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Semiótica - Sistemas simbólicos e semissimbólicos Sociossemiótica

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SEMIÓTICA
Cláudia Renata 
Pereira de Campos
André Corrêa da Silva 
de Araujo
 
Sistemas simbólicos 
e semissimbólicos – 
Sociossemiótica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 n Caracterizar a Semiótica Discursiva e os processos de signifi cação 
elaborados por Greimas.
 n Reconhecer o funcionamento e a diferença entre os sistemas simbó-
licos e semissimbólicos e operar seus métodos de análise.
 n Identifi car as áreas de aplicação da perspectiva da Sociossemiótica.
Introdução
Será que a Semiótica existe para além do estudo dos signos? A 
Semiótica Discursiva elaborada por Algirdas Julien Greimas tem essa 
proposta. Para além e para aquém da ciência geral dos signos, Greimas se 
propõe a estudar os processos que produzem sentido. Uma perspectiva 
processual, que visa dar conta dos modos como entendemos o mundo 
e nos comunicamos em seu interior. 
Neste texto, você vai conhecer as principais ferramentas da aná-
lise discursiva de Greimas (1976) além da categorização de sistemas 
significantes como o simbólico e o semissimbólico. Por fim, você 
vai conhecer a perspectiva da Sociossemiótica, elaborada por Eric 
Landowski.
U N I D A D E 3 
Semiotica_U3_C01.indd 69 13/03/2017 14:56:29
Greimas e a Semiótica Discursiva
A elaboração da semiologia por Ferdinand de Saussure provocou reverberações 
em diversos campos das ciências humanas, da linguística à antropologia. 
Inclusive, toda uma escola de pensamento foi inaugurada a partir de suas 
colocações acerca do funcionamento do signo na linguagem, o chamado 
Estruturalismo. Figuras como Claude Lévi-Strauss na antropologia e Jacques 
Lacan na psicanálise foram pensadores proeminentes que aplicaram as ideias 
de Saussure e da semiologia em seus respectivos campos de estudo. 
Um dos mais célebres estruturalistas, o lituano Algirdas Julien Greimas 
(1917-1992), desenvolveu uma semiótica voltada não apenas para o estudo 
do funcionamento do signo linguístico em si, mas para os processos de sig-
nificação em geral (NÖTH, 1996). Ou seja, Greimas estava interessado em 
descobrir como que, a partir das relações entre significante e significado, nós 
“damos sentido ao mundo” (NÖTH, 1996).
A primeira questão importante que você deve prestar atenção é a noção 
de discurso elaborada por Greimas (1976). Diferentemente da semiologia 
tradicional, a semiótica discursiva não se preocupa com uma estrutura geral 
da língua, mas sim aos processos com os quais essa língua funciona concre-
tamente nas relações entre pessoas. É uma perspectiva social, que se preocupa 
menos em entender o sentido específico de um determinado texto e mais no 
processo pelo qual ele assume uma dada significação. Por isso que é chamada 
de discursiva, pois tenta entender de que forma usamos a língua e os diferentes 
sistemas de signos em nossos discursos diários para nos comunicarmos e nos 
fazer entender. 
O projeto semiótico de Greimas (1976) entende a linguagem e a comuni-
cação como um todo, não apenas voltada ao signo linguístico. Por isso que 
seu objeto de análise sempre serão sistemas semióticos organizados, como, 
por exemplo, um texto ou uma obra de arte. Seu objetivo é compreender como 
que tal texto produz sentido, quais as operações semióticas que ali estão em 
jogo. A questão central da semiótica de Greimas é o estudo da linguagem e dos 
discursos “[...] com base na ideia de que uma estrutura narrativa se manifesta 
em qualquer tipo de texto [...]” (NÖTH, 1996, p. 163).
Mas o que isso quer dizer? Greimas (1976) afirma que há uma estrutura por 
detrás de todo e qualquer texto, e que essa estrutura organiza o modo como 
Semiótica70
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concebemos o sentido das coisas. Ele está preocupado não com o funcionamento 
formal da língua, mas sim com os conteúdos que usamos para nos comunicar. 
A semiótica discursiva é baseada naquilo que Hjelmslev conceituou como 
Plano de Conteúdo (BARTHES, 2014). 
