para o insight acontecer é preciso um ambiente propício, nesse caso, a 
fome dos macacos e o cacho de bananas em evidência, ou seja, compreensão da situação e vivências 
anteriores. Portanto, a experiência fez uma grande diferença.
Vale lembrar que nem todos os macacos colocados na jaula conseguiram realizar a tarefa, ao passo 
que ocorreram finalizações em tempos diferentes de acordo com a idade dos animais. Macacos que 
nunca tinham tido contato (brincado) com as caixas não foram capazes de realizar a tarefa, enquanto 
que os macacos que tinham acabado de comer não tiveram interesse em pegar a banana.
Por conseguinte, podemos entender que a motivação (fome, interesse, estado emocional), 
familiaridade com a situação (experiências anteriores), nível de inteligência e diferenças individuais, 
além do grau de estruturação da situação, favorecem a lei da percepção.
Se colocarmos o insight no meio esportivo, entendemos os motivos de se ter uma equipe mista com 
atletas experientes e jovens jogando lado a lado. Podemos afirmar que um atleta tenha um insight mais 
favorável em situações de jogo, diminuindo os erros e resolvendo os problemas imprevistos de maneira 
mais satisfatória, aumentando a chance de maior desempenho. Soluções rápidas poupam energia para 
outras funções fundamentais.
7 ASPECTOS EXTERNOS QUE INFLUENCIAM NA PREPARAÇÃO 
PSICOLÓGICA DO ATLETA
Os aspectos psicológicos podem interferir em desempenho, motivação, atenção, percepção, 
concentração, formas de aprendizagem do atleta e as teorias do comportamento são fundamentais aos 
estudos do psicólogo esportivo para garantir a harmonização da tríade na psicologia desportiva.
É válido ressaltar que a análise do comportamento humano não se refere apenas ao eu, mas sim ao 
ambiente e à tarefa nas quais estamos inseridas. Compreender os aspectos exteriores, os quais estamos 
vulneráveis, é importante, pois eles interferem no nosso comportamento.
O psicólogo deve saber trabalhar também com as pessoas e como elas lidam com vitórias 
e derrotas, com a torcida a favor ou contra, com a pressão de pais, técnicos e dirigentes, com 
a exigência dos patrocinadores e com o mundo das drogas que circundam o meio esportivo, 
principalmente de alto rendimento.
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7.1 Torcida
Figura 38 – O torcedor
A torcida exerce um papel fundamental durante a carreira de um atleta. Sua energia é passível de 
mudanças bruscas ao longo de uma partida, apoiando ou vaiando em questões de segundos. A torcida 
é o espectador que apresenta prejulgamentos, muitas vezes não se importando com o bem‑estar físico 
e emocional do atleta e/ou da equipe.
O tipo de torcida e/ou torcedor e sua atuação são fatores que interferem de maneira direta e indireta 
nos atletas. Em sua composição estão familiares, torcida organizada, espectador, telespectador, imprensa, 
técnico, companheiros etc.
Existem indivíduos e equipes esportivas que só conseguem obter êxitos em competições quando se 
deparam com o público adversário, passando a jogar em função do público que está fora do setor de 
jogo, e não mais com a equipe adversária. Logo, entender o papel do torcedor e seu comportamento 
também é fonte inesgotável de estudos no meio esportivo.
Assim como o atleta, o torcedor também apresenta um comportamento diante da expressão da 
ação, que é manifestada pelo resultado da interação de diferentes pontos: personalidade, cultura, 
expectativas, papéis sociais e experiências. A partir disso, começamos a entender como pode existir 
uma mudança brusca de comportamento. Para o torcedor, diferentes variáveis podem influenciar seu 
comportamento e até mesmo exercer forte influência que conduz à agressividade.
Figura 39 – Diferentes tipos de torcedor
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Três tipos de torcedor fazem parte do espetáculo esportivo:
• Torcedor racional: é aquele que estuda o esporte independentemente do time para o qual ele torce. 
É a pessoa que entende a técnica, a tática, sabe o nome dos atletas e da equipe técnica, entende os 
posicionamentos do técnico e da equipe durante a disputa, acompanha os treinamentos, a transição 
de jogadores etc. Nesse caso, o esporte fica em primeiro lugar, à frente do próprio time. Muitas vezes, 
seu conhecimento é utilizado como um consultor profissional de clubes e setores da mídia.
• Torcedor expectador: é aquele em que a sua torcida se limita apenas ao exato momento da 
partida e ao seu time. Utiliza‑se do esporte apenas como lazer e entretenimento. O jogo, o time 
e o esporte não interferem no seu cotidiano, são usados apenas como uma forma de integração 
social, não sendo tão afetado pela vitória ou pela derrota.
