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Patologia Oral 21.1 Cistos dos Maxilares Módulo 6 Compõe um grupo de lesões que podem acometer os maxilares. Podem ser amplamente subdivididos em dois grandes grupos: - Cistos odontogênicos - Cistos não-odontogênicos Cistos Odontogênicos Divididos em: - Inflamatórios - De desenvolvimento Cistos Odontogênicos Inflamatórios Principal representante: Cisto radicular Variações: - Cisto residual - Cisto radicular lateral Cisto periodontal colateral inflamatório - Distal do 2° molar inferior obs: nem todos os autores reconhecem esse cisto. Cisto Radicular - 7 a 54% das lesões da região periapical de natureza inflamatória - Expansão indolor do osso na região afetada - Radiotransparência periapical unilocular - Descontinuidade da lâmina dura - Deslocamento das raízes adjacentes (lesão de grande dimensão) Radiografia: Ponto radiolúcido unilocular Pode apresentar áreas com diferenças de radiotransparência Nem sempre é muito bem delimitada por uma área radiopaca - o limite da lesão é um pouco difuso. - Não sabemos onde termina a lesão e onde começa o osso normal. Etiopatogênese: Advém de um processo inflamatório prévio na região apical, chamado de granuloma apical. → Granuloma apical: tecido de inflamação, ou seja, tecido conjuntivo cronicamente inflamado, e áreas de proliferação celular. Como surge o granuloma apical? - Inflamação crônica - Restos epiteliais de Malassez Morte ou destruição do tecido pulpar. - Drenagem para região periapical. No ligamento periodontal, ficam os restos epiteliais de Malassez, possibilitando que o produto das células inflamatórias leve a proliferação de epitélio que esteja presente naquela área. Lâmina de odontogênese: - Apontado: limite entre o ligamento periodontal e o osso Visão aproximada - Dentina - Cemento - Apontado: restos epiteliais de Malassez. Etiopatogênese: - Necrose das células epiteliais interna por degeneração hidrópica (necrose de liquefação). - Formação de cavidade cística Centralmente preenchida por líquido e em volta haverá o revestimento da célula epitelial. Sustentando essas células epiteliais, haverá o tecido conjuntivo. (Quando há uma cavidade cística, o tecido conjuntivo passa a ser chamado de cápsula do cisto) - Crescimento centrífugo da cavidade. Teorias de formação: Em vermelho: cavidade pulpar com tecido pulpar Em azul: dentina Em preto: cemento O tecido pulpar, quando sofre um dano por trauma ou cárie, ou dano químico, o tecido tende a morrer e quando morre passa a liberar uma série de citocinas que vão estimular uma reação inflamatória na região periapical. Essa reação periapical vai levar a uma diferença no pH e nas concentrações de O2 e CO2 - Aumento de C02 - Diminuição de pH e 02 Se na polpa houver a presença de remanescentes da parede da bactéria (lipopolissacáride - LPS), todo o processo inflamatório será exarcebado, contribuindo inicialmente para a formação do granuloma e, havendo permanência desse processo, vai haver a proliferação e acúmulo de células epiteliais. Que depois irão necrosar no centro e formar a cavidade cística. Teorias de Cavitação: Células epiteliais mais centrais sofrem necrose de liquefação. Existem outras 2 teorias de cavitação (na imagem). Teorias de Crescimento: Interação entre endotoxinas e citocinas. Osteoclasto - destruição do tecido ósseo, para que a cavidade se instale. Histopatológico: Todo cisto precisa ter 3 estruturas principais: - Lúmen preenchido por líquido e células descamadas. - Limitante epitelial estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose e/ou acantose. - Cápsula de tecido conjuntivo fibroso. - Cavidade - Limitante epitelial Cisto radicular: maioria das vezes é pavimentoso estratificado. - Cápsula de tecido conjuntivo fibroso. - Apontado: revestimento epitelial - Abaixo desse revestimento: cápsula de tecido conjuntivo inflamado. - Acima do epitélio: cavidade ou lúmen cístico. - Epitélio - Tecido conjuntivo cronicamente inflamado obs: nem sempre