O linguista dinamarquês Louis Hjelmslev foi um dos mais importantes teóricos da 
semiótica. Foi ele o responsável por atualizar as noções de significante e significado 
para, respectivamente, Plano de Expressão e Plano de Conteúdo. Para Hjelmslev, um 
sistema semiótico é sempre formado pela interação entre esses dois planos (BARTHES, 
2014). Ainda que indissociáveis do ponto de vista do funcionamento cotidiano da 
linguagem, Hjelmslev afirma que cada plano pode ser estudado e compreendido 
separadamente (BARTHES, 2014). Saiba mais em Barthes (2014).
Com base na ideia de Saussure de que o signo linguístico opera sempre 
por uma oposição ou diferença (como, por exemplo, a diferença entre pato e 
fato), Greimas aplicou essa ideia ao plano dos conceitos e conteúdos. Greimas 
(1976) afirma que, no nível estrutural mais profundo, nossos conteúdos são 
organizados por oposições binárias: vida/morte, bem/mal, forte/fraco. Esse 
nível mais profundo e estrutural dos conteúdos, se torna cada vez mais com-
plexo quanto mais na superfície dos discursos posicionamos nossa análise. 
Mas Greimas (1976) é categórico: o processo de significação sempre parte 
dessas oposições fundamentais entre conceitos. 
Greimas (1976) elaborou um diagrama para dar conta dessas relações de 
contrariedade e diferença que existem entre os conteúdos ou unidades semân-
ticas fundamentais. O chamado Quadrado Semiótico serve como instrumento 
de análise para visualizar e mapear as unidades semânticas fundamentais que 
se manifestam nos níveis mais profundos do discurso, como vida/morte e 
bem/mal. Você pode ver abaixo que não apenas encontramos essa relação de 
contrariedade, na parte superior do Quadrado, o chamado Eixo Semântico, 
como o diagrama também prevê duas outras categorias, que se colocam como 
contraditórias e complementares às duas primeiras.
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Figura 1. Diagrama do Quadrado Semiótico.
Fonte: Adaptada de Nöth (1996).
O processo de significação parte dessas estruturas mais profundas e fun-
damentais e atravessa um caminho até virar um discurso como o conhecemos 
e compreendemos. Greimas (1976) organiza esses níveis a partir de estruturas 
discursivas em três categorias:
 n Estruturas profundas: O nível fundamental, onde operam as oposições 
semânticas mais básicas. É nesse nível que observamos as categorias 
semânticas que formam a base estrutural de todos os conceitos, numa 
relação de contrariedade e contradição, tal como o signo saussuriano. 
 n Estruturas superficiais: O nível narrativo, onde as formas semióticas e 
gramáticas expressivas se organizam como possibilidade para expressar 
um conjunto de conteúdos. É onde são elaborados os enunciados, onde 
as categorias semânticas do nível fundamental se organizam hierarqui-
camente de forma a delinear um sentido. 
 n Estruturas de manifestação: O nível discursivo, a parte aparente do 
discurso, onde se manifesta uma dada intencionalidade e também a 
compreensão do sentido pelo leitor. É o nível concreto, onde o discurso 
aparece como resultado inteligível para o leitor ou espectador. 
A passagem do nível fundamental até o nível do discurso é o que Greimas 
(1976) chama de Percurso Gerativo de Sentido. Nós nem notamos, mas, de 
acordo com Greimas (1976), toda a nossa comunicação obedece essa ordem, 
que pode ser decomposta e estudada separadamente. 
Você pode ver que a base da Semiótica Discursiva de Greimas é voltada ao 
estudo dos conteúdos, do modo como organizamos o mundo em conceitos e o 
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comunicamos. Entretanto, Greimas (1976) notou que há sistemas semióticos 
que criam uma relação muito íntima entre o Plano de Expressão e o Plano de 
Conteúdo, ao que ele dá o nome de Sistemas Simbólicos e Semissimbólicos. 
O modo como tais sistemas funcionam é o tema da próxima seção. 
Sistemas simbólicos e semissimbólicos
O projeto de Greimas visa estudar os processosde signifi cação de sistemas 
semióticos. Você viu na seção anterior como o autor propõe uma análise 
estrutural que seja voltada ao Plano de Conteúdo desses sistemas, voltado 
aos aspectos semânticos. Assim você pode notar que o Plano de Expressão, 
ou dimensão do signifi cante em si, fi ca de fora das análises greimasianas 
num primeiro momento. Entretanto, quando Greimas (1976) parte para 
analisar obras de arte visual, ele se depara com um tipo de confi guração 
semiótica que difi culta a separação tão clara entre planos, onde certas ca-
racterísticas da expressão se conjugam com as do conteúdo. A esse tipo 
de sistema onde os planos são sobrepostos, Greimas (1976) deu o nome de 
sistemas semissimbólicos. 