• Torcedor paixão: é aquele que, geralmente, não torce com racionalidade, vislumbra apenas uma 
satisfação intrínseca e um apoio social. A paixão é a emoção intensa convincente, um entusiasmo 
ou um desejo sobre qualquer coisa. Esse sentimento de excitação é tão forte que o faz até mesmo 
abrir mão de outras coisas que antes tinha mais interesse, ao ponto de cometer alguma loucura.
Essas loucuras, embora muitas vezes verdadeiras declarações de amor, também podem se traduzir 
em atitudes agressivas, quando o atleta e/ou a equipe não apresenta os resultados esperados pelo 
torcedor, e isso se inflama quando as reações são compartilhadas pelo grupo.
Quando em grupo, que é um propósito natural de sobrevivência do ser humano, cria‑se, então, 
o poder das massas, a verdadeira coragem vinda da união. O ser humano precisa do grupo para se 
autoafirmar e se mostrar como alguém na sociedade. E isso, misturado à paixão, pode criar uma ação 
exacerbada dependendo do meio e da tarefa. Pode até mesmo estar suscetível ao condicionamento 
dessa ação pejorativa.
Sánchez (2014) afirma que o cérebro humano tem disposição para acreditar com facilidade em 
qualquer ideologia que lhe permita diferenciar o grupo ao qual pertence dos outros. Isso pode levar ao 
assassinato de uma pessoa ou à aniquilação de todo um grupo dissidente. O ser humano é social porque 
viver em grupo favorece a sobrevivência, ao passo que quem vive isolado tem maior chance de contrair 
doenças e de ser morto.
Então, começamos a criar uma receita que pode formar uma torcida organizada e uma torcida 
organizada criminosa, e sabemos exatamente os ingredientes que são claros e definidos:
• Paixão.
• Grupo.
• Emoções.
• Propósito/tarefa (torcer: incentivar, vaiar).
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• Momento pelo qual a equipe passa (final de campeonato).
• Atitudes dos jogadores dentro de campo.
• Atitudes imorais, teoricamente permitidas.
• Impunidade.
• Poucaestrutura.
• Pouco entretenimento.
• Pouca segurança inteligente.
• Altos salários dos jogadores como um argumento para maior cobrança pelo torcedor (diferenças 
de classes sociais).
• Situação socioeconômica do país.
Talvez a quantidade exata de cada ingrediente anteriormente descrito ainda não esteja clara e 
requeira mais estudos. Sabe‑se, no entanto, que a torcida influencia de forma direta na performance 
do atleta.
Essas influências variam da seguinte forma:
• Quantidade de torcedores: quanto menor o número de torcedores menos influência a torcida 
consegue exercer.
• Proximidade física/estrutural dos estádios, quadras etc.: deixam os torcedores mais próximos 
aos atletas e elevam a participação do torcedor. Assim, o atleta consegue ouvir exatamente o que 
o torcedor está dizendo e até mesmo “olhar no olho” dele. Essa influência se estende até mesmo 
à arquitetura dos palcos esportivos, colocando o torcedor o mais próximo possível, aumentando 
o conceito de arena, e não mais estádio, como no caso de alguns esportes.
• Proximidade de parentesco/histórico familiar: quanto maior o grau de parentesco maior a 
influência sobre os atletas.
• Torcida incentivadora: a maioria dos atletas se sente mais autoconfiante.
• Torcida exigente: pode desenvolver uma situação de estresse nos atletas desmotivando ou 
mesmo criando um desequilíbrio emocional.
• Jogar dentro ou fora de “casa”: fator incentivador ou não, depende do jogador e da situação 
diante do campeonato.
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As influências também dependem do nível esportivo do atleta. Por exemplo, atletas mais experientes 
sofrem menos influência nesses critérios, pois são mais dotados de atenção e concentração durante 
as partidas. Existem indivíduos e equipes esportivas que só conseguem obter êxitos em competições 
quando se deparam com o público adversário, passando a jogar em função do público que está fora do 
setor de jogo, e não mais com a equipe adversária.
Habilidades atléticas que requerem coordenação complexa, movimentos executados com precisão e 
concentração intensa podem ser facilmente prejudicadas pela presença de observadores, até mesmo se 
estiverem bem aprendidas.
De acordo com Singer (1997):
• Atletas em nível inicial de aprendizagem são prejudicados pela torcida.
