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Relatório de Cinesiologia Discentes: Andreo Gabriel e Rogério Fagundes Cinesiologia do Punho A articulação do punho é, talvez, a articulação mais complexa do corpo humano. Ela possibilita o controle e a estabilidade necessária para manter a mão em uma posição funcional. A articulação do punho é constituída por duas articulações: a articulação radiocarpal e a articulação mediocarpal. A articulação radiocarpal é constituída pela extremidade distal do rádio e o disco articular (ulnocarpal), e pela fileira proximal dos ossos do carpo. Na fileira proximal, temos de lateral para medial os ossos escafóide, semilunar e piramidal. Por haver um disco articular entre a ulna e a fileira proximal dos ossos carpais, a ulna não é considerada parte dessa articulação. O osso pisiforme, localizado na fileira proximal dos ossos carpais, não se articula com o disco articular porque se situa anteriormente ao osso piramidal. Portanto, também não é considerado parte dessa articulação. A articulação radiocarpal é do tipo sinovial, elipsóidea biaxial, possibilitando os movimentos de flexão e extensão, além de abdução e adução da mão. A combinação desses quatro movimentos é denominada circundução, não havendo rotação na articulação radiocarpal. A articulação mediocarpal está localizado entre as duas fileiras de ossos carpais, a fileira distal é composta de lateral para medial, pelos ossos trapézio, trapezóide , capitato e hamato, enquanto as articulações intercarpais estão localizadas entre os ossos carpais em cada fileira individualmente. O formato dessas articulações é irregular, sendo sinovial, planas e não axiais, com movimentos de deslizamento que, em conjunto, contribuem para o movimento do punho. Figura 1: Articulações do punho esquerdo (vista anterior). Movimentos da articulação A união da face articular inferior do rádio, do disco articular da cabeça da ulna e das faces articulares dos ossos da fileira proximal do carpo formam uma elipse e, considerando os componentes dessa articulação, é classificada como sinovial elipsóide. As articulações elipsóides geralmente se movimentam em dois eixos promovendo flexão/extensão e abdução/adução. Porém, ao somarmos os movimentos de deslizamento das demais articulações intercarpais, a articulação radiocárpica é capaz de produzir o movimento de circundução, entretanto, nesse tipo de circundução não se realiza movimentos de rotação. Na articulação do punho o movimento de abdução pode ser denominado como desvio radial e adução de desvio ulnar, devido a relação desses movimentos da mão em direção aos ossos citados. - Figura 2 A. Movimentos e posições do punho no plano sagital. B. Movimentos do punho no plano frontal. Ossos Como dito anteriormente, os ossos carpais estão organizados em duas fileiras com quatro ossos em cada. Na fileira proximal, os ossos são escafoide, semilunar, piramidal e pisiforme. Na fileira distal, no sentido lateral para medial, são trapézio, trapezóide, capitato e hamato. São ossos curtos dispostos em arco, de concavidade anterior (palmar) e convexidade posterior. Esse arco contribui muito para a capacidade de posição do polegar. Figura 3: Ossos da região carpal da mão (vista anterior, mão esquerda). Ligamentos Na articulação radiocarpal do punho existem quatro ligamentos que proporcionam sustentação ao mesmo. Além disso, há numerosos ligamentos menores que reforçam as articulações intercarpais. O ligamento colateral radial do carpo fixa-se no processo estilóide do rádio e nos ossos escafóide e trapézio. O ligamento colateral ulnar do carpo fixa-se no processo estilóide da ulna e nos ossos pisiforme e piramidal. Ambos ligamentos proporcionam um suporte lateral e medial à articulação radiocarpal. O ligamento radiocarpal palmar é um ligamento resistente e espesso, que se torna tenso na extensão, limitando assim a extensão do punho. É uma faixa larga que se estende da superfície anterior da extremidade distal do rádio e da ulna até a superfície anterior dos ossos carpais da fileira proximal, além do capitato na fileira distal. Esse ligamento é muito importante para a função do punho quando comparado ao seu correspondente, o ligamento radiocarpal dorsal, porque a maioria das atividades da mão ocorre em extensão e não em flexão. Devido a isso o ligamento radiocarpal palmar é mais propenso a sofrer estiramento ou entorse. Figura 4: Ligamento radiocarpal palmar (mão esquerda). O ligamento radiocarpal dorsal se estende da superfície posterior da extremidade distal do rádio até a superfície posterior do escafóide, semilunar e piramidal. Este ligamento se torna tenso a flexão, limitando assim o grau de flexão da mão. Como as forças determinantes de flexão excessiva não são tão intensas quanto as determinantes de extensão excessiva, esse ligamento não é tão forte quanto o ligamento radiocarpal palmar. Figura 5: Ligamento radiocarpal dorsal (mão esquerda) A aponeurose palmar é relativamente espessa e triangular, localizando-se superficialmente na palma da mão. Ela recobre os tendões dos músculos extrínsecos