Mas antes de entrar nessa caracterização, é preciso retomar alguns conceitos 
de Saussure. Em sua tipologia sígnica, Saussure distinguiu três tipos de signos 
convencionais, aqueles criados pela atividade humana (BARTHES, 2014).
Os signos linguísticos seriam aqueles arbitrários, onde a relação entre 
o significante e o significado não possuem uma correlação imediata. O sig-
nificante/casa/ não tem nenhum vínculo com o significado de casa, é uma 
relação arbitrária e imotivada.
Já os ícones são os signos totalmente motivados, pois mantêm uma relação 
de contiguidade com o objeto representado. O desenho de uma casa, por exem-
plo, é um ícone, pois representa graficamente aspectos visuais do objeto casa. 
Por fim, os símbolos são signos relativamente motivados e relativamente 
arbitrários. Diferentemente do ícone, o símbolo representa uma ideia genérica, 
como a pomba branca que representa a paz ou uma balança que representa a 
justiça. Não há uma semelhança absoluta, o que faz do símbolo ser relativamente 
arbitrário, assim como não há uma arbitrariedade absoluta, pois iconicamente o 
símbolo representa alguns conceitos visualmente de seu significado. Símbolos 
são constituídos socialmente, juntando uma representação a um conceito gené-
rico. Após essa junção ter sido feita, eles se cristalizam e acabam confundindo 
até mesmo a ideia que representam com a sua representação, como acontece 
no caso da balança como símbolo da justiça (BARTHES, 2014).
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Figura 2. Balança: símbolo da Justiça.
Fonte: focal point/Shutterstock.com
Tendo isso em vista, Greimas (1984) passa a se perguntar que tipo de relação 
existe entre essas representações visuais com os conteúdos que podem veicular. 
Como a sua semiótica é voltada para os processos de significação e não para 
uma ciência dos signos, Greimas (1984) reuniu em três grandes sistemas o 
modo como funcionam os signos dentro de suas capacidades representativas 
de conteúdos: o sistema Simbólico, o sistema Semiótico e o sistema Semis-
simbólico. 
Nos sistemas Simbólicos, um elemento do Plano de Expressão possui 
apenas um correspondente no Plano de Conteúdo. Como exemplo de sistemas 
Simbólicos temos as linguagens científicas, como a matemática, por exemplo. 
Na linguagem matemática, um signo como “%” só pode representar uma 
única coisa, uma operação de porcentagem. Também são sistemas Simbólicos 
códigos visuais de trânsito, como o semáforo por exemplo. Há uma convenção 
de que, no espaço limitado do semáforo, o vermelho só pode significar “pare” 
e o verde significar “avance”. Se esses sistemas tivessem possibilidades de 
interpretação, o trânsito seria um caos!
No caso dos sistemas Semióticos, há uma conformidade relativa entre 
os planos de expressão e conteúdo. Os signos nos sistemas semióticos não 
se relacionam necessariamente a apenas um elemento, mas sim a universos 
semânticos distintos. O exemplo de sistemas Semióticos são as línguas na-
turais, como o Português ou o Francês. As palavras ou significantes dessas 
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línguas não são limitadas a apenas uma intepretação e seus planos podem 
ser separados para propósitos de análise. É nesse sistema que se posicionam 
as análises de Greimas que abordamos na primeira seção desse texto, sepa-
rando o plano de conteúdo da língua francesa para investigar os processos de 
significação semânticos. 
Por fim, encontramos o mais interessante de todos os sistemas: o sistema 
Semissimbólico. O semissimbolismo é um tipo de articulação que diz respeito 
a uma homologação não entre elementos isolados do plano de expressão e 
de conteúdo, mas que relaciona categorias de ambos os planos. Os sistemas 
semissimbólicos são os sistemas da arte, da poesia, da música. Encontramos 
um tipo de elaboração expressiva que corresponde a um tipo de categoria de 
conteúdo. Como afirma Ribeiro (2006, p. 3), “[...] o semissimbolismo se dá 
quando da possibilidade da homologação de categorias do plano do conteúdo 
com categorias do plano da expressão [...]”. 
Isso quer dizer que há uma relação no semissimbólico que, na tipologia de 
Saussure, fica entre o motivado do ícone e do símbolo e o arbitrário do signo. 