• Atletas em estágio intermediário de aprendizagem apresentam desempenho levemente prejudicial 
ou favorável pela ação da torcida.
• Atletas de alto nível técnico e psicológico apresentam influências positivas ou nenhuma influência 
da torcida.
O psicólogo deve trabalhar com os atletas que apresentam desequilíbrio físico e emocional diante da 
torcida, o que chamamos de atenção seletiva.
 Observação
É importante utilizar recursos que auxiliem o atleta a selecionar pontos 
que possam ajudá‑lo no desenvolvimento global do esporte. Por exemplo, a 
técnica, a tática e o trabalho em equipe, pilares que devem ser construídos 
desde a iniciação esportiva.
7.1.1 Uso da atenção seletiva para favorecer o desempenho diante das manifestações 
da torcida
A atenção seletiva, como já citado anteriormente, é a capacidade do indivíduo em selecionar 
as informações mais importantes e saber ignorar as irrelevantes. Ela ajuda a aumentar o foco e a 
concentração, expondo a pessoa a maiores chances de compreender e, consequentemente, selecionar 
um problema ou mesmo realizar uma habilidade motora de maneira mais eficaz.
O fato de não ter tantas informações disputando sua atenção faz com que seu cérebro poupe energia, 
ou seja, diminua o número de conexões nervosas para realizar a mesma tarefa. Os focos de atenção são 
escolhidos pelo interesse e pelo ambiente, e isso pode ocorrer mesmo de forma inconsciente. Por exemplo, 
quando no meio de uma festa onde muitas pessoas estão conversando ao mesmo tempo e seu nome é citado, 
automaticamente você presta atenção no que está sendo dito ou em quem disse seu nome. Os estímulos 
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podem ser de diferentes sentidos como o olfato, a audição, o cinestésico etc., porém, o cérebro é incapaz de 
assimilar todos eles e acaba por filtrar as informações.
A atenção seletiva tem grande influência sobre a aprendizagem, maximizando o foco e possibilitando 
maior memorização e mais precisão em habilidades diversas. No entanto, ao se aprender algo novo os 
níveis são bem altos e se mantêm de acordo com o interesse sobre a tarefa e as plenas condições 
ambientais, mas isso tende a diminuir com a automatização do movimento. Por isso, muitos atletas diminuem 
os níveis de atenções durante um jogo, como a torcida, os adversários e os pensamentos aleatórios, 
contudo, quanto maior o tempo de atenção, menores os riscos de erros.
Para aumentar o poder de atenção seletiva em um atleta, o mais importante é discutir os pontos 
cruciais que merecem foco e criar treinamentos em que esses pontos sejam evidenciados com o aumento 
nas possibilidades de distração.
 Lembrete
A atenção seletiva deve ser praticada nas diferentes fases do 
treinamento, a fim de se criar uma automatização e libertar o atleta 
do pensamento preocupado com a variável externa selecionada. Isso se 
dá para que os papéis não se invertam e não haja a criação de uma 
dependência de funções.
A seguir estão alguns exemplos a serem utilizados.
Durante o treinamento, escolher um objeto com uma cor específica e predominante e pedir ao atleta 
que faça o treino quantificando todos os objetos que ele perceber. Então, ao final do tempo estipulado 
durante o treino, pedir que recorde de todos os objetos que viu. Começar com objetos diversos, depois ir 
especificando em relação ao esporte e, logo depois, em relação às metas e objetivos.
Depois, pedir ao atleta para fazer uma recontagem em sua mente, tentar recordar dos objetos e se 
não deixou escapar algum da contagem. Essa é uma maneira de a pessoa optar por apenas um estímulo 
e dar foco a ele, aprimorando sua capacidade de atenção seletiva.
Outra prática muito comum é criar diferentes ações. Pedir ao atleta que realize uma habilidade, um chute 
ao gol, um drible, um cabeceio, uma virada olímpica na natação, uma troca de bastão em um revezamento 
etc. Com esse conteúdo selecionado, pedir que realize a tarefa, mas, ao mesmo tempo, que preste atenção em 
outras situações, como o que um torcedor está dizendo, uma música, a cor de uma bandeira, o posicionamento 
de outros atletas etc.
Pedir ao atleta que dê o máximo de sua atenção à habilidade principal, pois, no final, além de 
executar a tarefa na melhor performance possível ele deve fazer um resumo de tudo que viu. Com isso, 
o cérebro estará sendo treinado com fatores que o deixam relaxado/excitado ou tomam sua atenção, a 
fim de dar foco ao que realmente é necessário, mesmo não sendo algo tão novo ou interessante.