e oferece certa proteção às estruturas da palma da mão, por isso, serve para inserção distal do músculo palmar longo que se funde a ela, assim como o retináculo dos músculos flexores. Figura 6: Aponeurose palmar (vista anterior). Músculos do Punho A articulação do punho e da mão possuem numerosos músculos que se originam nos epicôndilos medial e lateral do úmero. Esses acidentes anatômicos são pequenos e não tem área superficial suficiente para acomodar todas as inserções musculares. Esse desafio é atendido por um tendão único que origina-se de cada um desses acidentes anatômicos e se divide em múltiplos ventres musculares diferentes, cada ventre é identificado como um músculo separado. O tendão flexor comum é um tendão único que se origina no epicôndilo medial do úmero, dando origem a muitos músculos que são agonistas primários para a flexão no punho ou na mão. Ou seja, Mm. pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo. Da mesma forma, o tendão extensor comum se origina no epicôndilo lateral do úmero, esse tendão único dá origem aos músculos agonistas primários nos movimentos de extensão do punho e dos dedos das mãos. Ou seja, os Mm. extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo, extensor dos dedos e extensor do dedo mínimo. Existe uma exceção do M. extensor radial longo do carpo, devido ele possuir origem logo acima do côndilo lateral, na crista supracondilar lateral. Os músculos do punho possuem linhas de tração verticais, portanto, as ações musculares são determinadas pelas superfícies articulares cruzadas por esses músculos. Qualquer músculo que cruza o lado anterior do punho aproxima as superfícies anteriores do antebraço e da mão, criando flexão do punho. Já os músculos que cruzam o lado posterior do punho criam extensão do punho ao aproximar as faces posteriores da mão e do antebraço. Temos também os músculos que cruzam e se inserem na face medial ou na face lateral, no qual são responsáveis por criar o desvio ulnar ou desvio radial, respectivamente. Embora esses músculos tenham suas ações primárias no punho, pode-se dizer que alguns músculos, por terem sua origem nos epicôndilos e sua linha de tração, tenham funções de assessoria na articulação do cotovelo. O músculo flexor ulnar do carpo é um músculo superficial que segue ligeiramente anterior, ao longo da margem ulnar do antebraço, é o mais medial dos três músculos superficiais que flexionam o punho e encontra-se em posição medial ao palmar longo. O seu local de origem é o epicôndilo medial do úmero (tendão flexor comum) e sua inserção é na base do quinto osso metacarpal e no osso pisiforme. É um agonista primário na flexão e na adução da mão (desvio ulnar), tendo uma leve participação na flexão de cotovelo. Esses movimentos são utilizados para martelar, executar um forehand no tênis e realizar um arremesso acima da cabeça com a margem medial da mão em direção aomovimento. Ações: Flexão do Punho, adução da mão (desvio ulnar do punho) e discreta flexão do cotovelo. Inervação: Nervo ulnar (C8-T1). O músculo flexor radial do carpo também é um músculo relativamente superficial que vai do tendão flexor comum no epicôndilo medial do úmero, até a base do segundo e terceiro ossos metacarpais. É também o músculo mais lateral dos três músculos superficiais que flexionam o punho e encontra-se em posição medial ao braquiorradial. Esse músculo apresenta dupla função no punho: Em primeiro lugar, flexiona o punho juntamente com vários outros músculos com origem no epicôndilo medial do úmero. A segunda função do flexor radial do carpo é induzir a mão (desvio radial do punho). Nesse caso, ele atua em conjunto com os extensores radiais longo e curto do carpo. Movimentos como escavar o solo com pá ou lançar um disco ativam o flexor radial do carpo. Ações: Flexão do punho, abdução da mão (desvio radial), discreta flexão do cotovelo e discreta flexão do antebraço. Inervação: Nervo mediano (C5-T1) O músculo palmar longo é um músculo superficial de origem no epicôndilo medial do úmero, com inserção na aponeurose palmar. O palmar longo está mais centralizado na região anterior do antebraço, entre os flexores radial e ulnar do carpo, em virtude disso, é incapaz de abduzir ou aduzir a mão. Os esforços desses músculos estão concentrados na flexão do punho e na tensão da aponeurose palmar. Em algumas pessoas esse músculo acaba não possuindo esse músculo, em um lado do corpo ou em ambos. Mas como é um músculo muito pequeno, sua ausência acaba não acarretando em perda significativa de força. Quando presente o palmar longo auxilia em movimentos como do golfe, de arremessos e golpes acima da cabeça, como no tênis e no voleibol. Todos esses movimentos exigem uma flexão potente do punho com o cotovelo em extensão quase total. Ações: Tensão da aponeurose palmar, flexão do punho e discreta flexão do cotovelo. Inervação: Nervo mediano (C5-T1) Agora na região carpal posterior, temos o músculo extensor radial longo do carpo, que diferente dos outros músculos extensores sua origem é na crista supraepicondilar lateral, tornando-se o