Isso quer dizer que os sistemas semissimbólicos são aqueles que elaboram 
as características da língua, das imagens, dos sons para produzir conteúdos 
que se relacionem com esses modos expressivos. A descoberta de Greimas 
e de alguns de seus seguidores, como Jean Marie Floch (RIBEIRO, 2006, 
p. 3), é a de que existem categorias gerais de expressão que se relacionam a 
categorias de conteúdo. 
Você já notou que em alguns filmes, quando a história se volta para o passado (um 
flashback), vemos a imagem em preto e branco? Isso é uma operação semiótica semis-
simbólica: o preto e branco, que não é mais que um uso expressivo de características da 
imagem, representa uma categoria de conteúdo, o passado. É uma relação ao mesmo 
tempo arbitrária e motivada: não há nenhuma conexão natural entre uma coloração 
preto e branco e o passado (arbitrário), entretanto reconhecemos automaticamente 
o seu conteúdo (motivado). Tirado de seu contexto, como por exemplo em uma 
gravura, o preto e branco perde essa relação com a categoria do conteúdo “passado” 
e assume outras possíveis significações.
A semiótica discursiva de Greimas pode lhe ajudar a analisar textos que 
sejam do sistema semissimbólico, utilizando as categorias do percurso gerativo 
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de sentido. No caso da semiótica visual, especificamente, podemos nos utilizar 
das categorias elaboradas por Floch (RIBEIRO, 2006, p. 4) para realizar essas 
análises. Floch elabora três categorias do plano expressivo visual que podem 
ser análogas a conceitos no plano do conteúdo. São elas (RIBEIRO, 2006): 
 n Edética, que se refere às formas visuais e os elementos que constituem 
a figuração do quadro;
 n Cromática, que se refere às cores presentes e a sua relação;
 n Topológica, que se refere à organização espacial, o modo como estão 
dispostas as figuras. 
Essas categorias, em textos específicos, teriam correspondentes no plano 
do conteúdo, ou seja, homologações entre ambos os planos que não são nem 
absolutamente motivadas nem absolutamente arbitrárias. Você pode ver como 
isso funciona ao analisar uma das mais célebres pinturas da época da Revolução 
Francesa, A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix.
Figura 3. A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix.
Fonte: Oleg Golovnev/Shutterstock.com
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Esta pintura possui um bom indicativo de como funciona os sistemas semis-
simbólicos, especialmente pelo seu caráter sincrético: temos um texto visual 
(a pintura) e um texto verbal (seu título). A liberdade aparece como principal 
elemento, indicado pelo título da obra. O eixo semântico fundamental, no nível 
profundo, coloca uma oposição entre liberdade-opressão. Como essa categoria 
de conteúdo se manifesta nas categorias expressivas visuais da pintura? 
Você pode proceder usando as categorias de Floch. Na categoria eidética,temos uma forma feminina em destaque, liderando um grupo de homens. 
Sendo “liberdade” um substantivo feminino, podemos criar uma relação entre 
a mulher da pintura e o conceito de liberdade. Interessante que na categoria 
cromática, temos três elementos em destaque: o vermelho, azul e branco; cores 
da bandeira francesa, elaborada na época da revolução cujos princípios eram 
justamente liberdade, igualdade e fraternidade. Por fim, na categoria topológica 
podemos destacar a posição de liderança que a mulher assume no quadro. 
Se voltarmos ao nível profundo, podemos entrever que a intencionalidade 
da pintura se refere a um conteúdo semântico que afirma que a liberdade irá 
superar a opressão. Você pode notar que não nenhuma dimensão estritamente 
arbitrária nem estritamente motivada. A relação entre expressão e conteúdo 
aqui é construída pontualmente, semissimbolicamente. 
Esse é um breve exercício de interpretação semissimbólica utilizando as 
ferramentas da semiótica discursiva que pode ser aplicado a uma variedade de 
objetos. É importante destacar que a relação semissimbólica entre expressão e 
conteúdo pode ser também uma construção social, como encontramos na arte 
e na poesia. Essa dimensão da semiótica greimasiana é a que foi explorada sob 
o nome de sociossemiótica, especialmente pelo francês Eric Landowski (2014). 
Sociossemiótica
A semiótica discursiva elaborada por Greimas já tinha por objetivo analisar 
o modo como o sentido se constrói no interior da sociedade. Greimas (1976) 
entendia que havia uma estrutura fundamental por trás de todo o discurso, 
mas os conteúdos que circulam por essa estrutura vão se transformando com a 
história. Em determinado momento de sua carreira, Greimas decidiu que não 
apenas os textos em sentido estrito eram passíveis de uma análise semiótica, 
mas sim toda a relação social. No livro Semiótica e Ciência Social (GREIMAS, 
1976), o autor propõe a utilização do termo “sociossemiótica” para designar 
a análise de práticas cotidianas, como a comunicação midiática e discursos 
políticos. Para Greimas (1976), há uma “dimensão semiótica na sociedade”, 
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que articula não apenas o modo como nos comunicamos, mas que também 
funda práticas de interação e entendimento do mundo. 