o tecido epitelial é contínuo. - Cristais de colesterol com células gigantes, hemácias e áreas de pigmentação por hemossiderina (a pigmentação não aparece nesse corte). - Fendas negativas dos cristais de colesterol (espaço em branco) - Macrófagos xantomizados que digeriram muitos lipídeos e começam a liberar no tecido conjuntivo. - Célula gigante associada. Corpúsculos de Rushton → Calcificações Cisto Periapical Lateral - Área radiolúcida na parte lateral da raiz. (Devido aos canais acessórios) - Pesquisa da fonte de inflamação - Nem sempre há lâmina dura Cisto Periapical Residual - Área radiolúcida - Bastante circular ou oval - Localizada no processo alveolar em sítio de exodontia prévia Não foi feita uma boa curetagem, ficando remanescente de inflamação ou restos epiteliais. Ao ser estimulado, formou o cisto. - Aparecem muitos anos depois - Pigmentos de hemossiderina. - Processo inflamatório e presença de edema. Cistos Odontogênicos de Desenvolvimento - Cisto Dentígero - Cisto de Erupção - Cisto Ortoqueratinizado ou Paraqueratinizado - Ceratocisto Odontogênico - Cisto Odontogênico Glandular - Cisto Periodontal Lateral - Cisto Botrióide - Cisto Gengival do Adulto - Cisto Gengival do Recém-nascido Odontogênese: - Células colunares altas - Formação de odontoblastos e ameloblastos. - Dente formado. - Formação de dentina e polpa dentária contendo odontoblastos. O cisto dentígero de erupção e o ceratocisto terão origem a partir de remanescentes dessas estruturas. Cisto Dentígero - Associado a dentes inclusos (3MI, CS, 3MS, 2PMI, dentes decídulos, dentes supranumerários, odontomas) - Idade 10-30 anos - Homens/brancos - Assintomáticos O paciente só passa a perceber uma assimetria facial - Pode ser infectado, causando tumefação e dor. - Infecção: dente parcialmente irrompido, lesão periodontal e periapical. Aspectos Radiográficos: - Lesão radiotransparente unilocular associada a coroa de um dente incluso. - Margem esclerótica ou mal definida - Central/Lateral/Circunferencial (localização) - Dentígero é diferente de folículo dilatado. Sugere-se que a partir de 3-4mm pode-se considerar um cisto dentígero. - Cisto entre a coroa e a raiz do dente. - Localização lateral na radiografia - Localização centralizada na radiografia. Histopatológico: - Epitélio reduzido do órgão do esmalte. - Epitélio “fino”, sem acantose, exocitose ou inflamação. - Cápsula de tecido conjuntivo sem inflamação. - Cavidade, revestimento epitelial e cápsula de tecido conjuntivo. - Células claras no tecido epitelial: células mucosas. Se não forem removidas, a lesão pode se desenvolver em uma neoplasia maligna. Por isso, é importante que o cisto dentígero seja removido e bem curetado. - Nessa lâmina há infecção - cisto dentígero inflamado. (Não é o mais comum). Tratamento: - Enucleação - Marsupialização Prognóstico: Bom prognóstico mas pode dar origem a outras lesões: - Ameloblastoma - CEC (relatos raros) - Mucoepidermóide Cisto de Erupção - Aumento flutuante, localizado onde deveria estar a coroa do dente, forma de cabeça. - Usualmente assintomática - Sem predileção por sexo - Pode acontecer em ambas as dentições (assim como o dentígero, apesar de ser mais comum nos permanentes). Retirando esse cisto, o dente consegue erupcionar normalmente. Histopatológico: - Mucosa de revestimento - Abaixo da mucosa: tecido conjuntivo - Cavidade - Revestimento epitelial remanescente do epitélio reduzido do órgão do esmalte - Células inflamatórias (devido ao trauma contínuo na lesão) Desnecessário tratamento Drenagem se sintomático Diagnóstico diferencial: hematoma, hemangioma, linfangioma. Ceratocisto Odontogênico - Cisto odontogênico ortoceratinizado ou paraceratinizado. - Associado ou não a um dente incluso. - Origina-se de remanescente da lâmina dental - Assintomático - Expansão óssea - Maxila e mandíbula Aspectos Radiográficos; - Unilocular ou multilocular - Radiolúcido Unilocular: - Ceratocisto em região em que não há um dente → a lâmina própria existiu