único músculo extensor do punho que não se origina do tendão extensor comum. O músculo segue ao longo da região póstero-lateral do antebraço para se inserir na base do segundo osso metacarpal. É um agonista primário na extensão e na abdução da mão. Também auxilia na flexão do antebraço, devido suas fibras musculares cruzarem a articulação do cotovelo. Ações: Extensão do punho, abdução da mão (desvio radial), auxilia na flexão do cotovelo e discreta supinação do antebraço. Inervação: Nervo radial (C5-T1). O adjetivo longo no nome do músculo extensor radial longo do carpo, indica que existe um músculo curto. O músculo extensor radial curto do carpo encontra-se medialmente ao extensor radial longo do carpo e possui sua origem definida no epicôndilo lateral do úmero (tendão extensor comum). O local de sua inserção é a base do terceiro osso metacarpal. O M. Extensor radial curto do carpo trabalha em estreita colaboração com o extensor radial longo do carpo para estender o punho. Esses dois músculos em conjunto produzem o potente backhand no tênis, assim como o leve “efeito chicote” ao lançar um frisbee. Esses músculos também fazem o movimento de abduzir a mão (desvio radial) em conjunto com o flexor radial do carpo. O uso excessivo desses músculos pode resultar em inflamação dessa estrutura, denominada epicondilite lateral ou “cotovelo de tenista”. Devido serem menos desenvolvidos que os músculos flexores. Esse desequilíbrio muscular pode causar lesões por uso excessivo. Ações: Extensão do punho, abdução da mão (desvio radial) e auxilia na extensão do cotovelo. Inervação: Nervo radial (C5-T1) Por último, mas não menos importante temos o músculo extensor ulnar do carpo, que é um músculo superficial com origem no epicôndilo lateral do úmero (tendão extensor comum), seguindo medialmente ao longo da região posterior do antebraço até se inserir na base do quinto osso metacarpal. É um potente extensor do punho e adutor da mão (desvio ulnar), porém, ele não atua sozinho, ele atua sinergicamente com o flexor ulnar do carpo para aduzir a mão. Esses movimentos da mão são importantes para se efetuar golpes com martelo ou cortar madeira com machado. Arremessos, rebatidas com taco de beisebol e tacadas de golfe, pois exigem uma adução da mão. Ações: Extensão do punho, adução da mão(desvio ulnar) e discreta extensão do cotovelo. Inervação: Nervo radial (C5-T1) Participação Dupla dos Músculos do punho Os músculos do punho possuem mais de uma ação, portanto, não conseguem criar movimentos em um plano cardeal ao se contrair isoladamente. Por exemplo, o M. flexor radial do carpo sempre traciona o punho obliquamente em um movimento combinado de flexão e desvio radial e não consegue, por si só, realizar um movimento de flexão ou desvio radial. Ele necessita que o M. flexor ulnar do carpo contraia junto para que ocorra a flexão do punho, dessa maneira anulando (neutralizando) a ação de desvio radial do M. flexor radial do carpo. Figura 7: Participação dupla dos músculos do punho. Para que ocorra movimento em um plano cardeal (linhas azuis), as ações musculares (linhas vermelhas) precisam ter neutralizados os movimentos indesejados. Patologia Epicondilite Lateral A epicondilite lateral (E.L) é definida com uma tendinite do extensor radial curto do carpo (ERCC) e tem ligação com a força tanto na fase aguda quanto na fase crônica. O extensor comum dos dedos (ECD) e o extensor radial longo do carpo (ERLC) também podem estar envolvidos. A epicondilite do cotovelo, como é conhecida, é uma inflamação no local de origem dos tendões da musculatura do antebraço (tendão extensor comum). Normalmente é causada por movimentos repetitivos que geram microrupturas dos tendões junto a sua inserção no osso. Etiologia e Incidência Esta doença acomete igualmente homens e mulheres, sendo mais comum na faixa etária entre 35 e 50 anos. Pode parecer intrigante o fato de muitas pessoas com epicondilite não praticarem tênis, muito menos golf. Na verdade esta doença pode acometer praticantes de diversos esportes que utilizam o membro superior, como por exemplo: Handboll, squash, remo, esportes de arremesso, entre outros. Mas também aqueles que não praticam esporte estão sujeitos a desenvolver essa patologia, especialmente quando realizam atividades repetitivas com a mão, punho ou cotovelo. Como: datilografia, carpintaria, pintura entre outras atividades manuais. Ilustração : Epicondilite lateral. Referências: 1: S., LIPPERT, L. Cinesiologia Clínica e Anatomia, 6ª edição. Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo GEN, 2018. 2: Cael, Christy. Anatomia Palpatória e Funcional. Disponível em: Minha Biblioteca, Editora Manole, 2013. 3: KAPANDJI, I. A. Fisiologia Articular. Volume 1. Ombro, cotovelo, prono supinação, punho e mão.6ª ed. Ed. Guanabara Koogan, 2007. ISBN: 978-8530300524 4: NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético: fundamentos para a reabilitação física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 5: DE AQUINO, Helmar. CURSO DE FISIOTERAPIA.
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