Um dos mais célebres alunos de Greimas, o professor francês Eric Lando-
wski, seguiu em frente com o projeto de seu mestre, elaborando uma teoria 
geral para aquilo que estava apenas indicado por Greimas. Para Landowski 
(SILVA, 2014), a semiótica não é um instrumento interpretativo de textos 
apenas, mas uma teoria que se volta para o modo como damos sentido à vida 
em sociedade. Para ele, é preciso atentar para as práticas de significação que 
existem em diferentes esferas, como os vocabulários de subculturas, o modo 
como agimos em diferentes situações como ir ao banco ou sentar em um bar 
com amigos, o tipo de gesto que utilizamos no cotidiano. Como ele afirma, 
a semiótica “Não se trata de uma ontologia, mas da busca da compreensão 
sobre o modo como atribuímos sentidos às nossas relações com o mundo e a 
alteridade.” (SILVA, 2014, p. 347).
A partir dessa colocação, se chega ao ponto central da perspectiva de Lan-
dowski: “[...] considerar a interação como lugar mesmo da aparição do sentido 
[...]” (SILVA, 2014, p. 353). Landowski desloca uma compreensão tradicional 
sobre a semiótica, a qual afirma que o sentido emerge das condições próprias do 
texto, de seu funcionamento interno. Para Landowski (SILVA, 2014), o objeto 
de estudo da semiótica não é o texto, mas sim o sentido. E, mais que isso, o 
sentido aparece como dado social, a partir da interação das pessoas entre si e 
com o mundo que as rodeia. Um dos locais privilegiados para a investigação 
dessa construção social do sentido é justamente os discursos que circulam pela 
mídia. Para Landowski (SILVA, 2014), a mídia exerce um papel ao mesmo 
tempo criativo e também regulador do modo como produzimos significações. 
Não se trata de saber apenas o que está dito, mas sobretudo entender quem diz, 
como diz, em que contexto e com qual intenção. A proposta de Landowski é 
retirar a semiótica do estudo interpretativo textual e colocá-la para interpretar 
as significações do mundo. 
Você pode notar que há uma continuidade no trabalho de Landowski em 
relação a Greimas. A semiótica discursiva já se propunha a analisar aquilo que 
estava aquém e além do signo em um discurso. Landowski apenas amplia a 
noção de discurso para práticas sociais diversas, aplicando as mesmas ferramen-
tas do percurso gerativo de sentido. E, no caso específico da sociossemiótica, 
é a partir da interação que esse sentido emerge. 
Há ainda duas questões importantes para destacar a você sobre a sociossemi-
ótica. A primeira diz respeito ao fato de Landowski não considerar as práticas 
sociais resultado de uma representação de um sistema social estabelecido. 
Não há um conjunto de regras e estruturas que comandam a interação social. 
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Semiotica_U3_C01.indd 78 13/03/2017 14:56:32
Pelo contrário, é justamente a partir das práticas de sentido que possíveis 
configurações sociais vão tomando forma. Para Landowski (SILVA, 2014), 
é a comunicação e a interação que constroem o social, e não o contrário. O 
“social” em sua visão é um universo de sentido que é construído a partir de 
interações e negociações de sentido. 
A segunda questão que Landowski destaca é o objetivo da sociossemiótica 
em abandonar as teorias totalizantes. Isso quer dizer que a sociossemiótica não 
está preocupada em descrever sistemas e elaborar modelos, mas sim mapear 
e descrever as práticas significantes que emergem a partir da interação e seus 
processos de elaboração de sentido. Como o próprio Landowski (2014, p. 
12) deixa claro: “Menos que uma análise do sentido realizado, investido nos 
objetos — nos enunciados, nos textos, nas coisas que nos circundam ou nos 
comportamentos que nós observamos —, a sociossemiótica se propõe como 
uma teoria da produção e da apreensão do sentido em ato.”.
1. Dentro da semiótica discursiva 
de Greimas, qual a característica 
fundamental do processo 
gerativo de sentido? 
a) Oposição entre unidades 
semânticas presentes na 
estrutura profunda.
b) Intenção do emissor 
em comunicar um 
determinado conteúdo.
c) Estilo retórico e estratégias 
persuasivas para o 
convencimento.
d) Narrativa articulada na forma 
de uma boa história.
e) Repertório interpretativo 
do leitor ou receptor.