masnão se desenvolveu. Multilocular: - Lesão extensa acometendo todo o ângulo e o ramo da mandíbula. Até 2017 essas lesões eram chamadas tumores odontogênicos ceratocísticos. Porém a nova classificação traz apenas como um ceratocisto odontogênico, nesse caso multilocular. Histopatológico: - Ortoceratinizado - Granulose - Poucas camadas celulares - Células da camada basal → polaridade invertida. Núcleos mais próximos do epitélio e não do tecido conjuntivo. - Ortoceratina - O epitélio pode se apresentar um pouco desorganizado quando há presença de conteúdo inflamatório. - Sem polaridade invertida. - Modificação do aspecto histopatológico. - Paraqueratina - Aspecto ondulado ou enrugada, característico do cisto. - Áreas em que o epitélio se afasta do tecido conjuntivo. - Paraceratina - Epitélio fino com superfície enrugada - Paraceratina - Células da camada basal em paliçada (em fileirinha). Tratamento - Enucleação. - É necessária a preservação. Cistos paraceratinizados tendem a ter recidivas constantes. Ortoqueratinizados não possuem essa característica. Cistos Não-odontogênicos Cisto do Ducto Nasopalatino - Cisto do canal incisivo - Homens - 4/5/6 década de vida - Tumefação (aumento de volume) na linha média da porção anterior do palato - Assintomática - Ocasionalmente pode se infectar, causando dor e aparecendo drenagem purulenta. - Se origina a partir de remanescentes embrionários do canal incisivo - essa estrutura desaparece na fusão do palato primário com as prateleiras palatinas. - Excluir a possibilidade de lesão apical dos incisivos superiores. Aspectos Radiográficos - Radiolucidez na linha média do palato entre ou sobre as raízes dos IC superior. - Raízes divergentes - Pode lembrar a forma de um coração (septo nasal) Histopatológico: - Versátil quanto ao revestimento epitelial Revestimento epitelial: pavimentoso estratificado, colunar pseudo-estratificado, cuboidal ou colunar. - No mesmo cisto pode-se encontrar todas as variantes. Nervos, vasos sanguíneos e glândulas mucosas na cápsula fibrosa. - Apontada: cavidade cística - Cápsula fibrosa com leve inflamação. - Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico - Pode apresentar células mucosas e cílios - Epitélio colunar simples e mais para a direita já há duas camadas de células. - Cápsula sem inflamação. - Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado. - Células mucosas - Cápsula fibrosa com numerosos vasos sanguíneos. - Remanescentes de ductos de glândulas salivares - Formação glandular com pequenos ácinos. - Tecido muscular na cápsula do cisto. Tratamento: Enucleação cirúrgica. Não há necessidade de endodontia Em algumas situações pode haver o rompimento do feixe vasculo-nervoso que liga a parte óssea com o tecido pulpar e posteriormente ser necessário o procedimento endodôntico, mas por trauma na remoção do cisto. Cisto Nasolabial - Localizado externamente no osso (assim como o de erupção) - Sob a asa do nariz - Leve predileção por mulheres - 12-75 anos - Assintomático - Flutuante (assim como o de erupção) - Raramente o paciente relata dor e dificuldade de respirar - Assintomático - Cisto Fissural - na linha de fusão entre o processo maxilar e os processos nasais mediano e lateral, há aprisionamento de remanescentes epiteliais que posteriormente proliferam e dão origem a essa lesão. - Epitélio aprisionado no ducto nasolacrimal Aspectos Histopatológicos: - Histologia simples - Cavidade/lúmen atrésico - Epitélio com poucas camadas muito uniforme e rico em células caliciformes - Cápsula fibrosa: tecido conjuntivo frouxo e densamente colagenizado e com vasos sanguíneos, podendo apresentar áreas hemorrágicas. - Epitélio colunar pseudo-estratificado não ciliado - Células caliciformes - Cápsula fibrosa: vasos sanguíneos ectásicos. - Não há grande conteúdo inflamatório Tratamento: - Enucleação cirúrgica - Pode ser encontrado uma certa erosão óssea devido a pressão do cisto no osso.
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