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A atenção seletiva é a chave principal da porta que abre o cérebro do atleta para seu foco principal, 
sem desvirtuá‑lo com outras situações irrelevantes para sua performance, até mesmo a agressão física 
ou psicológica de seus adversários.
Exemplo de aplicação
Uma variável externa que se apresenta como dependente e condicionante ao esporte é a torcida. 
Reflita sobre as formas do psicólogo esportivo de detectar pontos positivos e negativos de ações da torcida 
frente ao atleta. Isso ajuda a definir e descrever como utilizar recursos baseados nesse fato para motivar.
7.2 Drogas
A recuperação de um atleta envolvido em diferentes vícios, como drogas e álcool, deve ser desenvolvida 
para representar em seu perfil uma questão de superação e apresentação de seu estado como modelo 
social. Isso se dá por meio do equilíbrio emocional da ansiedade, racionalizando os pensamentos e 
exemplificando quais os principais comportamentos úteis,agradáveis e/ou prejudiciais a ele e para os 
que o cercam.
 Observação
Muitas vezes a atuação da psicologia esportiva vai de encontro com algumas 
equipes técnicas, perante o uso de anabolizantes, pois coloca em evidência 
questões éticas sobre a superação de limites e bem‑estar físico e emocional. 
É importante ter consciência do papel profissional que devemos exercer.
Embora seja comprovado que a prática esportiva não seja garantia de distância do mundo das 
drogas, o esporte é a grande saída de qualquer situação prejudicial a uma pessoa, pois mobiliza uma 
gama de hormônios e neurotransmissores responsáveis por determinadas sensações e emoções que temos. 
Controlando a injeção desses hormônios em nosso organismo, estamos controlando nosso comportamento.
Infelizmente, o uso de drogas é usual no meio esportivo. Muitos atletas de alto nível já declararam 
uso de drogas ilícitas como maconha, heroína, diferentes inalantes, cocaína, LSD, ecstasy, além do uso 
indiscriminado de anabolizantes, álcool e tabaco. O uso de qualquer droga ou medicamento para aumentar 
o desempenho é considerado doping, o que fere o espírito esportivo, promovendo a desigualdade de 
condições entre os atletas, além de proporcionar grandes riscos à saúde.
A prática esportiva pode ser a saída do mundo das drogas, quando o jogo se apresenta como prazer, 
distração e competições amadoras. Entretanto, no alto rendimento, a busca pela vitória, pelo reconhecimento 
social e pela estabilidade financeira representa um objetivo de vida a ser seguido. Por isso, a possibilidade 
de se sujeitar à procura por atalhos é muito tentadora, diante das altas cargas de treinamento e de estresse 
que passam os esportistas profissionais.
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Pontos apresentados por alguns esportistas que justificam o uso indiscriminado de drogas 
e anabolizantes:
• Melhorar o desempenho.
• Aumentar o volume de massa muscular.
• Fortalecer músculos e ossos.
• Aumentar o transporte de oxigênio para ativar os tecidos.
• Disfarçar as dores.
• Estimular o corpo.
• Relaxar.
• Reduzir peso.
• Esconder o uso de outras drogas.
Muitas vezes, o esporte cria uma extensa relação de confiança entre a equipe técnica e o atleta, 
o que é fundamental para um melhor desempenho, mas apesar disso alguns atletas se sujeitam a 
atividades sem a questionarem e acabam induzidos a ingerir anabólicos. Essa relação existente entre 
drogas e esportes vem de longa data. Algumas substâncias foram difundidas após a Segunda Guerra 
Mundial para melhorar a capacidade de combate dos soldados, como a anfetamina e os anabólicos 
esteroides, diminuindo a fome, dor e fadiga, acelerando a recuperação muscular.
A testosterona e os medicamentos como a nandrolona também eram usados e logo chegaram ao 
meio esportivo como fator adjuvante para ganho de massa muscular. Esses estimulantes são substâncias 
que possuem um efeito direto sobre o sistema nervoso central, que aumentam a estimulação do sistema 
cardíaco e do metabolismo. As anfetaminas, a cocaína, efedrina e cafeína são usadas para conseguir os 
mesmos efeitos da adrenalina, e tal como o aumento da excitação podem aumentar a capacidade de 
tolerância ao esforço físico e diminuir o limiar da dor. Exemplos de esportes em que encontramos atletas 
que fazem uso dessas substâncias são o basquete, ciclismo, vôlei e futebol.