2. Greimas afirma que a sua semiótica 
não se trata de um estudo dos 
signos, mas de ume estudo dos 
modos como o sentido se manifesta 
na sociedade. Sendo assim, você 
pode afirmar que o objeto de 
estudo de Greimas é: 
a) Textos ficcionais da 
literatura mundial.
b) O Plano de Expressão e 
as características formais 
próprias dos significantes.
c) O Plano de Conteúdo e o 
modo como conceitos se 
manifestam e produzem 
processos de significação.
d) A interação entre pessoas 
e o modo como elas se 
comunicam entre si.
e) O funcionamento de 
instituições sociais, como o 
Direito e a Publicidade.
3. Considerando a definição de 
Greimas a respeito dos sistemas 
simbólicos e semissimbólicos, 
qual alternativa a seguir define as 
características desses sistemas?
79Sistemas simbólicos e semissimbólicos – Sociossemiótica
Semiotica_U3_C01.indd 79 13/03/2017 14:56:33
a) Os sistemas simbólicos 
são aqueles que utilizam 
imagens e os semissimbólicos 
que utilizam texto.
b) Os sistemas simbólicos são 
aqueles que se utilizam apenas 
de uma linguagem, enquanto os 
semissimbólicos são aqueles que 
utilizam múltiplas linguagens.
c) Os sistemas simbólicos são 
os sistemas que admitem 
a existência de múltiplos 
significados para um 
significante, enquanto os 
semissimbólicos admitem 
apenas um único significado.
d) Os sistemas simbólicos são 
aqueles em que um elemento 
do plano de conteúdo se 
relaciona apenas a apenas um 
elemento doplano de expressão, 
enquanto os semissimbólicos 
são aqueles que relacionam 
categorias de expressão com 
categorias de conteúdo.
e) O sistema simbólico diz respeito 
a signos que possuem uma 
significação socialmente 
construída, enquanto os 
semissimbólicos possuem 
uma significação natural.
4. Qual dos exemplos abaixo 
caracteriza um sistema 
simbólico? 
a) A Constituição de um 
Estado-Nação.
b) Uma equação matemática.
c) Um poema de Mário Quintana.
d) A obra de Pablo Picasso.
e) Um disco de Caetano Veloso.
5. Qual alternativa a seguir define 
a produção de sentido na 
perspectiva da sociossemiótica 
de Eric Landowski? 
a) O sentido é produzido a 
partir dos mecanismos 
internos do texto.
b) O sentido é produzido a 
partir da interação.
c) O sentido e a sociedade são 
esferas separadas, que devem ser 
estudadas independentemente.
d) O sentido não é nada mais que 
um reflexo do modo como a 
sociedade está estruturada.
e) O sentido é um dispositivo 
político, organizado por 
aqueles que detêm o poder.
Semiótica80
Semiotica_U3_C01.indd 80 13/03/2017 14:56:33
BARTHES, R. Elementos de semiologia. São Paulo: Cultrix, 2014. 
GREIMAS, A. J. Semiótica e ciências sociais. São Paulo: Cultrix, 1976.
GREIMAS, A. J. Semiótica figurativa e semiótica plástica. Significação: Rev. Estudos 
Semióticos, n. 4, 1984. Disponível em: <goo.gl/Xc3YuH>. Acesso em: 14 fev. 2017. 
LANDOWSKI, E. Sociossemiótica: uma teoria geral do sentido. Galáxia, São Paulo, 
n. 27, 2014. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/
view/19609/14586>. Acesso em: 14 fev. 2017.
NÖTH, W. A semiótica no século XX. São Paulo: Annablume, 1996. 
RIBEIRO, C. S. Os limites do semi-simbolismo na arte abstrata. Estudos Semióticos, 
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SILVA, L. H. O. Por uma semiótica do vivido: entrevista com o sociossemioticista Eric 
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Leituras recomendadas
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2013.
HJELMSLEV, L. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1975.
LANDOWSKI, E. Presenças do outro. São Paulo: Perspectiva, 2002.
SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1970.
81Sistemas simbólicos e semissimbólicos – Sociossemiótica
Semiotica_U3_C01.indd 81 13/03/2017 14:56:33
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http://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/
http://www.revistas.usp.br/esse/article/
http://seer.fclar.unesp.br/casa/article/view/7129
 
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