Analgésicos narcóticos são substâncias que estão representadas pela morfina e petidina. São derivados 
do ópio e atuam no sistema nervoso central, diminuindo a sensação de dor, sendo por esse último efeito o 
motivo pelo qual são utilizados por atletas. Esse efeito de diminuição da sensação da dor pode ser prejudicial 
aos atletas, pois pode acarretar que um atleta menospreze uma lesão perigosa levando ao agravamento. 
Essas substâncias são usadas em esportes de bastante resistência, como maratona e o triátlon.
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Os anabolizantes são derivados do hormônio masculino, a testosterona. Quando um atleta os consome 
pode ganhar força, potência e maior tolerância ao exercício físico. São substâncias usadas em todos os 
tipos de esporte e por pessoas que optam por acelerar o aparecimento de resultados para ter um corpo mais 
musculoso. A eritropoetina é um hormônio que aumenta a quantidade de glóbulos vermelhos (hemácias) 
no sangue e, consequentemente, adapta um maior transporte de oxigênio para as células, todavia os 
efeitos colaterais também aparecem, como hipertensão arterial, risco de infartos, embolia pulmonar e 
convulsões. É a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros esportes de resistência.
É importante salientar que a opção de indução hormonal exógena, outros anabólicos e medicamentos 
causam muito mais efeitos prejudiciais do que benefícios ao organismo. Os anabolizantes agem nas fibras 
musculares proporcionando maior retenção hídrica e de nitrogênio, favorecendo a síntese proteica. Dessa 
maneira as fibras aumentarão de tamanho, proporcionando maior resistência e volume ao músculo.
7.2.1 Doping
Figura 40 
O doping se caracteriza por ser uma substância ilícita utilizada para aumentar a performance 
esportiva. Isso pode ser de ordem farmacológica, hormonal, genética, sanguínea e exteriorizada. Todo 
o ano a Agência Mundial Antidoping (Wada) publica a lista atualizada de substâncias proibidas para os 
atletas. As punições vão desde uma advertência até a possibilidade de o atleta ser banido do esporte.
Em relação às substâncias farmacológicas e hormonais proibidas, elas são distribuídas em cinco 
grupos principais:
• Estimulantes (cafeína, anfetaminas e cocaína).
• Narcóticos e analgésicos (hormônio adrenocorticoide e cortisona).
• Anabolizantes (beta‑2 agonistas, HGG, GH, insulina etc.).
• Diuréticos (furosemida, hidroclorotiazida, manitol etc.).
• Hormônios peptídicos e análogos.
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Já o doping genético é caracterizado por ser utilizado pela terapia gênica para alterar o DNA. 
Provocando a formação de uma substância dopante no próprio corpo, não há exigência da ingestão 
ou injeção de substâncias proibidas. Esse tipo é invisível e muito eficaz, porém, pesquisas recentes já 
mostram que há como detectá‑lo.
O doping sanguíneo tem como base fundamental aumentar a quantidade de hemoglobina 
no sangue, e isso geralmente é feito de maneira exógena, sendo retirada uma quantidade de 
sangue do atleta e reservada em lugar refrigerado. Próximo à competição, o sangue é injetado e, 
consequentemente, apresenta um grande número de hemácias que promove maior transporte de 
oxigênio, aumentando a eficiência do desempenho.
O chamado doping exteriorizado são as alternativas tecnológicas que podem melhorar muito o 
rendimento, como a famosa pele de tubarão, utilizada por nadadores na confecção de macacões que 
facilitam a aerodinâmica em corredores de curta distância, tênis que aumentam a propulsão vertical do 
salto etc. Muitos desses instrumentos já foram proibidos pelas respectivas confederações de esportes, 
pois aumentavam a desigualdade perante às competições, o que gerava brigas entre patrocinadores, 
clubes e atletas.
As classificações dos dopings são:
• pré‑competitivo;
• durante a competição;
• pós‑competitivo.
Atualmente, existem muitos atletas de elite que estão mais preocupados em não serem pegos nos 
exames antidoping do que no fato de utilizarem ou não substâncias proibidas. O psicólogo esportivo 
deve sempre zelar pelo bem‑estar do atleta e inibir a prática do doping.
 Saiba mais
Os filmes relacionados a seguir ajudam a entender melhor a interferência 
do doping no mundo esportivo:
ÍCARO. Dir. Bryan Fogel e Mark Monroe, 2017. 121 minutos. 
A CORRIDA do doping. Dir. Paulo Markun, 2016. 90 minutos. 
A MENTIRA de Armstrong. Dir. Alex Gibney,

Outros materiais